sábado, 28 de janeiro de 2012

UNITA acusada de ter assinado pacto de silêncio com regime



ADALBERTO NEGA TER RECEBIDO DÓLARES DO MPLA DURANTE AS NEGOCIAÇÕES

O poder é doce e o seu cadeirão macio. Que o digam os que lhe conheceram o gosto e se sentaram em cima de veludo. Poucos são os que voluntariamente a ele renunciam, quando chega a hora de sair e deixar o lugar a outro alguém. E, sendo esta a realidade, contam-se pelos dedos de uma mão os chefes africanos que deixaram o poder sem fazer dramas ou levantar querelas.

William Tonet & Arlindo Santana

A política angolana deixou de singrar de vento em popa nas correntes e marés dos anos da sua história, se é que alguma vez isso aconteceu, mas, em todo o caso, esse não é agora o caso, pois o que se passa dá mesmo a entender que ela (a política) passou a gatinhar, de pacto em pacto, em busca de submissões ao vil metal.
O cifrão aqui avocado é de 95 milhões de dólares, com uma tranche de 22 milhões a ter sido desbloqueada em Dezembro último.
Muita fruta, rubricada num papel secreto, mas que os avultados números trataram de trazê-los a tona. Adalberto da Costa nega e diz tratar-se de propaganda da Presidência.
A justificativa: devolução do património da UNITA, confiscado pelo governo durante o conflito armado. Legítima reivindicação do Galo Negro, em função dos Acordos de paz entre as partes.
O pagante seria a Casa Militar da Presidência da República. Estranho, mas nem tanto…
Andemos...
Os negociadores: general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, “Kopelipa”, chefe da Casa Militar, general Leopoldino Fragoso, “Dino”, assessor do chefe da Casa Militar e Dr. Daniel Mingas, da Inteligência da Casa Militar de um lado e do outro. Adalberto da Costa Júnior, secretário do património, Cláudio Silva, secretário para os Assuntos Constitucionais e Demonsthenes Amós Chilingutila, membro da comissão Permanente da UNITA.
O político Manuel Domingos diz: “em política não existem coincidências e se a Presidência da República, à boa moda africana, acena com os dólares da corrupção (bem material) a UNITA muito provavelmente, terá de abrir mão do seu capital político, melhor, conter e aliviar nas denúncias e críticas, contra Eduardo dos Santos”.
O MPLA, através da fonte que vimos citando, confirmou as negociações, decorridas em paralelo à do pacote eleitoral, com os partidos com assento parlamentar.
A UNITA, através de Adalberto da Costa Júnior afirmou ao F8, não haver nenhum pacto secreto com o MPLA, mas terem recomeçado as negociações pendentes desde 2008, por altura das eleições, sendo o actual, “objectivo dar cumprimento aos Acordos de Paz, que obrigam o Governo a fazer a devolução dos imóveis do nosso partido em posse de dirigentes do MPLA e de generais ou valor equivalente, resolver a situação dos antigos militares, bem como a nomeação de quadros em empresas públicas, tudo no quadro dos Acordos de Paz, rubricados entre nós e o Governo/MPLA, que, infelizmente eles não cumprem, por falta de seriedade de alguns negociadores”, asseverou.
Ao que parece a campanha de “untamento” está ao rubro e vai rolar muito e muito kumbu, mas até agora Adalberto da Costa Júnior diz tudo não passar de uma campanha de intoxicação do MPLA e de Aldemiro Vaz da Conceição, porta voz do Presidente da República, para denegrir o nosso partido e colocar-nos diante da nossa base eleitoral sob suspeição”, afirmou, acrescentando, “se eles tivessem dado 22 milhões como dizem, nós receberíamos por ser parte do nosso dinheiro, mas a verdade é que nós não recebemos, a não ser que alguém tenha recebido e não conseguem justificar ao Presidente da República o destino deste valor. Pois para nós é muito simples: eles que mostrem documentos em como nos pagaram”.
Verdade ou mentira, no mar paira agora a suspeição, porquanto a tese de corromper é uma lógica institucional, pois até esses estudantes sem armas, organizadores das manifestações, forçosamente estudantis e juvenis, foram aliciados, mas até hoje conseguiram resistir e não abdicaram da sua luta, que é de todos, cidadã.
A verdade é que a maioria dos angolanos deixou de ter esperança em alguns dos grandes partidos políticos, sobretudo por terem já há bastante tempo observado que também eles, há muito deixaram de ter ideais ideológicos virados para a satisfação dos cidadãos.
O MPLA não tem um projecto - país, verdadeiramente comprometido com a cidadania e os mais amplos anseios das populações autóctones, por estar refém de uma agenda pessoalizada do seu líder.
De partido de esquerda, em 1975, virou vertiginosamente à direita, desde 1991 e tornou-se numa bolsa de valores, alterando a sua sigla de MPLA - PT, para MPLA – BV (Bolsa de Valores), onde a luz cintilante é o capital, distribuído entre alguns ao redor do chefe e respectivas famílias, que se transformaram de pobres proletários assumidos como socialistas, capazes de matar quem fosse encontrado com uma nota de um dólar, considerado pequeno burguês, sem direito a dentes, em vorazes proprietários.
