A tragédia que se abateu sobre a região serrana do Rio de Janeiro já fez 395 mortos, número que está a aumentar à medida em que as equipas de resgate estão a chegar às áreas completamente isoladas pelas águas e pela lama.
Imagens feitas de helicópteros e transmitidas pelas televisões brasileiras revelam um cenário de horror, com escombros e lama por todo o lado, casas soterradas, carros empilhados, avenidas e estradas inundadas.
Muitos moradores ainda estão isolados e comunicam-se com os helicópteros através de gestos, a pedir água e comida.
Aqueles que sobreviveram choram os seus mortos e lamentam também as perdas materiais nesta tragédia, uma das maiores do Estado do Rio de Janeiro.
Nova Friburgo, nome escolhido por D. João VI para homenagear os colonos suíços originários do Cantão de Fribourg que chegaram ao Brasil no início do século XIX, é hoje um retrato da destruição.
Os mortos em Nova Friburgo já são 198, de acordo com o último balanço da Defesa Civil.
A cidade, que se tornou num lamaçal, está sem comunicações, fixas ou móveis, sem água, sem transportes públicos e as lojas estão fechadas.
O resgate de um bebé neste município emocionou o país. A criança ficou soterrada por mais de 10 horas nos braços do pai, que também foi retirado dos escombros com vida pelos bombeiros na madrugada do dia 12.
De acordo com o vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, que esteve na região, “nada se compara a esta tragédia” na história do Estado. “Não adianta a gente só culpar a natureza. Não dá para todos os meses de janeiro a gente ficar contando mortos”, afirmou Pezão.
Além de Nova Friburgo, a força das águas também surpreendeu os moradores de Teresópolis, deixando um rasto de destruição, principalmente na periferia, e fazendo 172 mortos, segundo o último balanço oficial.
Em Petrópolis, houve 39 mortes em consequência dos temporais e em Sumidouro 13, tudo iosso somado ao desaparecimento de ruas e bairros inteiros, que desapareceram debaixo da lama das enxurradas dos últimos dias.
É no lamaçal que bombeiros e proteção civil continuam a procurar “pelo menos mais 100 pessoas dadas como desaparecidas” disse o taxista Jorge Luís Fonseca, descrevendo o cenário desta zona serrana, onde estão contabilizados 146 das pelo menos 390 vítimas mortais dos deslizamentos.
“Há 24 horas que não chove e agora os bairros e ruas que desapareceram estão a ser alvo de trabalhos de busca e limpeza, pela defesa civil e corpo de bombeiros que calcula-se que vão levar até um mês”, referiu.
Na rua em frente à esquadra da polícia (delegacia), um dos locais para onde são levados os mortos, “ninguém passa e há uma multidão de gente” à espera para tentar reconhecer corpos e obter informações sobre pessoas desaparecidas, segundo a mesma testemunha.
A eletricidade voltou, mas ainda não há água de forma regular, e por causa disso e de muitas pessoas não conseguirem chegar ao trabalho “os outros serviços são muito precários”, embora o centro da cidade “funcione”, referiu.
A periferia foi onde ocorreram as tragédias de maior dimensão, mas também no Bairro da Posse, onde existiam condomínios com famílias de mais posses, houve ruas e muitas casas que desapareceram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário