sábado, 31 de dezembro de 2011

Fórum Independente dos ex-Militares de Angola


A nação que não honra os seus heróis é uma nação pária composta de malfeitores. – Nelson Mandela.
“Angola é governada por gangsters”. – Rafael Marques

Nguituka Salomão

A imediata proclamação de um Fórum Independente dos ex-Militares ou ex-Combatentes de Angola (FIEMA ou FIECA não importa a designação, desde que seja independente), impõe-se HOJE mais do que nunca no atual quadro politico de Angola, para salvaguarda dos merecidos e justos interesses de uma classe que TUDO TEM A VER com Angola e com a “paz que nós estamos com ela”. É absolutamente necessária para a recuperação da dignidade daqueles que praticaram com muita audácia e fogosidade o Patriotismo, com abnegado e verdadeiro altruísmo, suor/dor e bastante sangue vertido, e que de uma forma dolorosamente traiçoeira foram abandonados, esquecidos pelos antigos companheiros de trincheira que hoje constituem uma classe/casta especial, a classe governante do País. Definitivamente os antigos militares/combatentes e veteranos da Pátria são aqueles a quem TODOS ficam a dever e que todos deviam venerar com fundamentado orgulho.
Não importa a ideologia ou o movimento/partido apoiante ‘a que militaram’, TODOS os ex-militares, antigos combatentes da primeira guerra de libertação, e todos aqueles que sofreram na carne de vários modos a fúria da opressão colonial por manifestar de uma forma subtil ou ostentosa o seu apoio a luta de libertação colonial, por integrar células clandestinas de apoio a luta de libertação, ou por manifestar o seu ódio ao sistema e ‘integrar’ as prisões coloniais como preso politico, e também aqueles que com arma na mão ‘integraram’ a segunda guerra e “tantas quantas houve” de todos os movimentos e matiz politica, deveriam estar unidos numa verdadeira associação independente de qualquer partido ou instituição politica, que defendesse com realidade os interesses da classe, independentemente da raça, credo religioso, atual filiação partidária ou lugar de nascença, o único e valido denominador comum, deverá ser; o ter prestado apoio a libertação da Nação ou serviço militar.
Hoje vemos e ouvimos de indivíduos que no passado tinham uma ‘aversão doentia’ quanto a participação nas varias revoluções que tiveram lugar em Angola, ouviu-se de indivíduos que desprezando o nacionalismo dos seus correligionários, acomodaram-se consciente e voluntariamente na cooperação com o sistema colonizador por integrar a PIDE/DGS (Policia Internacional de Defesa do Estado/ Direção Geral de Segurança), e outras estruturas afins de repressão tais como a OPVDCA, denunciaram despudoradamente e ‘malharam’ com toda a força os seus compatriotas em nome de um sistema a todo os títulos depravados para a esmagadora maioria das populações de Angola, após a instauração do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 em Portugal, muitos deles preferiram acompanhar o movimento ‘ascendente’ de milhares de colonialistas portugueses para Portugal, outros sem qualquer pejo e com a maior cara-de-pau, manifestaram um insipido ‘arrependimento’ verteram algumas lágrimas de crocodilo, integraram os chamados movimentos de libertação, sabe-se que ao MPLA coube a maior fatia destes ‘judas’ em nome de uma pretensa reconciliação a todos os títulos bizarra e insultuosa para a memória das vitimas e de seus familiares.
Samora Machel e a sua FRELIMO em Moçambique, deram o tratamento devido a estes ‘vírus’, o MPLA concentrado na sua luta contra os outros movimentos acolheu-os no seu seio, porque na sua maioria e sempre que a ocasião se propiciasse a FNLA e a UNITA deram o devido corretivo e tratamento a tais ‘vírus’; ‘olho por olho e dente por dente’ - deram-lhes o troco do preço da vil traição. Alguns deles tiveram e ainda têm importantes cargos nos inúmeros governos sob o mando do MPLA. Muitos deles são oficiais generais, a usufruírem benefícios de que nunca fizeram justiça, depois de no passado quais agentes-toupeiras das autoridades colonialistas, desferirem golpes demolidores aos movimentos de libertação e estiveram na origem da morte de muitos dos melhores filhos de Angola e localizaram-se na base da obstrução do desenvolvimento da luta de libertação no geral e na mora do sistema colonial.
Os integrantes da luta de libertação colonial, diferentemente da ‘classe de bufos e traidores’ antes mencionados, na sua esmagadora maioria filhos de camponeses e operários, a classe que no ‘linguajar’ de Marx constituíam a ‘classe mais oprimida’, sentiram-se atraídos a integrar a luta de libertação Nacional, com o intuito de expulsar o colono e o colonialismo do nosso solo Pátrio e assim melhorar as condições de vida dos autóctones. Muitos destes filhos abnegados da Pátria tombaram com a arma na mão, outros prosseguiram altruisticamente com a intenção alvo, alguns caíram prisioneiros das forças colonialistas, integraram as famosas FLECHAS os GE’s etc., e na primeira oportunidade já nestas vestes, voltaram a integrar a luta de libertação e deram continuidade a luta, porem na sua maioria dos que integraram tais famigeradas forças, ‘malharam’ com ‘toda a raiva’ nos antigos companheiros, denunciaram a localização das bases militares, o sistema de abastecimento logístico e as rotas operacionais, tal como um ilustre ‘individuo’ que chegou a ocupar um importante cargo militar, oficial general, embaixador e posteriormente um importante cargo ministerial e homem de confiança de JES.
Faty Veneno comandante heróico, quando se viu prestes a ‘cair prisioneiro’ suicidou-se com uma bala na cabeça, um outro lendário comandante na primeira região politico militar do MPLA, quando perseguido e ferido pelo inimigo, pediu aos companheiros que o sacrificassem para não retardar a marcha, e que os companheiros fizessem tal com um punhal, (porque o tiro denunciaria a posição e localização do grupo) cortando-o a garganta, preferiu enfrentar a dor extremamente horrorosa de um punhal cortar-lhe as goelas do que cair nas mãos do inimigo, até na hora da morte pensou na segurança dos seus companheiros, suas ultimas palavras foram de encorajamento aos companheiros, e que estes não perdessem o ânimo, pois a LUTA CONTINUA e a VITÒRIA È CERTA assegurou-lhes antes de expor o pescoço ao companheiro a quem coube a ingrata missão.
Quem esta hoje a beneficiar do supremo sacrifício dos nossos heróis mortos e vivos?!.. Na sua maioria Indivíduos ‘espertalhões’ que sempre encontraram um motivo para ‘esquivar-se’ do epicentro da luta de libertação, da revolução, rumaram para o exterior, traíram os companheiros e ressurgiram tempos depois com ‘palavras de ordem’ bombásticas e discursos ‘lamacentos’ e ardilosos, lambedores profissionais de botas, bajuladores de craveira, continuaram a trair os supostos companheiros, galgaram a ‘pedrada’ traiçoeira, a força de muita hipocrisia e violenta intriga os patamares da hierarquia do partido estado burocrático, que ‘expulsou’ sim os colonialistas e preservaram cínica e maleficamente o ‘colonialismo’ para exclusivo benefício da ‘casta’.
Estes ‘novos revolucionários’ ou revolucionários da nova estirpe (o JR – do Jornal de Angola - bajulador chefe a cabeça), calejados no estigma da traição e da intriga, trataram de se insinuar nos meandros do poder formados de indivíduos ‘matutos’ ansiosos de usufruírem as benesses do capitalismo, mesmo quando as palavras que saiam da sua boca queriam dizer ‘socialismo vertido no sociolismo’ e já no interior desta classe organizaram com astúcia ‘underground’ seminários de formação cujo tema foi; OS BENEFICIOS DA TRAIÇÃO, os formandos aprenderam e assimilaram rapidíssimo as lições ultrapassando até em alguns casos os formadores, para júbilo redobrado destes. O povo continuaria lixado, o rico tornar-se-ia cada vez mais rico, tal como no passado colonial, o sistema continuaria criminosamente intacto e tornar-se-ia mais violento, pois os mentores estavam assim determinados.
Vemos indivíduos que nunca envergaram uniforme nenhum de nenhum movimento nacionalista de nenhuma causa nacional, integrados no sistema de reforma e pensão militar, estes na sua maioria são filhos, afilhados, enteados, amantes dos anteriormente citados, cuja prole herdaram os genes da traição e do desprezo aos interesses da Pátria e do Povo dos seus luciferinos progenitores, e que processaram a refinação de tal demoníaca herança com criminosa perversidade e estultícia camuflando-o com a resolução dos problemas do povo. Assim trataram de banalizar a importância dos ACVP (Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria) esvaziaram por completo o seu conteúdo, quando ex-agente da PIDE ou um indivíduo que nada fez em prol da libertação da Pátria, usufrui avultada quantia mensal dos cofres do Estado designado a CSSFAA ou qualquer outra rubrica dedicada aos ACVP, e os que realmente deram o seu contributo arrastam-se miserável na existência da amarga vida, comendo da mão do diabo o pão que amassou, é porque a categoria de ACVP esta premeditada e decididamente trivializada.
Não se compreende como o(s) filho(s) de JES, Zenu dos Santos, é General, (dizem que o Cantor é Brigadeiro) a esposa de JES Ana Paula ostenta a patente de Brigadeiro, e tantos outros por esta Angola fora e ‘adentro’, como o administrador do município de Viana, Sr. Zeca Moreno alardeia a patente de Coronel, e o Sr. Jeremias Dumbo, deputado e antigo primeiro secretario provincial do MPLA-JES na província de Benguela (só para citar estes exemplos, devem ser aos milhares) ostenta de igual modo a patente de Coronel e inscritos ou a beneficiar da Caixa de Segurança Social das FAA (CSSFAA).
Cidadãos que deram bastas provas de patriotismo e lealdade á Pátria, vegetam hoje nas ruas da amargura, bem como os seus herdeiros, lembro-me dos herdeiros de Tomaz Ferreira (Bomboko) e os descendentes dos finados fundadores da UNTA; Mbidy e Seke Leonardo, só para citar para exemplo.
Esta definitivamente provado que a classe política dirigente na atualidade que compõe o executivo, não estão interessados na atribuição de um “pacote de recompensa” decente para os Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria em particular e nos ex-militares no geral. JES e Dino Matross deram o mote, declarações públicas tais como; “Nunca vamos reconhecer quem lutou contra nós” e interpretado na prática com a distribuição de uma dúzia de medalhas só aos representantes de uma única ala, afirmam com toda a segurança, que para estes o “status quo” deve prevalecer, isto é a continuidade da corrupção “e o resto que se lixe”. O MPLA-JES é mestre na arte de dividir para melhor reinar. Divididos não seremos nada unidos temos a força da Nação.
Portugal até hoje continua a agraciar os ex-militares da chamada guerra do ultramar 36 anos após o término e descolonização das colónias, incluindo os PIDE’s, FLECHA’s, OPVDCA, GE’s etc., assim há ‘espertalhões’ a receberem ‘compensações’ militares cá & lá. França o ano passado prestou homenagem ao último maquisard sobrevivente da resistência contra as forças nazis 67 anos depois do término da 2ª guerra mundial. Africa do Sul, continua a prestar assistência e pensão aos ex-militares de todos os quadrantes, aos ex-combatentes do ANC, do PAC e do sistema do Apartheid (os ex-algozes dos combatentes da libertação). Zimbabwe o ‘boçal’ do Bob Mugabe, faz o que faz porque tem o apoio da esmagadora maioria de ex-combatentes, a quem o Estado ‘astutamente’ presta especial atenção (da antiga ZANU e da ZAPU), porque não acontece o mesmo em Angola?
Em Angola A LUTA CONTINUA, ainda não acabou: este é o apelo para todos os ACVP e ex-militares em geral. NÃO A BANALIZAÇÃO da ‘classe’.
Em Angola JES e o seu MPLA, confiam na fraude na trapaça e na mentira, ano apos ano vão debelando as expectativas dos antigos combatentes com promessas dilatórias e vão ‘contentando’ uns poucos para debelar a merecida compensação da inteira classe. Fala-se em construções de condomínios ou bairros residenciais para os antigos combatentes e veteranos da pátria em quase todas as províncias, o que vai acontecer?.. O mesmo que aconteceu com a promessa de um milhão de casas, e o mesmo que esta acontecendo com a chamada centralidade do Kilamba, se não proclamarmos um FIEMA estas promessas vão continuando cair no saco roto, ou vai cair nas mãos da Máfia, vão ‘calar a boca’ a meia dúzia e o resto vai continuar a “xupar no dedo”, pois que eles sabem que ano após ano, largas centenas de ex-combatentes acabam por morrer pela “força da planificada miséria e da mãe natureza” isto é morte natural, e é precisamente isso que eles querem, até que já não reste ninguém para contar a história nem tão pouco para exigir nada.
Que proclamemos e já um Fórum Independente de Ex-Militares de Angola, para a sobrevivência e dignidade da classe.
“Eles querem comer tudo e não deixarem nada.”.- Profetizou o cantor

