sábado, 12 de fevereiro de 2011

ONU e EUA Exigem postura "mais agressiva" da missão no Darfur, face a reacender de combates


A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas defendeu no dia 26.01, uma postura “mais agressiva” da missão da ONU no Darfur (UNAMID), face ao recente reacendimento do conflito entre forças do governo e rebeldes nesta região do Sudão.
A deterioração da situação de segurança no Darfur – com registo de combates, raptos e impedimento do acesso das forças da ONU às populações afetadas – acabou por tomar quase por inteiro as discussões desta manhã no Conselho de Segurança, dedicadas também à missão da organização no Sudão (UNAMIS).
Após as consultas, que se seguiram a um briefing do chefe da UNAMID, Ibrahim Gambari, a diplomata norte-americana, Susan Rice, veio sublinhar que a missão tem um “mandato robusto de proteção de civis” e que os Estados-membros esperam que as forças da ONU sejam “muito ativas e agressivas quando necessário”.
“Estamos frustrados e consternados com as repetidas circunstâncias em que é negado à UNAMID o acesso [a populações] e a sua liberdade de movimentos é restringida. Estamos a pressionar há meses para que a missão cumpra o espírito e a letra do seu mandato, assegurando que não se encontra a negociar questões de acesso, mas sim a certificar-se de que tem o acesso que lhe é devido”, adiantou Rice.
O relatório da missão discutido detalha 26 casos, no espaço de três meses, em que foi negado ou restringido o acesso das forças, 23 dos quais por ação do governo sudanês.
A UNAMID tem informado rebeldes e governo de que vai insistir no acesso às populações, o que o Conselho de Segurança apoia, embora tal nem sempre tenha resultado no passado, adiantou Rice.
Mesmo tendo em conta o risco inerente para os capacetes azuis, o Conselho de Segurança estará atento a Gambari e ao comandante da força para “assegurar que esta postura robusta é perseguida, é consistente e permite à UNAMID fazer o máximo para proteger os civis”.
Dirigindo-se ao Conselho por videoconferência a partir da região, ladeado pelos chefes militares da UNAMID, Gambari afirmou que a última vaga de combates já causou mais de 43 mil refugiados.
Atul Khare, secretário-geral adjunto para as operações de manutenção de paz, fez um balanço otimista das negociações de paz para o Darfur, que têm decorrido em Doha, Qatar.
Um dos principais grupos rebeldes, o Movimento Igualdade e Justiça, aceitou regressar à mesa das negociações e Abdul Wahid, outro senhor da guerra na região, está em contactos para se juntar ao processo.
“Recentemente, Wahid indicou que pode vir a enviar uma delegação no futuro próximo”, disse Khare, perante o órgão de segurança da ONU.
No início de fevereiro a situação no Sudão voltará a ser discutida no Conselho, com destaque para o processo de referendo sobre a independência no Sul do maior país de África.
A este propósito, Khare afirmou que os primeiros sinais saídos da contagem de votos apontam para uma “vitória esmagadora da secessão” no Sul do Sudão. Responsáveis eleitorais no terreno têm falado de uma vantagem de 98 a 99 por cento a favor do “sim” à separação em relação ao Norte do país.

Imagem: Wikipedia

Nenhum comentário:

Postar um comentário