quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Governo tem até julho para apresentar candidatura de ruínas de Mbanza Kongo


A coordenadora da candidatura das ruínas de Mbanza Kongo, a património da humanidade afirmou no 07.12 que o Governo tem até julho de 2012 para apresentar o dossier à UNESCO e considerou que já existem indícios para sustentar a inscrição.
Segundo a arqueóloga Sónia da Silva António, coordenadora do projeto “Mbanza Kongo, cidade a desenterrar para preservar”, do Ministério da Cultura angolano, decorrem atualmente os trabalhos de escavação na área classificada da cidade de Mbanza Kongo para procurar as provas arqueológicas de que a antiga capital do reino do Kongo tem um valor universal excecional.
Formado no século XIII, o reino do Kongo tinha seis províncias e ocupava parte dos atuais territórios de República Democrática do Congo (RDC), Congo Brazzaville, Gabão e Angola. Mbanza Kongo ainda hoje preserva as ruínas daquela que pode ter sido a primeira Sé Catedral erguida ao sul do Saara, denominada Kulumbimbi e construída no século XVI, testemunha da presença portuguesa na região.
Sónia António, que se encontra em Mbanza Kongo acompanhada de dois arqueólogos da Universidade de Yaoundé, Camarões, para mais uma missão científica, reconheceu que ainda há muito por pesquisar, mas que existem já indícios que podem sustentar a inscrição das ruínas na agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Admitindo que os trabalhos arqueológicos possam levar anos, Sónia António afirmou que enquanto decorrem as escavações se podem ir canalizando as provas já obtidas ao comité do património mundial.
Entretanto, para acelerar os trabalhos, será necessária a utilização do método de prospeção geofísica e não a prospeção pedestre, que está ser empregue até agora: “Vamos contar dentro de sete dias com uma empresa especializada em prospeção geofísica para identificar com radares onde estão situadas as estruturas soterradas da cidade de Mbanza Kongo”.
Segundo a especialista, a prospeção geofísica permite identificar com rapidez e maior precisão as estruturas existentes debaixo da terra. Segundo fontes bibliográficas de que dispõe a equipa, a cidade tinha 12 igrejas, conventos, escolas, palácios e residências que deverão ser facilmente identificados com o sistema de radares.
Os 50 hectares da área de proteção das ruínas deverão sendo progressivamente alargados em consequência das escavações arqueológicas, já que até agora se desconhece até onde se estende a parte histórica da cidade.
Sónia António manifestou-se preocupada com a falta de quadros especializados, já que em Angola há apenas dois arqueólogos, o que tem levado a equipa a recorrer a especialistas de universidades europeias, africanas e americanas.
O projeto “Mbanza Kongo, cidade a desenterrar para preservar” tem sido financiado pelo Estado angolano e por empresas petrolíferas, mas a coordenadora afirma que todas as ajudas são bem-vindas, porque a arqueologia é uma ciência cara, que emprega alta tecnologia e profissionais especializados.
Caso Mbanza Kongo venha a ser declarada “património mundial”, a cidade vai contar com um centro de pesquisa e interpretação sobre o Reino do Kongo.
O projeto "Mbanza Kongo, cidade a desenterrar para preservar", foi lançado em 2007 e visa a preservação do património e, em última instância, o reconhecimento de Mbanza Kongo como património mundial. As ruínas de Mbanza Kongo são um dos onze sítios inseridos na lista indicativa de bens angolanos a património mundial da UNESCO.
Imagem: Postal ilustrado de Mbanza Kongo, as ruínasa primeira igreja católica da ...
abola.pt

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