A UNITA de partido interventor e capitalizador, com a morte de Jonas Savimbi, tem estado sem seguidores a altura dos ideais do “Jaga do deserto”, hipotecando grande parte do seu capital.
A nossa fonte garante terem as duas delegações (Galo Negro & Casa Militar da Presidência da República), reunido numa sala anexa ao gabinete do Presidente da Assembleia Nacional, no seguimento de uma observação muito delicada, muito sensível, múltiplas vezes repetida e não ouvida, mas que nestes tempos pré-eleitorais foi objecto de atenção cuidadosa por parte dos membros do nosso pseudo executivo.
Questão candente, de facto, mas só em tempos que já lá vão, idos do “Falecido”, hoje retirada do baú poeirento dos casos esquecidos da história de Angola: o património perdido na guerra pela UNITA, o enquadramento dos seus militares e os seus lugares em empresas públicas. Em ano eleitoral dá jeito prometer a resolução e passar essa imagem a opinião pública.
O diplomata e negociador, Adalberto da Costa Júnior, garantiu ao F8, que desde 2008 “existem partes dos Acordos de Paz, unilateralmente suspensas, pelo presidente da República. Nós não estamos a pedir nada, nenhum tacho, mas o que ficou acordado e deve engajar a todos, principalmente quem é governo. Mas este não cumpre, como se o paios fosse só dele, pois no caso de Cabinda, todos viram os membros da dita FLEC chegaram a tomar posse em Conselhos de Administração de empresas públicas e os seus militares passado a reforma e reserva, sem muitos sobressaltos, significando haver dois pesos e uma medida”, adiantou, dizendo que a UNITA foi e estará nas negociações com dados precisos, pois entregamos um dossier do património muito minucioso, dos imóveis ocupados, em toda Angola, que totalizam 11 folhas”.
Puxa daqui, puxa dacolá, o MPLA vá lá, sejamos honestos, teria de pagar o valor dos imóveis confiscados, calma aí, e o que daria a UNITA, então? É que nisto de negociar, quem dá tem sempre que receber algo em troca, mesmo que seja pouco. E, segundo parece, a UNITA teve o seu arreganho pontual, um sobressalto de zebra ferida por leão (que às vezes, com um coice bem dado, dá cabo do predador) e disse que não dava nada.
Nisto, a fonte de F8 revelou que o montante do pagamento dos diferentes imóveis em causa tinha sido estabelecido em cerca de 95 milhões de dólares, o que é muito dinheiro dado fora do Orçamento Geral do Estado para não haver nada em troca.
A situação é tão delicada como o caso em si. A grande verdade é que o arreganho da UNITA não é de animal ferido, mas sim de animal pobre, e quem pouco tem, pouco ou nada pode dar, a não ser… a não ser, quiçá… hipotecar o único capital que havia disponível, o político.
Neste ponto da história façamos uma muito breve pausa. Poder-se ia dizer como os italianos tão bem dizem, «Si non é vero é bem trovatto», porque o futuro aponta para uma colagem perfeita desta versão dada pela nossa fonte com o que se passou na realidade.
A UNITA, para receber uma primeira prestação poderá ter de ser forçada a entregar algo em troca, para já a saída de dois pesos pesados é um bom sinal, mesmo que baixe a credibilidade da democracia da UNITA, quer dizer, logo após o fim das negociações, praticamente ao mesmo tempo cedia ao seu inopinado parceiro de negócios o que ele tinha pedido em troca, ou seja, a cabeça de Kamalata Numa, ex-secretário-geral, considerado um radical e pedra no sapato do regime pelas suas posições, e, como, no domínio da informação, era preciso também colocar na guilhotina a cabeça de Makuta Nkondo com o seu programa na Rádio Despertar, acabaram com o seu programa dominical, ponto final, parágrafo e vai lá dar show no Parlamento. Ciao, Makuta. Simples e catastrófico.
Isto sem falar dos “spots publicitários” que o nosso Isaías se prestou a fazer em honra de registo eleitoral, acto, dito de civismo, a tresandar a ferramenta de batota!!
Bonito serviço, sim senhor! Muito do pacote reivindicativo da UNITA se não houver uma verdadeira explicação poderá ser descredibilizado por força deste acordo. Pois Samakuva terá de vir a terreiro dizer se já recebeu, uma parte dos milhões da indemnização ou não e se as prestações só cairão se ele abdicar de atacar e não começar a disparatar, para que topdos os militantes e público saibam deste caso.
Desgraçadamente, tudo leva a crer que a verdade ainda poderá não ser esta.
Muitos “maninhos” estão descontentes e poder-se-á assistir a uma crise profunda no partido, restando saber quem serão os primeiros cabeças de lista a abandonar o navio, uma vez que muitos deles acreditam já não estar numa organização a navegar para o porto dos ideais de Jonas Savimbi.
E se assim, os angolanos já estão paiados, caso a UNITA atire a toalha ao chão, por receber o que lhe é devido, então compenetremo-nos, que teremos a perpetuação “ad eternum” do regime no poder.
Vamos agora esperar pela verdade.

Um comentário:

  1. meu caro imäo W T ,eu até neste momento estou muito admirado com o teu trabalho .deviamos ter no maximo ou simplesmente 20 pessoas como vc ,eu penso que algo ía mudar rapidamente. cuida-te

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