quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ameaças e censura contra o autor-jornalista angolano e activista dos direitos humanos


«Devido às pressões e ameaças que eu estou enfrentar neste momento, muitos amigos nossos aqui lamentam muito sobre o silencio pela parte dos activistas, particularmente de Angola.»
CENSURADO:

http://www.issa-bonn.org/publikationen/1-11matondo.htm
Portal Imprensa Brasil

Revista alemã cede e retira artigo de jornalista angolano

Redação Portal IMPRENSA
17/06/2011 19:31

O artigo Intitulado "Dinheiro sujo procura lavagem", de autoria do jornalista angolano residente na Alemanha, Emanuel Matondo, e publicado pela revista "Afrika Süd" foi retirado por pressão da diretoria do Banco Central da Alemanha (Deutsche Bundesbank), informa oZwelangola, site de notícias angolano.
Quem solicitou a retirada do artigo foi Ernst Welteke, ex-presidente da instituição financeira.
Na matéria, o periodista descrevia as atividades profissionais de Welteke, e o acusava de envolvimento com criminosos. Além disso, Matondo afirmava que o executivo aceitara a chefia do banco Quantum Angola, o que nas palavras do jornalista tinha "o objetivo de lavar dinheiro proveniente do petróleo, roubado ao povo angolano".

http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/internacional/39594/revista+alema+cede+e+retira+artigo+de+jornalista+angolano/

Welteke manda retirar artigo de jornalista angolano na Alemanha

"Dinheiro sujo procura lavagem" é o título dum artigo do jornalista angolano residente na Alemanha, Emanuel Matondo, publicado pela revista "Afrika Süd". Agora a revista decidiu retirar o artigo cedendo a pressões.

O artigo descreve as atividades profissionais do ex-presidente do Banco Central da Alemanha (Deutsche Bundesbank), Ernst Welteke, em Angola. Ernst Welteke é acusado de se rodear de (citamos) "pessoas criminosas" e de ter aceite a chefia do banco Quantum Angola, um banco que é apresentado como sendo "banco fundado por ordens do Presidente dos Santos com o objetivo de lavar dinheiro proveniente do petróleo, roubado ao povo angolano".

Também outro jornalista, na Suiça, relatou em artigos críticos, as atividades consideradas "pouco transparentes" do ex-presidente do Bundesbank, referindo-se ao Banco Quantum Angola SA, assim como da empresa Quantum AG, na Suiça, projetos liderados por Welteke e participados por José Filomeno dos Santos "Zenu", um dos filhos do Presidente angolano.

Welteke nega tudo

Agora o ex-presidente do Bundesbank reagiu. Através dos seus advogados enviou uma carta à pequena revista "Afrika Süd", em Bona, pressionando-a a retirar o artigo de Emanuel Matondo.
A Deutsche Welle tem vindo a acompanhar este caso, pedindo esclarecimentos a todos os intervenientes. O filho do Presidente angolano Zenu dos Santos, que em Abril participou numa conferência sobre negócios com África, na cidade alemã de Frankfurt, não quiz na altura dar uma entrevista à Deutsche Welle sobre os seus negócios na Europa e os seus parceiros suiços e alemães, com destaque para o ex-presidente do banco central alemão.
Ernst Welteke preferiu – nesse dia - apresentar-se ao público em geral, como defensor da transparência e lutador contra a corrupção em Angola e no mundo. Contactado pela Deutsche Welle, Ernst Welteke, sempre se mostrou disponível, manifestando-se indignado e refutando as acusações lançadas por jornalistas contra a sua pessoa.
Welteke entregou o caso a advogados

Pressionado, passou agora ao contra-ataque e contactou um conceituado escritório alemão de advocacia. O objetivo é impedir a publicação de mais artigos críticos sobre os seus negócios em Angola e mandar apagar os que já foram publicados. Palavras de Ernst Welteke: „Na Revista Áfrika Süd, edição número 1, de Janeiro de 2011, foi publicado um artigo com o título 'Dinheiro sujo procura lavagem' e o subtítulo era 'Banco Quantum e o novo emprego de Ernst Welteke em África'. Nesse artigo são feitas várias acusações descaradas contra o Banco Quantum e contra mim pessoalmente. E nós reagimos, recorrendo a um advogado que intimou o editor da revista a distanciar-se do artigo em termos de conteúdo e também a retirá-lo da internet. Foi isso que aconteceu."

Emanuel Matondo não recua...

O autor do artigo Emanuel Matondo, nasceu em Luanda. Mas sendo antimilitarista e não querendo participar na Guerra civil angolana, abandonou o país, ainda jovem. Uma odisseia que o trouxe à Alemanha, depois de ter passado pelo Congo e Congo Brazzaville.

"Eu vou continuar a trabalhar como jornalista, eu sou autor. Estou a falar contra a injustiça num país rico onde a pobreza é extrema, onde a gente morre por falta de medicamentos, onde as crianças morrem nos corredores dos hospitais. Continuarei porque os dinheiros desviados faltam para o desenvolvimento do pais; é uma forma de roubo. Denuncio a corrupção, porque ela está a destruir mesmo a cultura angolana; porque a elite quer manter-se no poder. Esse sistema já domina o mundo financeiro de Angola".

Matondo diz ter provas suficientes do que afirma; e que por isso não retira uma vírgula do artigo que escreveu, acusando Welteke de tentativa de censura: "Depois de publicar a versäo portuguesa completa em Angola, havia ameaças de morte contra os editores de lá. Os jornalistas foram intimidados, disseram-lhe que tinham que acabar com artigos sobre corrupção. E aqui (na Alemanha) nós também nos encontramos sob ameaça dum processo. Isso é uma forma clara de censura, mas brutal…"

Matondo lança um apelo a Ernst Welteke, membro do partido social-democrata alemão (SPD) e destacado membro honorário da fundação Friedrich-Ebert, ligada ao mesmo partido: "Se ele é membro dum partido que pretende combater as injustiças no mundo, como é que pode dar apoio intelectual no sector bancário a um sistema injusto? Como pode dar apoio ao sistema financeiro despótico angolano, que é conhecido como um sistema corrupto?"

De salientar que os editores da revista alemã "Afrika Süd" retiraram o referido artigo de Emanuel Matondo da sua página na internet. Uma mera medida de precaução que não significa que eles se tenham distanciado do conteúdo, segundo os editores da revista. A revista impressa, essa, continua em circulação e os jornalistas prometem prosseguir com as investigações sobre os negócios em Angola de Ernst Welteke, o ex-presidente do banco central alemão.
Autor: António Cascais
Edição: Carlos Martins/António Rocha/Johannes Beck

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6550022,00.html

Carolina Cerqueira vai às FAA e Polícia ensinar como prender jornalistas?


Pacote legislativo da Comunicação Social será um atentado a liberdade de imprensa e promoção a ditadura

A nossa ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira debate-se, já o escrevemos em anteriores edições, com o que lhe foi legado pelo licenciado em Direito, Manuel Rabelais. Esse magnífico dirigente - enquanto esteve em funções -, deixou-lhe nas mãos não uma batata quente, mas várias, a ferver, numa só mão, enquanto na outra, a ministra continua a segurar um “cesto” que o Rabelais lhe ofereceu, e, que remédio, vê-se obrigada a negociar com os caranguejos grandes que vão chegando ao seu cimo.

Arlindo Santana

De facto, o ambiente de trabalho em alguns órgãos da imprensa pública assemelha-se ao que se vive num palco de Comédia Della Arte, em que se improvisa em cima de improvisos, onde impera a sublimação da hipocrisia, da calúnia e da inveja, pois toda a gente quer é guardar o seu “tacho”.

Urgia pois arrumar a “casa” e instaurar linhas de conduta susceptíveis de instaurar alguma ordem no seio da balbúrdia vigente, pelo que foi decidido proceder-se à elaboração de um instrumento jurídico cuja “aprovação e implementação representará, seguramente, ganhos para este segmento da sociedade, cujas tarefas resumem-se no garante da ordem, da paz e tranquilidade, entre outras”

No seguimento desta ideia mestra estão em discussão os projectos de Lei do Conselho Nacional de Comunicação Social, da Publicidade, da Radiodifusão, da Televisão, e do Estatuto dos Jornalistas, que depois de aprovados pela Assembleia Nacional e a sua promulgação pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, irão balizar a tarefa dos profissionais da classe jornalística.

Antes de ir mais longe, duas questões se levantam a propósito da necessidade de se promulgar esta nova lei: um, para que servia a lei de imprensa que havia antes?

De que serve elaborar e promulgar uma nova lei se o essencial, ou seja, a execução efectiva das sanções nunca esteve nem estará tão cedo assegurada com equidade, e isso é uma certeza, pois a impunidade de alguns é já uma instituição do regime dominado pelo MPLA.

Mas continuemos.
Recordando o que se passou com a busca de um consenso no que dizia respeito à nova Constituição de Fevereiro de 2010, busca essa que foi vítima de um muito bem executado “aborto”, aproveitando-se o ex-governo de Angola da distracção dos cidadãos causada pelo impacto mediático da Copa Africana das Nações que se realizou nessa altura.

A meio da competição, com os Palancas Negras ainda em jogo, foi interrompida de rompante toda e qualquer discussão a propósito desse documento fundamental, a Assembleia Nacional, dominada pelo MPLA e acusada de ser submissa do Presidente José Eduardo dos Santos, reuniu-se e aprovou-o.

Sem levantar grandes ondas.
Era o que se desejava.
Hoje repete-se a mesma receita, o pacote referente aos media, diz-se que está em discussão no fito de contemplá-lo com contribuições de vários sectores da sociedade para, como é evidentemente louvável, promover o enriquecimento do diploma. Tudo não passa de show off, pois a cada sugestão dos participantes, surge a contrariedade do sector, que já tem a decisão tomada. Nada vai mudar, porque a Presidência da República, parece ser adversa a uma verdadeira mudança e liberdade de imprensa.

E mais, no dia 20.06, Carolina Serqueira foi discutir o pacote com as FAA, membros incompatíveis e no seguinte, seguiu-lhe as peugadas o seu vice-ministro na Polícia. E o ridículo é o de haver elementos nestes órgãos que querem, também, a carteira de jornalista.

