sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Um dos maiores poluentes do ambiente. Regime Dos Santos converteu Angola num país de geradores



José Biniota*
O país alcançou a independência desde 1975. De lá para cá obteve muitos ganhos, como a paz que a bem pouco tempo foi conseguido com o fim do conflito armado em 2002.
Porém, para além da guerra que era um mal maior que tirava o sono precioso a este povo grandioso, associou-se nos dias de paz que vivemos um outro mal que veio como que antítese a outro mal: a energia eléctrica.
Hoje por hoje a falta e irregularidade no fornecimento de energia eléctrica preocupa a maioria dos cidadãos angolanos, que falam dela como se falava da guerra.
Recorde-se que houve crianças que cresceram com a convicção, face a explicação do regime, que a falta deste bem maior se devia ao derrube dos postes de alta transmissão de luz, por parte de Jonas Savimbi. Este morreu faz 9 anos e a crise vem aumentando, colocando a nu a mentira, cuja verdade está aliada a má gestão e falta de um plano director.
Como é possível um governo que diz ter conseguido sozinho, com a sua inteligência, cessar a guerra não consegue resolver a curto prazo um problema primário que é o da energia eléctrica em tempo de paz?
Notamos que este mal já vem de algum tempo a esta parte, mas de forma suave, tendo-se agudizado à cerca de 12 meses atrás. É um mal não sectorial, mas abrangente, ou seja, vivenciado nas 18 províncias do país, uns com maior densidade como: Cabinda e Luanda, outros com menor incidência como as demais.
O uso de gerador tornou-se um mal que atinge a alta, média e baixa sociedade. Hoje, se formos a Cidade Alta vamos encontrar o barulho de geradores, igualmente a um qualquer ministério, Repartição do Estado, etc.
Para os que não possuem gerador ou este encontra-se avariado, os serviços param ou suspendem-se como aconteceu recentemente na casa das leis, na Rádio Nacional e noutros serviços da Administração Pública do Estado.
É uma síndroma que está institucionalizado, e os exemplos emergem diante dos nossos incrédulos olhos, num país rico em bacias hidrográficas: o Presidente, o vice-Presidente da República, os ministros, os governadores, os administradores, todos governantes sem excepção, incluindo os diplomatas estrangeiros, usam geradores nas suas casas.
Depois são secundados por todos quantos ligados aos sectores médios e intermédios têm possibilidade de o adquirirem, evidenciando um mal de domínio público e uma incapacidade de gestão governativa.
Como resolver este problema? Basta a denominada vontade política, não a abstracta mas a concreta, ou seja, a determinação firme de fazer, «facere» a partir de actos concretos isentos de qualquer carga ideológica.
Num país normal, diga-se em abono da verdade, o que o povo está a viver com a falta de energia eléctrica duradoira, daria lugar não a exoneração mas a demissão de todo o governo, no caso concreto do executivo, porque o problema é deste órgão incapaz de encontrar uma solução a uma questão tão importante como é o da energia eléctrica.
Fazendo uma leitura atenta dos factos e das falsas promessas políticas, verificamos não haver um plano concreto e global, mas soluções paliativas, que não resolvem os problemas estruturais. Tanto que no seu mais recente discurso a Nação, o chefe do Executivo, José Eduardo dos Santos, solicitou um cheque em branco a população do tipo: “VOTEM EM MIM EM 2012 QUE EU EM 5 ANOS CONSIGO RESOLVER O PROBLEMA DA ENERGIA ELÉCTRICA”.
Santa cruz a nossa. Ter de esperar até 2017, para ver parte da solução e 2025 a resolução global, segundo mais uma promessa idosa.
Infelizmente, pese a fraude, a não realização dos planos, grande parte do povo, mesmo sabendo da tragédia que vive pela falta deste e doutros bens preciosos, na altura da decisão definitiva, deixam-se levar pela propaganda das cervejas e camisolas, depositando os seus votos, na manutenção no poder de quem mas lhes castiga, esquecendo-se da política desastrosa de governação.
O fornecimento da energia eléctrica é da responsabilidade do Executivo, mas hoje passou a ser privada na medida em que é o próprio cidadão que compra o seu gerador com os parcos recursos financeiros que recebe do seu salário. Entretanto, tal como o Estado assume o compromisso de iluminar algumas vias públicas com o recurso a geradores, assim também deveria, fazer nos bairros da periferia de forma a cobrir a carência de energia eléctrica que vivemos e que vai envergonhar a governação de Eduardo dos Santos até 2017.
Imagens: A dos dois monstros geradores, é na zona do Zé Pirão, Luanda, prédio da Isabel Santos., com piscina.
A dos muitos geradores: Grupos Geradores que fornecem energia acidade do Lubango, Angola
mybelojardim.com

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