sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Desprezo gera desprezo e outros desprezos


O cada vez mais criticado e criticável Governo Provincial de Luanda sob tutela de um Executivo do tipo dos navegadores solitários, querem por ora extinguir o mercado do Roque santeiro e transferi-lo para o Panguila, a anos-luz dos interesses do “mexilhão” mwangolé. Dada a amplitude desta operação de transformação do Roque Santeiro em grandiosa empreitada imobiliária avaliada em dezenas de milhões de dólares, impunha-se desde o início fazer um estudo aprofundado dos possíveis cenários de avançamento dos trabalhos, com especial enfoque para os consideráveis problemas humanos causados pela movimentação forçada de uma enorme massa de cidadãos, de repente postos numa situação de muito difícil gestão. Deveriam ter sido previstas medidas paliativas e de resgate, destinadas a minimizar um provável desmoronamento social generalizado, criando centros de acolhimento, mobilizando pessoal para outras áreas, prevendo a reciclagem das casas do “processo”, enfim, distribuindo os males pelos servidores do mercado. E, sobretudo deveria ter sido acautelado o processo de pagamento dessas taxas que deviam servir, mas não serviram, para melhorias do mercado. As receitas arrecadadas nunca foram aplicadas e, se agora, que foi decidida e processada uma transferência do Roque, deve-se devolver o dinheiro ou mostrar onde e como se aplicou, sob pena de se confundir o valor das taxas recebidas durante dezenas de anos com roubo instituído. Estamos aqui a referir-nos a muitos milhões, melhor biliões, que devem ser restituídos. Mas nada disso foi feito, avançando-se o argumento de que seria um trabalho inglório com parcos resultados e muito dinheiro gasto. Talvez haja alguma parte de verdade nesse argumento, mas gerar assim a miséria de tanta gente, trás consigo dramas familiares e morte, e se for esse o preço para gerar riquezas, que os promotores dessas riquezas não venham depois tratar de terroristas os que se levantarão contra eles.

Humanidade salva por xixi?...
Crise de energia? Sim, mas porquê deixar o xixi ir pelo ralo abaixo quando ele pode ser usado para recarregar um telemóvel? Muita calma, nada de precipitações, não mije no aparelho! Porém, se dermos crédito a Shanwen Tao, estamos aqui a falar de coisas muito sérias, pois segundo esse arauto da era “post-petroleum”, a urina pode ajudar a humanidade a resolver o problema de abastecimento de energia mundial. Tao é um químico reputado e acredita que a urina, o “ouro líquido” que vertemos na latrina, pode fornecer energia suficiente para o funcionamento de fazendas e escritórios. O primeiro argumento do cientista é que, ao contrário de combustíveis fósseis, a urina é abundante e renovável. Temos quase 7 biliões de pessoas no mundo produzindo cerca de 10 biliões de litros de urina diariamente. Adicione-se os animais que criamos a essa mistura e você terá uma ideia da enorme quantidade de xixi que é produzida no planeta. Obviamente que todo o problema é o esgoto desse xixi. Se o deixarmos ir direito para as águas, sem passar por um tratamento, ele pode arruinar completamente alguns ecossistemas. Além disso, o próprio acto de tratar o esgoto consome energia – só nos Estados Unidos, 1,5% de toda a energia produzida no país é gasta no tratamento de esgotos. Assim, seria uma boa coisa para o meio ambiente (e isso inclui você) se a urina passasse de ser despejada em recipientes apropriados para seu posterior tratamento e produção de hidrogénio, que até hoje, é retirado em grandes quantidades de combustíveis fósseis. Outro método que pode ser utilizado é dividir as moléculas de água, liberando o hidrogénio. Mas é preciso muita energia para dividir a água. Então por que não usar urina em vez de água? A composição da urina possui hidrogénio e ela é uma substância mais simples de ser dividida. Segundo Tao esse método, por ser simples e necessitar apenas de um eléctrodo, poderia ser usado em lugares remotos para carregar, por exemplo, um celular ou então ligar um rádio. Outra aplicação, em larga escala, seria em fazendas criadoras de gado, por exemplo. Se o xixi das vacas fosse separado dos “resíduos sólidos” ele poderia ser usado para fornecer a energia para as máquinas do local (como separar o xixi do esterco da vaca é que ainda é um mistério!). Enfim, talvez a urina não seja a solução ideal ou final para nossos problemas de energia, mas quanto mais fontes de energia verde e renovável tivermos, melhor será.

