sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O crescimento económico ilusório de Angola e outras ilusões


“Angola está entre as economias que mais cresceram no mundo nos últimos cinco anos”. “Angola, uma das maiores economias de África e uma das que mais dinâmicas do mundo”, são slogans publicitários sustentados única e exclusivamente por números e em despeito da realidade angolana, que vão para o ar e são repetidos dezenas de vezes por dia, repetimos, DEZENAS DE VEZES POR DIA e desde há muitos meses a esta data na TPA Futunguista (alguns deles desde o ano passado!), o que é um recorde absoluto de lavagem cerebral provavelmente no mundo inteiro, já que estamos em performances a nível planetário. É ópio, é mentira, é areia para os olhos dos angolanos, é um método de baixa estirpe para fazer valer o nada ou quase nada de mérito que nos cabe por isso acontecer. E tanto mais que o verdadeiro significado desse crescimento é totalmente ignorado. Só para exemplificar consideremos o seguinte caso: são dois espaços territoriais, um com dez casas, outro com um milhão de casas. No de dez casas foram construídas mais duas casas e diz-se que cresceu de 20%. No de um milhão, construíram-se mais 100 mil casas e diz-se que cresceu de 10%. Será que teria crescido menos que o outro?... Ora o que acontece é ser precisamente no espaço em que há dez casas que se encontra a economia de Angola, uma das que mais cresceu, é verdade, mas só em relação àquilo que tinha, quer dizer, ao muito pouco que a guerra nos deixou! E a mentira da propaganda deste regime é essa, dá a entender que somos dos melhores que há no mundo, quando o que mais temos é fraquezas a burilar.

Mugabe susceptível
A banda sul-africana, «Freshlyground», foi proibida de actuar na capital zimbabweana, Harare, pelo facto de um dos seus últimos álbuns vídeo fazer troça do presidente Mugabe. A banda, segundo o semanário «Sunday Times» de Joanesburgo, devia actuar no dia 1 de Outubro, mas as autoridades de migração do Zimbabwe cancelaram os vistos de trabalho que haviam sido emitidos em nome dos sete membros do internacionalmente famoso. O vídeo, que foi lançado na África do Sul a semana passada, mostra Mugabe a ser conduzido por um condutor privativo, e a determinada altura vê-se o presidente zimbabueano a ler um jornal, denominado “Bob’s Times”. Na sequência imediatamente a seguir, o grupo aparece a cantar e a dançar num bar. Esta foi a versão que veio a público a propósito de mais uma fanfarronice do presidente zimbabweano, pois não se está bem a ver onde está a falta de respeito a Mugabe ao mostrá-lo a ler um jornal que tem o seu cognome, “Bob”, diminutivo de Robert. Trata-se na realidade de uma manifesta demonstração do espírito obtuso desse ditador prepotente, que neste seu arrebite não deixou passar a ocasião de se mostrar, como de costume, completamente alheio ao respeito que qualquer governante deve aos cidadãos, sejam eles seus súbditos ou não. De facto, o Sr. Mugabe não deu mostra alguma de estar zangado pela “tropelia cometida pelos músicos do «Freshlyground», deixou que o contrato de espectáculo seguisse os seus trâmites, não reagiu ao facto de lhes ter sido concedido um visto de entrada no Zimbabwe e só deu a conhecer a sua decisão de os não deixar entrar no país à última da hora. “Pura e gratuita maldade”, pelo menos é o que pensa o porta-voz dos «Freshlyground», que declarou à comunicação social ter sido telefonicamente informado da decisão por um oficial dos serviços de migração do Zimbabwe.

A especulação em França
Nós, angolanos, temos a mania, induzida pelo presidente das República numa das suas exibições públicas de encantador de mwangolé, que somos especiais. Em boa verdade, em Angola, como em qualquer parte do mundo, há pessoas especiais, infelizmente a maior parte das vezes mais teria valido que elas não o fossem. Por exemplo, diz-se que uma das nossas especialidades é a de especular. O angolano especula sobre seja o que for e ultimamente essa lamentável especialidade visou o sector do mercado de bens imobiliários, no qual se chegou a ver à venda por 400 mil dólares um imundo apartamento da Avenida Brasil que antes, aqui há uns dois anos atrás, tinha sido proposto a exactamente 35 mil. Mas essa mania de especular não tem nada de angolano, é mundial. O mercado imobiliário da capital francesa, por exemplo, parece não conhecer a palavra "crise". O preço do metro quadrado em Paris ultrapassou a marca de 6.600 euros, um novo recorde histórico. Comprar um apartamento na cidade mais visitada do mundo nunca foi tão caro. Em média, o metro quadrado em Paris custa hoje 6.680 euros, cerca de 8.120 USD. Um aumento de quase 10 % em relação aos preços praticados há um ano. Actualmente, o bairro mais caro de Paris é o 6º arrondissement, conhecido por seus cafés e boutiques de Saint-Germain-des-Prés, na margem esquerda do rio Sena, onde o metro quadrado custa cerca de 13.000 USD.
Economistas franceses apontam as baixas taxas de juros e a tradicional lei da oferta e da procura como as principais razões para o aumento dos preços. Na capital francesa, a oferta é local e a procura mundial, ou seja, um em cada três proprietários de imóveis em Paris não moram na França. Hoje, dependendo do bairro, o número de compradores varia de cinco a dez para cada imóvel à venda. Com um perímetro urbano dez vezes menor do que o da cidade do Rio de Janeiro, Paris não tem mais para onde crescer. Consequência: a classe média francesa tem-se dirigido cada vez mais para a periferia da cidade. Apesar desse aumento, o preço médio do imóvel em Paris ainda é mais barato do que em Londres. A capital inglesa segue no topo da lista, com o metro quadrado custando em média 14.000 USD.

