As instituições do Estado, isso toda a gente sabe, são partidárias, camaradas bem “fiches”; mais de 90% dos empresários são, pelo menos de fachada, simpatizantes (menos que isso é proibido), amigos (isso já é melhor), ou militantes do MPLA; os eleitores que se dizem fiéis são mais que as mães, contam-se por milhões entre 5 e 8 milhões.
O resto, quer dizer as potências comerciais, industriais e praticamente todos os órgãos de comunicação social, Rádio Nacional, Jornal de Angola, Angop, emissoras provinciais, fazem serviço partidário, só dois jornais ainda não foram comprados pelo regime, F8 e Agora, e existem duas FM, mas só transmitem para Luanda por serem vozes ainda não totalmente controladas: as Rádio Despertar e a Ecclésia
No que diz respeito às Telecomunicações, aí entramos em pleno festim do “Rei Leão” Dos Santos. Na aviação comercial a maioria das companhias é também dos membros do partido no poder ou de generais, do mesmo modo que a Ghassist, empresa aeroportuária de assistência em terra; as empresas de publicidade, de transportes terrestres, o futuro Caminho-de-Ferro de Benguela, as minas de diamante, os petróleos, as agro-pecuárias…As fazendas de luxo, o gado bovino, caprino e ovino, os seus seguidores e pastores, as pastoras, os sobas, os donos dos mercados, formais ou informais, os bancos, as bancas, as bancadas e os que fazem fila para serem dirigentes de bancadas, no Desporto, na Cultura, nas Artes Plásticas, no Cinema, no Teatro, na Pantomina e no Carnaval, tudo gente que se diz ligada ao “Éme”.
Verdadeiramente aterrador!
Só falta falar dos hotéis. Os hotéis são importantes para todos os candidatos. Em Angola, é muito simples, Hotéis, né? São quase todos do MPLA. Em Luanda, os mais importantes, o Trópico, o Alvalade, o Turismo, o Presidente e mais ou menos tudo o resto, são do MPLA; e das gráficas que vêm por aí aparecendo para ocupar um deserto sem gráfica, as maiores são a Darmeir e a Sopol, e não é preciso ser bruxo para adivinhar de quem são: são do MPLA. E as outras têm controlo com rédea curta, estamos a falar da Litotipo e da Offsett.
Estamos em que país? Eis o que se impõe como boa pergunta.
Num cenário como este nem dá vontade de ir a eleições.
Mas para quê?
Só se for para aceitarmos pôr-nos de joelhos à frente de um ditador camuflado em democrata, um personagem de opereta que é o autor do guião, encenador, realizador, promotor, actor principal e tesoureiro das receitas do SEU espectáculo!
Enfim, tudo demonstra que não será desta vez que sairemos da cepa torta, nada será possível alterar, a não ser que o antigo espírito de lealdade do MPLA consiga vir ao de cima contra a vontade da elite “Jurássica” que por enquanto o dirige, o que é, infelizmente, mais que improvável.
O que veremos será uma repetição, aprimorada, do que se passou em 2008. Haverá batota, isso é certo, por tudo ser deles e eles controlarem a totalidade das alavancas políticas, económicas e financeiras do Estado. O balanço, nesse domínio, é verdadeiramente assustador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário