segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A electricidade na versão angolana


Os preços mais que duplicam, multiplicam-se. Nas ruas vendem-se víveres expirados e das lixeiras recuperados.
Uma escravidão atrai outra escravidão. Esta economia depende em absoluto deste sistema político. É como um exército que depende do seu general. Se ele for bom estratega, há desempenho, vitórias.

Gil Gonçalves
http://patriciaguinevere.blogspot.com/

Hitler chegou onde chegou porque tinha bons generais. Pelo contrário, Mussolini estagnou porque tinha maus generais. Em suma: a economia depende do chefe. Se ele não funciona, a economia arrasta-se, afunda-se.
Campo de concentração. «Local cercado para onde pessoas são levadas contra a sua vontade, por ordem de governos, comandos militares etc., em período de guerra ou não, sob o pretexto de serem indivíduos nocivos à sociedade, inimigos em potencial, ou qualquer outro motivo que sirva para justificar a supressão da sua liberdade.» in Dicionário electrónico Houaiss da língua portuguesa 3.0.
Em Angola, (ainda existe?) e especialmente em Luanda, já se perdeu a conta dos deportados. Quem está no comando supremo das operações destes campos de concentração, são corsários e flibusteiros portugueses, brasileiros e chineses chefiados por angolanos.
E o Puto continua com as exportações em larga escala para a ainda colónia de Angola
Há sempre homens diabólicos, na convenção de que são os fiéis depositários dos nossos destinos. E depois tomam-se de fartos poderes e estarrecem-nos na flagelação das nossas vidas. E governam-nos tão miseravelmente que até a água das nossas soberanas vidas vilipendiam. São os zeros do nosso futuro, da água saída das torneiras sem vida, de vez em quando. E a energia eléctrica que fatalmente colapsou. Quando um governo não consegue abastecer regularmente as populações de água e luz, e aleivosamente assim nos entristece, não nos governa, atrofia-nos, desfaz os nossos esqueletos. Um governo assim não vai mais subsistir. Deve alternar a quem queira trabalhar, e saiba governar, orientar. Este poder remonta a 1975, ainda pelo poder popular marxista-leninista que está sempre na moda. Já renascem as célebres brigadas, como a BDA, Brigada da Destruição da Água, e a BDE, Brigada da Destruição da Electricidade: instalaram-se, legalizaram-se em comités da especialidade dos curto-circuitos e incêndios habitacionais. Com um apetite voraz para destruir tudo o que sejam fusíveis e cabos eléctricos. Basta uma fase ausentar-se e de imediato ouvem-se portas abrirem-se com estrépito. É a entrada da BDE em acção. Se existe outra fase ainda em funcionamento, é só encostar o fio… e já está. Então, o condutor aquece até ao rubro. Vem as habituais explosões e os incêndios, o queimar de fusíveis nos andares e nas portinholas das entradas dos prédios.
Mas estes genuínos talibãs luandenses insistem na ferocidade tenazmente destrutiva. Afinal, aquele da BDE milagrosamente salvou-se da electrocussão, e ainda resta uma fase. Então todos em uníssono mexem e remexem… e prontos, já há outra vez luz. É preciso militar no cúmulo da idiotice para reconhecer que com tantos e colossais aparelhos de ar-condicionado a coisa não durará muito tempo. Especialmente à noite com lâmpadas e televisões ligadas, todos os ares-condicionados também, a única fase livre não suporta tanto consumo. E lá se foi outra vez, faltou a luz. Como o fusível, os fusíveis, estão super reforçados, ardem e não são mais prestáveis. Servem unicamente para o lixo. O suporte dos fusíveis da portinhola também se desintegra e o cabo da rua também. Bem lá no fundo enquadra-se perfeitamente… é um acto de puro terrorismo urbano, mas como o poder popular é a lei, assim fica tudo normalizado, continuado, devastado, queimado. É impossível viver com tais imposições. Custa a acreditar que no ano 2010 existam coisas destas. Um povo que navega no navio da destruição, na nau do Inferno, que é sem sombra de dúvidas o seu destino final. Já não se sabe para que serve a energia eléctrica. Serve de divertimento para os jovens da BDE. E quando, quando não, habitualmente, a luz falta, ouve-se o gerador de um banco arrancar, o de um general, dos indianos, dos portugueses, e demais tralha, e o dos angolanos – à salve-se quem puder – vê-se logo que é do mwangole pelo barulho, e pela gritaria das crianças: «é luzi!!! É luzi!!!» depois de tudo bem poluído por tantos geradores ligados, só se houve o aterrador barulho do gerador do mwangole. Sim! Onde houver barulheira insuportável, lixo e esgoto ao ar livre, está lá um angolano, quem mais poderá ser?! Angolano, o campeão da destruição da cidade. Os desgovernados pelos biliões dos desfalques bancários desde o retorno à outra Idade Média de 1975. À bancarrota total e ainda incompleta. Faltam aqueles que ainda não conseguiram roubar a sua parte. Estes que desviaram muitos milhões são perseguidos, porque já não pertencem à FAMÍLIA. São os eleitores da luta de libertação, legalizaram-se para desviarem e espoliarem os filhos da terra sem ela. Depois de tudo serenar, continuará o mesmo poder na mesma FAMÍLIA. Os desvios retomarão legalizados, porque familiarizados.
A estrutura do poder popular está como que intacta, tal e qual como em 1975. Está assim mais marxista-leninista, porque as mesmas teias de aranha não largam o poder.
