O ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, parece colocar-se como um auxiliar do Presidente da República sensato, ao afirmar no dia 18 em Luanda que não acredita na repetição, em 2011, do pico do preço do petróleo verificado no verão de 2008, quando o barril chegou aos 147 dólares.
O titular da pasta do crude justificou o prognóstico, para não cair no ridículo de vir a ser desmentido, pela realidade, como num passado recente, em que houve necessidade de se alterar o Orçamento Geral do Estado, por contas e previsões mal feitas.
Neste momento o barril de petróleo ameaça tocar nos 100 dólares por unidade, com as lições aprendidas em 2008, nomeadamente com a regulação do setor financeiro, mas alerta para o perigo da intervenção dos especuladores.
“Eu creio que não (se repetira o cenário de 2008) porque as lições aprendidas foram bem absorvidas pelas economias mundiais e, a partir dessa ocasião, muitos países e fundamentalmente a União Europeia, agiram em termos de regulamentação do setor financeiro”, adiantou.
O ministro sublinhou ainda que “houve um maior diálogo entre os países produtores e países consumidores no sentido de encontrar plataformas de entendimento. Mas é necessário algum cuidado por causa da intervenção dos especuladores que, muitas vezes, se servem do petróleo papel para venda futura para agitarem o mercado em matéria de preço”, advertiu.
Botelho de Vasconcelos defende que “neste momento o mercado internacional de petróleo está bem abastecido e nada nos faz crer que haja desequilíbrio entre a oferta e a procura. Por isso cremos que a situação evoluirá normalmente”.
À margem de uma cerimónia de cumprimentos de ano novo com representantes do setor petrolífero em Angola, o ministro dos Petróleo deixou ainda alguns recados para as empresas que operam nesta área sobre a urgência de adequarem a sua atuação à legislação do país para evitar, por exemplo, acidentes semelhantes aos do Golfo do México numa plataforma da BP.
“Estamos a trabalhar com as empresas, nomeadamente as prestadoras de serviços, que precisam de ajustar a sua atividade às leis do país. A nossa inspeção tem desenvolvido um trabalho de maior rigor no sentido de obter um quadro que a todos satisfaça. Essas companhias têm sido contactadas, nomeadamente na área das condições de trabalho no sentido de limar o que não está bem”, disse.
As auditorias e inspeções “são frequentes” e as companhias, aponta Vasconcelos, “aprenderam com o que aconteceu no Golfo do México. Estamos todos de prontidão para evitar a repetição de um acidente dessa natureza”, referiu.
“Já realizamos seminários de sensibilização no sentido de os erros que, por exemplo, foram cometidos pela BP no Golfo do México não sejam repetidos em Angola”, frisou.
Neste encontro com as empresas do setor, o ministro dos Petróleos informou ainda que a produção de petróleo de janeiro a novembro de 2010, período que já tem o balanço feito, foi de 590.162.163 barris e ainda 6.263.792 barris de gás natural
Quanto à anunciada liberalização do preço dos combustíveis, o ministro disse que esta poderá acontecer durante o ano de 2011.
“Há uma preparação administrativa em curso e este processo (da liberalização do preço dos combustíveis em Angola) tem provocado alguns atrasos, mas estamos em crer que este ano vai acontecer”, afirmou.
Botelho de Vasconcelos recusou fazer declarações sobre a posição de Angola nas negociações que decorrem sobre a venda da participação da italiana ENI na portuguesa Galp, onde a Sonangol, através do seu presidente do concelho de administração, Manuel Vicente, já disse querer ter uma participação direta. “As negociações estão a decorrer e no momento certo o público tomará conhecimento”, disse
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