domingo, 4 de dezembro de 2011

José Eduardo dos Santos exonerou ministra da Energia e Águas. Quando a incompetência se reveza o mal continua


Kassinda Ngalula

A capital de Angola tem estado a passar por momentos “escurosos”, que não lembram nem a colonização portuguesa, em que tudo era “negrura, só negrura”, muito por culpa das políticas danosas do presidente da República, José Eduardo dos Santos, principal responsável pela situação, ao abrigo da “Constituição Jessiana”, uma vez ser ele o chefe do executivo e os ministros meros ajudantes.
Ainda que ele tenha encontrado “a pobreza do período colonial”, ele não tem o direito de manter agora e por mais de 32 anos do seu exclusivo consulado, todos autóctones na miséria, sem luz, água, pão e sal.
A falta de luz em Luanda e na maioria das províncias devem-se a ausência de uma estratégia de Estado e dos elevados índices de corrupção, responsáveis pelos desvios dos recursos financeiros de sectores primários como os da Energia, Água, Educação e Saúde, para contas pessoais de alguns dos principais dirigentes e seus milionários filhos.
Assim a exoneração da ministra da Energia e Águas, Emmanuela Bernardeth Afonso Vieira Lopes, por conveniência de serviço, no dia 30.11 é apenas mais uma tentativa de Dos Santos tapar o sol com a peneira e atirar sempre as culpas da excessiva centralização dos actos do Estado, para os outros, como se fosse uma sumidade, isenta de erros e defeitos.
A sua substituição pelo actual secretário de Estado, que antes teve um desempenho sofrível a frente dos destinos da EDEL, em nada vai mudar o quadro, pois o seu fraco peso político e protagonismo, vão colocar-lhe sempre e também, na condição de “yes man”; “SIM CAMARADA PRESIDENTE” a tudo.
A falta de energia em Luanda e no país, não parece ser tanto uma responsabilidade dos seus titulares, mas da política de Eduardo dos Santos, que tudo quer centralizar e concentrar, quer por desconhecimento dos dossiers, como da realidade dos sectores e país dirigido a distância, pois mesmo em Luanda ele não sabe a quantas andam os ministérios mais importantes, apenas visitados, quando o são, em datas de inauguração.
E o conhecimento que teve da situação em Luanda e motivou esta exoneração e intervenção deveu-se a reclamação de familiares, que também têm de comprar combustível, para abastecer os respectivos geradores. Igual comportamento não tem em relação ao governador de Cabinda, cuja província está às escuras, com a agravante de Mawete João Baptista, aconselhar os cidadãos que reclamam a comprar geradores, como se esta fosse a via de um país rico em recursos hídricos viver.
Mas Cabinda é longe, o Zaire, o Uige, Bengo, Kwanza Norte, Kunene, Huila, Namibe, Huambo, Bié, etc, estão distantes e são desconhecidas do roteiro presidencial, pois à 32 anos no poder sem nunca ter sido eleito, o cidadão que se intitula Presidente da República, nunca pernoitou duas noites numa das capitais destas províncias, para ver o que é escuridão, falta de água e outras questões básicas, que António Oliveira Salazar, chegou a fornecer mais, com menos recursos, até mesmo aos negros.
Assim a exoneração de Emmanuela Bernardett Afonso Vieira Lopes, que foi nomeada ministra da Energia e Águas em Fevereiro de 2010, não vai alterar o quadro, enquanto não for exonerado o verdadeiro responsável de todo este complexo e intricado sistema de desgovernação presidencial.
Este é apenas um acto banal, tendente a distrair os incautos em época pré – eleitoral, que acreditam estar o Presidente da República preocupado com os cidadãos. Não está! Basta ver o seu distanciamento para com a situação dos hospitais e escolas públicas, mesmo em Luanda, carentes de energia e água, tudo porque os seus filhos e dos seus ministros estudam em escolas privadas estrangeiras, no país ou ainda no exterior, onde também vão receber assistência médica, até mesmo para uma simples luxação.
Se em 32 de anos poder e 36 de governação do MPLA, Luanda não viu resolvida a questão da luz, não será em 2012, anos das eleições, que o MPLA já ganhou, sem a sua realização, com base no sistema da batota informática, que a luz acenderá nos musseques e casas dos que não têm a possibilidade de adquirir um gerador. Alias, para muitos esta fonte passou a ser a luz normal e a da EDEL a alternativa.
Desde o fim da guerra civil, em 2002, com a morte de Jonas Savimbi, apontado como o principal responsável pela falta de luz, com o derrube de postes de transportação de energia eléctrica que Luanda está a atravessar momentos conturbados de energia e há cerca de dois meses, um dos piores períodos no que diz respeito aos cortes no abastecimento de eletricidade e água. Assim esta exoneração de Emmanuela Vieira Lopes, que desde 2008 era ministra da Energia e em 2010, com a junção de dois sectores; os da Energia e Águas, passou a ministra deste novo pelouro em nada alterará o quadro, só possível com uma mudança de um regime que já esgotou todas as soluções e é a única força política que deve ser responsabilizada pelo descalabro da gestão económica e social do país, bem como da miséria que grassa a maioria dos autóctones deste torrão que se chama Angola.

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