quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O DESNORTE DO EXÉRCITO KUDURISTA DA BAJULAÇÃO NACIONAL


A política nem toda é uma podridão, uma falsidade. Existe uma política de rosto humana, virada para a satisfação dos grandes problemas do cidadão. É a política feita por políticos comprometidos com o bem público e adversos a corrupção, logo a gatunagem dos dinheiros públicos para as suas contas privadas e seus lugares tenentes.
Nós, enquanto angolanos temos de perceber estarmos a viver tempos irreversíveis de mudança, motivada pela gestão ruinosa e contra a cidadania de muitos dos actuais actores no poder.
E por muito que se queira travar o vento com rede de galinheiro Angola jamais será a mesma e ainda que as baionetas se afiem todos os dias contra os cidadãos, o SOL VAI ILUMIMAR OS ACTUAIS DESFAVORECIDOS, provocando as mudanças de que Angola carece.
E porquê isso, pergunta o leitor?
Porque ainda importa reflectir sobre a nota de imprensa do BP do MPLA, que, a coberto da análise da situação política, económica e social do país, teve apenas como objectivo único e exclusivo arremessar pedras ao F8.
Nessa manifestação de ira muito tardia – a motivação dizem os promotores tem a ver com a insultuosa fotomontagem apócrifa causadora de tão súbita cólera, mas que há muito tempo circulava na internet e, portanto, já era do conhecimento de muitos angolanos em geral e do BP do MPLA em particular, que a ignorou pura e simplesmente até ao dia em que o F8 por erro a levou à estampa.
O nosso imediato reconhecimento de erro e humildade foi quase ignorado, mostrando uma têmpera comunista/ditatorial de quem veio a terreiro participar no “KUDURO BAJULADOR”.
F8 tem responsabilidades para com a maioria autóctone que não se revê na bajulação, logo não nos sentimos diminuídos, por virmos, publicamente, em jeito de humildade, reconhecer o nosso erro, junto do Presidente da República, do Vice Presidente e do chefe da Casa Militar.
Esta é a verdadeira espinha dorsal da linha editorial do F8, que não se descaracteriza com este gesto, porque continuará a condenar quem governe e faça política discriminatória e corrupta, prejudicando a maioria dos cidadãos autóctones.
Por outro lado, também condenamos quem pela socapa, ao abrigo do anonimato, queira apenas criticar os inúmeros erros do executivo, mas sem aparecer com rosto. Mas pese esta nossa atitude, foi vista como desculpa por um condenado à morte.
Nessa cruzada, os órgãos de comunicação social públicos: RNA, TPA, JÁ e ANGOP, autênticas caixas-de-ressonância do regime, violaram de modo estapafúrdio e infantil alguns princípios básicos e fundamentais da Constituição “jessiana” da República, que deveriam conhecer melhor do qualquer um de nós.
Nesta tónica foi um desfilar e trazer pessoas, umas, que nem ler sabem e outras não têm estatutos para comentar assuntos sérios, que se postaram numa campanha de diabolização do F8, como bem confirma o SJA no seu comunicado equilibrado, equidistante, imparcial e corajoso. É um texto de quem tem um sério compromisso com a ética, a deontologia e os associados.
Mas os outros é como se nunca tivessem errado e aqui, fazendo jus à máxima popular, temos: “quem nunca errou, mais burro fica quando vê os outros a errar”, ou ainda, “jindungo no olho do outro é refresco”.
Em Angola é assim, quando um dos órgãos de comunicação social públicos divulga notícias que não correspondem à veracidade dos factos, ofendendo direitos fundamentais de outros cidadãos, ninguém reage, nem o BP do MPLA, nem tão-pouco quem se diz comprometido com o respeito pelos direitos fundamentais, garantias e liberdades dos cidadãos, como lindamente escreveram na “Constituição Jessiana”, deles, mas que só vale para os especiais (que são a minoria).
Os exemplos são muitos; o Jornal de Angola, noticiou numa das suas edições que o Tribunal Provincial de Cabinda havia condenado os terroristas que atacaram a caravana desportiva do Togo, quando, na altura, ainda beneficiavam da presunção de inocência, tanto que o Tribunal Supremo, considerou todo o processo como nulo, emitindo o mandado de soltura, tendo os réus saído em liberdade, por não se terem provado os factos pelos quais foram levados a juízo. Como se vê os terroristas do Jornal de Angola, por serem de Cabinda (veja-se o tribalismo e regionalismo) eram afinal cidadãos inocentes.
Noutro caso badalado nos últimos dias dos altos oficiais do Comando Provincial da Polícia de Luanda, pessoas que desde sempre serviram o regime, foi feita uma campanha de intoxicação, por parte de quem tem responsabilidades de contenção e preservar o segredo de justiça, pois não se coibiram de exibir peças processuais, ao ponto de um jornal ter dito que as suas fontes estavam na Procuradoria Geral da República e no Supremo Tribunal Militar… Tudo, em clara violação do princípio da presunção da inocência com dignidade constitucional. Mas aqui a justiça anda a duas velocidades, para uns se tolera tudo, para outros se critica e manda matar.
Então qual é o significado, dimensão e alcance do princípio da igualdade consagrado no artigo 26º da Constituição Jessiana”?
Por outro lado, se a fúria do tratamento com distinção que merecem os cidadãos visados, José Eduardo dos Santos, Fernando da Piedade Dias dos Santos e Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, resulta do facto de serem titulares dos órgãos, Presidente da República, Vice-Presidente da República e de Ministro de Estado, Chefe da Casa Militar do Presidente da República, então quem deveria reagir não seria o BP do MPLA, mas sim, o Executivo, porque é nestas qualidades que apareceram os bajuladores a defendê-los com distinção por serem especiais e, como tal, diferentes dos outros cidadãos.