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Discurso oco num jardim que esconde fossa céptica


No passado dia 28 de Dezembro de 2011, o presidente José Eduardo dos Santos veio a público gratificar os angolanos com o seu habitual, clássico, inalterado e aparentemente inalterável discurso de fim de ano.

Não disse nada. Falou de intenções, de coisas feitas, que estão à vista, e de projectos em carteira, sendo a sua esmagadora maioria exactamente os mesmos projectos que em 2010, 2009, 2008, 2007 e por aí fora, numa viagem sem surpresas a um longínquo passado. Estamos, não todos, nós, os pobrezinhos, estamos na estaca Zero!

William Tonet & Arlindo Santana

Mas isso JES não disse. Reiterou a sua convicção de que “mais do que aquilo que fizemos ninguém podia fazer” e, não ousando prometer mais um milhão de casa (isso fica para mais tarde, quando arrancar a campanha eleitoral), jurou, como se fosse por tudo quanto há de mais sagrado, que 2012 seria o ano de concretização de um grande sonho angolano: ÁGUA PARA TODOS (!!!).
O F8 desde já aposta um kopec contra uma grade de coca-cola (ler o “A Quente” sobre a publicidade da coca-cola), que nem em 2014, nem em quinze, se calhar nem nos anos dois mil e vinte, com este presidente e regime haverá água para todos os angolanos!
Dizemos isto porque, no nosso entender, para o nosso presidente, a expressão “todos os angolanos” não é a mesma que a nossa, aqui a do Folhinha: para nós, todos os angolanos são todos, inclusive os Koisan, enquanto para JES, parece-nos que não seja esse o seu conceito…
Quanto ao discurso do presidente, dado o sofrível e habitual nível, o melhor é ficarmos por aqui, pois arriscamo-nos a ter mais um processo em cima e mesmo que em 2050 ainda não haja água para todos (como está em risco de acontecer se esta gente continuar a mandar em Angola) vamos ter que pagar caro a divulgação deste nosso augúrio.

O verdadeiro estádio da Nação
Dos Santos e o seu gabinete tiveram um desempenho péssimo. O ano está a terminar mas a maioria da população está na penúria. O gabinete criado para arredondar ângulos e dar a volta a fins de mês difíceis, para não dizer, dificílimos, trouxe projectos, juras e promessas, negócios, condomínios, centralidades (sic), enfim pouco, muito pouco para os mais carentes.
Alguns ministros foram exonerados, é verdade, mas nada de novo veio em sua substituição.
Dos Santos fez 32 anos de poder e nunca dormiu dois dias numa província.
Em 2011 continuou sem conhecer Angola, mas lá conseguiu comprar uma cidade, grande, bonita, a cheirar a novo. É obra mas ela está desabitada, tem as corujas, os gatos e umas boas ninhadas de ratos, mas, ao que soubemos ainda não foi vendida uma única casa a um cliente, em boa parte, diz-se, porque JES ainda não negociou o valor com o seu real dono, Pierre Calcine Falcone.
No que toca ao dia-a-dia do mwangolé já estamos no desastre anunciado.
A luz está cada vez pior, com esperanças insensatas de resolver o problema a breve trecho; a água, inexistente na maioria das torneiras, está a chegar a breve trecho; o desemprego é galopante, mas haverá milhões de novos postos de trabalho a breve trecho; o país é apresentado nas estatísticas como estando a crescer, mas ao virarmo-nos para o lado da Angola real, os autóctones estão a afundar-se na desgraça e a olhar de longe, cada vez mais ao longe, uma política bestial!
E a corrupção está a aumentar todos os dias de braço dado com a discriminação e a partidarização.
Com efeito, politicamente o MPLA continua a investir na divisão dos partidos e o ano de 2011 acaba como um outro ano anterior qualquer - dá para ir até à Dipanda -, um ano em que no meio do povo vai mandando o medo de ser empurrado para a sarjeta, o que tem por efeito ele, o povo, ter já começado a manifestar-se contra os direitos roubados pelo poder; os jovens estão na liderança das manifestações e dizem que 32 anos de liderança sem votos de dos Santos é muito, é demais, fora do poder; a educação está ruim e os filhos dos dirigentes, todos ou quase todos, estão no exterior, até mesmo os dengues dos que dirigem a Educação; a Saúde está também bastante mal e nenhum hospital está preparado para receber pessoas, muito menos os dirigentes, pois tudo o que eles fazem é de 3 categoria para o povo, e eles vão é para o exterior à mínima alerta de doença, com aviões, jactos, ambulâncias preparadas se for preciso (vejam o exemplo de Lula e de Mandela, que doentes, tratam-se em, hospitais dos respectivos países).
A maior vitória de Dos Santos em 2011 foi aumentar o preço dos produtos, dir-se-ia subiram os preços como se fosse de propósito para que o povo passe fome e os restaurantes sejam somente para europeus tal como a cidade é, transformando-a na mais cara do mundo.
Luta contra a pobreza, não!...
Tudo é luta contra os pobres!
Vamos abandonar o ano de 2011 para entrar em 2012.
É o ano da batota eleitoral, em que o regime vai atirar-se contra toda a oposição, sociedade civil e jornalistas que não o bajulem; prendendo ou assassinando, para continuar com o lema: ROUBAR É UM DEVER REVOLUCIONÁRIO.
Só nos resta uma esperança, que Deus nos proteja…e nos envie verdadeiros pastores, que não se deixem corromper pelos dólares do poder, como Judas fez, quando traiu Jesus Cristo.

As operações subversivas da UNITA. General Zé Maria bajulando Dos Santos ressuscita espectro da guerra


Num monumental panfleto ditirâmbico, publicado no Jornal de Angola, o general José Maria, chefe dos Serviços de Inteligência Militar, também conhecido como general “Coca Cola” começa com uma espécie de “Os Lusíadas” africano, isso mesmo, uma ode universal à grandeza de José Eduardo dos Santos, idolatrado até aos píncaros do absurdo e dos seus heróis, “As Angolaníadas”!

William Tonet & Arlindo Santana

Nunca em tão pouco tempo se havia assistido, num texto só, tanta bajulação, prejudicial ao próprio bajulado, por parte de uma pessoa próxima logo suspeita. Senão vejamos.
«Eu canto, pela métrica de Virgílio, as Armas, os 23 anos de guerra e o Homem que os soube enfrentar (…) eu canto os nove anos de paz, premissa essencial e necessária para a Reconstrução Económica e Social de Angola. Eu canto o Homem que enfrentou as agressões militares do maior Exército a sul do Sahara e que venceu a subversão da UNITA, resoluta e obstinada na tomada do poder pela força das armas (…)»…
E por aí fora, num esbanjar sem medida de exaltação político-religiosa, até chegar ao ponto a que o general, Poetarmado, queria chegar:
«Eu canto o Heróico Povo Angolano e o seu clarividente timoneiro, imperturbáveis perante a fragrância fatal do jasmim inebriante, possessivo, extasiante, vindo do Norte de África: Egipto, Síria, Líbia, Iémen e Tunísia – a antiga Cartago, hospedeira de Eneias, ouvido por Dido rainha, sobre a Tragédia de Tróia. Entre nós, alguns existem comandados de fora, que nos querem tamanha e semelhante desgraça. Não há espaço em Angola para os “cavalos de Tróia” da nova vaga, nem para qualquer tipo de “Primavera”, mesmo forjada pelas novas mudanças climáticas, já que temos tão somente duas estações do ano».
Pronto, já está!, devia ter pensado o Poetarmado ao chegar a este ponto da sua ode, «agora é só enquadrar toda esta grandeza no meio do caos político que rodeia o paraíso de estabilidade política angolano», e saltou dos nimbos em que se metera e pôs os pés em terra firme.