Música de Jazz para sempre
«A América que deixou Billie Holiday morrer à porta de um hospital porque não era branca, foi aquela em que os negros se libertaram através da música e nesse processo mudaram toda a música do século XX. "Música de pretos" na origem, o jazz ou o blues foram desde sempre músicas abertas aos outros, aos brancos. Músicas de sábios negros, também, e eu sempre vi Nelson Mandela de uma certa maneira por um dia ter entrevistado o baterista Max Roach numa escadaria da Gulbenkian. O conhecimento tem um ritmo.
Fala-se pouco de jazz quando se fala de Barack Obama e pode parecer tolo pensá-lo. Mas é esta raiz musical que está por detrás daquela retórica que virou a América do avesso, que transformou os que assistiam ao discurso de vitória de Obama num coro de gospel repetindo "yes, we can". A América ontem foi digna dessa enorme herança de liberdade que não tem muito a ver com raça.»

Mais uma Igreja!?…
Ao ler um recente comunicado da UNITA onde mais uma vez se denuncia as infindáveis arbitrariedades do MPLA/Governo, e em especial as prisões de cidadãos em Cabinda apenas por terem em sua posse publicações da Internet, temos que nos felicitar de tão pertinente iniciativa porque por este andar nunca mais teremos democracia na nossa querida Angola.
Mas o que nos levou a escrever esta “A Quente”, é a outra vertente desse comunicado que se refere ao respeito por certas normas que, alegadamente seriam de estrita obediência, como, por exemplo, não infringir as directivas municipais que proíbem a organização de manifestações de protesto contra o Governo. Não existe política sem manifestações. É absurda a desculpa de que o MPLA não as autoriza. A democracia e a liberdade só se atingem com greves e manifestações permanentes, se necessário de noite e de dia. Por acaso até foi assim que o MPLA conquistou o poder em 1975.
Não se realizando tal objectivo, então estamos em presença de mais uma igreja e não de um partido político. Assim, a UNITA, mais parece a Igreja da Nossa Senhora da UNITA. É que a UNITA dita comunicados conjunturais, o Papa Bento VXI também. (fonte: Gil Gonçalves)

Para breve: Viana-Luanda em 5 minutos
Aparentemente, carros voadores não serão restritos a filmes de ficção científica e poderemos vê-los rodando – ou voando – pelo céu. O Terrafugia, além de ter um nome sugestivo, é um pequeno avião que pode tanto andar na estrada quanto voar por aí. E está a um passo de ser aprovado como transporte autorizado. Parece que o projecto já foi aprovado pela Federal Aviation Administration (FAA) dos Estados Unidos, e um protótipo pronto para ser vendido estaria em construção.
O veículo terá dois lugares – um para o piloto e outro para um eventual passageiro – e viria equipado com itens de segurança, como pára-quedas. Ele permitiria até 20 horas ininterruptas de voo. A transformação de carro comum para carro voador aconteceria na própria estrada, assim que ele atingisse a velocidade correcta, o que, segundo os criadores da engenhoca, demoraria apenas 30 segundos. No ar, em voo, o avião teria uma velocidade máxima de 180 km/h. Espera-se que o preço do Terrafugia gire em torno de 200 mil dólares. Resta saber que tipo de habilitação a pessoa precisa ter para poder dirigir um carro desses.

Ecclesia I
“Houve um período da nossa história (1975-2002) em que a Igreja teve um papel imprescindível em defesa do povo e no processo de democratização. Um período em que a Igreja manifestou de forma clara a sua missão profética.” Porém, depois de 2002 temos vindo a assistir a uma degradação permanente daquilo que é essencial e conatural na Igreja, a MORAL, e a vislumbrar a perca de valores e uma consequente desmoralização. Não vale a pena andar à procura do Diabo, a razão deve-se, pelo essencial, à diminuição substancial das doações externas para a Igreja, o que levou a Caritas e as Dioceses a terem graves dificuldade financeiras. É claro que o grupo dominante não se coibiu de aproveitar este período de penúria financeira para se substituir aos doadores externos. Com uma ligeira diferença, é que este doador tinha por objectivo submeter a Igreja aos seus interesses. E, como azeite em água, mais tarde as coisas vieram à superfície. Soube-se que por via da Sonangol, o grupo dominante patrocinou a reabilitação de escolas, postos de saúde, pagou cerimónias festivas para ordenações episcopais, deu carros e outros bens aos bispos. E, no seguimento lógico desta aproximação, muitas Igrejas abriram os seus púlpitos para permitir que deputados do grupo dominante falassem aos fiéis. Isto sem falar do bispo do Cunene, Dom Kevano, presente na campanha do "M", sem esquecer o padre Apolónio Graciano, que chegou ao cúmulo de dizer nas suas homilias, dignas dum autêntico comissário politico do partido-Estado, que em Angola não há pobres porque as pessoas têm Rav4, telemóveis e parabólicas, e relembrando a inútil decisão da Rádio Ecclesia, ao proibir que não consagrados na ordem comentem assuntos nos seus programas. Mas a direcção da Rádio Ecclesia não se ficou por aí, também censurou o programa Discurso Directo, que devia transmitir, em reposição, extractos da comunicação feita por Marcolino Moco em Benguela e “deslocou o cientista político, Nelson Pestana Bonavena, quer dizer, expulso-o do Instituto Superior João Paulo II, pertencente à Igreja Católica pelo facto de ser uma personalidade crítica ao regime.