A “Especial” elite angolana
Ainda assim, em atenção às responsabilidades acrescidas que impendem sobre o MPLA, esperava-se dele, a ter de reagir, uma mensagem pedagógica e não repressiva, como aconteceu, ordenando inclusivamente, de forma pública e ostensiva, os órgãos do Estado titulares da administração da justiça a tomarem medidas contra o F8, num acto claro de condenação pública antecipada.
O MPLA como qualquer outra força política que estiver no poder deve agir de forma conciliadora, inclusiva e não ao contrário, já que o Estado é (ou pelo menos deveria ser) o fiel depositário de todos os angolanos e não apenas dos angolanos do MPLA…
Outrossim, a boa maneira africana ensina-nos que, quando um filho erra o pai não deve matá-lo, mas sim, reeducá-lo para que no futuro não volte a cometer os mesmos erros e seja melhor…
Por isso, já é tempo suficiente para o MPLA se habituar de que, embora tivesse sido o povo que o “escolheu “nas urnas para governar, não deve continuar a confundir o Governo com o Partido como se estivéssemos no tempo de partido único, pois isso só lhe dá legitimidade para formar o executivo que vai materializar o seu programa eleitoral e não substitui-lo (o executivo) quando bem entender, até porque não há razões para tal, uma vez que os membros do BP do MPLA, são quase todos integrantes do executivo e bem poderiam evitar as constantes ingerências e confusões, o que demonstra claramente que mudaram a Constituição e algumas leis, mas não mudaram de mentalidade, que é a parte mais difícil do filme.
O Chefe de Estado é de factu ed jure um símbolo da Nação e por esta e outras razões, devia se apresentar como órgão do Estado a reagir em defesa própria e não constituir preocupação apenas de um partido, que, aliás, teria legitimidade para assim agir se viesse a público defender tais figuras na qualidade de dirigentes seus e não na qualidade de representantes do Estado angolano, porque Angola desde 1991 que deixou de ser propriedade do MPLA, se é que alguma vez, na realidade o foi.

Um comentário:

  1. O rio beiro


    Quando a luna chia,
    o rio beiro,
    que desagua numa ria,
    como já vai sendo tradição
    na região,
    sobe ao cume,
    num grande desassossego,
    para explicar que são um bom perfume
    os lunares vapores do rego.
    Este movimento do salafrário,
    tentando disfarçar os maus cheiros,
    ocorre frequentemente numa sociedade
    onde circulam muitos rios beiros
    a correrem ao contrário,
    uma relidade
    que não obedece à lei da gravidade
    e que só encontra explicação
    nos reigimes onde domina a bajulação.

    António Kaquarta

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