quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Angola recomenda para Portugal rapidamente e em força


A crise portuguesa é vista como uma oportunidade para as empresas angolanas, diz Aguinaldo Jaime, presidente da angolana Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP). Entre pratos vazios e "peixe podre e fuba podre", os portugueses que escolham. A crise financeira, bem como todas as outras que lhes estão subjacentes, pode ser uma oportunidade para as empresas angolanas se expandirem em Portugal e as empresas portuguesas crescerem em Angola, sugeriu hoje o presidente da angolana Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP). Portugal está à venda, Angola tem o que faz falta a Portugal. E sendo assim, a retalho ou por atacado, o regime de José Eduardo dos Santos pode avançar. Além do mais, está entre amigos.

Orlando Castro*

Embora não seja a função da ANIP promover o investimento angolano no exterior, Aguinaldo Jaime manifestou, em declarações no 01, em Londres, disponibilidade para ajudar empresas com informação disponível sobre a situação económica e financeira de Portugal e as oportunidades de negócio que existem.
Nem mais. É assim mesmo. E da maneira que os pratos estão vazios (700 mil desempregados, 20% de pobres e 20% de potenciais pobres), os portugueses não se importarão de comer “peixe podre, fuba podre”, com ou sem “50 angolares”, com ou sem “porrada se refilares”.
O responsável angolano falava à margem da conferência “Business in Portuguese” organizada pela Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido, o Diário Económico e a revista angolana Expansão.
“Sei que há conjunto de empresas angolanas que continuam a investir em Portugal e que encaram esta situação difícil porque está a passar a economia portuguesa como uma oportunidade acrescida para poderem posicionar-se e conquistarem posições relevantes em diferentes setores da economia portuguesa”, revelou Aguinaldo Jaime.
Nos últimos anos, empresas angolanas adquiriram participações relevantes nos bancos BPI e BCP, na petrolífera Galp Energia, através de uma parceria na Amorim Energia, e também na ZON, além do controlo do jornal Sol.
Angola é um dos países lusófonos com maior taxa de mortalidade infantil e materna e de gravidez na adolescência, segundo o mais recente relatório das Nações Unidas. Mas em que é que isso conta, se eles quiserem comprar Portugal? Em nada. O importante é que tragam os dólares.
Tal como é relevante que a Sonae avance com o lançamento, entre outras iniciativas, dos hipermercados Continente em Angola em parceria com... Isabel dos Santos, filha do... presidente vitalício e não eleito do país e do MPLA, José Eduardo dos Santos.
E se é verdade que o regime angolano já assumiu que vai dar uma decisiva ajuda ao Orçamento da Guiné-Bissau, bem que Angola poderia dar igual contributo ao Orçamento de Estado de Portugal.
Em cada mil crianças nascidas em Angola, 131 morrem antes de atingir o primeiro ano de vida, a taxa mais elevada entre os países lusófonos e de toda a África Austral. Segue-se a Guiné-Bissau, onde o número de mortes no primeiro ano de vida é de 112 por mil, e Moçambique com 95 mortes por mil crianças. Mas que é que isso importa?
Enquanto a esperança de vida à nascença aumentou em muitos países de África, a mesma continua abaixo dos 50 anos em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau. Mas o que é que isso interessa?
Importante é saber que muitos acreditam haver uma “empresa” Eduardo dos Santos & Companhia, dona de Angola, quer, pode e vai comprar Portugal.
De acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), numa escala de 0 a 100, Angola apresenta um índice de desigualdade entre ricos e pobres de 58,6, os mais pobres (perto de 70% da população) têm uma taxa de consumo de 0,6 por cento enquanto a dos ricos é de 44,7 por cento. Mas o que é que isso importa?
Importante é saber que a dita “empresa” Eduardo dos Santos & Companhia, dona de Angola, quer, pode e vai comprar Portugal.
45% das crianças angolanas sofrem de má nutrição crónica, uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos. Mas o que é que isso importa?
76% da população vive em 27% do território. Mais de 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros; mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população de cerca de 18 milhões de angolanos.
Importante é saber que a dita “empresa” Eduardo dos Santos & Companhia, dona de Angola, quer, pode e vai comprar Portugal.
Cada vez mais, dizem e mostram os dados, o clã Eduardo dos Santos é dono das ocidentais praias lusitanas. Seja onde for, da banca à comunicação social, da construção civil às agências de comunicação, lá estão as mãos, e as instruções, de Isabel dos Santos.
Sem cartão do MPLA os angolanos não entram, sem o sim dos serviços secretos angolanos, os portugueses ficam à porta. Sem o cartão do PS os portugueses não entram, ficam à porta. Tão simples quanto isso.
Onde será que se pode ler, ver, ou ouvir que – por exemplo – Luanda é das cidades do mundo com mais carros topo de gama por quilómetro quadrado? Quem é que diz que esses carros pertencem sobretudo a gente ligada ao petróleo ou ao regime? Quem é que afirma que em Angola poucos têm muitos milhões e que muitos milhões têm pouco ou nada?
Poucos dizem. Aliás nem isso é importante. Importante é saber que a dita “empresa” Eduardo dos Santos & Companhia, dona de Angola, quer, pode e vai comprar Portugal.

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