sábado, 28 de janeiro de 2012

AQUI ESCREVO EU. O Ponto da Situação. William Tonet


No espaço mental de um povo senhor do seu destino, as ideias precursoras e orientadoras seguem rotas projectadas com segurança, susceptíveis porém, das correcções que os dados circunstanciais aconselham ou obriguem.
Segundo texto adaptado de Mário Saraiva, este dizia: “Determinar a posição na linha de pensamento e inflectir segundo as conveniências de momento são recursos que o mais experimentado navegador não despreza e de que se vale em determinados momentos”. Alcançar o objectivo depende do modo e jeito de persegui-lo.
“A Política é uma navegação”, escreveu Alberto de Monsaraz.
Quando o presidente da República, José Eduardo dos Santos, ordena que um dos órgãos de comunicação social do Estado, logo de todos os contribuintes, como o Jornal de Angola, incite ao assassinato de um jornalista, coloca a descoberto a real natureza ditatorial e fascista deste regime, que passa pela eliminação física de todos que pensem pela sua cabeça.
O papel de carrasco, assumido pelo director, José Ribeiro, coloca-o como instigador e assassino moral de um colega de profissão a que o Conselho da Comunicação Social vai, seguramente, ficar calado e elogiar mais este alto serviço à Pátria, protagonizado por uns poucos comprometidos com a discriminação e a corrupção.
As inteligências mais penetrantes do país não acreditam que o regime possa alguma vez mudar a sua postura e cumprir o programa prometido ao país de uma maior e melhor justiça social. Isso porque a sua agenda consiste apenas na consolidação do poder unipessoal e absoluto de um homem só, que a continuar sob o silêncio cúmplice dos autóctones acabará privatizando todo o Estado.
Segundo Alberto Monsaraz: “Há, de tempos a tempos, que tomar-se a altura do Sol para que a rota não extravie pela superfície movediça de factos e circunstâncias, num mar alto sem referências nem horizontes”.
Também hoje Angola vagueia num mundo transformado e revolto, sem horizonte nem pontos de referências angolanos.
A nau do Estado singra ao acaso, impelida por ventos estranhos, desprovida de pilotos responsáveis e conscientes da nacionalidade a que pertencem.
Apontam-nos, envolvida na névoa da distancia, a mancha dúbia da Terra Prometida, boa para se viver, com os gráficos do crescimento do petróleo e dos milhões da corrupção, com chineses, portugueses e brasileiros, como maestros da orquestra discriminadora. Miragem paradisíaca, ou holocausto das pátrias? Aliança ou fusão? Projecto da criolagem de Gilberto Freire ou preparação da extinção do autóctone angolano?
Conceitos diametralmente distintos, projectos essencialmente antagónicos. E de que lado está o Presidente da República? Ele tem o dever estrito de nos informar. Os angolanos têm o direito de, rigorosamente, o saber!
O povo tem de ter a consciência exacta de que se joga aqui o seu destino nacional e humano. Repetimos a pergunta: qual a orientação do Presidente da República?
A liberdade de sonhar é de cada um e os sonhos, “realização de desejos”, são os mais elementares na interpretação onírica de Freud.
Aos politicantes “mais medíocres”, cúmplices do mesmo atentado anti-nacional, é que talvez os mobilize a mísera ambição de serem deputados, quanto muito ministros.
Senhores da governança, parem esta caminhada de desmandos financeiros! Isto porque em primeira e última análise, quem há-de decidir do seu futuro é o Povo. E de que lado está o Povo? Já alguém lho perguntou nesta democracia? Já lhe foi posta a questão com a clareza indispensável?
Estamos, dizia então Mário Saraiva, num momento dramático de determinar posições, porque corremos o perigo de um naufrágio mortal. O tempo não admite delongas. Tudo depressa parece encaminhar-se para que esta 3.ª República termine a obra demolidora que há 36 anos iniciou.
Por graça e Fé em Deus os angolanos têm de reagir antes que sejam destruídos e o país soçobre. Com a intercessão divina tudo é possível, mas Deus avisou o homem: “faz tu, que eu ajudarei”! É, portanto, o povo que tem de agir. E pode fazê-lo, primeiro que tudo, pelo espírito e pela vontade; basta que se sinta angolano.
A crise profunda que amolenta os angolanos advém de se ter perdido o sentimento e o orgulho de angolanidade. Mas não haja ilusões nem desânimos. Ainda que no instante derradeiro, ele despertará numa explosão redentora indomável. FOI SEMPRE ASSIM.

Um comentário:

  1. Marginais do Huambo


    O Comando da Polícia Nacional
    apresentou um grande grupo de suspeitos
    de andarem nos caminhos do mal
    que, pelos seus feitos,
    provocaram muitos danos.
    Um dos detidos, uma mulher de 30 anos,
    acusada de vender estupefacientes,
    disse aos presentes,
    a comunicação social,
    estar arrependida
    por andar nessa vida
    que transforma em dependentes
    muitos da população do Reino Presidencial.
    O outro, um homem de 21,
    acusado de assalto à mão armada,
    disse que fez nada,
    afirmou estar inocente
    e lamentou conviver com gente
    mal educada,
    pessoas envolvidas em crime.
    Nenhum destes actores
    é figura do Reigime
    porque têm ideais demasiado curtos,
    dedicam-se só a pequenos negócios e furtos.

    António Kaquarta

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