quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A batota e os batoteiros


Os meus amigos de infância divididos entre o Sambizanga e a Boavista em Luanda. Lembram-se muito bem de vários divertimentos que tínhamos como os jogos de futebol, basquetebol, “o não te irrites”, hum! o Nelito que chorava amargamente quando perdia ! E o mais polémico era sem dúvida a batota de cartas pois existiam grandes truques , sinalizar, guardar, combinar …entre “amigos”.

Domingos Chipilica Eduardo

Dificilmente vencia alguém que desconhecia as “armas” .Entre nós a palavra batota consistia em usar meios fraudulentos para obter resultados a nosso favor na hora exacta do jogo.
Ao longo desta governação 1975-2011, nada mais de 35 anos, 3 menos anos (32anos) de cadeira unilateral, imaculado de JES como justificam os seus sequazes. Vivo pensando insistentemente na maneira peculiar, arrogante e até mesmo inexplicável, de que tudo vai bem. Na altura do jogo a nossa intenção era distrairmos, passar tempo. Actualmente a nossa governação está dotado de truques de outrora só que mais sofisticado, mais hábeis e modernizados. Vou minuciosamente focar o que penso serem os pontos mais importantes da nossa batota actual.
As um milhão de casas, particularmente casa para juventude, as intenções são sempre boas, “mudar para melhor”, na prática são autênticos fracassos. Os grandes projectos habitacionais não estão ao alcance da maioria dos nacionais. Quantos conseguem pagar mais USD 40.000, USD100.000 … no “abrigo”.? Resultado aparecem os iluminados a pagarem mornamente. É batota!
O projecto Angola jovem é um atentado a própria juventude, o ministro da juventude e Desporto Gonçalves Muandumba. Reconheceu publicamente os erros, não os citou quais e nem sequer conseguiu apontar nomes dos supostos autores. Todavia cito eu, os erros mais graves. Olhou-se para JMPLA em detrimento do Jovem angolano. Os créditos bancários concedidos no fervor da propaganda e não para termos jovens empresários.
Apenas frustrados. Reafirmo o crédito é uma verdadeira armadilha em Angola e acresceu Muandumba no mundo. Os encargos bancários são pesados, o custo de vida elevadíssimo… tornam a nossa vida melindrosa os juros não são suficientemente bonificados. Outras considerações pronunciem-se senhores economistas. Os grandes devedores da banca andam impunemente. Tipo nada. É batota!
O que acontece geralmente nos concursos públicos em todos os sectores e em todo o País. Já ouvi um governante a dizer desta vez vamos tentar sem mais imparciais a admissão de funcionários. Fazem-se as inscrições, as provas, as interferências são enormes que o resultado é viciado. Essas atitudes parecem normais. Todo mundo fala e nada uma verdadeira impunidade. Dizem, quem tem padrinho na cozinha não morre a fome. Como seria se todos tivéssemos padrinhos na cozinha? É batota!
Recordam-se da batota tolerância zero e o combate a promiscuidade entre os negócios públicos e privados por parte de alguns governantes. Como disse Senhor Presidente JES. Era mesmo assim o nosso jogo de batota, usávamos tantos truques para mostrar que não somos enganadores mas no fundo usávamos o nosso jeito. A nossa ideia era termos um jogo transparente, honesto era mesmo só ideia.
Manos, o artigo 47 da Constituição Angola sobre as manifestações é outro jogo não defendo ataques pessoais verbais ou físicos independentemente por mais pacíficas que sejam não serão do agrado do regime. É batota!
Existem inúmeras batotas que neste longo consulado se realizaram. Enumerá-las todas sérias cansativas porém não podia ficar indiferentes as recentes discussões secretas sobre a lei orgânica das eleições gerais. Fizeram-se grandes elogios ao Mpla por ter cedido e permitido o consenso. O assunto é sem dúvida de interesse nacional. Porque discussão em sigilo? Como disse o outro as eleições em 2012 serão realizadas baseadas no registo eleitoral, mapeamento, centro de escrutínio … Tarefas já realizadas pelo Executivo. A oposição devia também exigir da imprensa principalmente a pública mudança radicais. Disputa igualitária, debates de assuntos públicos, acabar o fenómeno cartão de Mpla como condição para ser cidadão (muitos angolanos são-lhes exigido para emprego, bolsas …), o cartão eleitoral é mais fácil do que o bilhete. Se querem eleições livres, justas e transparentes devem começar hoje. Senão será batota.
Qualquer politica que se cria reuniu-se secretamente os batoteiros e traçam os seus truques. É sempre assim o jogo da batota há sempre um truque não mão.

Um comentário:

  1. O ribeiro contaminado


    No ribeiro corria
    água, prestando para nada,
    que contaminava
    quem nele bebia
    por estar demasiado envenenada.
    Havia uma Menina,
    a responsável pela situação,
    opinando que aquela água
    era pura, cristalina,
    boa para o consumo da população
    daquele lugar
    de muitos desiguais,
    onde quem reclamar
    é ameaçado com tribunais,
    muitos anos de prisão
    ou sete tiros de canhão,
    (dois ou três de metrelhadora
    se for uma senhora),
    para calar
    os que lutam contra a poluição.
    O ribeiro tinha muitos problemas de visão
    e um julgamento doentio,
    vivendo com a grande ambição
    de um dia vir a ser rio.
    Um grupo grande de gente
    manifestou-se contra a expansão
    do parasítico efluente,
    sem qualquer vergonha,
    transformando-se em peçonha.
    O rei não gostou.
    O rei dialogou
    com os países amigos e aliados
    e convocou
    os generais mais graduados
    para planear o combate a esses marginais,
    promotores de conflitos sociais
    ou até mesmo uma guerra mundial,
    com origem na África Astral.
    O rei, por agora, tem a situação controlada,
    ainda não necessita da ajuda aliada
    e pensa ser capaz de silenciar o banzé,
    desencadeado contra a realeza,
    pelos que não entendem que a Menina Tchulé
    goza do estatuto de princesa
    e decretou que, em todo o lado,
    o ribeiro, saturado de poluição,
    passe a ser designado
    Rio Cristalino de Grande Dimensão
    com importância estratégica fundamental
    para a navegação no pantanal.

    António Kaquarta

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