Andaram, e continuam com a especulação imobiliária. A energia eléctrica… que deus resolva com a ajuda de tantas igrejas, esta já é uma especulação religiosa. Não será muito difícil orar a Deus. Então, Ele contemplar-nos-á com o milagre da luz. Oremos pois irmãos, e faça-se conforme a Sua Vontade. No fundo este reino é de Deus, e só a ele pertence. Por isso e sem mais sombra de dúvidas, os nossos governantes reinam porque são eleitos por Ele, e só a Ele prestam contas. Como Ele é etéreo e não entende nada de contabilidade, tal como tudo o mais, são coisas terrenas dos terráqueos. Talvez construindo uma igreja em cada esquina, quem sabe?! Este reino não é nosso, é só deles e para eles. E na euforia de 1975, juravam muito convictos: «nós corremos com os brancos, com os colonos, porque não precisamos deles para nada. O que eles fizeram… mas eles não fizeram nada. Fomos nós – nós também somos capazes, e até melhor do que eles.» Confrange observar no contínuo que a vivência diária ainda se faz nas ruínas das construções portuguesas. Afinal, mas que gente mais balofa, estonteada que nada consegue edificar, a não ser palavreado infestado. Apenas espalham casas-casebres por aqui e por ali, para que depois orgulhosamente sejam ceifadas pelas máquinas debulhadoras da eleita governação da nova Constituição, a cem por cento de votos. É o povo eleito da epopeia das casas-casebres. É o povo que formaram desordenado, medroso, supersticioso, que não é capaz de se organizar – nem nenhuma ONG, ou partido político da oposição o consegue – para exigir os reparos a que tem direito da água, da luz, do petróleo e diamantes. Convém ressaltar que sem energia eléctrica não há circulação de água nas tubulações. E é importante sempre lembrar que sem energia eléctrica… era uma vez a economia. Ou então ficarmos a adorar este poder que se quer eterno como os deuses no Olimpo, e que de vez em quando algum se disfarça de terreno, embrenha-se entre nós, e goza-nos com a demonstração dos seus poderes. Governar pela imposição da miséria e da fome, e com que os rendimentos de Angola caiam sempre na mesma FAMÍLIA, é inaceitável e passível de apresentação de contas à Nação. O que até agora não aconteceu, e quando acontecerá?! Como é edificante a condução do poder que nos inebria, para as cavernas dos martelos de pedra. Os níveis de baixeza são tais que comparados por exemplo com os campos de concentração nazis, deixam muito a desejar. Um exemplo: nos campos de concentração da suástica existiam energia eléctrica e água sem cortes, que horripilante não é?!
E em cada canto, esquina, em todas as ruas vêem-se os miseráveis andantes com qualquer coisa nas montras das mãos silenciosas, esperando ansiosos por comprador. Mas o Politburo já lhes cortou todas as esperanças de vida. O Politburo já comprou e vendeu tudo. Nada mais existe para comprar e vender. A não ser as nossas almas… que o Politburo também vende. O Politburo é bom vendedor, consegue vender tudo.
Enquanto os palácios estrelam torres e condomínios cintilantes., magnificentes com a exclusão social e espoliação dos subservientes, nem se sabe qual é a cor que o poder ostenta. Mas a dos escravos sabe-se muito bem: é a cor da fome, a mais utilizada pelos pintores que servem os poderes dos esfomeados. É absolutamente mentira e de insanidade comprovada que a Terra é extraordinariamente multicolorida. É pura mentira. Na Terra só uma cor é visível. A negra, porque é a cor da fome e do apocalipse. Também é imperioso perguntar: para que servem uma infinidade de milhões de dólares nas mãos de uma só pessoa e dos quais não consegue justificar a sua proveniência? Enquanto os espoliados perecem na mais atroz tortura diária? Qualquer médico consultado decerto diagnosticará que se tratam de patologias, de indivíduos que se acham muito inteligentes, desbravadores, cultivadores dos projectos das velhas, eternas vidas. De novas vidas abortadas, nunca concebidas. Sempre com as mesmas pessoas, com o mesmo poder e sempre nele. Pouco falta para cinquenta anos sempre no absurdo das mesmas palavras. Sempre com as mesmas promessas de que a vida vai melhorar. E sempre ao invés tudo para piorar. Que conclusão se pode tirar disto? É simplesmente a continuação dos mestres ditadores da História. Como deve ser óptimo para estes deuses da africana tirania o sentimento da observação de milhões de negros e negras perdidos no pântano da independência, no júbilo da mais atroz podridão humana. Assim não é poder, é apodrecer na governação. Não é necessário um observador paciente para verificar que nos caixotes do lixo surgem agora figuras humanas não habituais. E não se desculpem nos meios de informação que lhes são servis: «que são malucos os que comem lixo.» Não, não são! Muito pelo contrário! Nota-se que são de outras géneses sociais: desterrados das casas-casebres, excluídos por abandono de trabalho. Chineses, portugueses, brasileiros e de muitas outras nacionalidades não são. Mas são com certeza angolanos que procuram a independência prometida, mas perdida, procurada e não encontrada nos caixotes do lixo desta nomenclatura. Significa que governar é amontoar, encher contentores do lixo. É a independência das transferências bancárias fraudulentas há imensos anos normalizadas, legalizadas e só agora em 2010 descobertas, desvendadas. Como se algo de novo se tratasse. Sempre foi assim, e com este atavio sempre assim brilhará. De modos que nada há de novo nesta frente da corrupção. Podem-lhe chamar Nova Constituição, III República, que em nada alterará o nome da miséria. Podem sim chamá-la de: Constituição da imposição da mais do que nunca abundante miséria. Mas será que esta tralha permanecerá sempre assim? Sim, permanecerá! E cada vez mais piorará, até que mais ninguém lhe sobreviverá.

Imagem: masquemario.net

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