segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Basquetebol partidário, casebres e futebóis


E tal como Jasão e os seus Argonautas, os nossos heróis do cesto desembarcam da nave Argo e em apoteose celestial começam os habituais suspiros dos esbirros não patrióticos particularizados, da partidarização.
Neste momento o que aparece funcional é a oposição dos casebres.
Parece que só falta proclamar que todos os jogadores e todos os mais ligados ao basquetebol são militantes do MPLA.

Gil Gonçalves
patriciaguinevere.blogspot.com/

Um partido que continua único porque é a mesma coisa que entrar na selva e mudar a vida dos animais dizendo-lhes: «vão alterar o vosso modo de vida. A partir de agora são democratas»
Há governantes que insistem, não desistem dos estádios de futebol e basquetebol porque são as alavancas do desenvolvimento económico e social.
E ficamos tão bonitos, tão imortalizados porque já não existem descampados mas campos com estádios que se querem lotados. E campos de concentração abarrotados dos que sem soluções governamentais construíram antes na invectiva dos poderosos, o desprezo do mote casebres e friamente lá jazem. Depois espera-os o sol e muita chuva que se aproxima. E assestarão os olhares para os estádios e ressoarão os murmúrios deles imobilizados, povoados de fantasmas. Dos milhões gastos não sobrou nada, nunca sobra, para alimentar a esperança de tantas promessas que já temos a certeza apenas alimentam os especuladores imobiliários dos terrenos a dois mil e quinhentos dólares o metro quadrado.

E os dez vezes vencedores são adulados pela organização partidária. Atiram-lhes com a OPA-Organização dos Pioneiros de Angola, do MPLA. E a festa torna-se lugar-comum, dá para observador fazer chacota. Porque parece não ser a equipa da selecção de basquetebol de Angola mas, a selecção partidária do MPLA. Sonhou-se, agendou-se (?) mas recusou-se uma delegação dos espoliados com casebres em miniaturas para oferecerem aos notáveis jogadores que voam com os braços que parecem asas e colocam vitoriosamente a bola num cesto sem fundo. E a cidade atabalhoadamente partida, destrambelhada pelo partidarismo perde-se nos prédios que crescem desordenados. E as multidões indiferentes, obrigadas coniventes pelo unicolor gritam o inconsciente, inconsistente colectivo, aplaudem os feitos dos melhores basquetebolistas. E os defeitos da governação escondem-se, disfarçam-se com bolas e estádios perante os olhos fechados, frustrados da oposição nacional submissa.

E o veículo arrasta a plataforma dos eleitos dos cestos parecendo o Olimpo. Que prossegue na propaganda habitual do queimar, ganhar tempo. Para que os estrangeiros rapinem mais, mais e mais. E se construam mais estádios para um qualquer mais campeonato inventado. É preciso desviar, alcoolizar as atenções dos casebres da outra Angola. Porque existem duas Angolas. Uma dos palácios e outra dos tugúrios. Existem também duas populações: Uma do petróleo e dos diamantes e outra que nem sequer tem direito a sobras… das obras de fachada. E nas ruas os polícias dão porretada e espoliam nos esfomeados vendedores e vendedoras, porque quem vende qualquer coisa para não morrer à fome, é porque não vai, não alinha em basquetebóis.

O espontâneo movimento antes e sempre, surgiu como um cenotáfio que desperta de vez em quando. Autoriza-se sempre para se manifestar porque é único e do nacional partidário. Pois, é fácil organizar o basquetebol, mas criar e cultivar na agricultura é muito, muito mais difícil. Quase cinquenta anos perdidos e nunca ninguém consegui organizar um campeonato da agricultura.
E o espectáculo seguia privatizado quando a cada jogador na Cidadela lhes premiaram com bandeirinhas partidárias. Na realidade deixou de ser um acontecimento nacional. Adulterou-se em mais um comício num jardim milionário. Na teimosa ilegalidade apoiada a descoberto por estrangeiros amigos de longa data e outros nascentes.

