sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O Jornal de Angola, o Folha 8 e as lágrimas de crocodilo… (em actualização)


Vai uma choradeira ali pelas bandas do “nosso Pravda”…
E que choradeira?!?
E tudo, por causa do BP do MPLA.
E tudo, porque o maioritário queixou-se da forma como o seu Presidente, nomeadamente, tem vindo a ser maltratado pelo F8, com destaque para a utilização abusiva da sua imagem.
Por idênticas razões, o Jornal de Angola também já foi acusado por outros partidos e personalidades da nossa sociedade de promover assassinatos e linchamentos políticos nas suas colunas de opinião, mas não só.
A manipulação, a omissão e a censura já são ingredientes habituais das “refeições” servidas diariamente nas suas colunas.
Definitivamente, o JA não está minimamente em condições de dar lições de ética/deontologia jornalística a quem quer que seja neste país, o que não lhe retira o direito de nos pregar o sermão sempre que assim entenda, como é o caso presente pela pena do tal de “Álvaro Domingos”, o novo disfarce do velho patrulheiro de serviço.
São de facto insuportáveis as lágrimas de crocodilo que o JA tem vindo a verter nos últimos dias por intermédio deste escriba contratado pelo Man Ribas.
Para que não restem dúvidas, estamos em desacordo com o polémico tratamento fotográfico, porque ele, de facto e de jure, fere os limites que nós próprios aceitamos, quer enquanto cidadãos desta 3ª República, quer enquanto jornalistas que sempre fomos e queremos continuar a ser, se não houver outros obstáculos maiores que ultrapassem a nossa vontade de andar por estas águas de forma mais ou menos livre, mais ou menos independente.
Mesmo no país das ditas liberdades irrestritas ao nível da imprensa, os EUA, o Tribunal Supremo já condenou várias vezes jornalistas em diferentes processos, particularmente aqueles que têm a ver com a protecção da segurança nacional, mas também já absolveu outros.
Ninguém está, pois, aqui a defender que os jornalistas estejam acima da lei, como não estão os políticos, incluindo os mais altos titulares de cargos de soberania.
O F8 admitiu o erro, mas sabemos que este último episódio, conforme se pode concluir das entrelinhas da declaração do BP, foi apenas a gota de água que fez transbordar a paciência de alguns altos “copos” deste país, que desde há muito colocaram o semanário do meu amigo WT no seu Index particular e institucional.
Estou na origem da fundação do Folha8, em 1995 (salvo erro), que surge no nosso panorama mediático logo a seguir ao pioneiro Imparcial Fax, que acabou por ser enterrado na mesma vala em que foi colocado o cadáver do seu assassinado Director, o saudoso Ricardo de Mello.
Este crime brutal vai agora completar 17 anos, no próximo dia 19 de Janeiro, sem esclarecimento e sem castigo.
Do jornalismo e para sermos breves, temos hoje uma concepção que aponta para uma intervenção editorial que não é a mesma do nosso “Folhinha”, pois achamos que é fundamental a destrinça entre informação (factos) e opinião.
O F8 enveredou por uma linha editorial difícil de definir se quisermos ser rigorosos de um ponto de vista mais académico, ficando por saber se neste momento é um jornal do tipo mais clássico ou se é uma publicação mais ideológica, onde a opinião e a propaganda prevalecem em detrimento dos factos, da actualidade e do interesse público.
Como já vimos o Jornal de Angola tem um problema idêntico, embora saiba salvaguardar melhor a sua imagem quando confrontado com este "dilema", sendo neste aspecto o "Folhinha" muito mais editorializado, ao ponto de nem sempre sabermos se o que estamos a ler é uma informação ou uma opinião sobre determinado facto.
O JA mais astuto, joga sobretudo com a opção da omissão/censura, quando não quer engolir algum "sapo" mais incómodo que põe em causa frontalmente as suas crenças/fidelidades.
O recurso a articulistas estrangeiros (maioritariamente portugueses) para preencher as suas páginas de opinião é um exemplo desta fuga para frente, mas há outros que não são muito de fáceis de identificar à vista desarmada, particularmente para o leitor situado na chamada média.
O ordenamento jurídico angolano no que à imprensa diz respeito, admite a existência de publicações doutrinárias e informativas, sendo as primeiras as que, pelo seu conteúdo ou perspectiva de abordagem, visam fundamentalmente divulgar qualquer ideologia ou credo religioso. Eu acrescentaria "credo político e social".
As segundas são as que têm como objectivo principal a difusão de informações ou notícias e podem ser de informação geral ou especializada.
Na história da imprensa tem havido e vai continuar a haver espaço para todos os tipos de jornais, sendo contudo importante que os leitores saibam ao que vão, o que tem de ficar claro no seu estatuto editorial, sem margens para equívocos ou ambiguidades, o que só é verificável com a análise regular da sua prática.
(cont)
http://morrodamaianga.blogspot.com/

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