Só mesmo a Virgem Maria para nos salvar do pesadelo que aí vem. Se não for agora, pelo menos que não seja perpétuo este estado de mordaça que se avizinha, com uma maior criminalização dos jornalistas.

Basta ver a ligeireza com que do conforto do seu gabinete almofadado, veio a público o vice-ministro Miguel de Carvalho, Wadijimbi, que não se esqueceu dos métodos que utilizou no 27 de Maio de 1977, para mandar prender e assassinar, uma série de camaradas do seu partido, veio fazer numa declaração reconfortante, “Esperamos que, com a entrada em vigor dos referidos instrumentos jurídicos, se eleve a capacidade dos jornalistas em promover uma comunicação social plural, isenta e responsável”, disse ele. Claro que pluralidade é desde que bajule o status quo e o chefe, o resto é raia para abater, com a imprensa estatal a ser o eterno BATER NO FERRO QUENTE, de quem tenha ideias diferentes do regime.






quarta-feira, 29 de junho de 2011

Viagem presidencial ao "fim do mundo". Santos no KK desiludiu o povo


Romaria ano interior foi um pesadelo. Kuando Kubango ficou mais pobre depois da estadia do Presidente

Depois de tantas chamadas e críticas do F8 de um estilo de governação sedentário, finalmente JES decidiu abandonar o conforto do seu palácio em Luanda e organizar uma sessão do Conselho de Ministros na longínqua e abandonada província do Kuando Kubango. Esperávamos que não fosse uma passeata, apenas para que os autóctones locais sejam visto como exóticos para os observadores estrangeiros e também para ver de que maneira mais ou menos calculada o chefe de Estado se daria ao trabalho de calcorrear o abandonado torrão do “Fim do Mundo”, onde a miséria que lá mora, e que é a nossa miséria, persiste em sobreviver a todos os atentados à luta do K.K. para ser incluída nos programas de progresso da sociedade angolana.

Antes de ir mais longe devemos sublinhar que aqui na Redacção do F8 esta viagem ao extremo sul de Angola cheira imenso a uma jogada de campanha eleitoral, e não admiraria que doravante assistamos a outra viagens deste género, uma ao Cunene, outra às Lundas, talvez também a outras províncias em que o MPLA está mais tremelicas no que toca a impacto eleitoral.

Talvez nos enganemos, mas, de qualquer modo, o eterno problema é saber em que pé temos de dançar com este e qualquer outro magnânimo gesto de Sua Excia. Isto, porque, o que normalmente acontece com este tipo de atitude é a gente pôr-se a aplaudir – neste caso estamo-nos a referir a JES, novo Guia Imortal –, exactamente como quando depois de repetidas falhas de energia eléctrica ou de água, os seus súbditos, em vez protestarem com veemência quando ela falha, aplaudem freneticamente quando ela vem.

Assim, depois de trinta e cinco anos de esquecimento dessas terras longínquas, estamos mesmo a ver que temos de aplaudir esse acto, que, ao contrário, deveria ser pontuado por um pedido de desculpas, solene e público por parte do Chefe de Estado!

Mais vale tarde do que nunca
JES, portanto, “pegou na sua coragem e depois lá foi”, no que se pensava ser o inicio de uma presidência aberta, onde a população do interior poderia ver o seu pulso apalpado com um contacto directo com o chefe grande, personagem quase mítica, tão longe que ele vive e nunca se vê.

Tudo foi calculado a preceito. As populações foram mobilizadas desde as 4 horas da manhã, para receberem o que lhes disseram que era o seu Presidente.

Aceitaram com alegria contida a ideia de receber uns trocos e alguma comida e não precisaram de pegar na coragem para lá ir, coragem só foi preciso para se levantarem tão cedo.

Chegados ao sítio previsto para aplaudir, cantar e gritar urras, esperaram que o Presidente chegasse.

O tempo passou, passou, a fome apertou, eles aguentaram a fome e o cansaço acumulados e viram-se obrigados a expulsar os pulmões com os seus cânticos, na esperança de que depois haveria uma luz no fundo do túnel. Mas a luz era fraca e a fome apertava.

Entretanto, o Presidente e os seus ministros foram para uma sala confortável, falaram de Luanda e dos diversos empreendimentos faraónicos, e no meio das auto-satisfações expressas foi possível ouvir de soslaio pequenos apartes vagamente relacionados com os verdadeiros problemas do Kuando Kubango.

E foi mais ou menos tudo.
A província não lucrou nada com esta passagem.
Pelo menos é esta a impressão que se pôde extrair, logo a seguir ao regresso a Luanda de JES, com a expectativa daquelas gentes, face aquilo que se passou no KK e que reclamavam e protestavam por se sentirem cada vez mais esquecidas em comparação com o que se passa no resto do país.

Levaram o farnel, não fosse o diabo tecê-las
Gente fina como a de Luanda não se desloca a tão recônditas paragens com a ligeireza do turista imprevidente, toma as devidas precauções para não ter que suportar situações de inesperada contrariedade e encontrarem-se desarmados perante a ocorrência. O melhor seria prever o pior.

Foi o que a delegação que acompanhava JES fez. A comitiva chegou, instalou-se mas não aceitou comer os quitutes da terra.

No quadro da probidade pública, levaram tudo de Luanda, até cozinheiros estrangeiros!, não fosse o diabo ser tendeiro…

Dizer que o povo do KK não apreciou o gesto, é um suave eufemismo e por aí nos quedamos a fim de não ter mais um processo em cima.

Diga-se, porém, a verdade, o interior do país está abandonado pela Presidência desde que esta última existe. E de nada serve relembrar as palavras do presidente Neto, um só povo numa só nação e que o que conta é resolver os problemas do povo, simples pastilhas elásticas para acalmar os nervos desse mesmo povo, que, desgraçadamente acreditou no que esse guia ia debitando sem ter a mínima hipótese de levar avante o que ele dizia! Veremos se agora o que vai ser diferente e o que depois se depois passará. Normalmente é... NADA!

Resumindo sem concluir: com esta visita de JES o KK ficou mais pobre. É o que dizem os seus autóctones que se sentem humilhados pois não escutaram nem ouviram o seu Presidente. Mítico.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Advogados abandonados na luta contra os desmandos da Justiça


A SUBMISSÃO DA ORDEM DE ADVOGADOS E AS INVERDADES DA PROCURADORIA MILITAR

Na nossa edição do dia 20 de Novembro de 2010 fizemos uma análise do que se estava nessa altura a passar no caso referente às vicissitudes que afectaram a carreira do comandante Quim Ribeiro depois de esse comandante ter sido acusado de desvio de fundos no decorrer do inquérito sobre os roubos cometidos no BNA (em jogo estariam cerca de 3 milhões e setecentos mil dólares)!

Cerca de um mês mais tarde, precisamente na nossa edição do 25 de Dezembro, publicámos um outro artigo levado igualmente à capa como destaque principal (Muhongo do SINFO - agora SINSE – quer matar meu pai) no qual revelámos uma acusação e, sobretudo, a descrição pormenorizada de um facto impossível de ser desmentido, a tentativa de assassinato de que Quim Ribeiro foi alvo no dia 16 de Dezembro passado, por volta das 20h00, quando se dirigia para a sua casa, e que segundo o seu filho, Reginaldo Ribeiro, "tem como uma das mãos mais visíveis a do oficial superior dos Serviços de Segurança, Muhongo".

Apresentámos então o que se poderá chamar “Provas formais do crime cometido por homens do SINSE”.

Até hoje nem a própria Polícia Nacional, tão pouco a Procuradoria Geral da República e a Procuradoria Militar das FAA, moveram uma palha, como se quisessem demonstrar com esta omissão que os crimes praticados contra Quim Ribeiro, mesmo com provas, não são para investigar, o contrário SIM!

Ou seja nenhuma denegação chegou ao conhecimento público e, em todo o caso, por uma vez não fomos objecto de instauração de nenhum processo judicial, o que nos parece conforme a uma aceitação consensual da veracidade dos factos por nós revelados.

Denunciámos os maus-tratos de que foram vítimas os, na altura, 17 arguidos presos no âmbito deste inquérito, levado a cabo segundo métodos parecidos com os medievais ainda praticados no nosso país por certos agentes dos Serviços de Segurança do Estado e da Polícia Judiciária Militar.

Denunciámos também a incapacidade de os órgãos de justiça e da polícia militar se manterem numa posição de neutralidade, assim como não deixámos de assinalar que desta vez, no caso dos altos oficiais do Comando Provincial da Polícia de Luanda, essas mesmas autoridades não se refugiaram por trás dum silêncio tumular, como sempre fazem quando o inculpado, ou suspeito, é membro eminente de altas esferas do Estado, pelo contrário, multiplicaram actos coercivos contra o indigitados e mesmo o seu comandante considerando-os à partida, sem prova sustentada, como “mafiosos” todos eles, e deixaram correr notícias relacionadas com o processo, como sejam a detenção de Joaquim Ribeiro, um desmaio deste ao ouvir uma gravação secreta dos Serviços de Segurança que o incriminavam, que o seu principal cúmplice teria sido apanhado no Lubango, bem como a apreensão de alguns dos seus bens pela Procuradoria-Geral da República como noticiaram determinados órgãos da comunicação social privada, nomeadamente viaturas topo de gama, tudo vazado com a cumplicidade, segundo dados, de um oficial da Policia Judiciária militar, para inflamar a opinião pública, só com uma versão dos factos, violando o preceituado no art.º 70.º do Código do Processo Penal (Carácter secreto da Instrução), que diz: “Têm obrigação de guardar segredo de justiça os magistrados que dirijam a instrução e os funcionários que nela participam”. Mas diante destas violações, nem a PGR, nem o Procurador Militar das FAA, nem a Ordem de Advogados de Angola, disseram nada, pelo contrário, parece que aplaudiam a estratégia.

Inclusive são atribuídas ao presidente provincial da Ordem de Advogados de Luanda, Hermenegildo Cachimbombo, expressões como: “Quim Ribeiro está bem preso”, quando sendo agente marginal no processo deveria ter mais cautela no verbo.

Mas, ainda assim, diante de todo este chorrilho de mentiras, pelo menos na opinião dos defensores dos Polícias, estes mantinham o silêncio, respeitando a lei, pois tinham a certeza das inverdades lançadas sobre o assassinato e também sobre a quantidade de dinheiro (3 milhões de dólares), supostamente repartidos entre os oficiais da Polícia Nacional, mancomunados com Joaquim Ribeiro.