Se os estrangeiros actuam globalmente, ilegalmente, então a conclusão é do simplório. Tudo ilegal. Quem promove ilegalidades, ilegaliza-se. Está dentro da linha fundamentalista angolana. Eu sou o poder eterno, eleito pelos nossos deuses eternos. Quais serão as próximas mentiras que o governo nos contempla? Angola não parece um país. É um castelo onde reside um rei com o seu séquito, a nobreza. Lá não lhes falta nada. Têm tudo o que é necessário e inecessário. No castelo tem guarda privativa, exclusiva, selectiva. São os cavaleiros da triste figura. As populações vivem aterrorizadas, afastadas do alvar castelo. Não têm direitos, exceptuando quando adoecem legalizam-lhes o direito de morrerem abandonadas em qualquer hospital do terror reinante. Mas, um grande mérito e uma grande vitória devem-se a este poder quase cinquentenário. A restauração, a implantação da selvajaria mais ímpar. Não é necessário ver um filme de terror, basta ir a um dos hospitais de Luanda. É aliciante, aterrorizante... é real, ao vivo.

A festa basquetebolista prosseguia amplamente bicolorida com a perda da identidade nacional e cultural. O desporto é óptimo para a lavagem cerebral nacional e para a lavagem de dinheiro. A terra também é partidária, continua na utilidade pública deste Estado marxista-leninista. É por isso que oportunistamente espoliam, gatunam. A terra não é do Estado, é deles. Devido à falta de espaço livre em Luanda, a governação com o empenho habitual, enceta um plano inusual. Não surpreenderá se fecharem definitivamente as ruas de Luanda e nelas construírem os prédios deles. E tudo se resolve. E quem costuma isto dizer é a morte.

Um governo de futebóis e para estádios de futebol. O MPLA não é um partido político, é um estádio de futebol. Na verdade há mais duas Angolas. Uma no interior (a dos palácios) e outra exterior, a dos campos de concentração. Qualquer pessoa sente-se envergonhada perante tanta sabedoria, tantos predicados nesta fauna, neste mundo povoado de tão insignes festejados laudatórios. A Nação sente-se orgulhosa perante tal aridez e desencanto. Quem não lê, não sabe, não valoriza os livros, por isso esbanja, derrete dinheiro da nação em estádios de futebol. Um governo dos estádios e para eles.

Os Maias construíram uma cidade num planalto. O Partidário constrói estádios de futebol em baixo. Esmolam-se populações das terras para nelas plantarem a fome dos futebóis. Claro que lucram muito com as comissões da corrupção.
Que gastam dinheiro em parabólicas e não gastam na manutenção dos condomínios?! Não sabem porquê?! Porque são paupérrimos governantes. Gastam o dinheiro do Estado, que não é vosso em carros de luxo e muitas outras luxúrias. Gastamos dinheiro em parabólicas para não escutar as vossas promessas, horríveis mentiras que nos disparam há quase cinquenta anos. O que se nota é uma incapacidade global para resolverem o que quer que seja. Soltam os cães do poder, espalham-nos e aterrorizam as populações. Assaltam, arrasam casas. Hordas extremamente bárbaras que suplantam terramotos e vulcões. Não há lei, é o poder dos cães na terra queimada. Não lei nem ordem. Vive-se o temor da lei do tiro. Como na Argélia do tempo francês que ordenaram disparar em tudo o que se mexesse. A história repete-se. Forças estrangeiras coligadas com angolanos regressados à selva da colonização.

Os ditos intelectuais angolanos permanecem ensombrados. Disparatam algumas palavras de conforto, pouco mais. Estão receosos de dar o corpo ao manifesto. As garras da escravidão fortalecem-se. O mutismo do Ocidente é confrangedor, cúmplice. O Ocidente lucrará com os despojos petrolíferos e os angolanos de ocasião e luso-angolanos apoiarão. Os chineses se contentarão. Os brasileiros mais contratarão. Estes e outros estrangeiros sorrirão de beneplácito. Ultimarão o que os americanos fizeram aos índios?!
Esta oposição preguiça é um desespero que nos corrói a alma. Saiam das rádios e dos jornais e venham para as ruas marchar, protestar.

