quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Para você saber. Marta Fernandes de Sousa Costa


A amiga perguntou, entre surpresa e escandalizada: “Mas a Casa de Santo Antônio do Menor não é uma ONG, é?” _ colocou ênfase no “é?”, como quem deseja, mais que tudo, receber um “não” em resposta. Entendi a sua perplexidade: as ONGs são tão mal faladas, por tudo que algumas aprontam, que é natural o receio de ser confundida com aquelas.
Mas ONG é sigla de “Organização Não governamental”, nome atribuído a toda associação não pertencente ao governo, formada por um grupo de pessoas, com um propósito em comum e sem fins lucrativos. Não há desdouro nenhum em ser ONG, portanto. Ao contrário, pertencer a uma ONG, contribuir para o seu desenvolvimento, em qualquer forma, é próprio de pessoas que se interessam pelas outras, compreendem as dificuldades alheias e lutam para minorá-las.
Há ONGs que se dedicam ao trabalho com a velhice, outras se voltam à infância marginalizada ou aos jovens reféns das drogas; algumas se preocupam com crianças e jovens com necessidades especiais; outras ensinam os passos para abandonar o vício da bebida. ONGs mobilizam a sociedade em campanhas para distribuir entre os menos favorecidos o alimento que sobra em muitas mesas, a roupa esquecida no armário, o brinquedo (em bom estado) que deixou de agradar. Muitas cuidam da saúde e da proteção à natureza; dedicam-se a pesquisas na área da Medicina.
ONGs fazem o trabalho que pertenceria ao Estado e que o Poder Público, seja Federal, Estadual ou Municipal, sozinho, não consegue realizar. ONGs são importantes, portanto, e seu desempenho imprescindível. Por isso, em algumas situações de risco, o Estado pede o auxílio de determinadas ONGs para prestar de forma mais ampla determinado atendimento. Em outras ocasiões, são as ONGs que solicitam a parceria do Estado, através de verbas que possibilitem melhorias no atendimento ao público visado.
Em quaisquer dessas circunstâncias, projetos são apresentados, contratos assinados, prestações de contas entregues mensalmente, além de o trabalho ser vistoriado, proporcionando ao Estado a certeza de que a verba está sendo usada de forma correta e para os fins que foi prevista.
Acontece que, enquanto as pessoas honestas cumprem à risca o combinado, fazendo até mais do que foi acertado, outras são especialistas em “meter a mão” no que lhes foi concedido para gerenciar. E são essas ONGs de má fé que atrapalham a vida das idôneas, provocando perguntas como a da amiga, desejosa de que a Casa de Santo Antônio do Menor não fosse uma ONG. Só que ela é, com muito orgulho, ciente de que é uma honra ser antiga creche, alçada à condição de escola de educação infantil, por convênio firmado com o Governo Federal, reconhecido seu trabalho com crianças que não teriam acesso aos bancos escolares, sem a existência de entidades sem fins lucrativos como essa.
A revista VEJA, na edição de 9 de novembro de 2011, mostrou que as ONGs “do mal”, como aquelas que minaram os Ministérios do Esporte e do Turismo, embora em flagrante minoria, fizeram às outras enorme desserviço, por mancharem seu nome, perante a mídia. Qualificou como enorme injustiça o atendimento que todas passaram a receber, inclusive por parte do Poder Público.
Mas as organizações não governamentais idôneas, aquelas com endereços conhecidos, portas abertas para serem visitadas, anos de atendimento comprovado e qualificado, não receiam ser reconhecidas como ONGs, pela certeza de que a comunidade reconhece e aprecia o seu trabalho.
*www.martasousacosta.com

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