Mas o silêncio das autoridades diante desta campanha difamatória é como diria o outro que pensava ser poeta, um silêncio estrondoso!!

E para comprovar e refrescar a memória dos falsos puritanos da justiça, seria bom verificarem o momento da institucionalização da violação do SEGREDO DE JUSTIÇA, quando a 31 de Março de 2011, no Jornal de Angola (página 4), o Procurador Geral Adjunto da República, Beato Paulo veio falar sobre os meandros do processo, marcando datas para o seu início e acusando inclusive os advogados de estarem a instrumentalizar os seus clientes.

Diante das graves acusações e colocação de questões em segredo de justiça, exorbitação de competências, nem a PGR, nem o Procurador Militar das FAA, nem a Ordem dos Advogados, disseram uma palavra. E não disseram porque sabem, que Beato Paulo violou o art.º 30.º (Dever de sigilo) do Estatuto dos Magistrados, que a dado momento pode ler-se: “Além do dever de sigilo devido pelos funcionários, os magistrados judiciais e do Ministério Público não podem fazer declarações relativas a processos nem revelar opiniões, emitidas durante as conferências nos tribunais que não constam das respectivas actas ou decisões”.

E então senhores? Quem violou?

Depois, no final de Abril, o Procurador Geral da República instado a pronunciar-se sobre o processo disse, que após conclusão da instrução preparatória, que o mesmo seria remetido ao Tribunal Supremo, no caso de Joaquim Ribeiro, enquanto os dos demais, iria para o Tribunal Provincial de Luanda. Portanto o doutor João Maria, nunca havia aventado do processo ser julgado em foro militar, constituindo este expediente, situação de última hora.

Odioso crime de lesa manu militari
Como se pode verificar, os advogados dos oficiais superiores da Polícia de Luanda, só vieram, a luz dos princípios da proporcionalidade, da racionalidade e ao abrigo do art.º 73.º da Constituição (Dever de Denúncia), pedir contenção verbal à certos agentes do Ministério Público e da Polícia Judiciária Militar, que vazavam informação para certa imprensa, no passado dia 10 de Junho de 2011, numa conferência de imprensa no Hotel Trópico a fim de levarem a público o que, como sempre desastrosamente, certos instrutores processuais, neste caso da Procuradoria e militares, sempre tentaram e tentam a todo o custo manter nas áreas próximas do “Incendiar a pradaria, para se condenar inocentes, mesmo sem provas ou com elas fabricadas, no segredo dos deuses”.

E no Estatuto da Ordem dos Advogados, não diz ser proibido os advogados concederem conferência de imprensa. O que versa, sim, é a necessária autorização, sempre que estes se queiram referir a um caso em concreto, mas isso também engaja a magistratura, pelo que andou mal o Procurador Militar, Hélder Pitta Groz e faltou com a verdade, pois não foram os advogados que trouxeram o processo para a praça pública, mas sim os magistrados e a instrução militar, como atrás ficou demonstrado.

E tivesse a Ordem dos Advogados um pouco de memória e sentido de classe há muito teria vindo em defesa dos seus associados e não de outros órgãos, como se fosse seu apêndice ou os seus principais membros estejam apenas interessados em assegurar tachos governamentais no final dos mandatos.

Diante de uma ordem de classe, não podem os advogados apenas ter DEVERES e não DIREITOS e, o mais grave a OAA violou os seus próprios estatutos, pois não poderia publicitar uma medida, antes da conclusão do processo disciplinar, que diz mover contra os seus associados. Os advogados de defesa dos polícias, denunciaram todas a tropelias eventualmente cometidas pelos órgãos de instrução militar e por agentes que não têm nome nem patrão, mas usam e abusam do seu anonimato para cometerem os mais cruéis actos em detrimento dos réus que estão condenados de antemão segundo os critérios unilaterais dessas mesmas autoridades.

O protesto dos advogados e pela primeira vez, passado na comunicação social pública, foi de resto saudado como um bom indício de estarmos numa Angola que, apesar de todas as controversas bofetadas à reconciliação nacional, vai dando passos, pequenos, mas certos, rumo a uma espécie de democracia africana que ainda está por inventar.

Como prova do que aqui avançamos, citamos apenas o que disseram no passado (domingo) dia 12 de Junho de 2011, os comentaristas Reginaldo Silva e Belarmino Van Dúnen no programa da TPA “A Semana em Actualidades”, no decorrer do qual ambos consideraram que tinha sido um acto louvável e de bom augúrio para uma melhoria do desempenho da justiça, que tinha assim sido alertada de toda uma série de entorses pouco abonatórias ao seu bom desempenho.

Parecia uma lufada de ar fresquíssimo no pesadíssimo ambiente das instâncias judiciais militares e da magistratura pública, do nosso país, já bastante marcada com o caso MIALA, onde houve uma condenação, assente numa vontade política, que subjugou a razão, a verdade, a lei e o direito.

A negação da opacidade em termos de justiça foi alarmante, isso é absolutamente impossível de acreditar, poder acontecer no século XXI.

Mas… Nada! E depois de um ERRO MONUMENTAL, nem por sombras alguns dos agentes de ontem, parecem querer mudar, pois preferem continuar vestidos na pele de carrascos, tentando demonstrar que nós estávamos e estamos redondamente enganados.

Para grande espanto da opinião pública nacional e internacional, no passado dia 16.06.11, o bastonário da Ordem dos Advogados de Angola, Inglês Pinto, prestou um mau serviço a classe que o elegeu, ao declarar em praça pública, que os defensores do comandante Quim Ribeiro tinham ultrapassado os seus limites de actuação, desobedecendo aos preceitos lavrados pela Ordem do Advogados (OAA), e não sei quê e não sei que mais, de permeio com ameaças a não se sabe bem o quê mas que, de qualquer modo, a paulitada será para os dito advogados.

Vergonhoso e triste.

Pergunta: mas essa OAA foi concebida para defender os advogados ou para indevidamente os atacar em público?

E a resposta é: a Ordem dos Advogados funciona pura e simplesmente como uma instituição judicial adjunta e por assim dizer submetida ao controlo da Procuradoria-Geral da República (PGR), do Ministério da Justiça, da Procuradoria Militar das FAA, enfim parece ser, mais uma célula de especialidade do partido no poder, sempre pronta a baixar o bastão.

A verdade é que a sua reacção foi telecomandada pela Procuradoria Militar, que três dias antes, dia 13 de Junho, publicou, sem razão alguma e com uma série de inverdades, um comunicado de imprensa no qual subvertendo os dados, quanto quem colocou o segredo de justiça em hasta pública, solicitou a intervenção da OAA no sentido de pôr cobro a atitudes que lesem a justiça militar, fazendo apelo ao sensacionalismo e perturbando as acções da justiça, impedindo esta de funcionar normalmente, com a devida serenidade.

Quanto ao contraditório referente às queixas que os advogados fizeram a respeito de todos os vícios que pesam sobre o processo judicial, nem uma vírgula. O que quer dizer que a atitude dos advogados ao denunciarem as ilegalidades, para a Ordem de Advogados é ilegal, ou quase, ao passo que a atitude dos agentes do Ministério Público e da justiça militar ao cometerem ilegalidades é perfeitamente legal!

Vamos a outros factos.

1- A PGR foi quem começou com a discussão pública do mediático caso dos oficiais da Polícia de Luanda e “Quim Ribeiro”, em meados de Fevereiro, institucionalizando as conferências de imprensa mensais, trazendo a público factos de processos que ainda estavam em segredo de justiça, violando o princípio da presunção de inocência.

2- Na edição do Jornal de Angola do dia 31 de Março do ano em curso, o procurador geral Adjunto da Procuradoria Geral da República, Beato Paulo trouxe a público factos em processos ainda em segredo de justiça, chegando mesmo a anunciar por aquela via a data provável do julgamento para o mês de Abril.

3- Ouvido o Presidente do Conselho Provincial de Luanda da Ordem dos Advogado de Angola, Hermenegildo Cachimbombo, considerou despropositadas as declarações do procurador-geral adjunto, por a PGR não ter competência para marcar julgamento.

4- Em Abril, outro procurador adjunto da PGR e da Procuradoria Militar das FAA, Adão Adriano, também em conferência de imprensa deu a conhecer o estado e o andamento do processo, tendo a comunicação social referido que havia avançado a data do início de julgamento de Quim Ribeiro e pares, para o mês de Maio.

5- O Procurador Geral da República, João Maria de Sousa, no final do mês de Abril, afirmou que terminada a instrução preparatória e com a separação de culpa o Comissário Quim Ribeiro seria julgado no Tribunal Supremo, devido a sua qualidade de oficial comissário e os demais no Tribunal Provincial de Luanda.

6- No início do processo sobre as mortes dos funcionários do Ministério do Interior, a qualificação da PGR era a de crime de homicídio voluntário qualificado, mas nos últimos casos o mesmo procurador veio alterar, teses mais elementares do direito universal que elege o BEM VIDA como o juridicamente tutelado de maior valor, dizendo que as normas dos artigos 18º e 19º, nº 3, da Lei nº4/94, de 11 de Fevereiro (Lei dos Crimes Militares), VISAM TUTELAR O EXÉRCITO, enquanto instituição e não o BEM VIDA. A ser verdadeira esta tese, não estamos a ver como existirem instituições sem homens vivos.

7- Outrossim, é estranha a engenharia que transformou o oficial de Polícia Augusto Viana de arguido para testemunha principal, contrariando a lei, numa clara manipulação de provas, porquanto a Lei Processual Penal, art.º 216º, nº 5, parte final, proíbe que alguém com interesse na causa possa ser testemunha. Se Augusto Viana diz ter recebido USD 75.000,00 (Setenta e cinco mil dólares), ainda que alegue alguma razão para afastar a sua responsabilidade criminal, não se pode descartar a condição de encobridor por receptação ilícita, logo é co-arguido no processo, não podendo, no respeito da lei e da sua imparcialidade, passar a testemunha, sob denúncia de vício e favorecimento, para se acusar com provas fabricadas e condenar inocentes, com a omissão das PROCURADORIAS. Mesmo sendo verdade ter, Viana, confessado e colaborando com a justiça, não serve de causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, serve sim de atenuante, no momento da aplicação da pena, logo, deveria, em condições normais, estar também preso, o que indicia alguma troca de favores, por ter “BUFADO” os outros, sem provas para safar a pele, descredibilizando e desprestigiando a nossa justiça, podendo indiciar que algumas provas estarão a ser forjadas.