O espírito científico do general
A propósito do prémio sem nome que foi atribuído ao presidente Eduardo dos Santos pela União dos Escritores Afro-Asiáticos (UEAA) tivemos o privilégio de ler um texto laudativo ao nosso PR escrito pela mão do general Zé Maria, e ainda por cima, ó surpresa, de índole científica. Para começar esta abordagem, um ponto prévio: o referido texto, publicado no club-k, não está mal afivelado. Evidentemente que o seu teor está embebido em pomada resplandecente e profundamente marcado por uma miopia incurável, mas tem o seu mérito, por divulgar uma opinião que tem um válido suporte nos mais de 5 mil escritores que fazem parte da UEAA, não obstante se fique sem saber quantos é que votaram pelo dito prémio. Por outro lado, entre o que não foi dito e o que está escrito, salientamos a prosápia espampanante e de gosto contestável, da frase hermética introdutória, aludindo á “hermenêutica semântica dos seus conteúdos”, que nos induz a “uma relação intrínseca” (tanto palavrão pra quê?); mais adiante lemos a palavra “Seu”, depois a palavra “Pessoa”, ambas com maiúscula, elevando a figura do presidente para o patamar das divindades; enfim, a análise é curiosa, mas, vindo de quem vem, sem grande relevância. Contudo, um belo ponto para o general, no “Ranking” da bajulação nacional.

Combustíveis e o aumento de 50% (I)
A subida do preço da gasolina e do gasóleo obedeceu, como de costume, à manifestação do que pode verdadeiramente ser considerado como uma doença endémica do actual “governo” do MPLA: o recurso sistemático à mentira compulsiva como método de governação. Em menos de oito dias o augurado aumento do preço dos combustíveis passou, como que por encanto de um “Abracadabra” de ficcionista, dos 8 a 10 porcento anunciados para, desculpem o pouco, 50%!!! reais. Um verdadeiro prodígio de anti-ciência política, normalíssimo em Angola dada a mediocridade política, e moral, dos nossos homens políticos em geral. Assim sendo, das duas uma, ou a mentira foi organizada, o que parece ser impossível dada a reputação de pessoa de bem que o “governo” aufere, ou não foi, e ninguém conseguiu descortinar de onde vinha tamanha disparidade entre o anúncio do aumento desses preços e a sua efectivação final TOPS

No D. da Caála, treinador acata ou vai prá rua!
O Desportivo da Caála vive um momento difícil, que foi comentado por quase toda a imprensa angolana de todos os azimutes. E, muito curiosamente, numa espectacular manifestação de consenso como raríssimas vezes tem acontecido, com todos os órgãos da comunicação social a cantar o mesmo refrão, salientando o absurdo e provavelmente o perfil de prepotência da decisão da sua direcção ao ter posto na rua pelo telefone o treinador David Dias, depois de ele ter obtido nove vitórias, um empate e sofrido uma só derrota desde que tomou conta das rédeas da equipa. Sobre as verdadeiras razões do humilhante despedimento, essa mesma direcção, cujos membros navegam nestas águas turbulentas protegidos por um espesso nevoeiro no que toca às suas identidades, decidiram contudo fornecer algumas explicações no Telejornal do passado dia 31.08.10, da Ana Lemos. Destacado para esse exercício de débito de eufemismos foi um dos membros da direcção do clube, o Sr. Horácio Mosquito, que, no meio de arabescos primorosos (é um elogio) conseguiu dizer horrores dando a impressão de a direcção a que pertence estar com toda a razão. Disse que quem escolhe os jogadores que devem jogar não é o treinador, pois em última análise é a direcção, que David Dias não teve mérito nenhum, a não ser o de ter andado durante algum tempo na linha, até ao momento em que saiu dos carretos ao escolher jogadores fora dos que tinham sido escolhidos pela direcção antes do desafio com o 1º d’Agosto e que o facto de o clube ter tido 5 treinadores em 7 meses é normalíssimo. O Folha 8 apresenta ao Sr. Horácio Mosquito os seus sinceros parabéns e os mais fervorosos votos para que se empenhe rapidamente na criação de um novo partido político, enfim capaz de se opor em falácias ao partido no poder.

