domingo, 2 de janeiro de 2011

35 Anos de solidão


Gil Gonçalves
Manos! Estejamos preparados e vigilantes, atentos aos sinais Dele. A vinda do Senhor está próxima. O Senhor está quase a chegar!
Os melhores repórteres da noite são os seguranças. Creio que não existe ninguém além deles para narrar o conspícuo silêncio do mergulho das noites das jovens moribundas do outro governo angolano. Os seguranças são clientes assíduos das jovens mães Sem Futuro, que carregam bebés nas costas e suplicam para os seguranças: «Dá só quinhentos, mesmo quatrocentos… pronto, faço abatimento, kilápi, amanhã passo para te cobrar!» e se o segurança não lhe paga, sai tal escândalo que ele tem de fugir-lhe, esconder-se, senão o patrão vai-lhe despedir.
O preço do petróleo sobe, a chuva arrasta Luanda, os destroços das obras de fachada do erário público, e o preço da fome ultrapassa de muito longe o espectro do passado petrolífero. Este é o tempo presente em que uma minoria incansável fala do petróleo, a maioria vive esquelética num poço seco, abandonado sem petróleo, abarrotado de ossadas humanas.
«Dos sonhos e dos números cozinhados ou não mas que no essencial são em suma os que convém a certos figurões para continuarem a fazer crer que vivemos no País das mil maravilhas. Do outro, o real, retratado pelo 5 de Fevereiro de 2008 e pelo 1, 2 e 3 de Setembro último, sem água, ou com água às vezes, sem luz, ou com energia às vezes, sem transporte, ou com transporte às vezes, sem lar, sem emprego e com fome onde o único futuro melhor é esperar pela morte e quiçá desejá-la para que o alívio chegue depressa. Já não se percebe realmente o que é que esta gente quer? O que é certo é que se pelam por andarem com o “saco das notas” na mão.» in canalmoz
Ingenuamente, sem nos darmos conta, lutámos para colocar Cavalos de Tróia, renovar outros escravocratas no poder. E o martírio da população da Tchavola clama, entontece, porque os chineses impuseram tal condição para o transporte das matérias-primas pelo caminho-de-ferro. O que a China quer, necessita desesperadamente é de minérios. E onde encontrá-los com facilidade e a preços de saldo? Por aqui, claramente! Na Angola, promovida a colónia penal chinesa. A China liberta-se dos seus malfeitores degredando-os como outros de outrora, para a sua novel colónia além-mar. Neste terror e deste Politburo, restam apenas ténues recordações nas brumas do presente. E o povo angolano não conseguiu sair da escravidão, não passa de meras imitações colonialistas. O Povo é o lixo, e o lixo é o Povo. E quando alguém não consegue abastecer a população com energia eléctrica e água, deve urgentemente abandonar a administração e dirigir-se para a escola do ensino primário mais próxima.
E continuamos neste impasse nacional e mundial, porque ninguém acredita nos bancos, nem nos sistemas políticos e muito menos em quem os conduz. Afinal os bancos viveram e pretendem continuar escondidos na sombra dos democratas. O sistema bancário é totalmente incompatível com aquilo a que ainda se ousa chamar democracia. É que por incrível que pareça, nunca aconteceu tanta miséria local e internacional como nestes tempos tão democráticos.
O Mundo está fascinante: facínoras disfarçados de democratas destruíram a democracia, países, povos e o alvorecer do entardecer angolano e africano. Não entendo como é que homens se deixam ainda escravizar por alguns homens. Que futuro nos espera, o de homens sempre vergados e vergastados perante outros homens? Não existem homens poderosos, há é homens medrosos. E lá vamos sem energia eléctrica rumo ao subdesenvolvimento.
Angola é por liderança, quartel firme da especulação imobiliária em África. A única coisa que o Politburo não nos mente e cumpre sempre tão fielmente, tão sabiamente, é os decretos da miséria constitucional. E a nós falta-nos tudo, mas a eles não lhes falta nada. A aposta certa é o investimento no incremento do analfabetismo para contentamento dos guardiães e assessores especuladores imobiliários. E contudo estamos juntos mas sem futuro. É inevitável, Angola está vendida a especuladores imobiliários e à independência mortal. Com geradores que nos gaseiam nos terraços, nas varandas, nas traseiras dos prédios… está tudo tão podre que até já se instalam geradores em qualquer local sem se medirem as consequências. Luanda é como uma gigantesca câmara de gás nazi com chaminés das fumarentas carnificinas. Tão loucos são pelos petrodólares que até se deixam envenenar pelo caudal mortal dos geradores… e tudo se envenenou e nos envenenaram. Nesta luta de libertação, o que se passa em Cabinda e nas outras esquecidas províncias de Angola, é a Luta pela Liberdade e contra a opressão. É como a Luta de Libertação travada pelo MPLA contra o regime colonialista de Salazar. E abundam os subsídios para a novel literatura angolana. Excessivos escritores e poetas que labutam com ardor… revolucionam nas suas especialidades os seus comités, as medíocres obras lavradas nos campos incultos, exaustos do tudo sem agricultura, do apascentado gado tresmalhado sem pasto nas obras sem páginas. E são eles que movem a única história de um partido único. Tecem-lhe considerações, literatura bajulada e sempre premiada. Glória a tantos escritores e poetas que enaltecem os feitos dos bajuladores da literatura angolana. Camaradas escritores e poetas únicos… LOUVAI-VOS! Hei-vos sempre chegados e refrescados. Sempre as mesmas palavras bolorentas, dos mesmos mandantes recheados de naftalina, enquanto a miséria galvaniza a fome. Conversas anormais, de país anormal, animal. Enquanto