Os espinhos das flores Árabes

Primavera ou Inverno? Eis a questão. A preocupação do general é alertar todo o povo de Angola contra as armadilhas decorrentes da “Primavera Árabe”. Na sua opinião, ou melhor, na opinião bem escalpelizada na conceituada revista “Afrique Asie” de Dezembro (págs. 16 a 30), à “Primavera Árabe” começa a suceder-se o “Inverno Islâmico”. E, nesta sua chegada a terra firme, o Poetarmado reproduz algumas pertinentes interrogações levantadas por intelectuais maghrebinos. A análise desses intelectuais, entre os quais o politólogo tunisino Mezri Haddad e o grande pensador egípcio Samir Amin, em geral, é sem contemplações para os Estados Unidos e para a França, «cujo humanismo universalista se evaporou a favor de um atlantismo suicidário. Nem para o ‘Qatrael’, esse cavalo de Tróia ao serviço do império para destruir todos os estados nacionalistas…»
As monarquias do Golfo agem por conta própria ou por conta das potências estrangeiras, como sugere o politólogo tunisino Mezri Haddad?”
O islão político saberá dar uma resposta diferente do ultraliberalismo Ocidental?
O surgimento, em força, dos partidos islâmicos, surge por conta própria ou por conta das potências estrangeiras, (Mezri Haddad)?”
“Após décadas de estabilidade e estagnação políticas, o mundo árabe é, desde o início deste ano, o teatro de agitações geopolíticas recorrentes. Qual o perigo de resvalar para islamismo radical e integrista?
Mezri Haddad pensa que esta é uma revolta social autêntica e legítima disfarçada de insurreição política. Ele acusa claramente a administração americana e ao que ele chama o ‘Estado-Televisão do Qatar’, de serem os principais instigadores.
«Sem mergulhar na teoria do complô, Mezri Haddad pensa que essa conspiração contra a Tunísia, em nome da democracia, é parte de um plano estratégico americano, estabelecido pelos neo-conservadores e retomado na íntegra por Obama, desde a sua chegada à Casa Branca, para servir um desiderato geopolítico muito maior. Ele acusa o presidente americano de ser “um falcão com asas de pomba” (…).
Continuando nesta senda, o intelectual tunisino, seguido de perto pelo pensamento de Samir Amin, alude ao facto de ter sido graças à brecha aberta pelas revoluções “Primavera Árabe, da qual não fizeram parte os islamistas, que estes últimos voltaram em força, consubstanciando um plano que estava nas linhas e entrelinhas da alambicada estratégia política Ocidental, particularmente dos EUA e de Obama. E como provas, ele argumenta que o Tio Sam decidiu, há muito tempo, jogar a carta do islamismo ‘moderado’ não só na Tunísia mas em todo o mundo árabe e muçulmano.”

Os falsos profetas
Depois de ter posto o pé em terra firme, o Poetarmado chega enfim à mãe Pátria, a sua Angola do Coração.
“Alerta! Vade retro Satanás”, grita ele.
Satanás em Angola é a Voz da América e, subentendido, toda a imprensa que se recusa a lamber as botas de JES/MPLA. E o Poetarmado revela, «(…) calculando que o “efeito jasmim” tinha chegado a Angola, sem a mínima satisfação às autoridades Angolanas, surpreendendo todos, a rádio Voz da América, fazendo jus ao modus operandi da grande potência unipolar, fez a rentrée espectacular do antigo programa da Vorgan, arranjado e retocado para Angola, o fantástico “Angola Fala Só”, depois de abandonada, há 19 anos, a plataforma em que as duas operavam sobrepostas na Base Aérea Militar Americana desdobrada no Botswana. Alguns videntes observaram, pela sua bola de cristal, que o “efeito Jasmim” ia resultar de forma irreversível na “Primavera Bantu”, cujo epicentro de irradiação era Angola para toda a África Central. Que fazer com os falsos profetas»?
Assim sendo, para o heróico general, nas vestes de comentarista político ocasional em defesa da “Sua Dama”, o primeiro reparo vai para o presidente Barack Obama e o Departamento de Estado do EUA que não agiram de forma consentânea com o espírito que deveria reinar entre dois aliados estratégicos como são Angola e os Estados Unidos.
É que ao permitir que a Voz da América” por via do programa “Angola Fala Só” ponha a sua antena ao serviço de arautos arruaceiros, o aliado americano transformou essa rádio «em máquina incentivadora da mobilização apelativa da intervenção do Conselho de Segurança da ONU e da OTAN, comandada pelos Estados Unidos e pela França, para agir contra o Presidente de Angola como fizeram contra Gbagbo e contra Kadhafi». E, daí a inferir que as manifestações de rua que se têm realizado em Luanda sejam consequência não só das imprecações proferidas à antena da “Voz da América”, nomeadamente na sequência de discurso insultuosos e despudorados contra o Presidente da República, como, por exemplo, esse que foi da lavra do senhor Numa, no Lobito, no dia 06.06.2011 e a grande coincidência entre o início das manifestações verificadas no Largo da Independência a 2 de Abril de 2011 e o início do programa “Angola Fala Só” a 1 de Abril de 2011! «Será possível estabelecer uma relação de causalidade entre a coincidência e a evidência?», pergunta o Poetarmado.

Alerta! A Pátria está em perigo
Pois está! E da nada serve seguir os passos do Poetarmado no seu hino à glória de JES. Por aí não vamos a lado nenhum, como está demonstrado em 32 anos de demonstrações de grande engenhosidade política para se manter no Poder, mas infelizmente semeado por sucessivas e frequentes mostras de incapacidade para governar, unir o povo, e olhar em face a triste realidade angolana, que continua, depois de quase dez anos de paz podre a arrastar-se nos subterrâneos de todos os rankings mundiais de Desenvolvimento Humano.
Mesmo assim, saia mais um Canto:
«Eu canto o Homem, que, pela voz bem timbrada de Rui Mingas, tem defendido “a Bandeira que os Meninos do Huambo ganharam”, sem qualquer exclusão (…)», canta o Poetarmado, negando a realidade discriminatória e sectária vivida durante mais de três décadas por imposição expressa do regime, e isso para anunciar o intróito de mais um canto magistral, do ponto de vista infantil, a JES, ao que se sucede um comovente subtítulo:

Piedade para os vencidos
Mais um canto à glória de JES:«Eu canto para que os jovens entendam esta simples expressão algébrica: x = a + b + c = 32, 32 ANOS que são o fundamento do Rumo que o País tem» (????....). A saltar assim, de ode em ode e de canto em canto, o Poetarmado mergulha com manifesto prazer nos clássicos, cita Voltaire e La Fontaine, o grego Eneias, mais adiante, Marco Polo, Sillas e Júlio César, e continua a dar lustre à desgastadíssima imagem de JES.
A certa altura o discurso poético muda de tom e o improvisado general-analista envereda pela descrição “sinóptica” de todas as detrições causadas não pela guerra civil, mas exclusivamente pela UNITA, o MPLA não mexeu nem num tijolo, atravessou com um Anjo da Guarda da Pátria incólume e impoluto, e daí a chegarmos ao topo dos tópicos, a infinita bondade de JES ao poupar a vida aos seus inimigos vencidos. Erro que, no sentimento profundo do Poetarmado, pode ser considerado grave.
A aí vai mais um Canto, mais um, não, muitos Cantos panegíricos, acreditem:
«Eu canto o Homem (JES)…».
«Eu canto o visionário…»….
« Eu canto a coragem, a firmeza, o sacrifício do Homem durante estes 32 ANOS….»…
« Eu canto o Homem, o Presidente, o Estadista, o General, o Pacificador, o Defensor e Protector do Estado Angolano…»….
Eu canto! Eu canto! Eu canto…
E a rematar: «Eu canto a grande humildade que o Homem (JES) revelou, na comemoração do seu 68º aniversário, 28.08.2010, no jardim da Cidade Alta, contida nas seguintes palavras: “Ninguém sabe tudo. Ninguém pode tudo.”
Tantas vezes, general?!, Não terá sido Canto a mais?....

Enquadramento da Epopeia “As Angolaníadas”
Com tantos tiros dados nos seus próprios pés, alguns deles parecidíssimos com autênticas bombardas, o general Zé Maria vem atravessando um mau passo da sua vida, consagrada quase exclusivamente à salvação da sua Pátria querida, Angola do Seu Coração - que Deus o abençoe por isso, mas não chega para ter paz na Terra entre homens de boa vontade.
Na sua luta contra os inimigos da Pátria, esse destemido e inflexível adulador de JES, à parte ter continuamente confundido inimigos da Pátria com os oponentes políticos do seu Ídolo, pôs acima de tudo e de todos a sua imagem, e o exagero foi tanto que em seu redor muitos dos seus colegas começaram a olhá-lo com perplexidade e mesmo com alguma desconfiança. É que o que é demais é erro, e o mal do general é precisamente esse. Ele é demais em tudo, tanto para o Bem como para o Menos Bem e para o Mal.
Tirando os aludidos tiros nos pés que o general deu a si próprio, que são muitos e não vale a pena descrever aqui, há o seu comportamento de irrascível comanditário da pureza disciplinar a valer-lhe alguns dissabores, sendo um dos últimos um verdadeiro desastre pessoal que lhe valeu ser ameaçado de morte por um dos seus subordinados. Imaginamos sem dificuldade alguma o trauma que lhe foi causado por essa intempestiva reacção do oficial e soldado da UGP que o ameaçaram. Estamos conscientes de que o que se passou depois disso, com todos os outros sodados da UGP, alguns deles com alta patente, a porem-se do lado do capitão e a obrigá-lo a uma retirada estratégica, encolhido e de mansinho, para que o drama não aconteça, causou-lhe imensos prejuízos, não só psicológicos, mas também para o prestígio de que fruía no seio da sua prestigiosa corporação.
Dada a conjuntura criada por esta sequência de acções e reacções, assim como as que se seguiram, compreendemos que o general Zé Maria teria podido sentir que a profunda arranhadela sofrida pudesse ser levada negativamente em conta pelo presidente da República, o seu idolatrado Chefe Supremo, e que se lhe apresentasse como sendo urgente dar uma de mão à adorada imagem do “Homem”, com uma boa (monumental) escovadela da sua imagem, contrapondo assim algo de válido às suas derrapagens.
O artigo que temos vindo a comentar, passe a demonstração de grande apego ao conhecimento dos clássicos de que o general deu prova, peca pelo DEMAIS.
Chega a ser ridículo, e isso é tanto mais confrangedor quanto é certo que reconhecemos no general não só os seus detestáveis defeitos, mas também as suas virtudes, entre as quais a sua vontade de saber e a sua capacidade mental, presente num raciocínio lógico sustentável, apenas tolhido pela sua visão parcial da história de Angola e da conjuntura actual, amputada voluntariamente de tudo o que é erro do regime. Por exemplo: na guerra civil, a UNITA destruiu tudo e o MPLA não destruiu nada, coisas assim a granel.

