sábado, 31 de dezembro de 2011

Fórum Independente dos ex-Militares de Angola


A nação que não honra os seus heróis é uma nação pária composta de malfeitores. – Nelson Mandela.
“Angola é governada por gangsters”. – Rafael Marques

Nguituka Salomão

A imediata proclamação de um Fórum Independente dos ex-Militares ou ex-Combatentes de Angola (FIEMA ou FIECA não importa a designação, desde que seja independente), impõe-se HOJE mais do que nunca no atual quadro politico de Angola, para salvaguarda dos merecidos e justos interesses de uma classe que TUDO TEM A VER com Angola e com a “paz que nós estamos com ela”. É absolutamente necessária para a recuperação da dignidade daqueles que praticaram com muita audácia e fogosidade o Patriotismo, com abnegado e verdadeiro altruísmo, suor/dor e bastante sangue vertido, e que de uma forma dolorosamente traiçoeira foram abandonados, esquecidos pelos antigos companheiros de trincheira que hoje constituem uma classe/casta especial, a classe governante do País. Definitivamente os antigos militares/combatentes e veteranos da Pátria são aqueles a quem TODOS ficam a dever e que todos deviam venerar com fundamentado orgulho.
Não importa a ideologia ou o movimento/partido apoiante ‘a que militaram’, TODOS os ex-militares, antigos combatentes da primeira guerra de libertação, e todos aqueles que sofreram na carne de vários modos a fúria da opressão colonial por manifestar de uma forma subtil ou ostentosa o seu apoio a luta de libertação colonial, por integrar células clandestinas de apoio a luta de libertação, ou por manifestar o seu ódio ao sistema e ‘integrar’ as prisões coloniais como preso politico, e também aqueles que com arma na mão ‘integraram’ a segunda guerra e “tantas quantas houve” de todos os movimentos e matiz politica, deveriam estar unidos numa verdadeira associação independente de qualquer partido ou instituição politica, que defendesse com realidade os interesses da classe, independentemente da raça, credo religioso, atual filiação partidária ou lugar de nascença, o único e valido denominador comum, deverá ser; o ter prestado apoio a libertação da Nação ou serviço militar.
Hoje vemos e ouvimos de indivíduos que no passado tinham uma ‘aversão doentia’ quanto a participação nas varias revoluções que tiveram lugar em Angola, ouviu-se de indivíduos que desprezando o nacionalismo dos seus correligionários, acomodaram-se consciente e voluntariamente na cooperação com o sistema colonizador por integrar a PIDE/DGS (Policia Internacional de Defesa do Estado/ Direção Geral de Segurança), e outras estruturas afins de repressão tais como a OPVDCA, denunciaram despudoradamente e ‘malharam’ com toda a força os seus compatriotas em nome de um sistema a todo os títulos depravados para a esmagadora maioria das populações de Angola, após a instauração do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 em Portugal, muitos deles preferiram acompanhar o movimento ‘ascendente’ de milhares de colonialistas portugueses para Portugal, outros sem qualquer pejo e com a maior cara-de-pau, manifestaram um insipido ‘arrependimento’ verteram algumas lágrimas de crocodilo, integraram os chamados movimentos de libertação, sabe-se que ao MPLA coube a maior fatia destes ‘judas’ em nome de uma pretensa reconciliação a todos os títulos bizarra e insultuosa para a memória das vitimas e de seus familiares.
Samora Machel e a sua FRELIMO em Moçambique, deram o tratamento devido a estes ‘vírus’, o MPLA concentrado na sua luta contra os outros movimentos acolheu-os no seu seio, porque na sua maioria e sempre que a ocasião se propiciasse a FNLA e a UNITA deram o devido corretivo e tratamento a tais ‘vírus’; ‘olho por olho e dente por dente’ - deram-lhes o troco do preço da vil traição. Alguns deles tiveram e ainda têm importantes cargos nos inúmeros governos sob o mando do MPLA. Muitos deles são oficiais generais, a usufruírem benefícios de que nunca fizeram justiça, depois de no passado quais agentes-toupeiras das autoridades colonialistas, desferirem golpes demolidores aos movimentos de libertação e estiveram na origem da morte de muitos dos melhores filhos de Angola e localizaram-se na base da obstrução do desenvolvimento da luta de libertação no geral e na mora do sistema colonial.
