sábado, 12 de fevereiro de 2011

Egipto. França considera que regime do Cairo é "autoritário" mas que cabe ao povo tomar decisões


O ministro da Defesa francês considerou no dia 26.01 que o Egipto é “muito certamente um regime autoritário”, mas defendeu que não se pode “substituir os povos nas decisões que tomam” nos seus países.
Interrogado pelo canal televisivo Canal+ sobre a situação no Egipto, no segundo dia de uma mobilização inédita contra o presidente Hosni Mubarak, no poder há três décadas, Alain Juppé afirmou que o Egipto “não tem uma democracia com os padrões” franceses e “é muito certamente um regime autoritário”.
Mas, interrogou, “pertence à França entregar certificados de democracia a todos os países do planeta?”. “Não nos devemos substituir aos povos nas decisões que tomam e aos movimentos que geram”, respondeu.
Reafirmando que o governo francês não é “indiferente, de forma nenhuma”, ao que se passa no mundo árabe, o ministro frisou: “Dizemos claramente, quanto à Tunísia, que apoiamos os esforços do povo tunisino. (…) Os tunisinos são nossos amigos e desejamos que caminhem para a democracia.”
O governo francês foi fortemente criticado por ter tardado a condenar a repressão das manifestações e a apoiar a “revolução do jasmim”. Foi só depois da queda do ex-presidente Zine el Abidine Ben Ali que Paris apoiou explicitamente o movimento popular.

EUA pedem libertação de jornalistas detidos e querem moderação e reformas políticas
O governo norte-americano pediu a libertação de todos os jornalistas detidos pelas autoridades do Egipto, após dois dias de distúrbios e protestos contra o regime do país.
O Comité de Protecção dos Jornalistas quantificou em sete os profissionais da comunicação social detidos enquanto cobriam as manifestações na capital egípcia, Cairo, contra o governo do presidente Hosni Mubarak, enquanto outros foram alvo de ataques e ameaças.
Durante o seu encontro com a imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Philip J. Crowley, afirmou que o seu país está a pressionar o executivo egípcio para que liberte os jornalistas.
Acrescentou que a secretária de Estado, Hillary Clinton, já deixou clara a importância de o Egipto “respeitar o direito universal do seu povo à liberdade de reunião, liberdade de expressão e ao protesto pacífico”, quando questionado sobre as centenas de detenções feitas pela polícia.
Disse ainda que a embaixadora norte-americana no Egipto, Margaret Scobey, pediu ao governo que demonstre moderação e manifestou preocupação com a interferência governamental nos meios de comunicação.
Scobey indicou, durante uma reunião com o ministro de Estado egípcio para os Assuntos Parlamentares, Mufid Shehab, que “a liberdade é tão importante como o direito de um cidadão a estar numa praça ou a criticar o governo sem recear represálias”, afirmou Crowley.
Horas antes, a Casa Branca também condenara a violência no Egipto e reiterara o seu apoio ao direito dos seus cidadãos a protestarem de forma pacífica. “Apoiamos os direitos universais de reunião e expressão. Enfatizamos, de forma bem clara, para todas as partes envolvidas, que as manifestações devem ser sem violência”, afirmou o porta-voz do presidente Barack Obama, Robert Gibbs, a bordo do avião presidencial Air Force One.
“Este é um momento importante para que o governo demonstre as suas responsabilidades com o povo do Egipto ao reconhecer estes direitos universais”, sublinhou Gibbs.
A polícia do Cairo confrontou-se com milhares de pessoas que desafiaram uma proibição de protestar contra o regime de Mubarak e recorreu, inclusive, ao uso de gás lacrimogéneo para as dispersar.
O governo norte-americano já pressionou Mubarak, um aliado chave dos EUA no mundo árabe, para fazer reformas políticas.
O Egipto é um dos principais destinatários da ajuda norte-americana no mundo e foi o primeiro Estado árabe a fazer a paz com Israel.
A convulsão recente na Tunísia, depois do derrube do presidente Zine al-Abedine Ben Ali, aumentou as preocupações com a estabilidade de outros governos árabes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário