quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Discurso oco num jardim que esconde fossa céptica


No passado dia 28 de Dezembro de 2011, o presidente José Eduardo dos Santos veio a público gratificar os angolanos com o seu habitual, clássico, inalterado e aparentemente inalterável discurso de fim de ano.

Não disse nada. Falou de intenções, de coisas feitas, que estão à vista, e de projectos em carteira, sendo a sua esmagadora maioria exactamente os mesmos projectos que em 2010, 2009, 2008, 2007 e por aí fora, numa viagem sem surpresas a um longínquo passado. Estamos, não todos, nós, os pobrezinhos, estamos na estaca Zero!

William Tonet & Arlindo Santana

Mas isso JES não disse. Reiterou a sua convicção de que “mais do que aquilo que fizemos ninguém podia fazer” e, não ousando prometer mais um milhão de casa (isso fica para mais tarde, quando arrancar a campanha eleitoral), jurou, como se fosse por tudo quanto há de mais sagrado, que 2012 seria o ano de concretização de um grande sonho angolano: ÁGUA PARA TODOS (!!!).
O F8 desde já aposta um kopec contra uma grade de coca-cola (ler o “A Quente” sobre a publicidade da coca-cola), que nem em 2014, nem em quinze, se calhar nem nos anos dois mil e vinte, com este presidente e regime haverá água para todos os angolanos!
Dizemos isto porque, no nosso entender, para o nosso presidente, a expressão “todos os angolanos” não é a mesma que a nossa, aqui a do Folhinha: para nós, todos os angolanos são todos, inclusive os Koisan, enquanto para JES, parece-nos que não seja esse o seu conceito…
Quanto ao discurso do presidente, dado o sofrível e habitual nível, o melhor é ficarmos por aqui, pois arriscamo-nos a ter mais um processo em cima e mesmo que em 2050 ainda não haja água para todos (como está em risco de acontecer se esta gente continuar a mandar em Angola) vamos ter que pagar caro a divulgação deste nosso augúrio.

O verdadeiro estádio da Nação
Dos Santos e o seu gabinete tiveram um desempenho péssimo. O ano está a terminar mas a maioria da população está na penúria. O gabinete criado para arredondar ângulos e dar a volta a fins de mês difíceis, para não dizer, dificílimos, trouxe projectos, juras e promessas, negócios, condomínios, centralidades (sic), enfim pouco, muito pouco para os mais carentes.
Alguns ministros foram exonerados, é verdade, mas nada de novo veio em sua substituição.
Dos Santos fez 32 anos de poder e nunca dormiu dois dias numa província.
Em 2011 continuou sem conhecer Angola, mas lá conseguiu comprar uma cidade, grande, bonita, a cheirar a novo. É obra mas ela está desabitada, tem as corujas, os gatos e umas boas ninhadas de ratos, mas, ao que soubemos ainda não foi vendida uma única casa a um cliente, em boa parte, diz-se, porque JES ainda não negociou o valor com o seu real dono, Pierre Calcine Falcone.
No que toca ao dia-a-dia do mwangolé já estamos no desastre anunciado.
A luz está cada vez pior, com esperanças insensatas de resolver o problema a breve trecho; a água, inexistente na maioria das torneiras, está a chegar a breve trecho; o desemprego é galopante, mas haverá milhões de novos postos de trabalho a breve trecho; o país é apresentado nas estatísticas como estando a crescer, mas ao virarmo-nos para o lado da Angola real, os autóctones estão a afundar-se na desgraça e a olhar de longe, cada vez mais ao longe, uma política bestial!
E a corrupção está a aumentar todos os dias de braço dado com a discriminação e a partidarização.
Com efeito, politicamente o MPLA continua a investir na divisão dos partidos e o ano de 2011 acaba como um outro ano anterior qualquer - dá para ir até à Dipanda -, um ano em que no meio do povo vai mandando o medo de ser empurrado para a sarjeta, o que tem por efeito ele, o povo, ter já começado a manifestar-se contra os direitos roubados pelo poder; os jovens estão na liderança das manifestações e dizem que 32 anos de liderança sem votos de dos Santos é muito, é demais, fora do poder; a educação está ruim e os filhos dos dirigentes, todos ou quase todos, estão no exterior, até mesmo os dengues dos que dirigem a Educação; a Saúde está também bastante mal e nenhum hospital está preparado para receber pessoas, muito menos os dirigentes, pois tudo o que eles fazem é de 3 categoria para o povo, e eles vão é para o exterior à mínima alerta de doença, com aviões, jactos, ambulâncias preparadas se for preciso (vejam o exemplo de Lula e de Mandela, que doentes, tratam-se em, hospitais dos respectivos países).
A maior vitória de Dos Santos em 2011 foi aumentar o preço dos produtos, dir-se-ia subiram os preços como se fosse de propósito para que o povo passe fome e os restaurantes sejam somente para europeus tal como a cidade é, transformando-a na mais cara do mundo.
Luta contra a pobreza, não!...
Tudo é luta contra os pobres!
Vamos abandonar o ano de 2011 para entrar em 2012.
É o ano da batota eleitoral, em que o regime vai atirar-se contra toda a oposição, sociedade civil e jornalistas que não o bajulem; prendendo ou assassinando, para continuar com o lema: ROUBAR É UM DEVER REVOLUCIONÁRIO.
Só nos resta uma esperança, que Deus nos proteja…e nos envie verdadeiros pastores, que não se deixem corromper pelos dólares do poder, como Judas fez, quando traiu Jesus Cristo.

Um comentário:

  1. Esta será a maior das realizações:

    o MPLA vai ganhar as próximas eleições

    com uma larga vantagem,

    aproximando-se ou ultrapassando assim

    a muito elevada margem

    conseguida pelo Sadam Husseim.

    O Zédu todos o vão reconhecer

    como o herdeiro do Querido Líder.

    António Kaquarta

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