8 – Os advogados não violaram a ética e deontologia por não terem falado dos factos objecto dos processos pendentes, mais sim de questões processuais e doutrinárias, como ocorre em todo mundo civilizado, inclusive Portugal a grande referência, aliás, o art.º 66.º, do Estatuto da Ordem de Advogados de Angola é uma clonagem do da Ordem dos Advogados de Portugal, que permite que os advogados apresentem a sua visão doutrinária e ou responda ao atrevimento de magistrados, em processos em segredo de justiça.

9 – Os membros do Conselho Nacional da Ordem dos Advogados de Angola, demonstraram cinismo e não viverem no país pois, esqueceram-se que tudo começou, não em Junho, mas em 31 de Março, com as declarações intempestivas do procurador geral adjunto da República, Beato Paulo, que a dada altura da sua entrevista fez uma grosseira calúnia e difamação, nos seguintes termos: “os arguidos tiveram tempo para destruir provas e fabricar provas a favor deles ou determinados documentos, pelo tempo suficiente para os advogados de defesa se organizarem e concertarem ideias para os arguidos serem ilibados.”.

Quais são as provas? Não trouxe e isso vindo da boca de um procurador-geral adjunto da República é ou não grave senhores general Pitta Groz, Procurador Militar das FAA e Inglês Pinto, bastonário da Ordem de Advogados?

10 – A PGR se quisesse estar acima das querelas e da suspeição, pediria a colaboração dos advogados, para iniciar uma investigação sobre os factos denunciados, uma vez que a ser verdade, estaremos perante duas tentativas, pelo menos, de homicídio voluntário, que não deixa de serem crimes públicos partindo daí a legitimidade destes virem a público denunciar e o Ministério Público, por força do princípio da legalidade, consagrado no artigo 1º, do CPP tem a obrigação de iniciar a investigação do caso, como a tentativa de assassinato do Comissário Quim Ribeiro por elementos bem identificados, mas ao ser ignorado este aspecto, aumentam as suspeitas sobre a falta de seriedade de algumas pessoas ligadas a este órgão da administração da justiça. Algumas pessoas, para separarmos estas das instituições pois, estas últimas, em princípio, agem sempre de boa fé, as pessoas é que as vezes se aproveitam delas para atingirem outros fins o que é mau. Os advogados não violaram a ética e deontologia, nem destrataram o Supremo Tribunal e os Magistrados como diz o infeliz comunicado de imprensa da Procuradoria Geral das Forças Armadas, pois, dizer que um Tribunal é incompetente em razão da matéria ou do território é usar uma expressão técnica, que significa apenas o evocar de uma excepção dilatória, consagrado na própria lei processual penal, no seu art.º 138º, n.º 1.

Mas para além do verbo, atentem a solicitação do Procurador Militar, dirigida a ministra da Comunicação Social, onde o general Hélder Pitta Groz, não poderia ser mais directo, quanto a uma possível estratégia institucional secreta, denunciando haver angolanos de segunda categoria, que não devem passar nos órgãos públicos de imprensa.

Comentários, mais para quê, se cada um de nós pode tirar as suas ilações?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Transparência só da boca para fora


Um novo programa de Têvê fez a sua aparição na grelha da TPA. Chama-se “Transparência” e o seu espantoso objectivo é vir a público dar provas de que a gestão do erário público é exemplar e uma realidade. Apresentado por uma elegante e encantadora donzela, certamente bem formada, nomeadamente em economia, o programa enche-se de alusões à boa-fé manifesta de todos os aparelhos do Estado, desde o Executivo ao seu mais discreto agente, tudo gente de bem que só aposta na transparência, exclusivamente na transparência. Visto de outra maneira, este programa assemelha-se imenso a mais uma demão de verniz anti-oxidante sobre um pedaço de ferro roído pela ferrugem. Por mais que se passe verniz em cima, a ferrugem fica em baixo e dali não sai, dali ninguém a tira. No dito programa dão-se exemplos indesmentíveis de idoneidade, vontade de informar e honestidade, como sendo o lema fundamental dos actos de todos aqueles que estão à frente dos destinos de Angola. Enfim, tudo isso se parece com sucessivas tentativas de afogar peixes na água, pois estamos perante mais uma inútil tentativa de enganar os angolanos, que já estão mais que fartos de aturar este já falecido Governo.
Transparência, n’é?

domingo, 26 de junho de 2011

Generais preparam manifestação


Um grupo de oficiais generais e superiores das Forças Armadas Angolanas (FAA) na reserva pretende manifestar-se diante das instalações do Ministério da Defesa Nacional, nos próximos dias, em protesto contra o desprezo a que estão submetidos.
A manifestação será pacífica e estarão desarmados para evitar quaisquer actos que os venham a comprometer diante dos princípios jurídicos-militares, mas, bater-se-ão contra a tentativa de detenção de membros do grupo. “A Polícia Nacional tem a mania de impedir eventos do género com prisão arbitrária, não vamos admitir esse tipo de brincadeira porque lutámos para a defesa e integridade do Estado, por isso exigimos respeito”, advertiu o grupo.
A equipa de militares na reserva está consciente do perigo a encontrar aquando da manifestação, ainda assim prefere enfrentar porque “Mais vale a pena morrer com dignidade do que acobardado como um cão rafeiro com a cauda entre as pernas. Seremos maltratados e muitos neste dia vão desaparecer para sempre”
Dentre as várias motivações para a realização de tal acto, consta o funcionamento da Caixa Social das Forças Armadas Angolanas que é acusada de pagar tardiamente o salário dos generais e oficias superiores das FAA.
Também reclamam os retroactivos e o reajustamento dos salários de 2008 que nunca foram processados. A Caixa Social das FAA sempre alegou falta de dinheiro para assim proceder. A resposta do respectivo órgão é tida enganosa, pois quando o Governo reajusta os salários é porque tem dinheiro suficiente afim de satisfazer todos.
Aos generais na reserva, também lhes foram retirados o dinheiro para o pagamento dos salários dos empregados domésticos e outras despesas, isto desde 2007. “Todo o funcionário da Caixa Social tem direito a cartão de abastecimento no Jumbo e Intermarket. A crise financeira mundial esteve longe de afectá-los. Este tipo de abuso tem de acabar o mais rápido possível, senão haverá problemas sérios no Pais.
Os respectivos militares de alto grau estão sem cabazes desde 2007, sob pretexto da famigerada crise financeira mundial. “Queremos de volta este direito porque cumprimos com a nossa honrosa tarefa de defender o País contra a invasão de forças destabilizadoras, inclusive toda a juventude passámo-la na mata, muitos chegaram a morrer”.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Há sabotadores do Executivo


Começou o combate à pobreza de maneira espectacular. Diga-se que os dois últimos discursos de JES, com um a dizer, NADA, não temos (o MPLA) nada a ver com isso, e o outro a dizer, TUDO, vamos fazer tudo o que é possível para combater a pobreza, deixaram pairar algumas dúvidas sobre as reais intenções do Príncipe do Futungo. Será que vai mesmo agir ou vamos continuar na cepa torta? – perguntou o “Zé-povinho”, mais que farto de ouvir balelas e mentiras. Pois nem foi uma coisa nem outra, JES, agir agiu, mas mais valia não ter agido. O que é alucinante é ele ter deixado os seus servidores em tomadas de decisão que ele se apressou a subscrever, embora elas sejam totalmente contrárias, em vários domínios e sectores, ao seu próprio “blabla”. Um exemplo chega para inferir até que ponto se governa mal o nosso país. A notícia vem plasmada na Revista Exame e o teor é da lavra de um jovem economista, Emílio Londa, ainda não apanhado nas teias do sistema. O que ele revela, sejamos bem-educados, é desanimador.
No ano de 2008, o defunto Governo de Angola gastou mais a subsidiar os combustíveis dos 30% dos angolanos mais ricos – alguns deles nem sabem o que hão-de fazer ao dinheiro que têm –, do que vai gastar este ano (2011), a tratar da saúde de 100% de angolanos!
Combate à pobreza, n’é?!

Director das alfândegas confrontado em tribunal com lista de familiares que empregou na empresa


Lisboa - O Director Nacional das alfândegas de Angola, Silvio Franco Burity foi confrontado em tribunal com uma lista de famílias e filhos de amigos que o mesmo empregou na empresa em que dirige, tendo sido convocado a provar que os mesmos entraram naquela instituição por concurso público.

Fonte: Club-k.net

William Tonet apresentou como prova
A confrontação foi feita no passado dia 15 de Junho à margem de um processo de Calúnia, Difamação e Injúria que o mesmo moveu contra o Jornalista William Tonet. Este através dos seus advogados de Defesa, Tiago Ribeiro, David Mendes e André Dambi apresentou, as evidencias da suposta difamação.

Lidas na presença na 7ª secção da Sala dos Crimes Comuns, do Tribunal Provincial de Luanda, Dona Ana Joaquina, sob orientação do juiz de direito, Manuel Pereira da Silva, as posições da defesa do jornalista, seguiram as seguintes argumentações, a qual o

Club-K, repassa:
“- Os valores oriundos da transportação do crude entram na conta bancária da Alfândega e às vezes transitam de conta para a outra dos funcionários seniores do departamento de fiscalização aduaneira, cujo chefe é o senhor Elias André.

- No que diz respeito a gestão da alfândega, o semanário publicou que tem havido irregularidade na atribuição das obras de construção civil, beneficiando de uma empresa construção civil portuguesa, sem antes realizarem concurso público, cujo sócio maioritário é amigo pessoal da directora geral adjunta. Em troca deste favor, a empresa reabilitou a casa dela no projecto Nova vida.

- A empreiteira CRSO reparou a delegação aduaneira do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.

Familiares do director geral, Sílvio Burity.

- Andreia Burity, irmã, colocada no departamento de contencioso (onde se pagam as multas). José Burity Neto, sobrinho, gabinete de orçamentos e contas da Alfandega.