Uma Voz do Povo
Para terminar, o comentário de João Loaka ao texto do general Zé Maria. «Refutaria esses cantos com outro canto da liberdade, um hino à restauração do espirito de Fevereiro. Cânticos a denunciar o império faraónico do clã, objecto do teu canto; a denunciar a filha primogénita de José Eduardo dos Santos entre as 10 mulheres mais ricas do mundo, sem ter herdado fortuna dos seus ancestrais nem do seu pai; a impunidade dos violadores dos direitos humanos; as milhares de vítimas de desalojamentos forçados; gente excluída sem sequer ter bilhete de identidade; cerca de 10 anos depois do fim da guerra não sabemos exactamente quantos somos; não foi feito um censo populacional, essencial a qualquer plano de desenvolvimento.
Já faltou mais para que a liberdade negada desde 1975 seja alcançada.

Sonangol assina contratos de exploração de petróleo referentes a 11 blocos


A Sonangol assinou nop 20.12 em Luanda os contratos de exploração de petróleo em 11 blocos, que serão operados pelas petrolíferas BP, Cobalt, Repsol, Total, ENI, Conocophillips e Statoil.
Na cerimónia, Manuel Vicente, presidente do conselho de administração da empresa pública Sonangol – Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola – referiu que a assinatura dos contratos de concessão, aliada à confirmação, na semana passada, da existência de hidrocarbonetos na Bacia do Cuanza, permite afirmar que o país está a entrar numa era de indústria petrolífera.
Em representação da Total, Jean-Michel Gires mostrou-se satisfeito com os três blocos obtidos pela multinacional francesa no concurso realizado, confirmando o papel de maior investidor e operador na prospeção petrolífera em Angola, e manifestou esperança em novas descobertas na Bacia do Cuanza.
Por seu turno, Marty Morris, presidente do grupo BP, com sede em Londres, considerou que a assinatura das novas concessões marca uma nova era na procura de bons resultados.
“Tudo isso foi possível graças a um esforço conjunto dos parceiros, à atitude e produtividade da Sonangol”, declarou.
Dos 11 blocos levados a concurso público, Total, BP, Conocophillips e Statoil obtiveram dois blocos cada um, enquanto à Cobalt, Rapsol e ENI couberam, a cada petrolífera, um bloco.
Os blocos situam-se no pré-sal do litoral angolano, variando entre mil e dois mil metros de profundidade.
________________________________________
[1]  Diário da República, 2004:1232-3. Os sócios da Lumanhe admitiram a entrada do general Kopelipa na sociedade, como parceiro com quotas iguais a todos os outros.
[2] A Endiama, em representação do Estado, é a sócia maioritária, com 41 por cento, enquanto à ITM Mining, a operadora do projecto, cabem 38 por cento do capital.( http://www.itmmining.com/itm/layout1.php?p=M0BAMzBAQDM2).

[3]  Diário da República, 2008:7932- 5.

[4] Sociedade Mineira de Catoca, 2009:17. 

[5]  Diário da República, 1994:1770- 2 e 1995:1405.

Petrobras iniciará perfuração de bloco no pré-sal angolano em 2012


A Petrobras divulgou no dia 20.12 que, no início de 2012, começará a perfuração do Bloco 26 de pré-sal localizado na Bacia de Benguela, no sul do “offshore” angolano, no qual a petrolífera brasileira é operadora com 30 por cento de participação.
O diretor da área internacional da Petrobras, Jorge Luiz Zelada, disse no Rio de Janeiro aos jornalistas que há projetos ainda na costa oeste do continente africano que estão a ser desenvolvidos, como a aquisição do bloco exploratório no Benim e a fase de prospeção no Gabão.
Já em Moçambique, a expetativa é avançar em 2012 na área de biocombustíveis. Em dezembro, a Petrobras, a Guarani e a Petróleos de Moçambique (Petromoc) assinaram em Maputo um protocolo de intenções para estudar a viabilidade para produção e comercialização de etanol.
A Petrobras Biocombustível, através da sua parceria com a Tereos Internacional na Guarani, é sócia de uma central de produção de açúcar em Moçambique, a Companhia Sena, com uma capacidade de moagem de 1,2 milhões de toneladas de cana de açúcar. Já se estuda a possibilidade de se produzir etanol com base no "melaço" atualmente produzido nesta unidade.
Para o diretor de etanol da Petrobras, Ricardo Castello Branco, no primeiro semestre de 2012, "será analisada a oportunidade de investimento para abastecer o mercado moçambicano".
Questionado se a crise internacional pode afetar os planos da Petrobras para 2012 e o seu plano de negócios 2011-2015 de 224,7 mil milhões de dólares, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, rejeitou ao destacar que, no cenário de 2012, "a crise financeira não será um grande problema para a indústria do petróleo", disse.
"A maior parte das indústrias do petróleo está a aumentar os investimentos. O mercado de combustíveis está a aumentar no Brasil e no mundo, embora esteja a cair o consumo de derivados de petróleo na Europa, Estados Unidos e Japão, mas está a aumentar o consumo na África, China e países da América do Sul", declarou.

Malária matou 6.025 pessoas até outubro deste ano


Angola registou 6.025 mortes por malária até outubro último, menos do que as 8.100 registadas em todo o ano de 2010, revelou o coordenador do programa angolano de luta contra a malária, Filomeno Fortes. “Em 2000, Angola tinha 20 mil óbitos por malária. Em 2010, este número desceu para 8100 casos. Em 2011, até ao mês de outubro, registámos apenas 6025 óbitos”, explicou o coordenador do Programa Nacional de Luta contra a Malária, que falava durante o seminário sobre “O papel dos Media na prevenção da malária em Angola”.
Filomeno Fortes disse que esta redução tem impacto direto nas taxas de mortalidade infantil e de mortalidade materna e explicou que as principais intervenções de controlo da malária em Angola assentam no diagnóstico e tratamento, bem como nas medidas preventivas, sobretudo na distribuição de redes mosquiteiras tratadas com inseticida, na luta contra o inseto que transmite a doença e na educação para a saúde.
Filomeno Fortes referiu que os testes rápidos têm contribuído para a melhoria do diagnóstico em todos os municípios e a prescrição de medicamentos tem reduzido o aparecimento de casos graves.
No entanto, admitiu a necessidade de mais redes mosquiteiras, testes rápidos e uma maior aposta na pulverização interna de habitações com inseticida de efeito residual, para poder atingir as metas preconizadas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.
Filomeno Fortes afirmou ainda que os desafios para os próximos quatro anos apontam para a melhoria do saneamento, do diagnóstico e tratamento. Reforçar as medidas preventivas e a mobilização comunitária também se enquadram nos desafios a ser atingidos nos próximos anos.
“Angola está a desenvolver com os países da África Austral iniciativas de controlo da malária a nível das fronteiras” sublinhou Filomeno Fortes.
O mais recente relatório da Organização Mundial de Saúde sobre a malária, divulgado no passado dia 13, coloca Angola como o nono país com mais mortes atribuídas à malária entre os 43 países africanos, onde a doença é endémica. Segundo o mesmo relatório, o número de casos prováveis e confirmados não só não diminuiu nos últimos dez anos, como aumentou, de dois milhões em 2000 para 2,78 milhões no ano passado.
A totalidade da população angolana está em elevado risco de transmissão de malária (mais de um caso registado em cada 1.000 habitantes), revela ainda a OMS.
Imagem: ... em menos de mil dias com as mortes causadas pela malária na África.
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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Nas Lundas generais têm exército privado. Promiscuidade e corrupção nas Forças Armadas Angolanas


Desde 1992, as zonas de garimpo têm sido disputadas, para enriquecimento pessoal, por altas figuras do exército e membros do regime. A desordem no acesso e controlo de zonas de garimpo, por parte de oficiais superiores do exército, abrandou com o fim da guerra, em 2002, e com a concessão de percentagens em sociedades mineiras a uma selecta casta de oficiais generais.

