terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sob o tom da insatisfação. UNITA e MPLA trocam galhardetes sobre violência política



A UNITA e o MPLA, no poder, acusam-se mutuamente de instigar e organizar atos de violência no país com fins políticos.

A UNITA ameaça o Governo com “queixas nas instâncias internacionais” se os “crimes políticos”, que afirma estarem a ocorrer em Angola, não pararem.

Por seu lado, o MPLA diz que os incidentes são organizados pelo maior partido da oposição para manchar a imagem do Governo.

Recorrendo a diversos exemplos de “crimes políticos”, como “prisões ilegais de militantes” ou “assassínios de elementos da UNITA”, Abílio Kamalata Numa, secretário-geral e deputado do partido do “Galo Negro”, afirmou ainda que o primeiro passo para pôr cobro à situação vai ser recorrer aos mecanismos internos de justiça.

“Vamos fazer chegar ao Ministério Público, indo até ao Tribunal Supremo se necessário, para que a democracia e a Constituição angolana sejam respeitadas no quadro do Estado de Direito que o Governo do MPLA afirma existir, mas que não respeita na prática”, disse.

Em conferência de imprensa, o general Numa informou ainda que a UNITA vai apresentar queixa contra o governador provincial do Huambo, a quem acusa de estar por detrás da perseguição política a que estão “sujeitos os militantes da UNITA” naquela província.
E disse ainda ter na sua posse informações que indicam que existem “ordens” no Huambo para a sua “liquidação”.

A isto, o MPLA, partido no poder desde 1979, responde, através do seu porta-voz, Rui Falcão, acusando Kamalata Numa de ter organizado os militantes da UNITA para provocarem distúrbios com o intuito de atirar responsabilidades para o Governo.

Na TPA, Rui Falcão acusou ainda o deputado e dirigente da UNITA de ter “interferido” com as investigações da polícia num caso que envolveu um militante da UNITA e um soba (autoridade tradicional), no Bailundo, Huambo.

Falcão sublinhou que Angola “tem leis e quem prevarica deve ser julgado pelas autoridades competentes”, afirmando ainda que o MPLA “segue com preocupação” a intenção da UNITA em envolver os seus militantes em situações de desordem porque existe o risco de “exacerbar ânimos que podem levar a coisas menos boas”.

As acusações da UNITA surgem num contexto de tensão no Huambo nos últimos dias, depois de a 03 de Fevereiro um militante da UNITA, António Kaputo, ter sido detido e julgado por ofensas a um soba que resultou na sua condenação, na passada sexta-feira, a 45 dias de prisão, pena suspensa por três anos.

Foi ainda no seguimento deste julgamento, que levou à presença de um numeroso contingente policial e militar na cidade do Huambo, que a UNITA afirma terem surgido “agressões e tiroteio” de elementos do MPLA e da Polícia Nacional contra uma comitiva do partido que tinha ido levar António Kaputo à sua aldeia, na comuna do Lunge, Bailundo.

Num cenário que a UNITA descreve como de “perseguição” na maioria das províncias angolanas, Kamalata Numa admitiu, contudo, estar o partido disponível para conversar com o MPLA na procura de uma solução e de um compromisso que leve ao fim dos “crimes políticos perpetrados pelas autoridades públicas”.

Perante estas acusações, também o governador do Huambo, Faustino Muteka, e o comando provincial da Polícia Nacional, refutaram a existência de quaisquer atos de perseguição a elementos da UNITA.

No entanto nas últimas horas surgiu, o secretário-geral do MPLA a ameaçar, eventuais manifestações, por não se permitir perturbação da ordem social vigente. No entanto o dirigente do partido no poder escusou-se de se referir ao desemprego, ao elevado custo de vida, a partidarização das instituições do Estado, com principal destaque os meios da comunicação social do Estado e ainda os altos índices de corrupção. Também ficou por esclarecer, porque razão só pode ser empresário com relativo sucesso quem está ligado ao regime.

*Mais desenvolvimento na próxima edição.

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