- O advogado da Alfandega, Jerónimo Basto de Almeida, também arranjou forma de empregar lá a sua esposa Carla de Almeida, de forma ilícita, funcionária da delegação regional de Luanda. Departamento de contencioso.

- Gisela Mawete, filha do actual governador de Cabinda, Mawete João Baptista, foi enquadrada com o estatuto dos funcionários mais antigos, apesar de ser nova na empresa.

- Adriano Gregório, ex-quadro da Polícia entrou também sem concurso público e foi contemplado com a criação de um gabinete, denominada petróleo e gás, por ser esposo da chefe do departamento de recursos humanos, Teresa Gregório.

- Catarina dos Santos, sobrinha do Presidente da Republica, colocada num departamento que também não existe no organigrama. O seu marido, António Bento do Amaral, também funciona na empresa como chefe de um dos departamentos.

- Aida Morais, sobrinha do antigo ministro das Finanças, José Pedro de Morais, trabalha na área de cobrança das multas. Enquanto Paula Morais, filha deste, trabalha na repartição de intercâmbio e cooperação.

- O departamento de orçamentos e contas é dirigido pelos advogados Garcia dos Santos e mais um outro sobrinho do Presidente da República. Estes moveram um processo estranho com o antigo chefe desta área Pedro Benga.

- A directora nacional adjunta da Alfandega, Maria da Conceição dos Santos, tem as duas filhas a trabalharem nesta empresa, nomeadamente, Salomé e Marta dos Santos (departamento de contencioso e contas) da direcção provincial de Luanda. E acomodou uma cunhada de nacionalidade cubana, no departamento de tecnologias de informação e informática.” Fim de citação da exposição da defesa do jornalista William Tonet.

Caso de cidadão carbonizado por ser da UNITA choca debate da CPI


Huambo – As apurações da Comissão Parlamentar de Inquérito, constituída para averiguar os actos de intolerância Política praticadas por supostos Militantes do MPLA, na Província do Huambo, terminou seus trabalhos aos 22 de Junho de 2011 tendo sido marcado com a apresentação de dois casos que chocaram a platéia.

Fonte: Club-k.net

Queimado com gasolina
Durante este processo as Entidades Administrativas teriam induzidos os sobas para contrariarem os depoimentos dos militantes da UNITA. pórém, ao longo das sessões de auditoria, foram apresentados factos considerados “indesmentíveis”, como é o caso de uma Srª que foi fracturada a perna esquerda no município do Bailundo, tal como o caso de um militante da UNITA identificado por “Martins Kuenda que foi queimado com gasolina por militantes do MPLA na Chipipa quando reinstalavam o Comité Comunal da UNITA, entre outros.

“Vários sobas e até mesmo Administradores Municipais, á exemplo do Senhor Somakessenje Administrador da Caála que foi obrigado por três vezes a interromper seus pronunciamentos anti-democráticos e de clara incitação a intolerância política.”, observou uma testemunha in loco.

O processo de auditoria terminou com o caso de agressão do mais alto responsável da província. O caso aconteceu, quando dois jornalistas do Jornal Folha8 e Angolense, nomeadamente Samalata e Nelson do Sul de Angola, foram molestados pelos guardas do Governador Provincial do Huambo, Faustino Mutuka, a mando deste. O incidente ocorreu numa altura em que os dois jornalistas pretendiam entrevistar o Senhor Governador.

LINCHADOS


Fui, na última quarta-feira, a noite convidado por um ex-colega de formação superior, por sinal, um funcionário sénior da segurança de Estado “SINFO”. Alguém que ao longo da caminhada universitária, convidou-me para tomar café a dois, mas que declinei sempre e sempre que o fizesse.
No último contacto, falou da minha detenção e do que pensa sobre mim. Chegando mesmo, a chamar-me atenção pelo que me pode vir a acontecer.
Nos seguintes termos “Coque… não te quero ver a ser forçado a abandonar o mundo, quero seja Deus a te tirar daqui”. Lamentando que “este trabalho que nós fazemos é complicado, eu só cumpro ordem. E, enquanto ser este modelo, que é ainda partido único, tens que ter muita calma, tu eis muito jovem”.
Chamando-me atenção que: “Coque… este país tem dono – e nós só cumprimos ordens”.
Receitando-me muito cuidado no período que entramos “pré-eleitoral”, “há uma orientação expressão para os `beliscadores` do pão – repetindo que – eu só cumpro ordens”. E, “atenção com o uso do telefone”
Outros sinais: foi cativada até então a minha conta do BPC, (por razões ainda não justificada).
Em análise feita o que mais lhes preocupa é textos como esses, que defendem, beliscar o chefe do estado.
In Amigos do Bloco Democrático Angola

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Angola no topo do mundo


Os agentes de informação do Folha 8 conseguiram reunir indícios numerosos e concordantes segundo os quais os estrategos do Estado e sobretudo da Ciência Económica já estão a fazer apelos a especialistas brasileiros e portugueses a fim de começar a preparar e levar a bom termo uma nova campanha de propaganda aos fabulosos progressos operados em Angola por obra e graça do Executivo, nomeadamente no que toca ao crescimento da sua economia. Segundo o que se presume que sairá da cabeça de alguns desses especialistas, a projectada campanha (que já começou, pelo menos em um dos nossos confrades da imprensa escrita) será concebida como uma espécie de Salmo à grandeza de Angola à volta de um “leitmotiv” dominante: ANGOLA NO TOPO DO MUNDO. De facto, segundo o Fundo Monetário Internacional, só haverá três economias no mundo que apresentarão um crescimento de dois dígitos. A primeira é o Niger, a segunda o Iraque e a terceira Angola! Fantástico! O Níger é um dos países mais desgraçados do mundo, para o qual crescer dois dígitos significa descapinar algumas lavras, construir umas dezenas de fábricas e abrir umas centenas de lojas e armazéns de venda a grosso; o Iraque foi passado à esfregona, porrete e bombardeio americanos, que destruíram mais de metade do país, para essa gente crescer agora é canja; Angola é o que é, um eterno estaleiro de obras em cima de obras mal amanhadas, depois de trinta anos de guerra e quase dez de “calares” de armas e bocas.
No topo do mundo, n’é?!...

Muteka agride Jornalistas que tentaram entrevistá-lo



Huambo - Dois jornalistas dos semanários “Angolense” e “Folha 8” foram hoje agredidos no Huambo e proibidos de publicar matérias relacionadas com as actividades da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os alegados casos de intolerância política no planalto central.

Fonte: VOA

Detidos depois de ameaças do governador
Em declarações à “Voz da América”, Nelson Sul de Angola enviado do semanário “Angolense” disse que os repórteres tentaram entrevistar o governador do Huambo Faustino Muteka a propósito do trabalho da Comissão Parlamentar que terminou esta quarta feira, salientando que o governante negou tecer qualquer comentário tendo proferido ameaças de represálias caso eles publicassem a matéria.

Disse ainda que ao abandonarem as instalações da Comissão Parlamentar onde se encontrava o governante, agentes dos serviços de segurança os ameaçaram com armas de fogo.

Israel Samalata repórter do “Folha 8” conseguiu escapar, mas Nelson Sul de Angola foi apanhado pelos supostos agentes secretos, tendo sido retido por 48 minutos.

Samalata afirmou que, enquanto vasculhavam os seus arquivos e o telefone celular em plena rua, um dos homens apontou-lhe uma pistola nas costas.

Nelson diz que não podia fazer qualquer movimento estranho que desse a entender às pessoas que andavam pelas artérias da cidade de que estava a ser coagido sob pena de ser morto.

Afirmou também que os agentes retiraram o número do seu bilhete de identidade e foram-se embora.

O gravador que lhe foi retirado na rua foi encontrado três horas depois nas instalações da Comissão Parlamentar de Inquérito tendo sido devolvido mais tarde pelos guardas protocolares.

Israel Samalata repórter do “Folha 8” disse que, agora que foram recuperados os meios, estão a estudar a possibilidade de abrirem um processo contra Faustino Muteka, pelas ameaças proferidas.

A VOA tentou sem sucesso ouvir as reacções das autoridades no Huambo.
Refira-se que, a Comissão Parlamentar de Inquérito foi criada durante a 19ª sessão Ordinária da Assembleia Nacional a pedido da União Nacional para Independência Total de Angola, UNITA, para investigar supostos actos de intolerância protagonizados pelo partido no poder e que resultaram em mortes de membros da oposição no Huambo.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Lição de democracia caseira


Ainda hoje se diz por aí que o resultado das eleições de 2008 não reflecte a realidade política de Angola, mas a oposição continua embasbacada, sem saber como explicar o seu tremendo desaire nas urnas. O Top Secreto teve acesso a um compêndio de estratégias políticas estritamente reservado aos militantes mais meritórios do MPLA no qual se explica que os segredos da estrondosa vitória do partido repousam na aplicação dos seguintes princípios. Primeiro, começa-se por diabolizar a acção dos principais partidos da oposição nas suas zonas de maior influência; segundo, todos os montantes monetários arrecadados por empresas fiéis ao Estado são submetidos a um esquema de retribuição em compensação das benesses obtidas do Estado, semelhante ao dízimo das seitas religiosas; todos esses dinheiros (centenas de milhões de dólares) são utilizados nas propagandas do partido; calculam-se com precisão o final de obras importantes para uma data anterior e muito próxima do dia do escrutínio; considera-se a publicidade feita em redor das inaugurações dessas obras, assim como tudo quanto possa ser testemunhado em favor do Governo, ou contra a oposição como nada tendo a ver com a campanha eleitoral; programam-se horas e horas, sem contar, de tudo que seja laudativo para o Governo, de par com ataques violentos à oposição; perseguem-se ou intimidam-se jornalistas... e pronto, assim vai indo a nossa democracia. Parabéns pirataria política, mutismo e mimetismo geral.
De todas as espécies de pirataria a política é a mais comum. Nasce da multiplicação de ideias políticas, no fundo iguaizinhas umas às outras, como as amibas, num irreprimível fraccionismo que afecta as cabeças de dirigentes, o mais das vezes de “partidúnculos” sem expressão efectiva, incrusta-se de uma maneira muito confusa no espírito dos militantes mais influenciáveis, mas com a característica sui géneris de nessa fragmentação haver não mil e uma variantes de uma ideia central, como o que acontece com a pirataria religiosa, mas sim uma só ideia: a busca de dinheiro em nome do nobre ideal democrático. Alguns desses “partidúnculos” que apareceram na ribalta angolana (no total, uma boa centena) eram (alguns ainda são), de facto, enxertos provisoriamente não rejeitados pelo poderoso corpanzil do MPLA, outros, também enxertos, mas já rejeitados por via de um repentino amuo no seio do mesmo partido, outros ainda, obra de um só homem, com dinheiro e ambição suficientes para sonhar, como se criança fosse, em altos voos à frente de um ainda mais alto cargo político. Entre estes últimos apareceram em Angola figuras de proa, para não dizer de choque, como o que matou o filho e tentou camuflar o seu crime, ou de cheque, como aquele que roubou tudo o que havia no cofre do partido, ou de chique (os mais frequentes), como esse outro que empatou os fundos monetários do seu partido em negócios pessoais e na compra de um jipão. Enfim, de tudo um pouco, menos democratas.