Rafael Marques

A atribuição de contratos de protecção das zonas de exploração mineira a empresas privadas de segurança constituídas por oficiais generais também contribuiu para o efeito.
A oficialização da participação de membros do governo e de oficiais generais no negócio dos diamantes através das sociedades mineiras e das empresas privadas de segurança não gerou uma situação mais ordeira. Apenas institucionalizou as situações de enorme promiscuidade entre o poder político-militar e o negócio dos diamantes.
A participação de dirigentes nas referidas sociedades constitui crime à luz da legislação angolana. A Lei dos Crimes Cometidos por Titulares de Cargos de Responsabilidade (Lei n.º 21/90), em vigor até Junho de 2010, proibia os detentores de cargos públicos de participação económica em negócios envolvendo o Estado (Art. 10.º, 2). De igual modo, a Lei da Probidade criminaliza o acto de recebimento, por parte de um agente público, de vantagem económica, através de percentagem em negócio (Art.º 25.º, 1, a).
O ministro de Estado e chefe da Casa Militar do presidente da República, general Hélder Manuel Vieira Dias «Kopelipa»,
o inspector-geral do Estado-Maior General das FAA, general Carlos Hendrick Vaal da Silva, e o chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino, general Adriano Makevela Mackenzie, são sócios na empresa Lumanhe[1], que detém 21 por cento das acções na Sociedade Mineira do Cuango (SMC), a principal protagonista da onda de violência em Cafunfo[2]. Os generais Kopelipa e Vaal da Silva estão incumbidos do controlo efectivo do exército e da sua supervisão geral, respectivamente. Os outros sócios da Lumanhe, todos com quotas iguais, são o general Armando da Cruz Neto, governador de Benguela, e os generais João Baptista de Matos, Luís Pereira Faceira e António Emílio Faceira, respectivamente ex-chefes do Estado-Maior General das FAA, do Estado-Maior do Exército e dos Comandos.
De forma prevalecente, ser general em Angola tornou-se sinónimo de comerciante, através da corrupção. Presentes nos principais sectores da economia do país, os generais disputam o seu poder e a sua influência junto do presidente e do seu executivo civil, com o objectivo de conquistarem favores para participarem em concessões mineiras, em negócios do Estado e para realizarem uma série de negociatas. Agem com a garantia de segurança que ostatu quo lhes oferece.
Prova disso mesmo é a participação do actual chefe de Estado-Maior General das FAA, general Geraldo Sachipengo Nunda, no negócio dos diamantes. Enquanto era ainda adjunto do chefe de Estado-Maior General das FAA, o general Nunda subscreveu, na qualidade de gestor da empresa privada Mombo, o acordo de criação do consórcio Sociedade Mineira do Lapi para a exploração de diamantes na Lunda-Sul[3]. A forma aberta e arrogante como altas patentes do exército e membros do governo cometem crimes de corrupção, à luz da legislação angolana, elimina a distinção entre o público e o privado.
Com o benefício da impunidade institucional, as empresas estrangeiras engajam-se abertamente na corrupção activa de dirigentes angolanos (Art. 321.º do Código Penal), associando-se a estes em negócios privados que envolvem o Estado angolano. Assim, fazem parte da Sociedade Mineira do Lapi a Sociedade Mineira do Catoca, que inclui a Endiama (32,8 por cento), a multinacional russa Alrosa (32,8 por cento), a Lev Leviev Holding (18 por cento) e a brasileira Odebrecht (16,4 por cento)[4].
A empresa Mombo[5], a que se aludiu anteriormente, é constituída pelos seguintes indivíduos:
— general Carlos Alberto Hendrick Vaal da Silva, inspector-geral do Estado-Maior General das FAA;
— general Armando da Cruz Neto, governador de Benguela e ex-chefe de Estado-Maior General das FAA;
— general Adriano Makevela Mackenzie, chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino;
— general Marques Correia, comandante da Região Militar Leste;
— general Jacques Raúl, actualmente sem funções (por altura da assinatura do acordo, dirigia a Zona Militar de Cabinda);
— general Manuel Luís Mendes, actualmente sem funções, anterior comandante da 8.ª Região Militar.
— comissário José Alfredo Ekuikui, actualmente sem funções, anterior comandante-geral da Polícia Nacional;
— Raúl Luís Fernandes Júnior, administrador do município de Saurimo, capital da província da Lunda-Sul.
À data da assinatura do acordo com a Endiama, enquanto representante do governo no sector diamantífero, e a Sociedade Mineira do Catoca, os oficiais em funções, para além do general Nunda, também incorreram no crime de corrupção.
Imagem: O activista Rafael Marques lançou ontem, em Lisboa, um livro sobre as ...
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O que os donos do reino querem é que sejam os despedidos a ter de indemnizar os patrões



O secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro do Burkina Faso, perdão, de Portugal, confirma que na actualização do memorando com a 'troika' é expressa uma redução das indemnizações por despedimento entre 8 a 12 dias, mas diz que esta medida já estava prevista na versão original do memorando.

Orlando Castro*

Que não se queixem os trabalhadores que vão ser abençoados com mais esta variante do regime esclavagista que Pedro Passos Coelho está a instituir em Portugal. Desde logo porque ainda é sinal que têm emprego. Mas a sorte não fica por aqui. Não tardará muito que tenham de ser os trabalhadores despedidos a indemnizar os empresários.
De acordo com Carlos Moedas, que respondia às questões dos deputados da Comissão Parlamentar Eventual que Acompanha as Medidas do Programa de Ajustamento de Portugal, esta medida estava já prevista na versão original do memorando assinado a 17 de Maio, altura em que no Governo estava ainda o Executivo liderado por José Sócrates.
Por outras palavras, a culpa continua a morrer solteira. E, bem vistas as coisas, se calhar a culpa é mesmo de António de Oliveira Salazar ou, quiçá, do próprio D. Afonso Henriques.
O secretário de Estado explicou que essa primeira versão do memorando já dizia que seria feito "alinhar estes pagamentos de indemnizações com a média europeia" e que nesta actualização é apenas verbalizada a respectiva média, entre 8 a 12 dias [pagos por ano de trabalho], ou seja, "dizer que esse é o intervalo".
Carlos Moedas disse ainda que confirmou com o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que esta questão - as métricas a utilizar - já foi inclusivamente discutida em concertação social, garantindo que "nada mudou" no memorando nesta matéria.
Para sacar (roubar, afanar) conta a média europeia, para o resto conta a média da Coreia do Norte. O salário mínimo nacional dos portugueses de segunda (todos aqueles que não pertencem ao mundo putrefacto da política e actividades correlativas) teve um acréscimo de apenas 88 euros desde 1974, enquanto que as pensões mínimas de velhice e invalidez aumentaram apenas 38 euros nos últimos 36 anos.
A propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a Pordata divulgou alguns dados estatísticos relativamente à situação económica e social do reino lusitano cada vez mais próximo de Marrocos.
Comparando a evolução do salário mínimo e das pensões mínimas de invalidez e velhice desde 1974 até 2010, e descontando o efeito da inflação, constata-se que hoje em dia os beneficiários desses apoios sociais auferem apenas mais 88 euros e 38 euros respectivamente.
E com tão excelentes aumentos é curial que o Governo entenda que pôr esses portugueses a pão e água, eventualmente a farelo, é uma legítima forma de os obrigar a contribuir para o esforço remuneratório da casta superior formada pelos políticos e toda a corja que os rodeia.
Nesse mesmo ano (2010), correspondia a 15 por cento da população portuguesa o número de pensionistas de invalidez e velhice da Segurança Social com pensões inferiores ao salário mínimo, o que significa que perto de um milhão e meio de pessoas estavam nessa situação.
Além disso, existia mais de meio milhão de pessoas a receber o Rendimento Social de inserção, dos quais quase metade (47%) com menos de 25 anos.
A Pordata revela ainda que em 2009 (últimos dados disponíveis) Portugal era o quarto país da União Europeia com maiores desigualdades de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres, sendo que o rendimento dos mais ricos era 6 vezes superior ao dos mais pobres (a média europeia era de cinco).
Daí que, como muito bem dizem os donos do reino, continua a ser necessário pedir aos pobres dos países ricos para dar aos ricos dos países pobres. Continuam os milhões que têm pouco ou nada a trabalhar para encher o bandulho dos poucos que têm cada vez mais milhões.
Mesmo após as transferências sociais, quase uma em cada cinco pessoas (17,9%) era pobre, 37 por cento dos agregados constituídos por um adulto com uma ou mais crianças e 33 por cento dos agregados só com idosos também viviam em situação de pobreza.
Em apenas quatro anos (de 2005 a 2009), Portugal passou do 17º para o 9º país com a taxa de risco de pobreza mais alta da UE. Seja como for, esqueléticos fisicamente e apodrecidos mentalmente, os portugueses de segunda continuam a ser uma povo pacífico capaz, pelo menos até agora, da dar o cu e uns cêntimos (os euros já foram todos) por um prato de lentilhas.
Sem as transferências sociais, a taxa de risco de pobreza em Portugal seria cerca do dobro do que é actualmente, revela ainda a Pordata, esclarecendo que em Portugal é pobre quem vive com um rendimento mensal (por adulto) próximo dos 400 euros. Não seria aconselhável, para haver menos pobres, baixar esse valor para 200 euros?
*http://www.altohama.blogspot.com
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Imagem: Os despedidos estão condenados a navegar sem bússola no mar agreste da ...
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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A Corrupção: os Antigos combatentes e veteranos da Pátria


AMAR A PÁTRIA E TER ANGOLA NO CORAÇÃO - II
“Quem despreza ao seu próprio próximo esta pecando, mas feliz é aquele que mostra favor aos atribulados”. - Provérbios 14:21

Nguituka Salomão

“Amar e ter Angola no coração” como apropriadamente Damásio cantou, significa entre outras coisas, não desprezar o próximo e mostrar favor aos atribulados, a aqueles que de uma maneira ou outra estão gemendo por causa “das coisas danosas” que voluntaria ou involuntariamente acontecem a sua volta. No artigo anterior referi que prestar honra aos heróis da Pátria, e consagrar merecida dignidade aos antigos combatentes e veteranos da Pátria (ACVP) é também “Amar e ter Angola no coração” e tal não é fazer nenhum favor aos ACVP.
Já foi exposto algumas vezes o desprezo e o roubo que a classe dos ACVP são constantemente alvos, tais como: baixa e humilhante pensão mensal, a intermitência que tal pensão é atribuída (mês sim mês não), os milhares de fantasmas ‘interiorizados’ na caixa de segurança social das FAA (CSSFAA), os descontos anárquicos e roubos entre os pensionistas da CSSFAA. Tudo isso sob a negligente batuta do ‘olhar silencioso de Lénine’ e do comandante em chefe, daquele que deveria ser o vigário intransigente da verdade da classe.