Os integrantes da luta de libertação colonial, diferentemente da ‘classe de bufos e traidores’ antes mencionados, na sua esmagadora maioria filhos de camponeses e operários, a classe que no ‘linguajar’ de Marx constituíam a ‘classe mais oprimida’, sentiram-se atraídos a integrar a luta de libertação Nacional, com o intuito de expulsar o colono e o colonialismo do nosso solo Pátrio e assim melhorar as condições de vida dos autóctones. Muitos destes filhos abnegados da Pátria tombaram com a arma na mão, outros prosseguiram altruisticamente com a intenção alvo, alguns caíram prisioneiros das forças colonialistas, integraram as famosas FLECHAS os GE’s etc., e na primeira oportunidade já nestas vestes, voltaram a integrar a luta de libertação e deram continuidade a luta, porem na sua maioria dos que integraram tais famigeradas forças, ‘malharam’ com ‘toda a raiva’ nos antigos companheiros, denunciaram a localização das bases militares, o sistema de abastecimento logístico e as rotas operacionais, tal como um ilustre ‘individuo’ que chegou a ocupar um importante cargo militar, oficial general, embaixador e posteriormente um importante cargo ministerial e homem de confiança de JES.
Faty Veneno comandante heróico, quando se viu prestes a ‘cair prisioneiro’ suicidou-se com uma bala na cabeça, um outro lendário comandante na primeira região politico militar do MPLA, quando perseguido e ferido pelo inimigo, pediu aos companheiros que o sacrificassem para não retardar a marcha, e que os companheiros fizessem tal com um punhal, (porque o tiro denunciaria a posição e localização do grupo) cortando-o a garganta, preferiu enfrentar a dor extremamente horrorosa de um punhal cortar-lhe as goelas do que cair nas mãos do inimigo, até na hora da morte pensou na segurança dos seus companheiros, suas ultimas palavras foram de encorajamento aos companheiros, e que estes não perdessem o ânimo, pois a LUTA CONTINUA e a VITÒRIA È CERTA assegurou-lhes antes de expor o pescoço ao companheiro a quem coube a ingrata missão.
Quem esta hoje a beneficiar do supremo sacrifício dos nossos heróis mortos e vivos?!.. Na sua maioria Indivíduos ‘espertalhões’ que sempre encontraram um motivo para ‘esquivar-se’ do epicentro da luta de libertação, da revolução, rumaram para o exterior, traíram os companheiros e ressurgiram tempos depois com ‘palavras de ordem’ bombásticas e discursos ‘lamacentos’ e ardilosos, lambedores profissionais de botas, bajuladores de craveira, continuaram a trair os supostos companheiros, galgaram a ‘pedrada’ traiçoeira, a força de muita hipocrisia e violenta intriga os patamares da hierarquia do partido estado burocrático, que ‘expulsou’ sim os colonialistas e preservaram cínica e maleficamente o ‘colonialismo’ para exclusivo benefício da ‘casta’.
Estes ‘novos revolucionários’ ou revolucionários da nova estirpe (o JR – do Jornal de Angola - bajulador chefe a cabeça), calejados no estigma da traição e da intriga, trataram de se insinuar nos meandros do poder formados de indivíduos ‘matutos’ ansiosos de usufruírem as benesses do capitalismo, mesmo quando as palavras que saiam da sua boca queriam dizer ‘socialismo vertido no sociolismo’ e já no interior desta classe organizaram com astúcia ‘underground’ seminários de formação cujo tema foi; OS BENEFICIOS DA TRAIÇÃO, os formandos aprenderam e assimilaram rapidíssimo as lições ultrapassando até em alguns casos os formadores, para júbilo redobrado destes. O povo continuaria lixado, o rico tornar-se-ia cada vez mais rico, tal como no passado colonial, o sistema continuaria criminosamente intacto e tornar-se-ia mais violento, pois os mentores estavam assim determinados.
Vemos indivíduos que nunca envergaram uniforme nenhum de nenhum movimento nacionalista de nenhuma causa nacional, integrados no sistema de reforma e pensão militar, estes na sua maioria são filhos, afilhados, enteados, amantes dos anteriormente citados, cuja prole herdaram os genes da traição e do desprezo aos interesses da Pátria e do Povo dos seus luciferinos progenitores, e que processaram a refinação de tal demoníaca herança com criminosa perversidade e estultícia camuflando-o com a resolução dos problemas do povo. Assim trataram de banalizar a importância dos ACVP (Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria) esvaziaram por completo o seu conteúdo, quando ex-agente da PIDE ou um indivíduo que nada fez em prol da libertação da Pátria, usufrui avultada quantia mensal dos cofres do Estado designado a CSSFAA ou qualquer outra rubrica dedicada aos ACVP, e os que realmente deram o seu contributo arrastam-se miserável na existência da amarga vida, comendo da mão do diabo o pão que amassou, é porque a categoria de ACVP esta premeditada e decididamente trivializada.