a voz do povo se lamenta intramuros: Empregos? É só para os brancos! O angolano, é essa actual assombração que presentemente chafurda na maldade como animal ferido. Empurrado, educado no modo animalesco compete-lhe na sua função estragar, destruir o outro. Perdeu-se por completo na noção do bem e destrambelhou-se na louca correria do mal. Move-o a ânsia do destruir, provocar o cataclismo. Sente-se muito feliz com a desgraça alheia. Militante fanático da religião da feitiçaria, nela se entrega, conspira. Fazer e ver o semelhante sofrer com a morte mais cruel. Selvajaria, assim se perde nas cavernas dos tempos, o homo angolensis. Que já se adensou no último estádio do futebol da involução. Desapareceu, já não existe. Não anda, arrasta-se na morte que é a sua amiga sincera. E tudo apagou, e com isso destruiu-se, demitiu-se. E em passos largos atingiu a meta da outra vez irremediável colonização e escravidão. Que da maneira que as coisas estão já não consegue retroceder. As naus desesperam-no, as espumas vermelhas marítimas dançam ao som do último kizomba, nos corpos arroxeados da nova tragédia de uma nação exaurida com muitos governantes, mas sem povo. Não se concebia tanta espoliação.
Há séculos que as igrejas abundam em África e as populações cada vez mais se afundam na miséria. Povo abandonado é povo espoliado. Esta é a história da civilização da propensão à gatunice, e em Angola isto já não é roubar. É o expoente máximo da selvajaria económica. Há homens que fazem obras de beleza extraordinária, outros destroem-nas. Não entendo! Quanto mais desenvolvimento tecnológico, mais miséria. A tecnologia é um subterfúgio para espoliar e desalojar as populações. E por isso mesmo, não há nenhuma diferença entre as igrejas, os bancos e as ditaduras, todos são investidos pelos poderes divinos. São os representantes de Deus na Terra.
Nababos! Angola é, por vontade própria, trincheira firme da corrupção em África e no Mundo. E também da discriminação, senão atentemos: É que só um grupo muito restrito tem autorização para roubar. O Politburo cumpriu o seu plano a 100%, vendeu Angola aos estrangeiros. E agora, como é?! As coisas são assim: os bancos (?) vigarizam o desgoverno, e o governo vigariza os bancos. De facto e de jure é a maior fantochada de todos os tempos. Aventureiros e corruptos num território em que estrangeiros não têm a mínima noção do que é África.
Somos extraordinariamente macroeconómicos. Há trinta e cinco anos que estamos na recessão, porque estamos desempregados. É tudo processado num Estado de facto e de jure mas, as leis não funcionam. Levanta-te escravo e caminha! Quem governa a fingir, está num país imaginário.
Compete-nos exigir: Chefe ordene! Estamos prontos para a câmara de gás! A ditadura persegue o Terror e anuncia que a fome é certa.
O problema de Luanda é que os intelectuais chiques e perfumados da oposição apenas mobilizam as rádios, parece que já acabaram (!). Não vão no terreno informar, apascentar a população para a revolução final. Mas que oposição? A UNITA parece dormir vinte e quatro sobre vinte e quatro horas. Nem capacidade consegue para fazer uma greve parcial. Da maneira que Angola está invadida por forças de ocupação estrangeiras, isto não é periclitante? Inevitável para descontrolados conflitos xenófobos? E depois nada mais cómodo do que culpar os angolanos pelo caos criado? E ouvi aí numa rádio, creio que na LAC, Luanda Antena Comercial, que a Costa do Marfim dividiu-se… repartiram-na em duas. É, Luanda conseguiu um feito notável: tudo e todos na ilegalidade. Não dá para perceber! No tempo do colonialismo branco era lícita a libertação com a luta armada. Agora, com o colonialismo negro não se permite mais luta de libertação?! Sinceramente, não entendo! E é um facto notável. O poder angolano reconstruiu outra Argélia, onde demonstra na prática que é uma força de ocupação, mais os seus amigos estrangeiros. Muita resistência ao invasores nos espera. Obrigamo-nos a lutar pela unidade nacional e identidade cultural, sob pena da extinção da Nação. Isto significa que temos de nos esforçar, resistir contra as forças de ocupação do Politburo, e dos invasores estrangeiros. Que nos exploram, nos escravizam e nos envenenam. Este ferro quente não dá para temperar, está demasiado corrompido. No momento actual, nesta realidade, estamos neocolonizados por forças de ocupação estrangeiras e em especial por forças Politburanas. Da maneira que a situação se apresenta, pode-se aventar a hipótese que está em curso: um plano diabólico de extermínio da população?
Os fundamentos desta sociedade, os pilares, assentam em princípios ínvios. A história que nos contaram, a religião, os valores, são a coisa mais inconcebível que se pode imaginar. É tudo ilusão, sonho, invenção. É necessária e urgente uma nova concepção, uma nova filosofia. Porque não podemos continuar a viver de mentiras impingidas, forçadas ao longo dos séculos. Temos que nos libertar, encetar a vida que há dois milénios não nos deixam viver. Estamos sufocados, perdidos na teimosia de religiões que não nos deixam prosseguir na nossa libertação espiritual. Libertemo-nos dos que nos dominam. Purifiquemos as nossas mentes. As religiões aliam-se, encostam-se sempre ao poder. E não são sempre as mesmas que nos libertam, pelo contrário, oprimem-nos, perseguem-nos dia e noite. Milhões de mortos pereceram pela infalibilidade de profetas vulgares, sonhadores, quando em todos os tempos se atribuem os sonhos a mensagens divinas.




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