ASPAR – Ex-bófias
Já foi referido a confusão organizada e propositada de um dos sectores dos ACVP; ex-membros da segurança do estado ou ex-MINSE (ministério da segurança do estado), desvinculados a luz do célebre acordo de Bicesse em 1992 e abandonados durante cerca de 20 anos sem usufruírem de nenhum privilégio ou pensão, apesar de variadíssimas promessas. “Diz a historia” que tal multidão (cerca de 20-30 mil almas espalhados por todo o País) de ex-bofias enquadrados na ASPAR associação existente á mais de 10 anos e que tinha o objetivo de reenquadrar os ex-bófias na sociedade e ‘conseguir’ o enquadramento na CSSFAA, desconseguiu tal desiderato por os dirigentes da referida associação privilegiarem interesses pessoal ao invés do coletivo. A título de exemplo, cito que o número real do efetivo a nível nacional dos ex-‘alicates’ foi propositadamente empolado para permitir as negociatase a ‘entrada’ de milhares de fantasmas, que nunca pertenceram ao ‘grupo’ isto é ao ex-MINSE.
Em Benguela, por exemplo já fizeram publicamente referencias que o efetivo da ASPAR até fins de 2010 estava oficialmente estabelecido em 3010 almas. Quando a ‘chefia’ da ASPAR em Benguela foi removida por os associados constarem uma serie de irregularidades na gestão dos interesses da mesma a par de uma grave inoperância no que se refere ao objetivo básico da associação; ‘a busca da reforma do coletivo’, e terem elegido uma comissão de gestão, a nova equipa ‘meteu mãos a obra’ para a busca da verdade, e no fim de três meses de rigoroso trabalho constataram que ‘no final das contas’ o numero do efetivo não passavam de 1’400 indivíduos.
Claro tal trabalho não foi feito (como atempadamente anunciado) sem uma luta feroz no seio da comissão de gestão, por aqueles que defendiam a continuidade do anterior número e os que defendiam a prossecução da verdade. Provou-se que dos cerca de 3010 indivíduos da anterior lista cerca de 30% era composto por indivíduos que nunca prestaram serviços ao extinto ministério da segurança do estado, e que para constarem de tais listas pagaram avultadas quantias e que cerca de 20% era composto por indivíduos ainda no ativo, tais como no atual SINFO/SINSE e diversos ramos do MININT.
Porem como resultado da tal ‘luta’ no interior da comissão de gestão acima referida, a ‘ala’ apoiante da continuidade de 3010 indivíduos, apoiados plenamente pela chefia da ASPAR nacional (o promotor da negociata), surgiu no cenário o ex-deputado PAULO RANGEL, a ‘chefiar’ (por indicação do Governador de Benguela), os destinos da associação em Benguela, afastados a inteira e eleita comissão de gestão.
Após quase oito meses de permanência na associação Paulo Rangel (PR) e equipa composta por Carlos Batista e Geraldo Loló, anunciaram publicamente que o numero oficial e definitivo dos ex-bófias na província de Benguela é afinal de; 2’400 indivíduos. Mais 1’000 (?!) que o número anunciado pela comissão de gestão. De onde surgiram tal efetivo? Que inconfessos interesses e objetivos ocultam?

Credenciais de competência da equipa
As credenciais de competência de Paulo Rangel e equipa, esta sobejamente estabelecida pela passagem de PR na agremiação Lobitanga, Académica Futebol clube, de Carlos Batista antigo delegado provincial do SINFO no Bié, despromovido para chefe municipal do SINFO no Lobito e posteriormente afastado compulsivamente (expulso) das fileiras do SINFO por prática de corrupção, e de Geraldo Loló antigo membro do SINFO, chefe do gabinete do ex-administrador municipal afastado do cargo por“conveniência de serviço” posteriormente nomeado chefe da repartição dos serviços de água e luz do município de Benguela, também afastado semanas depois também “por conveniência de serviço”.

A Máfia em Ação
Claro esta acontecendo o que bastas vozes já se denunciou na CSSFAA, onde constam milhares e milhares de ‘fantasmas’ cujas pensões são repartidos entre os ‘tubarões’ do MINDEF (mormente da direção principal de quadros) e da CSSFAA, sabe-se que vários ‘graúdos’ auferem entre aspas milhões e milhões de kwanzas mensalmente, incluindo as pensões daqueles que realmente são ex-militares e que por ação de múltiplas e intrincadas artimanhas e maléficas manhas “nunca se deram conta – não sabem” que afinal seus nomes já constam na CSSFAA. Fala-se (para ilustrar) de um capitão-de-fragata que acumula mensalmente cerca de 10 milhões de kwanzas e que está a construir um imponente palácio algures na capital do país. O objetivo da atual direção da ASPAR em Benguela e consequentemente de Luanda é alcançar o objetivo do mencionado capitão-de-fragata.
Paulo Rangel e equipa alardeiam que são militantes do MPLA, e não tiveram pejos em mencionarem que a sua presença na referida associação em Benguela, visa cumprir ordens superiores do MPLA, mormente do vice-presidente e do SG do MPLA. Porque pelos vistos alguns membros da citada comissão de gestão, de acordo cópia de um documento em nossa posse, foram acusados de militarem na UNITA, por estes intransigentemente defenderem a depuração das listas em vigor até 2010. Esta visto e provado quem defende a verdade é (acusado) UNITA o militante do MPLA é aquele que defende a corrupção e a continuidade da corrupção e da mentira em todas as direções.
Graças ao trabalho da comissão de gestão cessante da ASPAR-Benguela, parece que finalmente a reforma na forma de uma regular pensão/quantia monetária vai ser efetiva nos primeiros meses de 2012 beneficiando o País inteiro. Dizem que o governo alocou cerca de 35 milhões de USD para atender esta franja dos ACVP, pois tal franja é composta por uma importante fasquia do eleitorado, e claro 2012 como tudo indica é ano de eleições, e como não podia deixar de ser a máfia imediatamente estendeu os seus tentáculos para ilicitamente locupletarem-se de uma boa parte desta quantia em nítido detrimento dos interesses da Pátria.

FORUM DOS ACVP
Esta mais do que provado, só a atuação de um fórum ou associação de ex-militares realmente independente, poderá defender os interesses da classe e fazer com que se dê dignidade aos milhares e milhares de ACVP que definham por esta Angola inteira vítimas da impia mesquinhez e criminoso egoísmo exacerbado de uns poucos.
Ex-militares ou ACVP de todo o País UNI-VOS.
“Amar a Pátria e ter Angola no coração” significa também lutar (com toda a alma e de todo o coração) contra a corrupção, o mal maior que enferma gravemente o País e o tecido nacional. Definitivamente quem não combate a corrupção não ama a Pátria, seguramente este não é o ponto de vista do MPLA.

Energia poluente contra o ambiente, na moda.


Centrais térmicas é a vergonhosa opção dos governos sem uma estratégia

Parece uma brincadeira, mas é a mais pura verdade, logo é uma brincadeira de muito mau gosto por parte do governo de José Eduardo dos Santos, ao continuar a ter soluções paliativas na resolução dos candentes problemas do país.
Como acreditar que um país rico em recursos hídricos, com um presidente formado em engenheira não tenha conseguido nos seus 32 anos de poder, esboçar um verdadeiro projecto de auto suficiência, para o fornecimento de energia eléctrica e água.
Pelo contrário, durante os 36 anos de independência e governação do MPLA os ganhos que muitos autóctones tinham adquirido no tempo colonial, em relação a estes bens, reduziram drasticamente. Muitos deixaram de os ter, como na maioria dos bairros de Luanda e das províncias.
A maior vergonha da desgovernação que estamos com ela, passasse nas províncias do Bié é Kunene, onde por exemplo, na primeira nascem a maioria dos rios de Angola e vivem as escuras e sem água os seus habitantes e na segunda, fornece água a Namíbia, este país tem o líquido a jorrar 24 horas, nas suas torneiras, tal como a energia eléctrica e a província angolana, vive com sérias restrições.
Assim e visando contornar esta situação no dia 12.12, na sessão do Conselho de Ministros, Dos Santos fez aprovar 24 projectos, para segundo a tese evocada aumentar a oferta de energia eléctrica e de água em todo o país, com a instalação de centrais térmicas de potência diversa nas localidades de Ondjiva, Huambo, Menongue, Dundo, Benguela, Lubango, Namibe e Cabinda. Recorde-se que esta última já tem mas a prestação destas estações deixam muito a desejar, tanto que se encontra as escuras, pripalmente depois da chegada de mawete João Baptista.
Ora tudo isso demonstra não haver um caminho e uma bússola de gestão do país, por parte do presidente da República, que se quer eternizar no poder, que não tem coragem de ir a um pleito eleitoral, sem se escudar no MPLA, por esta razão está a 32 anos no poder, sem nunca ter sido eleito. E se provas faltassem basta rememorar a exoneração, muito recentemente, da ministra da Energia e Águas, por inexistência de um plano e o chefe, vir agora, inundar e fomentar ainda mais o comércio de geradores, que contribuem para a poluição do meio ambiente.
E como as centrais térmicas vão mesmo ser fornecidas por muitos dos subscritores desta decisão, ária mal se Luanda não fosse contemplada e vai sê-lo com a instalação de centrais térmicas nas zonas dos Quartéis, no Bairro Benfica, dos Caminhos-de-Ferro de Luanda, no Bairro Rocha Pinto e no Cazenga, para além da construção de linhas de transporte de energia eléctrica de Cacuaco para a Boavista e da Camama para o Morro Bento.
No domínio das águas foi aprovado o projecto de reabilitação e edificação da barragem do Calueque no Kunene e a construção dos novos sistemas de abastecimento de água de Caxito e Porto Quipiri, estando os dois projectos aprovados avaliados em mais de mil milhões de dólares.
Imagem: Usinas termelétricas mais poluentes, rejeitadas no Sudeste, são programadas ...
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O MPLA está mais pobre:morreu Kim Jong-il - Orlando Castro


O “querido líder” da Coreia do Norte, Kim Jong-il morreu, no sábado, aos 69 anos, de ataque cardíaco. O funeral está agendado para dia 28. O MPLA está de luto e, é claro, mais pobre.