Ainda a «Grande batalha política» do MPLA-JES, pela exterminação do jornalismo, da liberdade e da democracia.


Jornalistas ameaçados pelo Governador do Huambo. A CPI em questão
Os jornalistas do Semanário Angolense, Nelson (921686543) e do Bissemanário Folha 8, Samalanta (926002705), foram ameaçados pelo Governador do Huambo, apenas porque pretendiam ouvi-lo sobre o decorrer dos trabalhos da CPI que termina hoje. O Governador do Huambo intimou os jornalistas a não publicarem que ele não quer falar, caso contrário teriam consequências. Dada a sua eficácia, imediatamente por volta das 10 horas de hoje, Nelson foi alvo dum ataque dum grupo desconhecido armado, que confiscou todo o seu material, ameaçando-o com dizeres “não pensem que isto é Luanda”.
Está a virar moda os primeiros secretários do partido no poder, servirem-se de redes de lúmpens qualificados para levarem a cabo missões e ameaças, com todas as consequências. Não pode esta acção merecer apenas o nosso repúdio. É hora de ir mais fundo sobre este tipo de comportamento brutal. Os amigos do Bloco podem prestar solidariedade aos jornalistas, telefonando-lhes e dando-lhe uma palavrinha de conforto. Finalmente, estão em missão da procura dos factos para bem nos informar. Um direito que conquistámos, mas pelo qual temos que lutar minuto a minuto.
Fonte: Amigos do Bloco Democrático Angola

A última «Grande batalha política» do MPLA-JES


Esta outra mãe de todas as batalhas políticas atingiu o auge. Parafraseando: para o MPLA-JES a guerra é, e será sempre, a continuação da intolerância política por outros meios. A violência recrudesce por toda a Angola, tal e qual como o MPLA-JES pretende e ensaia… muito mal, como sempre. As chamas começaram nas tramas, e já se alastram a toda a pradaria de Angola. Porque quem é belicista nisso acredita com todas as suas forças… belicistas.
O importante é incendiar, porque nós, o MPLA-JES, mais uma vez esta batalha vamos ganhar.
Mas que grande derrota estamos a ensaiar.

«Huambo. Faustino Muteka, o governador ainda e sempre de convicção marxista-leninista, exerce brutal repressão sobre jornalistas, um deles do Folha8, Samalata, e outro salvo erro, do Semanário Angolense. Confiscaram-lhes tudo, incluindo os meios de trabalho. «Vocês não sabem o que vos vai acontecer.» Ameaçaram-lhes convictos da sua impunidade os seguranças pessoais do governador, na práxis dos quase quarenta anos da grande marcha para a grande desilusão.
Como se não bastasse, foram perseguidos por sete indivíduos, conseguiram escapar-lhes. Apontaram-lhes armas e colocaram-nos durante 40 minutos em cárcere privado. Retiraram-lhes os números dos BI. Encontram-se em perigo de vida.»
Resumo baseado no noticiário da Rádio Ecclesia, 22 de Junho, 12.00 horas.

Em Angola, só a bandeira da intolerância do MPLA-JES é permitida.


Na verdade, o MPLA-JES cumpriu com todas as promessas, excepto uma: a corrupção.
Viva a ortodoxia revolucionária marxista-leninista. Quem não é da nossa revolução, será tratado como um animal irracional. Leis? Não, não são para nós cumprirmos. Nós não necessitamos de leis, o nosso petróleo é a nossa lei, e tudo o mais não tem valor, porque nós, MPLA-JES, somos os fundadores de Angola. E quem reivindicar seja que interesses forem, o seu lugar é na tortura e na humilhação da prisão, e preferencialmente a eliminação física, claro.

«DIREITOS HUMANOS, EM ANGOLA... QUEM VIU OU SABE ONDE VIVEM!!!
Tenho conhecimento e de fonte segura, que na semana passada na Regedoria de Copoco/ Bié, foi levado preso o secretário da Unita daquela mesma Regedoria. Motivo: Recusou-se a arrear a Bandeira do seu Partido Unita, que estava Içada na Regedoria... ficou 5 "cinco" dias com as algemas, quando se decidiram tirar as mesmas tiveram de levar o Detido a um serralheiro, pois já ninguém sabia na polícia onde tinham posto as chaves!!! Isto é Horrível em pleno século 21 acontecerem coisas destas! Até quando o Mundo vai ficar a olhar para estes crimes cometidos pelo Ditador de Angola, José Eduardo dos Santos, e a sua polícia Mal formada que nem sequer conhecem as Leis e todos os outros que pactuam com o Regime??»
Fonte: Amigos do BD-Bloco Democrárico.

Bloco Democrático toma posição sobre a prisão de Agostinho Chicaia



O BLOCO DEMOCRÁTICO comunica, à opinião pública nacional e internacional, a prisão do Eng.º Agostinho Chicaia, activista cívico e ambientalista Angolano, presidente da Associação Cívica Cabindense Mpalabanda, ilegalizada pelo Governo Angolano, com recurso pendente no Tribunal Supremo desde 2006, e actual Coordenador Geral do Projecto Transfronteiriço do Mayombe do Progama das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) , às 15h00 do dia 20 de Junho no Aeroporto de Kinshasa - a mando do Governo Angolano e à pretexto de estar implicado no ataque à equipa de Futebol da República do Togo, aquando da realização do CAN em Angola - quando, em missão de serviço, se deslocava à Harare,

O BLOCO DEMOCRÁTICO, BD, condena mais este acto repressivo e intimidatório, e exige das autoridades da República Democrática do Congo (RDC) a sua libertação imediata e incondicional e ao Governo Angolano que retire da lista de suspeitos quem, como Chicaia, utiliza a razão para defender as suas posições políticas.

Para o BD a exigência da libertação imediata do Eng.º Chicaia impõe-se pelo facto de inúmeras mortes misteriosas se seguirem após raptos ou prisões ilegais, como as que ocorreram, há um ano, em Kinshasa, com o presidente da ONG “ Voz Dos Sem Voz” e a membros militares da oposição Cabindense.

O Eng.º Agostinho Chicaia tem residido ultimamente em Ponta Negra (República do Congo), de onde coordena o Projecto Transfronteiriço de Mayombe, do PNUA. Nesta qualidade, tem mantido contactos com as autoridades angolanas para uma maior integração do País nesse projecto regional de biodiversidade que visa a preservação do ambiente e o aproveitamento dos recursos disponíveis no Maiombe.

Para o BD é preciso impedir, sob qualquer pretexto, que o Eng.º Chicaia seja extraditado para Angola, pois, à semelhança do ocorrido com os activistas cívicos de Cabinda, Raul Taty, Francisco Luemba, Balchior Lanso Taty, André Zeferino Puaty, José Benjamim Fuca, Alexandre Cuanga Sito e Próspero Mambuco Sumbo, arrisca-se a ser detido, julgado, condenado e liberto pelo facto da norma incriminadora vir a ser considerada desconforme à Constituição. O Governo Angolano, deve assim, ordenar a sua imediata libertação e evitar espectáculos humilhantes que apenas mancham a imagem do país.

O BD exorta todas as forças políticas democráticas, todas as organizações nacionais e internacionais que se inscrevem na área dos direitos humanos, de Paz e da Democracia, todos os cidadãos livres, a exprimirem a sua clara indignação por este acto de pura prepotência e encararem formas de mobilização práticas para contrariar essa onda de violência.

O BD vai acompanhar de perto esta situação e tomará as mediadas pertinentes que se impuserem, no sentido de evitar o cometimento de mais um crime hediondo.

LIBERDADE MODERNIDADE CIDADANIA
O Secretário – geral
Filomeno Vieira Lopes

terça-feira, 21 de junho de 2011

A força do hábito


Militantes do MPLA vão dizendo por aí que a oposição exagera e todas essas pretensas violações de direitos e mesmo as agressões de que são alvo alguns militantes e um ou outro dirigente do partido do Galo Negro são fruto de uma verdadeira oposição popular aos mandatários da UNITA e nada têm a ver como o posicionamento oficial do partido dos camaradas. A ouvir esses discursos apaziguantes até é capaz de haver gente que acredite que o MPLA é um partido democrático autêntico e fervoroso defensor da liberdade de pensamento e do respeito pela decisão popular. Mas a verdade é que tudo isso é apenas retórica, pois na prática o MPLA continua a seguir os carris que eram os seus no tempo do monopartidarismo e a considerar que o país, o Estado, as suas instituições, os imóveis e os móveis, os dinheiros, tudo é dele e ele tudo pode fazer sem ser inquietado.
Tanto é assim que para o MPLA a campanha eleitoral já começou mesmo, ao ouvirmos as discursatas caseiras que por aqui e acolá proliferam, incentivadas pela energia balofa de BêBê,, o irredutível líder do ÉME luandense, em alardes publicitários ao partido, a marcha para a Paz e agora este IV Congresso. Se juntarmos a isso os peritos da nova ciência publicitária, quando estamos ainda muito longe das eleições, o que se vai seguir tem que ser seguido de muito perto pela oposição, pois o que vai certamente ser tentado por parte dos camaradas governantes é refazer o golpe da batota grossa, como nas legislativas de 2008.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Caso William Tonet: “Kopelipa” e Zé Maria pediram como indemnização 2 milhões de dólares


Luanda - O F8 foi chamado à pedra por motivos pueris, a pontos de nos questionarmos o que em juízo poderá estar em causa. Intimidar a imprensa? Amordaçá-la e silenciá-la para todo o sempre? A redacção, a administração, os amigos e companheiros do autóctone bissemanário, estão com o seu director, porque tememos (temem) que a intenção, agora pode não ser a de o prender, mas apenas de manchar o seu registo criminal, para o limitar a qualquer intervenção no futuro e ou ainda prepararem outra cilada, para o calarem no meio das suas masmorras.