E o governo angolano resolveu genialmente o problema da habitação. Descobriu como um desbravador moderno do desconhecido terras, matas virgens. E nessas paragens distantes, longínquas, levantou tendais rudimentares, e nelas obrigou, abrigou, expulsou, enlatou a população. Nunca ninguém viu uma população de um país enlatada? Então venham ver. Até que pode aproveitar-se como cartão postal turístico. É original, nem sequer tem parecença com qualquer gueto existente em qualquer parte do mundo. E assim Angola libertou-se do incómodo problema habitacional. É uma iniciativa a todos os títulos louvável. Acho que toda a África deve seguir este magnífico exemplo de boa governação.
Antes, contra o colonialismo branco fizeram luta armada. Agora, contra o colonialismo negro não redobram a luta armada porquê?

Se a terra é do Estado, é do poder. Então temos uma ditadura térrea. E o cidadão é espoliado a qualquer momento sem aviso prévio. Quer isto dizer que o angolano que não tenha vínculos com o poder, é um pária, não tem direito a anda. Excepto o direito ao abandono dos escravocratas do poder.
Uma coisa podemos afirmar categoricamente. Este governo está a semear muito emprego sim senhor! Já formou uma infinidade de prostitutas. A prostituição é o único emprego com garantia nacional, ditatorial. Um poder que dá origem a milhões de desempregados apenas para entregar as terras e os empregos a estrangeiros para construírem condomínios. E não são presos, nem julgados. Na realidade o que se passa com a espoliação e destruição dos parcos bens das populações é a entrega pura e simples aos estrangeiros. É a venda de Angola a indivíduos altamente perigosos, criminosos. Por isso… Angola vende-se!

Não faz sentido nem lógica nenhuma populações a viverem em tendas, enquanto magnatas escroques constroem nos terrenos espoliados brutais construções. É que a coisa está a dar. O metro quadrado de terrenos está a 2.500.00 dólares. Daí a correria ao oiro de Luanda. Será mau negócio porque dentro de poucos anos o petróleo já era. Enquanto o actual poder assim continuar a emboscar as populações, decerto os povos também não lhes darão tréguas. O ambiente está de cortar à faca. Uma poderosa selva onde imperam cães raivosos e vampiros sedentos de sangue.

Podemos afirmar sem receio de errar que os estrangeiros se apoderaram de Luanda. É lamentável que o regime que nos governa escolha como parceiros a bandidagem, a escória internacional. Um exemplo? Basta olhar para a banca. Aliás, quem está por trás da perseguição às populações para lhes roubarem as terras são os banqueiros e os seus sórdidos bancos.

E os lenços das crianças enquadradas e os ramos de flores da Organização das Mulheres do MPLA, recordam como convém o Soviete Supremo e o Politburo nas saudosas campanhas partidárias da revolução para sempre engrandecida pelos gloriosos feitos dos nossos heróis. O futuro da Nação está no basquetebol e no futebol. Não, não é desmerecer a odisseia dos dez vezes campeões africanos. Este extraordinário acontecimento é de todos nós, não é propriedade de um partido.

O nosso destino e o nosso futuro não podem depender apenas de duas cores. Há, e ainda bem, muitas outras cores políticas que tornam a saudável convivência e o desenvolvimento económico, social e o aprofundamento da democracia. Rumar, partidarizar tudo, nem o basquetebol escapa a este vício social, é arruinar, abismar a Nação. Teimosamente a Pátria continua gerida como uma empresa privada. Os lucros são apenas dos seus sócios e os trabalhadores nem ao salário condigno tem acesso. Excluem-se com a moda dos anúncios de abandono de trabalho no Jornal de Angola, para empregarem os seus confrades que aguardam expectantes no estrangeiro.
E o basquetebol é mais um órgão do partidário partido no poder. Basquetebol assim mais parece os tempos da vanguarda da classe operária, porque a classe camponesa existiu e continua presente apenas em discursos oficiais que sabemos muito bem que daí não passam. São papéis que depois se atiram para o lixo, apagam-se ou esquecem-se nos computadores que embelezam os gabinetes.

