Pobreza energética também é sinónimo de pobreza económica, afirmam diversos especialistas mundiais
Apesar do enorme potencial energético de África, dois terços da sua população está sem acesso a energia, um défice que exige “investimentos massivos”, defendeu no 01 em Maputo, Elham Ibrahim, comissária para Infraestruturas e Energia da União Africana, descrevendo ainda o fraco acesso da população à energia como “inaceitável”.
Elham Ibrahim fez estas afirmações na abertura da Conferência de Ministros da Energia de África, que decorreu em Maputo, sob o lema “Promoção do Investimento para o Desenvolvimento de Infraestruturas Energéticas em África no Contexto de Desafios Climáticos”.
Elham Ebrahim enfatizou que “é contraditório e até inaceitável sob o ponto de vista social e económico que dois terços da população africana não tenham acesso à energia, num continente com enormes recursos energéticos”.
Acrescentou ainda que, “para inverter isto, são necessários investimentos massivos, porque o défice energético africano afecta a competitividade do continente, pelos altos custos de transacção que acarreta, e emperra o desenvolvimento económico e social”.
A comissária para Infraestruturas e Energia da União Africana advogou o empenho dos governos na integração regional do sector energético, como forma de criar sinergias que permitam o desenvolvimento e a disponibilidade da energia para mais franjas da população.
Por seu turno, o primeiro-ministro moçambicano, Aires Ali, que fez a abertura da reunião, também apontou “a mobilização de recursos avultados, públicos e privados” como prioridade, para “o prosseguimento da expansão de infraestruturas de produção de energia, transporte e distribuição de energia eléctrica”.
O primeiro-ministro moçambicano afirmou estar convicto que "uma solução assente na diversificação da matriz energética e no uso de tecnologias de baixo custo proporciona oportunidades para o alcance dos objectivos preconizados na agenda da luta contra a pobreza e promoção do desenvolvimento sustentado”.
Ao longo dos próximos quatro dias, ministros e peritos do sector da Energia africanos vão debater temas relacionados com os progressos registados pelo continente no acesso à energia, financiamento às infraestruturas energéticas, eficiência energética e regulação do sector.
Também o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) considera que a sustentabilidade do crescimento da economia e do combate à pobreza em África está em risco devido ao défice energético do continente.
“Se por um lado as economias africanas têm mostrado habilidade para se recuperarem das crises que têm afectado o mundo nos últimos anos, por outro lado, a penosa falta de infraestruturas, em particular, na energia, colocam um mais sério perigo para a sustentabilidade do crescimento e erradicação da pobreza no continente”, considera Bobby Pittman.
Segundo o vice-presidente do BAD, África vai crescer cinco por cento em 2011, traduzindo um avanço sobre a recessão vivida por causa das crises internacionais dos últimos anos, mas manter essa tendência para o futuro impõe grandes investimentos no sector energético.
“Por isso, o esforço de África deve ser focado no acesso à energia, baseado na utilização eficiente de todas as fontes energéticas. A diversificada base de recursos energéticos do continente, incluindo as fontes hídricas e energia fóssil, oferecem uma oportunidade para a construção de uma estrutura mista de desenvolvimento energético”, considera Bobby Pittiman.
Como parte do seu papel na promoção do acesso universal à energia, o BAD disponibilizou mais de 14 biliões de euros desde 2000, para a implementação de projectos energéticos, referiu ainda o vice-presidente do BAD.
Também a agência das Nações Unidas para o sector energético, (UNECA), considera haver uma ligação entre “a pobreza energética e a pobreza económica”, defendendo por isso mais investimentos no domínio da energia.
“As infraestruturas, incluindo as energéticas, são um requisito chave para o desenvolvimento económico. Há uma combinação inegável entre a pobreza energética e a pobreza económica e social”, disse Jennifer Kargbo, na ocasião.
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