Não se compreende como o(s) filho(s) de JES, Zenu dos Santos, é General, (dizem que o Cantor é Brigadeiro) a esposa de JES Ana Paula ostenta a patente de Brigadeiro, e tantos outros por esta Angola fora e ‘adentro’, como o administrador do município de Viana, Sr. Zeca Moreno alardeia a patente de Coronel, e o Sr. Jeremias Dumbo, deputado e antigo primeiro secretario provincial do MPLA-JES na província de Benguela (só para citar estes exemplos, devem ser aos milhares) ostenta de igual modo a patente de Coronel e inscritos ou a beneficiar da Caixa de Segurança Social das FAA (CSSFAA).
Cidadãos que deram bastas provas de patriotismo e lealdade á Pátria, vegetam hoje nas ruas da amargura, bem como os seus herdeiros, lembro-me dos herdeiros de Tomaz Ferreira (Bomboko) e os descendentes dos finados fundadores da UNTA; Mbidy e Seke Leonardo, só para citar para exemplo.
Esta definitivamente provado que a classe política dirigente na atualidade que compõe o executivo, não estão interessados na atribuição de um “pacote de recompensa” decente para os Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria em particular e nos ex-militares no geral. JES e Dino Matross deram o mote, declarações públicas tais como; “Nunca vamos reconhecer quem lutou contra nós” e interpretado na prática com a distribuição de uma dúzia de medalhas só aos representantes de uma única ala, afirmam com toda a segurança, que para estes o “status quo” deve prevalecer, isto é a continuidade da corrupção “e o resto que se lixe”. O MPLA-JES é mestre na arte de dividir para melhor reinar. Divididos não seremos nada unidos temos a força da Nação.
Portugal até hoje continua a agraciar os ex-militares da chamada guerra do ultramar 36 anos após o término e descolonização das colónias, incluindo os PIDE’s, FLECHA’s, OPVDCA, GE’s etc., assim há ‘espertalhões’ a receberem ‘compensações’ militares cá & lá. França o ano passado prestou homenagem ao último maquisard sobrevivente da resistência contra as forças nazis 67 anos depois do término da 2ª guerra mundial. Africa do Sul, continua a prestar assistência e pensão aos ex-militares de todos os quadrantes, aos ex-combatentes do ANC, do PAC e do sistema do Apartheid (os ex-algozes dos combatentes da libertação). Zimbabwe o ‘boçal’ do Bob Mugabe, faz o que faz porque tem o apoio da esmagadora maioria de ex-combatentes, a quem o Estado ‘astutamente’ presta especial atenção (da antiga ZANU e da ZAPU), porque não acontece o mesmo em Angola?
Em Angola A LUTA CONTINUA, ainda não acabou: este é o apelo para todos os ACVP e ex-militares em geral. NÃO A BANALIZAÇÃO da ‘classe’.
Em Angola JES e o seu MPLA, confiam na fraude na trapaça e na mentira, ano apos ano vão debelando as expectativas dos antigos combatentes com promessas dilatórias e vão ‘contentando’ uns poucos para debelar a merecida compensação da inteira classe. Fala-se em construções de condomínios ou bairros residenciais para os antigos combatentes e veteranos da pátria em quase todas as províncias, o que vai acontecer?.. O mesmo que aconteceu com a promessa de um milhão de casas, e o mesmo que esta acontecendo com a chamada centralidade do Kilamba, se não proclamarmos um FIEMA estas promessas vão continuando cair no saco roto, ou vai cair nas mãos da Máfia, vão ‘calar a boca’ a meia dúzia e o resto vai continuar a “xupar no dedo”, pois que eles sabem que ano após ano, largas centenas de ex-combatentes acabam por morrer pela “força da planificada miséria e da mãe natureza” isto é morte natural, e é precisamente isso que eles querem, até que já não reste ninguém para contar a história nem tão pouco para exigir nada.
Que proclamemos e já um Fórum Independente de Ex-Militares de Angola, para a sobrevivência e dignidade da classe.
“Eles querem comer tudo e não deixarem nada.”.- Profetizou o cantor

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