Ecclesia II
A viragem da Rádio Ecclesia começou muito claramente a fazer sentir-se após as eleições legislativas de 2008. Depois de ter mostrado cartão amarelo ao Folha 8, este bissemanário acabou por ser censurado e excluído dos seus programas de divulgação dos artigos da imprensa privada na segunda metade de 2009. Em finais do mesmo ano afastou o seu correspondente no Namibe, Armando Chicoca no seguimento de uma reclamação do Juiz do Namibe, Antonio Visandule, sem provas e feita por carta dirigida ao Bispo Dom Mateus Feliciano e ao Padre Mauricio Camuto. Este juiz está hoje envolvido até às orelhas num caso de falsificação de cheques. Normal. Na altura, o director da Ecclesia deixou claro que se tratou apenas de uma suspensão. Até hoje… A reviravolta fez-se tão acentuada que suscitou uma observação de extrema gravidade por parte do Pe. Luis Comdjimbe. Numa conferência dedicada aos 50 anos da Rádio Ecclesia, o clérigo questionou, ou seja, pôs em dúvidas se de facto os bispos têm negociado mesmo a sério a expansão do sinal da rádio Ecclesia em todo céu de Angola. É que não se pode negar o facto de existir um famoso naipe de bispos que se opõem à expansão da rádio Ecclesia – D. Alexandre do Nascimento, D. Anastácio Kahango, D. Filomeno Vieira Dias e D. Óscar Braga – porque entendem que ela tem uma linha editorial que choca com o governo. E o último bombo de festa do virar de casaca da rádio católica foi um dos seus mais conhecidos jornalistas, Tomás de Melo, que, pelo se diz, teria sido demasiado crítico segundo a opinião atribuída ao director da rádio, Padre Mauricio Camuto. Diz-se também que uma corrente de Bispos citados como “amigos do regime” teriam também se manifestado contra a postura do jornalista em deixar passar nos seus programas, criticas públicas sobre assuntos do Estado. Tudo isto é triste, não só porque há pelo meio muita injustiça, mas também porque todos os oprimidos da nossa terra, se sentem um pouco órfãos depois de terem perdido a tão carinhosa protecção da Rádio Ecclesia.

As vuvuzelas?...
Fora dos estádios! Mesmo no início do Mundial de “Foot”, no passado dia 16.06.10, o comentador da Rádio Luanda Antena Comercial (LAC), Conceição Gaspar, descaiu-se numa frase que exprimia o que talvez ele não pense, dizendo que as vuvuzelas eram um “bom instrumento de apoio às selecções”, acrescentando, “a todas as selecções, pois não só sul-africanos como todos os adeptos das outras selecções adoptaram essa trompeta”. Mais tarde e ao longo dos dias e semanas que se seguiram, muitas foram as figuras públicas que deram a sua opinião, e, naturalmente, ela variou de umas para as outras. Mais recentemente, contudo, parece ter-se feito uma espécie de consenso na aceitação e mesmo no elogio das vuvuzelas, a partir de um falacioso argumento: o Mundial é em África, os forasteiros que se adaptem ao que é africano.
Ah, não!, não estamos de acordo. As vuvuzelas, por mais africanas que sejam, são uma ameaça para a saúde pública (mais de 130 decibéis cada uma a massacrar as orelhas), transformam os cânticos e as ondas sonoras tão expressivas das falanges das equipas num zumbido ensurdecedor de abelhões machos e o estádio num inferno sonoro. A cada um a sua opinião, esta é a nossa.

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