*Sílvio Van-Dúnem
Fonte: Folha8

O julgamento, do director do F8, William Tonet, movido pelos generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, tcp Kopelipa, ministro de Estado e Chefe da Casa Militar da Presidência da República, António José Maria, chefe dos Serviços de Inteligência Militar das FAA, Hélder Pitta Groz, Procurador Militar das FAA, Francisco Furtado, ex-chefe do Estado-Maior-General das FAA e Sílvio Franco Burity, director dos Serviços nacionais das Alfândegas, por alegado crime de Calúnia, Difamação e Injúria, começou no dia 13 de Junho.

As sessões decorrem na 7ª secção da Sala dos Crimes Comuns, do Tribunal Provincial de Luanda, Dona Ana Joaquina, sob orientação do juiz de direito, Dr. Manuel Pereira da Silva, que abriu o julgamento ao público mas proibiu a cobertura da imprensa. Muitos dos presentes ficaram apreensivos com esta posição do juiz, que não é muito normal, mas, a lei, em casos de difamação e injúria, pela sensibilidade dos processos, por mexer com a honra das pessoas, concede ao magistrado a prerrogativa de salvaguardar e proteger o foro intimo, das partes que esgrimem na barra os seus argumentos. Se foi este o sentido do juiz Manuel da Silva, então não andou tão mal... pese ter deixado alguns jornalistas nervosos, principalmente o ancião do jornalismo Siona Casimiro do Jornal Apostolado e Alexandre Solombe da Voz da América, que foram convidados a sair da sala, por não se conformarem com a decisão do juiz.

Recorde-se que depois da abertura o julgamento foi interrompido e prosseguiu quarenta e oito horas mais tarde, no dia 15 de Junho, numa longa sessão iniciada por volta das 9 h 25 minutos e só terminou às 19 h 25 minutos, com a discussão de dois processos.

Nesse dia, na qualidade de arguido (aqui considerado réu), William Tonet, unicamente, nessa condição por os textos publicados ao não terem sido assinados ter de responder na qualidade de director, em conformidade com o art.º 73.º da Lei de Imprensa, ficou por mais de 10 horas de pé. É claro que é uma longa maratona de sacrifício para qualquer ser humano e, no caso, este humano, que ainda nem foi preso, foi, ao que parece por força da lei, torturado legalmente, tanto que ficou tolhido de mazelas, que o levaram a ter de ser assistido numa clínica em Luanda por este longo sacrifício de ter ficado tantas horas consecutivas de pé, ele que tem as rótulas partidas, unidas por uma liga de platina, fruto de um combate no Leste de Angola, durante a guerra, teve de resistir às exigências de ter que permanecer tantas horas numa posição quase erecta, com fome e com sede, num verdadeiro sacrifício, em nome da coerência, da liberdade e… da fé em Deus.

A sua defesa apresentou-se à barra do tribunal com a força dos que nada têm a temer. Fez valer os seus argumentos e conseguiu mesmo guardar uma aprimorada postura ao ouvir o que os ofendidos pediram como indemnização pelos alegados danos que eles teriam sofrido, com os artigos dos jornalistas do F8, todos com provas e devidamente sustentados pela dinâmica da democracia, da liberdade de imprensa e liberdade de expressão, extravagantes e absurdos montantes de cerca de 180 milhões de Kwanzas, ou seja, qualquer coisa como 2 milhões de dólares (DOIS MILHÕES DE DÓLARES!!), 40 milhões de kwanzas, 30 milhões de kwanzas e por aí afora. Tudo dizem, causados pelos artigos do F8, que nem sequer definiram nos seus verdadeiros contornos, quer dizer, os danos subjectivos, sem nenhuma comprovação efectiva. Mas, note-se, um dos artigos foi assinado e nunca os ofendidos fizeram questão de processar os visados,, preferindo virar baterias contra o director do F8.

Além disso, os mesmos ofendidos permitiram-se misturar os seus protestos aos enfatizados e simplesmente alegados protestos das heróicas e gloriosas FAA, que, elas, por seu lado, não pediram absolutamente nada ao F8, nem ao seu director. Outros falaram de tristeza no rosto dos trabalhadores com a notícia publicada no F8, caricatamente, sobre uma notícia que lhes dizia respeito por defender direitos e justiça laboral. Infantil bajulação por tabela seca… Obrigado a ficar de pé durante cerca de 10 horas, o director William Tonet não se fez de rogado e em nome da coerência e de ajudar o tribunal a chegar à verdade apresentou através dos seus advogados de Defesa, Doutores Tiago Ribeiro, David Mendes e André Dambi robustas contestações que definiram bem a ligeireza da acusação, aparente e estritamente concentrada numa visão umbilical, pese ser legitima.

O senão dos assistentes, pareceu, já nesta segunda sessão não estar em causa a alegada Calúnia, Difamação e Injúria, mas uma “gananciosa” obtenção de indemnização milionária, que nunca os autótones do F8, viram e sonham ter nas suas contas, mas que constituem meros trocados, para quem não tem pejo de se referir aos milhões como se fossem tostões. Dizer que os ofendidos, à excepção de Silvio Burity da Direcção Nacional das Alfândegas, não apareceram, dá uma ideia do que representa esta “Opéra Bouffe” anacrónica, que levou o juiz Manuel da Silva, em nome da lei, a aplicar uma multa aos generais, avaliada em 10 mil kwanzas.

Seguramente para eles isso não deverá ser nada…Mas este regabofe terá um final tipo “golpe de teatro à americana”, um pedido de indemnização - veremos porquê, mas na realidade é mesmo nada, o juiz decidirá em sua consciência, esperemos -, de qualquer coisa que ultrapassa todos os limites da coerência e da simples lógica, como já enunciámos aqui supra, esses tais mais de 300 milhões de Kwanzas em jeito de resgate dos atentados aos pecados que os ofendidos terão cometido, e que o F8 apenas deu a conhecer por ser do interesse público, para as nossas gentes ficarem a saber quem nos governa, quem decide e quem poderá um dia ou outro nos atacar em justiça quando o que eles mais têm é telhados de vidro, fraquezas e complexos de inferioridade mascarados em outros complexos, esses de superioridade. Com gente de má igualha, está o mundo cheio, por feroz açambarcadora de dinheiro, e se a imitação for a estratégia a seguir, Angola vai ser o palhaço do século XXI… e XXII.

Não temos educação, não temos termos, maneiras, não temos nada a não ser o dinheiro, venha de onde vier, como mais-valia de uma mentalidade retrógrada! Posto isto, não queremos de forma alguma intrometermo-nos nos meandros de um processo que em princípio está salvaguardado pelo sigilo absoluto em seu redor, mas convenhamos que fora os argumentos apresentados pela defesa, a acusação parece pecar por se limitar, quase que exclusivamente, a requerer compensações monetárias de uma denúncia que visava um “fait divers”, matéria mais que comprovada de todas as actividades jornalísticas do mundo inteiro.

O que aqui pesa sobre o F8 é o facto de o protagonista de alguns desses denunciados actos, menos, digamos, dignos de respeito, e comprometedores do bom nome do seu executante, não ter sido um “Zé-ninguém”, um maltrapilho, mas sim o responsável máximo do porto de Luanda. E vai daí vê-lo a gritar, “Abrenúncio! Mancharam o meu nome, destruíram a minha “vida”…”, coisas assim, tiradas das novelas brasileiras e dos processos escandalosos da Califórnia, em que valsam milhões de dólares de indemnização por causa de uma f… mal dada. Mas ainda que ocorra a pretensão de todas estas forças que apenas têm a razão da força, no seu horizonte, uma vez a democracia ser-lhes apenas um trampolim, para sufocar, todos quanto, ingenuamente, acreditaram que a implantação do multipartidarismo traria mais liberdade de expressão e liberdade de imprensa, depois de 1991, nós estaremos com ele e com os seus ideias. Isto por acreditarmos, que esta tentativa de determinadas forças, imporem a ditadura da mordaça, não calarão a nossa firme convicção de continuarmos a dar voz a quem não tem voz e a consolidação de uma verdadeira democracia.

Angola, acreditamos, pese o sofrimento, as grilhetas, as prisões arbitrárias, os assassinatos e as injustiças de toda ordem a que estão sujeitos a maioria dos autóctones, há de ser, mais cedo do que tarde, um verdadeiro Estado Democrático e de Direito, que mandará, através de julgamentos justos e com juízes imparciais, apenas comprometidos com a lei e a sua consciência, para a cadeia os corruptos e responsáveis das injustiças de hoje. Quanto a William Tonet, a tentativa de o amordaçarem, pode até, me desculpe o visado, não ser uma má ideia, se um dia lhe meterem na cadeia, pois, acredito e é a convicção de toda a redacção, que ele, editará, nas actuais masmorras do regime o FOLHA 8 PRISÃO, que será uma extensão do actual, que não se calará, não morrerá, porque resistirá com a contribuição de todos os autóctones. Tristeza a nossa, estarmos em tão baixo patamar de mentalidade.