Orlando Castro

Apesar da aparente calma dos donos de Angola, José Eduardo dos Santos faz contas à vida, até porque o seu regime compra tudo, mas até agora ainda não conseguiu adquirir a vida eterna. O fim está próximo. Fim que poderá passar por uma transição pacífica ou, como parecer ser vontade o MPLA para se perpetuar no poder, por nova guerra civil.
Em Luanda, o presidente não eleito e há 32 anos no poder, sabe, agora melhor do que nunca, que as democracias o vão passar de bestial a besta logo que ele deixe o poder. Se calhar hoje, mais do que ontem, Eduardo dos Santos sabe que já não há amigos como antigamente. E ainda por cima Kim Jing-il morreu.
Quando em Março de 2005 visitou Luanda, o vice-presidente da Coreia do Norte, Zeng Yang Hong, foi claro ao ressaltar a importância da cooperação bilateral, e ainda mais explícito quando disse tratar-se de algo histórico. Eduardo dos Santos agradeceu e agora deu ordens para que o sistema de vasos comunicantes entre Luanda e Pyongyang seja transformado, rapidamente e em força, num sistema de caudais comunicantes.
É bom que os angolanos (a comunidade internacional passou uma esponja no assunto) saibam que a ditadura de Pyongyang tem relações históricas com a sua congénere de Luanda.
Para além dos laços históricos, nascidos na década de 70 com o apoio militar norte-coreano às FAPLA, é certo que Angola só tem a ganhar, agora mais do que nunca, com o reforço da cooperação com Pyongyang.
Então em matéria de democracia, direitos humanos, liberdades e garantias sociais, a Coreia do Norte parece continuar a ser (tal como Cuba e o Zimbabué) uma lapidar referência para o regime de Eduardo dos Santos.
Aliás, não é difícil constatar que a noção de democracia de Eduardo dos Santos se assemelha muito mais à vigente na Coreia do Norte do que à de qualquer outro país. E é natural. É que para além de uma longa convivência “democrática” entre ditadores, Luanda ainda tem de pagar a dívida, e os juros, da ajuda que Pyonyang deu ao MPLA. Amigos, amigos, contas à parte.
No que tange a direitos humanos, os princípios são os mesmos embora – reconheça-se – Luanda tenha sido obrigada a alargar o laço que estrangula os angolanos. Mas já está a apertá-lo novamente, desde logo porque os angolanos não podem ter as mesmas veleidades que os tunisinos, egípcios ou líbios.
De qualquer modo continuam os milhões que têm pouco, ou nada, a trabalhar para os poucos que têm milhões. É assim em todas as ditaduras. Foi por isso que algumas delas tombaram, e será por isso que também a de Eduardo dos Santos vai um dia destes cair do pedestal petrolífero e diamantífero.
É claro que o Governo do MPLA escuda-se nas relações Estado a Estado para estar de bem com Deus e com o Diabo. E faz bem. Segue, aliás, a regra praticada por Portugal em relação a Angola. Mas, tal como outros países, também Lisboa vai aplaudir um dia a queda do dono de Angola, como se nada tivesse a ver com a sua manutenção ao longo de dezenas de anos.
Lisboa nunca se importou com a ditadura, como nunca se importou com a sorte dos angolanos. Aliás, Eduardo dos Santos é elogiado por um vasto leque de políticos lusos, casos de Cavaco Silva, José Sócrates, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, tal como Ben Ali o foi por Nicolas Sarkozy e Hosni Mubarak por Barack Obama, por exemplo.
A regra made in Portugal é simples. “Porque carga de chuva tenho de estar preocupado com os muitos angolanos que nem uma refeição têm por dia, se eu tenho pelo menos três?” Não é dr. Aníbal Cavaco Silva? Não é eng. José Sócrates? Não é dr. Passos Coelho? Não é dr, Paulo Portas?
Eduardo dos Santos pensa o mesmo. Kim Jong-il também pensava. Mas não são só eles, acrescente-se. São também os dirigentes das democracias ocidentais, da ONU, da CPLP etc. Para eles pouco importa que em Darfur tenham morrido em dois anos mais de 300 mil pessoas, ou que em Angola a grande maioria da população (perto de 70%) seja tratada abaixo de cão.
Também há muitas e válidas razões para o MPLA amar ainda mais Cuba e, é claro, para Cuba amar ainda mais o MPLA. Permitam-me que, por exemplo, recorde o brilhante trabalho cubano no apoio à vitória eleitoral do MPLA.
Na altura, Setembro de 2008, ao elogiar a transparência e honestidade das eleições em Angola, bem como o papel de comunicação social (do estado, está bom de ver), Cuba prestou o melhor dos serviços à verdade.
Só não viu quem era ceguinho (e foram muitos, continuam a ser muitos). Só não vê quem quer continuar a ser cego. E, neste caso, a cegueira é proporcional ao peso do petróleo angolano, grande parte dele roubado a Cabinda.
Pedro Ross Leal, embaixador cubano em Angola, em declarações à agência angolana de notícias, Angop (a quem mais poderia ser?), apontou como merecedor de elogio o comportamento da comunicação social (não especificou qual delas, mas é fácil de entender) pela sua “eficiência” e oportunidade dada aos partidos políticos para expressarem os seus “propósitos de governação”.
Relevando como “facto inédito” em África, num país que viveu “longos anos de guerra”, a realização de eleições num clima “de paz, tranquilidade e honestidade”, Ross Leal disse que considerava que o escrutínio foi “transparente e honesto” pelo “comportamento cívico dos cidadãos e dos partidos políticos”.
E se Cuba o diz…

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A ONDA ESTÁ A CRESCER. POVO LUNDA SAI ÀS RUAS PARA EXIGIR PARTIDA DA TELESERVICE


A onda de insatisfação está a crescer pese alguns continuarem a advogar que nada se deve fazer, para alterar o actual quadro de injustiça social, discriminação e má distribuição da riqueza nacional. Os jovens, os velhos, as mulheres e os homens no geral, por todo país clamam por mudanças significativas. Nas Lundas o povo saiu a rua numa grande manifestação popular por vários municípios. A imprensa estatal, como era de se esperar e bem no seu papel partidocrata silenciou os acontecimentos, mas a história registou.

Ngalula Katwui*

No dia 17 de Dezembro houve uma das maiores manifestações populares nas Lundas, cerca de 18 mil pessoas, foram para às ruas contestar contra a presença da empresa de segurança; Teleservice, dos generais, que dizem ser mais um exército particular camuflado, às ordens do partido no poder, para assassinar, violar e prender os cidadãos.
O povo está farto e quer esta empresa fora de todo território, pois eles impedem a livre circulação de pessoas e bens, para além de atentarem contra os direitos humanos, disse em exclusivo ao F8, Inácio Brandão, secretário provincial adjunto do PRS, na Lunda Norte.
“A Teleservice não respeita nem as nossas mulheres que são violadas e nada lhes acontece. Por exemplo nas áreas mineiras a partir do Kuango, Kambulo, Lukapa e nas localidades Luo, Kalonda, Kassanguide, Luxilo, Fukauma, são regiões que a Teleservice monta controlo para impedir a circulação de poessoas mesmo familiares e até matam e violam, para além de senhoras, também jovens e a Polícia não faz nada, por ser cúmplice“.
A maior reivindicação de todos é: “Teleservise fora das Lundas”; “Deixem de matar os nossos filhos”; “Deixem de violar as nossas filhas”, entre outras foram as mais escutadas, porque esta empresa, ainda continua a montar controlos com armas pesadas, como Kastor, RPG 7, AKM 47, entre outras.
“Como é que uma empresa de segurança, se temos polícia e exército não anda desarmada?”, questionou Brandão, acrescentou que “o governo sabe o sítio onde eles têm os controlos, que são locais da Polícia e esta cede o seu lugar”.
O caso mais caricato é; quem está a sair de Luanda via Saurimo, querendo vir para o Lucapa e quiser visitar as comunas de Capaia e Chakasau, localizadas a margem do rio Chicapa ou ainda quem sai de Calonda para Capaia, uma distância de cerca de 130 quilómetros, por uma antiga via colonial, depara-se com um controlo da Teleservice. “Eles aqui revistam as pessoas, que têm de sair das viaturas ou autocarros, mostrar os pertenças e via de regra, eles dividem os produtos, dizendo tratar-se de uma multa”.
Para muitos Tchokwes isso é um abuso do poder por parte desta empresa ligada a generais, pois a maioria das minas até estão paralizadas, assegurou, o secretário provincial adjunto do PRS.
A manifestação decorreu em simultâneo nas localidades de Lukapa, 5 mil populares, Kuango com 3 mil, Cafunfo, com 5 mil, Saurimo com 3 mil, Luo, 3 mil, Calonda, 3mil Fukauma, 4 mil e Cambulo, com cerca de 3.500 manifestantes.
“A manifestação em Saurimo, em que eu estive pessoalmente a cabeça e noutras localidades foi um êxito retumbante e uma clara demonstração do povo estar saturado com as políticas do governo de Eduardo dos Santos, nas Lundas, onde as suas tropas, prendem, assassinam e violam cidadãos e mulheres indefesas. Eles praticam crimes contra a humanidade e isso tem de ser denunciado”, assegurou ao F8, Tito Tximona, deputado parlamentar do PRS.
A manifestação exigiu o fim da acção “das forças paramilitares ao serviço dos generais, principalmente, a Teleservice, empresa de segurança privada, que desenvolve acções que deveriam estar na esfera da Polícia Nacional e das Forças Armadas”.
“Eles fazem tudo, mas nas barbas das autoridades e com o beneplácito do MPLA, pois nos seus controlos, cobram emolumentos e praticam roubos e não só, sob o olhar silencioso das autoridades”, denunciou, acrescentando: “agora o povo cansou e não quer mais ver estas forças militares privadas que o MPLA tem escondidas, para aparecerem como fantasmas no período eleitoral”.
Vejamos agora, o texto de Rafael Marques sobre as acções desta empresa, inserido no seu livro Diamantes de Sangue, Corrupção e Tortura em Angola, que será lançado no dia 26 de Dezembro, no Restaurante Jacaré, na Rua dos Mareantes, 47/49, no Prenda, em Luanda.
*No Território Lunda-Tchokwe