“Prémio Sonangol Egípcio”
Por mais incrível que pareça, o nosso inimitável JES foi contemplado com uma espécie de prémio literário que não é bem isso, no fundo não é carne nem é peixe, e, ao que se saiba, nem sequer tem nome, é só prémio, como explica o principal diário egípcio, o “Al-Ahram”, com a sua tiragem que ronda o milhão e meio de exemplares, ao explicar que a “União dos Escritores Afro-asiáticos homenageia o Presidente de Angola” no sentido de pôr em evidência “(…) o importante papel que o Presidente Eduardo dos Santos desempenhou na libertação e para o desenvolvimento de África”. E pronto, a partir de agora, ainda segundo a ideia dos Egípcios, as relações amistosas entre Angola e o país dos faraós “são eternas”! E não é tudo, a profundidade da homenagem é tão enorme, que chega ao ponto de salientar “(…) a forma consensual como (o PR) tem gerido todo o processo de desenvolvimento social”. Realmente enorme! Enfim, como talvez fosse preciso abrir alas a uma futura passagem de alguns barris de petróleo, o Eng. José Eduardo dos Santos foi contemplado sem saber bem porquê, com um prémio de que não conhecemos o nome, e já agora até podemos propor: “Prémio Sonangol Egípcio”. Hesitamos: de literatura, ou não?

Abusos da Unitel
É mais que evidente, segundo a opinião de muita gente, sobretudo daqueles que têm conhecimentos aprofundados sobre os complexos sistemas de telecomunicações, que a Unitel tem “papado” um maior número de clientes do que os que a grandeza do prato permite, quer dizer, tem clientela a mais para as capacidades da sua própria rede. Assim, nos momentos, melhor dizendo, nos “dias de ponta”, em que há festas nacionais feriados tradicionais ou acontecimentos extraordinários, o sistema “arreia”, e telefonar só na Movicel! Á parte essas falhas, um outro calcanhar, que também parece ser do velho Aquiles”, é o sistema G3. Muitas mas mesmo muitas têm siso as reclamações, que, diga-se não são correctamente tratadas, pois o que acontece é que no carregamento obrigatório de 625 UTT’s por mês, se o utente não as utilizar todas, elas desaparecem como que por encanto. Ora a isso chama-se normalmente roubo, e se o termo é demasiado forte encontre-se outro, mas em todo o caso essa maneira de actuar é ir ao bolso do cliente! Resta o consolo de a própria Unitel reconhecer que esses problemas têm que ser resolvidos a breve trecho, e é disso mesmo que os seus utentes estão á espera.

O silêncio que valida acusação
Voltamos à “carga” porque nos parece necessário denunciar tanto silêncio cúmplice. Depois de no reino do Ngola se terem levantado vozes solidárias de denúncias feitas pelo jornalista Rafael Marques num longo trabalho de investigação relacionado com abusos de poder, peculato, tráfico de influências, má governação e corrupção generalizada praticamente instituída pelos principais dirigentes políticos do país na sua labuta quotidiana de gestão das coisas do Estado e alguns afins privados, o Procurador-Geral da República enviou uma bola à trave ao declarar que o seu gabinete não tinha qualquer informação de denúncias passíveis de aplicação da “tolerância zero” apregoada por Ngola Dos Santos. Nisto, do outro lado da barricada, nos redutos palacianos, contam-se pelos dedos de uma mão as vozes que, muito longe de serem clamores de indignação, quase em surdina se levantaram, manifestamente com medo de levantar ondas, a contestar tais denúncias, não obstante o partido no poder, mais precisamente, as suas principais figuras, terem sido os alvos principais da virulência das mesmas. O menos que se possa dizer a este respeito é que bem curiosa é tanta parcimónia.
Quanto aos principais visados pelo bisturi do Rafael Marques, nem um suspiro se ouviu, caladinhos ficaram nos seus hiper-confortáveis redutos, à espera de alguém que viesse defender a sua honra. Apareceu, sozinho, Rui Falcão, a pedir a intervenção dos órgãos competentes, no sentido de apurar a veracidade dos factos incriminados. Mas não apareceu ninguém, pelo que se presume que em Angola, à parte o seu presidente da República (o principal visado pelas críticas em questão), não há órgãos competentes! Será isto caminhar para a democracia?

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