E os especuladores imobiliários, terrivelmente, selvaticamente dirigem, governam, presidem Luanda? E Angola? Por trás da espoliação de um povo estão sempre bancos. Já não duvidamos que estamos perante uma grandessíssima ditadura. Os órgãos de informação estatais são os devaneios da governação. O nazismo na noite obscura. Estamos perante um êxodo de estrangeiros para esta terra prometida. E nós ficamos ou já estamos como os palestinos? Atingiu-se uma vulgaridade tal, que até o ministro da Defesa de Angola, general Kundy Pahyama, nega a intervenção de militares na espoliação das populações luandenses. O que é uma espectral mentira. A invasão chinesa, brasileira e portuguesa é um erro estratégico muito grave. E não existe nenhuma paz. Existe sim uma guerra dos selváticos tubarões contra as populações.

Não são as populações espoliadas que estão ilegais. Quem vive e actua na ilegalidade permanente é o governo. Desatinado, desnorteado, destrambelhado. Que coisa mais parva, cúmulo da idiotice. Angola é tão grande e todos vivem na capital, Luanda, como latas de sardinhas. Quando não há capacidade de governar, para quê teimar?
Enquanto as forças militares e polícia angolana espoliam e destroem os haveres dos escravos, dos esfomeados de Cabinda ao Kunene, os abutres do poder, mais chineses, brasileiros e portugueses espreitam empoleirados. Preparados para mais um negócio de ocasião, de usurpação.
Como é triste verificar que há pessoas que morrem e parece que não fazem falta nenhuma.
Com certeza o que contribui para o actual estado da nação, o afundamento, é o angolano violar, não cumprir os compromissos que assume. Chega-se a um acordo, a um entendimento para um trabalho, um afazer, etc. o angolano não cumpre. Está a formar-se regra… impõe-se pela irresponsabilidade. Sem pátria, sem nação, para onde vamos então?

É perder tempo, o angolano não cumpre, marimba-se. Tem o que merece. Apercebendo-se disto, o estrangeiro fura, avança, ludibria o angolano e apodera-se de Angola. Vilão contra vilão e depois com a autodestruição das infindáveis festas. Na verdade um digno estado da selva, que persegue jornalistas mas, os que roubam, os corruptos, estes estão a salvo no sacralizado poder. É impossível viver com tanta mentira. Pois claro, há o receio, tem que haver, porque a FAMÍLIA detém tudo. O poder económico e político. Daí o pavor a eleições e a imposição da confusão da selva democrática. Fazer duma grandessíssima selva um país, não dá!

Quando estamos quase há meio século com as mesmas pessoas no governo, torna-se evidente que já sabemos que nos estão sempre a mentir. Deviam ficar calados porque a idiotice ultrapassa os limites da imaginação. Quem acreditar nesta conjuntura está bem desgraçado. Exceptuando aqueles que a compõem, claro, para esses está tudo bom. Como o muito já sabido mas que convém citar: «se andares com os bons serás bom. Se andares com os maus, serás mau.» A questão é saber quem é o bom e quem é o mau. O MPLA não é um partido político. É uma companhia petrolífera. Os accionistas e o conselho de administração camuflam-se num Politburo. Dá a impressão que o actual regime vai acabar como o Mobutu no Zaire.

Festejemos, cantemos mais uma Ode à Alegria. E parafraseando o imortal poeta: E se mais cestos houvera, lá chegara.
Gil Gonçalves


















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