Teleservice: morte à catanada

Rafael Marques

A 5 de Fevereiro de 2010, a camponesa Linda Moisés da Rosa perdeu o seu segundo filho, Kito Eduardo António, de 33 anos, morto à catanada por um guarda da Teleservice, em Cafunfo, sua terra natal.
A mãe explica o sucedido. Tendo notado a ausência do seu filho, ante o regresso dos seus colegas de garimpo, decidiu procurá- lo juntamente com outros membros da família, sem sucesso.
No dia seguinte, os colegas de Kito, identificados apenas como Russo, Fezadeiro e Smith, que, entre si, formavam um grupo de garimpo, «dirigiram-se ao bairro e contaram a verdade sobre a morte de Kito», afirma Linda Moisés da Rosa.
Segundo a camponesa, e de acordo com depoimentos das testemunhas oculares, os guardas da Teleservice enfureceram-se com Kito Eduardo António quando este revelou não ter dinheiro para lhes pagar o acesso à mina, insistindo em continuar a lavar o cascalho, para poder depois efectuar o pagamento. «Mataram-no com um golpe de catana na nuca, outro na testa e um terceiro no rosto, do lado direito, e atiraram o corpo ao Rio Cuango», revela a mãe. «Os [guardas da] Teleservice costumam receber dinheiro dos garimpeiros [...] e autorizam-nos a retirar o cascalho da lavaria», denuncia a entrevistada. Linda Moisés da Rosa lamenta: «O Kito não tinha o dinheiro. Pediu para lavar o cascalho e pagar depois. Por isso, mataram o miúdo.»
A mãe acrescenta que, para comprarem o silêncio e a cumplicidade dos outros garimpeiros, os elementos da segurança da Teleservice «entregaram quatro baldes de cascalho aos rapazes [Russo, Fezadeiro e Smith]. Os guardas disseram-lhes que o cascalho servia de pagamento para não descobrirem a verdade».
Juntos, familiares de Kito e colegas dirigiram-se à lavaria do Dunge, na área do Pone. «Os rapazes [sobreviventes] vivem no Pone e acompanharam-me até ao posto da Teleservice, na lavaria, onde o meu filho foi morto», diz a mãe. «Eles [guardas da Teleservice] perguntaram-me o que eu fazia aí. Eu expliquei que procurava o corpo do meu filho que eles mataram», afirma Linda Moisés da Rosa.
A camponesa relata que os guardas a convidaram a entrar no seu acampamento e com ela se reuniram no jango. Informaram-na de que estavam a cumprir ordens superiores e levaram-na até à zona da lavaria industrial onde os garimpeiros têm feito a recolha de cascalho.
«Eles [guardas da Teleservice] ligaram ao posto do Tximbulaji. O gerente deles ordenou que os seguranças me acompanhassem à beira do rio para procurar o corpo.»
Vencidos pelo cansaço e pelo cair da noite, familiares e guardas regressaram ao jango depois de muita procura. Quando os guardas afirmaram terem cumprido com a parte que lhes cabia, Linda Moisés da Rosa resolveu permanecer no jango. «Eu disse que não sairia daí sem ver o corpo do meu filho. Então, o chefe autorizou a guarda a conceder-me cinco dias para localizar o corpo.»
Segundo a camponesa, «no terceiro dia de buscas, os guardas disseram-me que estavam a cumprir ordens. Era uma missão mandada. Diziam ‘se não matarmos, o governo vai dizer que combinamos com os garimpeiros para dividirmos o dinheiro’».
A camponesa afirma ter informado pessoalmente a Polícia do seu infortúnio. De seguida, soube que as autoridades já estavam a par do caso e que consideravam o seu filho e os outros garimpeiros como culpados pelas suas próprias mortes. Para além da Polícia, a mãe também contactou a administração local e diz que esta se manifestou incapaz de tomar quaisquer medidas, «porque é uma missão mandada».
«Eu disse, está bem! Então assim o governo vai governar com quem, se está a matar os jovens?
Eles respondiam que o governo não conta connosco [Tchokwe]. ‘Quando dizem o povo, vocês [Tchokwe] não estão incluídos. O governo não vos conta. O governo conta o povo de fora. Vocês [Tchokwe] não.’
Nós não sabemos agora o que somos. Nós nascemos aqui. O rio dos diamantes está aqui, na nossa terra, onde dei à luz o meu filho. O meu Kito bebia a água do Rio Cuango. Foi desta água que lhe dei banho.
Os estrangeiros estão a apoderar-se dos diamantes. Os nossos filhos não podem beneficiar dos diamantes, são mortos.
Os [guardas da] Teleservice disseram-me: ‘O teu filho é um zé-ninguém.’ Disseram que eu sou ninguém na sociedade e que o meu filho não faz falta em Angola.»
A 4 de Março de 2011, a direcção-geral da Teleservice teve um encontro comigo. Houve discussão aberta e cordial sobre os direitos humanos, mas off the record, por solicitação da empresa. Finalmente, a meu pedido, no mesmo dia, Linda Moisés da Rosa pôde expor directamente a sua tragédia familiar a Valentim Muachaleca, director- geral da Teleservice. Este solicitou à camponesa que relatasse o sucedido por escrito e agendou novo encontro. Enviei-lhe por e-mail, a 8 de Março de 2011, o relato que redigi sobre o caso. No dia seguinte, Muachaleca conversou com Linda Moisés da Rosa. No mesmo e-mail, em prol da transparência e da resolução dos actos de violência, descrevi grande parte dos restantes casos. Não obtive retorno.
«Ele disse que os garimpeiros se mataram entre si e que a empresa dele não tinha nada a ver com o assunto», revela a mãe.

A Policia na tarde de hoje, 24Dez, tentou impedir a distribuição do Sopão realizado por William Tonet ( AMC),


não conseguindo os seus intentos, ameaçaram a Empresa encarregada do som no evento e aos técnicos que se encontravam no local de responderem com cadeia caso tentassem ligar o som, o que fez os mesmo desmontarem o som e o palco abandonando o local do evento, o pessoal que lá estava embora revoltado não se deixou abalar, fez-se a distribuição da sopa e take away, bem como refrigerantes preparados para o evento, foi um acto memorável e gratificante ver a satisfação daquele pessoal, quero mandar um abraço a toda gente que esteve por lá e ajudou na actividade e em especial ao Drº William Tonet e a AMC pelo evento...
— com Ana Diogo New. Facebook

AQUI ESCREVO EU. William Tonet. Angola e as marcas da suspeição


Estava hoje a escrever o meu texto, quando recebi a pressão da redacção sobre a necessidade de se ter de fechar, no imediato, sob o risco da Gráfica não receber o jornal. Tive de parar pois estava a esgalhar um texto dedicado a Vaclav Havel, um homem revolucionário dos novos tempos na Checoslováquia, poeta e actor, que liderou uma revolução pacífica em prol da democracia. Abordaria em dois a eterna maka sobre a suspeição sobre a corrupção institucional em Angola, que beneficia apenas e exclusivamente meia dúzia de iluminados, alcandorados no poder.
Parei e disse continuar com o texto do Orlando Castro que se segue.

Deixem o “querido líder” em paz!

A Human Rights Watch (HRW) está a exorbitar as suas funções e, no caso do reino do “querido líder” Eduardo dos Santos (que alguns conhecem pelo nome de Angola), está a passar todas as marcas.

Orlando Castro*

Então não é que hoje a HRW exigiu (atente-se na desfaçatez) ao Governo de Angola que explique onde estão os 25 mil milhões de euros em falta nos cofres do Estado, relacionados com a petrolífera do regime, a Sonangol?
A organização de defesa dos direitos humanos escreve, em comunicado publicado na sua página online, que, apesar de o Governo de Luanda se ter comprometido a "aumentar a transparência das receitas do petróleo" e a "fazer uma auditoria à companhia petrolífera estatal", o "desaparecimento de 25 mil milhões de euros levanta questões sérias sobre os seus esforços e sublinha a necessidade de responsabilizar o poder público".
Vamos por partes.
A Sonangol não é uma empresa do Estado, nem de Angola e muito menos dos angolanos. É uma empresa do clã do “querido líder”. Querer que um regime totalmente opaco seja transparente é mais ou menos como querer que um bagre vire jacaré. Falar de responsabilizar o poder político é, no caso, o mesmo que pretender que as águas do rio Kwanza caibam num almofariz.
Adiante.
Segundo a Human Rights Watch, a soma em questão equivale a um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do reino. Pois é. Mas que significado tem isso? Se Angola é o MPLA e o MPLA é Angola, o PIB é apenas e só aquilo que o regime quiser.
A HRW recorda o relatório da quinta inspecção do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Angola, divulgado este mês, que indica que existem fundos estatais gastos ou transferidos entre 2007 e 2010 que não foram inscritos no orçamento.
Não foram nem tinham que ser. Desde quando é que os donos do reino têm de prestar contas, seja a quem for? Esse dinheiro vai para onde o “querido líder” quiser, nomeadamente para dar suporte financeiro à compra de um outro reino, no caso ao das ocidentais praias lusitanas.
O FMI conclui que as recentes acções do Ministério das Finanças angolano para monitorizar mais de perto a Sonangol, após a reforma legal de 2010, resultaram na descoberta de fluxos financeiros para contas estrangeiras acima dos valores que podem ser justificados pelas autoridades, no volume global de 7,1 mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros).
O FMI bem pode fazer as contas que entender. Mas todas elas resvalam na capacidade financeira do regime angolano que, um dia destes, ainda se chateia com todas estas histórias e põe a boca no trombone, mostrando ao mundo onde, como e para ajudar quem, foi utilizado todo esse dinheiro. E, bem vistas as coisas, ninguém está interessado nisso.
Uma das explicações que o FMI aponta para tal disparidade é a possibilidade de a Sonangol estar a "ocultar os fundos que recebe". Chamar ocultação ao uso desses fundos para os fins que o regime acha mais convenientes é, desde logo, uma forma de se imiscuir num reino que não tem explicações a dar a ninguém. Nem as dá aos angolanos, muito menos aos organismos internacionais.
A Human Rights Watch já tinha identificado uma discrepância anterior semelhante nos fundos angolanos - quatro mil milhões de dólares (três mil milhões de euros) de receitas petrolíferas que "desapareceram" entre 1997 e 2002 -, levantando suspeitas de "má gestão e corrupção".
Corrupção em Angola? Nesta matéria, entre 183 países, o reino do “querido líder” está na posição 168. Isso não significa, contudo, que seja corrupto. Basta ver as intermináveis filas de políticos e similares que se dirigem a Luanda para negociar com o regime, começando pelo Vaticano e terminando nos EUA, sem esquecer a China, a Alemanha e Portugal...
Ao mesmo tempo que regista "melhorias na gestão angolana do lucrativo sector petrolífero", a Human Rights Watch não deixa de criticar o governo de Luanda por "não responder adequadamente aos graves problemas económicos e sociais do país".
Se o reino angolano é isso que a Human Rights Watch diz, porque razão ninguém ouviu, ou ouvirá, Cavaco Silva dizer que 68% da população angolana é afectada pela pobreza, que a taxa de mortalidade infantil é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças?
Porque razão ninguém ouviu, ou ouvirá, Passos Coelho recordar que apenas 38% da população angolana tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico?
Porque razão ninguém ouviu, ou ouvirá, António José Seguro recordar que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade?
Porque razão ninguém ouviu, ou ouvirá, Pinto Balsemão recordar que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos?
Porque razão ninguém ouviu, ou ouvirá, Belmiro de Azevedo recordar que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino?
Porque razão ninguém ouviu, ou ouvirá, António Pires de Lima (Presidente da Comissão Executiva da UNICER e dirigente do CDS/PP) dizer que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos?
Porque razão ninguém ouviu, ou ouvirá, Jorge Coelho (Mota-Engil) dizer que, em Angola, a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos.
Porque razão ninguém ouviu, ou ouvirá, Armando Vara (presidente da Camargo Corrêa para África) dizer que 80% do Produto Interno Bruto angolano é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população; que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda?
Porque razão ninguém ouviu, ou ouvirá, algum dirigente dos três actuais maiores partidos portugueses dizer que, em Angola, o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder?
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