O PREGADOR MPLA-JES, SARL


Gil Gonçalves
Diz o ditador: sem violência arbitrária, este mundo seria uma tristeza.
Enquanto o poder estiver com os idiotas, a fome nunca acabará.
Outra vez! Antes eram os russos e cubanos, agora são os chineses.
Existe escassez de cemitérios ou os mortos são abundantes? Extermínio da população em curso?!
O futebolista tem a inteligência nas pernas, o sábio tem-na no cérebro.
O Senhor da Constituiçao padece imutável. Os filhos dos famintos dispersam-se, perdidos não sabem o que querem. O nosso segredo é fazermos tudo em degredo. Adormecemo-los com narcóticos poderosos. Quando acordam enchem-se de visões. De vez em quando tentam espantar-nos com os seus temores. E acabam eles por estremecer. São apenas espíritos que se arrepiam nos seus devaneios. Somos mais justos que Deus e assim queremos continuar, mas os tempos infelizmente estão sempre a mudar. Não confiamos no nosso povo, são muito falsos, traiçoeiros.
Mesmo que lhes ponhamos boas escolas, boas casas, rebentam com tudo. Têm muita razão quando depois dizem que foi o governo. Até se queixam de uma simples torneira estragada que lhes inunda a casa. E que o governo não resolve nada, não os ajuda. São muito sacanas, um povo safado. Não procuram sabedoria, (também quem lha dará?!) e quando se lhes fala nisso, inventam uma doença. Dizem que não têm tempo, e quando o têm a cabeça começa a doer quando se lhes dá um livro para ler. Mas são muito simples, muito humildes. Basta uma caixa de papelão vazia, alguns pacotes de bolacha, cigarros, umas bebidas e já está o negócio montado. Não são muito exigentes, nem empreendedores porque os filhos milionários receberam Angola de bandeja. De qualquer modo já chegam os problemas que têm. Para quê complicar as coisas?
Apelo aos esfomeados a que busquem o MPLA, SARL
Vá, respondam! Para qual dos demónios se virarão? A ira é o nosso prazer; são tolos porque não têm oposição. Tentam construir casas, mas logo são amaldiçoadas, derrubadas, arrasadas. Parece que os vossos filhos estão a salvo, mas não há ninguém que os liberte. Os famintos não têm nada para devorar; nem espinhos têm para comerem; e os assaltantes estão sempre atentos. Da terra não sai nada; Só aflição. Nascem para trabalhar, o que não há; por mais que se levantem estão sempre a cair. Buscarei sempre o MPLA, SARL; não adianta contestarem. As coisas diabólicas são feitas pelo MPLA, SARL; e são tantas que já lhes perdemos a conta. Terra com chuva a mais, as colheitas destruídas; esse é o dom do nosso Chefe Eterno. Só os nobres têm direito aos lugares altos; e daí vêm a vossa salvação. Os mais espertos que nós são aniquilados; e as vossas mãos não carregarão nada. Não admitimos concorrência de sábios; os conselhos partem de nós.
De dia e de noite sem luz para que andem às apalpadelas. A minha mão forte pega na espada para castigar os prevaricadores. Esta é a esperança dos pobres. Bem aventurados os que o Chefe Eterno castiga; nunca desprezem os nossos castigos. Porque as vossas chagas e feridas não serão curadas, e é preciso ter sorte, que os hospitais tenham medicamentos. Das angústias não se livrarão, porque o Chefe Eterno vos tocará. Nunca se livrarão da fome da morte; nem da guerra, nem da violência da minha espada. Por mais que fujam não se livrarão dos açoites; serão assolados pelas marchas forçadas das maratonas. Não os temerei e da vossa fome rirei. Comerão as pedras e a terra dos campos. Tudo faltará nas vossas habitações; viverão sempre em tendas. Não terão sementes para multiplicar; só o capim crescerá.
Nem sepulturas terão na velhice; nem tempo, nem trigo. Estamos fartos de os admoestar; oiçam e meditem o que o Chefe Eterno vos esclarece.
Os famintos não se podem queixar
Oh!.. se alguém conseguisse pesar a miséria que já causei; felizmente que não existem balanças para essa tarefa. Teria que ser mais pesada que os campos petrolíferos e diamantíferos; é por isso que os esfomeados não valorizam as minhas palavras. Todo o poder e o veneno do Chefe Eterno estão comigo; os esfomeados tentam armar-se contra mim. Que se cumpram os meus desejos e que o Chefe Eterno se mantenha sempre no poder. Nunca mostramos compaixão aos aflitos; nem àqueles que temem o Chefe Eterno. Envergonham-se porque confiaram em nós; andam confusos com tantos partidos políticos. Não conseguem livrar-se do opressor; gostam dos tiranos. Calem-se; e nunca nos apontem erros. Nem tentem repreender-nos; cairá sobre vós um vento de metralha destruidor. Por mais que nos implorem nunca serão servidos; habituem-se às nossas mentiras. Voltai para junto de nós, porque a causa do Chefe Eterno é justa.
O meu paladar vem do reino; e o vosso da sua miséria. Cansaram-se da guerra; finalmente a paz, que mais querem?! O esfomeado espera ao sol que lhe paguem o salário. Não consegue dormir porque até de noite trabalha. Descomunais são as noites, o seu fim também. Não têm roupa para vestir, não podem comprar medicamentos. Morrem de doença porque não têm dinheiro. Na verdade a esperança é a primeira coisa a morrer; por isso já a perderam.
Se milhões de seres humanos aplaudem os pés dos jogadores, isso significa que são bípedes.
A vossa vida é como o vento; vem e esvai-se. É a sepultura donde nunca conseguem sair. As casas dos novos-ricos estão sempre cheias de guardas; as vossas estão bem guardadas pela fome. Nem cama têm para se consolarem; apenas um parco lençol, alguns plásticos, um cobertor e um balde para água; dormem infelizes no chão. Mesmo assim o Chefe Eterno não vos deixa, espanta-vos com pesadelos e visões da fome. Para quê tanto sofrimento; se a morte é melhor. Viver um nadinha é confortável. Não há um único momento em que não me incomodem; sentem enorme prazer inexplicável. Só o Chefe Eterno o sabe. Transgridem constantemente. Escolhem as madrugadas para nos perseguirem; vivem o terror nos restos das casas dos colonos.
O faminto está ensacado e injustifica o Chefe Eterno
Porque só o Chefe Eterno é Todo-Poderoso? Os filhos do Chefe Eterno estão sempre a transgredir; acusam os filhos dos famintos e torturam-nos até se cansarem. E não adianta pedir misericórdia ao Todo-Poderoso Chefe Eterno. A injustiça do Chefe Eterno é permanente; injustifica, impossibilita viver.
Não temos princípio, pelo que nunca teremos fim. Acreditámos no ontem, e lixámo-nos hoje; só restam sombras desse naufrágio. Falam sempre que nos precisam ensinar; já renderam o coração. Está tudo tão seco; enfeitiçaram a verdura. Assim são as veredas de quem acredita no Chefe Eterno; mas os hipócritas nunca perecem. Tiram-nos tudo; e não podemos perguntar, que fazem? O Chefe Eterno revogará a sua ira; e protegerá os maldosos. Nem nos juízes podemos confiar; a quem pediremos misericórdia? Mesmo que nos respondam, nunca ouvirão a nossa voz, porque são surdos. E enviam-nos tempestades à força do camartelo para os nossos casebres. Nem nos permitem respirar; até o ar é deles. As forças militares protegem-nos; por enquanto ainda são os mais fortes. Não nos podemos justificar, porque seremos condenados. São perfeitos em tudo; devido a isso somos imperfeitos. Protegem os ímpios e consomem os rectos. As terras são para eles; os juízes cobrem os rostos; se não foram eles que roubaram, quem foi então? Andam sempre em grandes velocidades; porém tudo marcha para trás Os juízes deixam as nossas queixas nas prisões do esquecimento; constantemente mudam de rosto. Estamos cheios de dores, porque sabemos que nunca declarados inocentes seremos. Porque não há ninguém que nos livre do Chefe Eterno? As mãos do Chefe Eterno não descansam, consomem-nos bruscamente. Até das nossas peles fizeram candeeiros muito elegantes, bonitos. A vida de escravos envergonha-nos de levantar as cabeças. Se nos exaltamos chamam-nos selvagens e antipatriotas; depois acalmam-nos com a promessa de que a nova vida vem aí. Porque esqueceram as nossas mães e os nossos pais? Os nossos dias minguam; deixem-nos tomar um pouco de alento. Queremos fugir para outro reino; só que está difícil, ou impossível lá entrar. Já não há luz nesta terra da morte; as trevas do Chefe Eterno eternizam-se.
O faminto mostra a sua sabedoria e pede ao Chdefe Eterno que se arrependa
Não dão resposta às nossas desgraças? Só o Chefe Eterno tem direitos? Obrigam-nos a calar as vossas mentiras? Com a vossa zombaria sempre presente? A doutrina política do Chefe Eterno é pura e limpa. A sabedoria do Chefe Eterno aprofunda-se mais que o inferno.
O Chefe Eterno defende-se dos famintos
Eu sou o povo e quando me for levarei a sabedoria. O meu coração não sente, o vosso é-me indiferente. Inventores de conspirações; diplomados, falsos doutores. A vossa sabedoria? É ficarem calados; São maldosos e invejosos; querem o nosso dinheiro. Querem acabar com a realeza e implantar a república da democracia. Apartem-se! Porque só eu tenho o direito de falar, de reinar, de governar.
O Chefe Eterno exalta o MPLA, SARL
Defenderei tudo o que estiver errado; disto depende a minha salvação.
Eu sei que sou justo; por isso defendo as minhas causas. Alguém tem coragem para me desafiar? Tirem as vossas mãos, que daqui não levam nada. Porque passam o tempo a escrever coisas ruins contra mim? Apesar de estar tudo podre, alguma coisa se aproveita.
O Chefe Eterno exige ao MPLA, SARL mais miséria para a população
O que nasce viverá poucos dias; ficará seco como os campos desertos, porque não há nada para neles semear. Vivem na imundície e querem ser puros? Os vossos dias estão contados. Deitam-se e levantam-se com o lixo; mesmo assim conseguem dormir. Espiritualmente estão mortos; a cabeça está vazia de noite e de dia. Perderam a esperança de serem homens; desgastam-se nas neolíticas pedreiras.
O Chefe Eterno mostra a sua impiedade
Terão ciências de vento; e andarão à procura de pão e não o encontrarão; com os aumentos nunca vistos do preço do petróleo, podemos e queremos o poder. Desde que tenhamos bem-estar, os outros que se safem. Aproveitem as ruínas dos vossos miseráveis casebres para habitarem; esta é a vossa consolação. A riqueza sempre foi para uns poucos; a distribuição dos rendimentos também.
O maior orgulho e prazer do MPLA, SARL é ver-nos, fazer-nos imensamente infelizes. O MPLA, SARL veio dum reino longínquo, o reino da tristeza e da desolação.
upanixade@gmail.com