sábado, 18 de junho de 2011

David Mendes na mira da TPA. Comité de especialidade de manifestantes contratados


A violência política é uma das pragas de origem humanóide que mais se alastra por essa África em busca de liberdade (inclusive a de se acorrentar a si própria) e isso desde que por aí chegaram os mercadores Mouros no século 14, ou talvez antes, e mais tarde, com os invasores Portugueses, Franceses, Ingleses e outros Holandeses, Alemães e Italianos, isto sem falar dos “upu-to date” Americanos, “Otanizados” ou não, e Chineses.

A violência política toma variadas e por vezes surpreendentes formas segundo as épocas e ou lugares onde se manifesta. A mais comum é a que se exerce militarmente.

Ultrapassada, actualmente ela exerce-se pela disfarçada via de uma força policial nacional própria, reforçada, que tem por alvo exclusivo os conterrâneos, sobre quem os seus agentes cometem toda a espécie de excessos, incluindo a “mise à mort”, o mais das vezes disfarçada em “estúpido” acidente.

Essa também está a ser ultrapassada, mas há, claro está, outras formas de violência, entre as quais se destaca a de Estado, sub-reptícia, assente na ameaça, provocação, diabolização ou empobrecimento provocado e mais ou menos acelerado dos oponentes mais incómodos. E é essa que, por ora, mais se alastra em Angola.

No passado dia 03.06.11, o advogado David Mendes, na sequência, coincidência ou não, do espancamento de que tinha antes sido vítima Luaty Beirão, foi contemplado com uma visita de um grupo de singulares, arruaceiros manifestantes, pertencentes ao COMITÉ DE ESPECIALIDADE DOS MANIFESTANTES BUFOS, recentemente criados por Bento Bento, primeiro secretário do MPLA de Luanda.

Não vinham sozinhos. A segui-los, diz o advogado David Mendes, ao F8; “Um grupo de mais de cinquenta pessoas acompanhadas, pasme-se da não menos partidarizada, Televisão Pública de Angola (TPA), quando eram aproximadamente 7 horas A.M., foram a minha casa e tentaram vandalizá-la sob argumento de que teriam sido por mim recrutados para distribuição de panfletos com a promessa de lhes pagar sete mil dólares a cada um deles (…)», refere a própria vítima na sua comunicação sobre esta maquinação.

A primeira pergunta que se impõe ao tomarmos conhecimento desta musculada acção levanta uma série de questões carecendo de respostas plausíveis, resumíveis em uma só pergunta: como é que a Televisão Pública tomou conhecimento daquela acção e se dirigiu a casa do advogado David Mendes com cinquenta pessoas decididas a resgatar os bens monetários de uma promessa alegadamente não cumprida?

Vê-se de muito longe e sem binóculos que a “cobertura” da TPA tinha sido encomendada de antemão, muito mais que provavelmente pelos próprios manifestantes, o que não impediu algumas pessoas responsáveis de virem a público pôr em dúvida essa eventualidade, como se houvesse outra, que, diga-se de passagem, eles não estavam a ver qual poderia ser, mas, sabe-se lá, talvez pudesse existir! E como para a defesa da “Sua Dama” todos os subterfúgios podem servir…

Por outra, a promessa em questão, como supracitado, apontava para um pagamento de 7 mil dólares a cada um desses indivíduos, pela sua simples presença na manifestação realizada no dia 25 de Maio, o que totalizaria a módica soma de 350 mil dólares (!!), de que eles reclamavam pagamento imediato para evitar sanções imediatas sob forma de vandalização da moradia do advogado. À parte o lado absurdo do exorbitante montante, nem sombra de prova foi dada da realidade da referida promessa.

A segunda questão refere-se aos fundamentos da acção: se houve promessa, houve contactos prévios, negociações e disso nem miragem se vislumbrou.

Resumindo sem concluir, o que mais se vê neste triste entremez de baixíssima estirpe é violência política num dos seus já mais que desgastados contornos camuflados por argumentos infantis, que atrasados mentais, menos mentecaptos que os mentores desta iniciativa, recusariam.

O propósito do referido grupo, sejamos honestos, não foi mais do que uma tentativa de atentado a integridade física de David Mendes, ao seu bom nome, à sua reputação de grande defensor dos direitos humanos e denunciador de todas as exacções cometidas por agentes do Estado, e, se possível, estamos em crer, eliminá-lo de uma maneira ou doutra, mesmo fisicamente a coberto de uma justificação válida.

O que nos leva a citar, primeiro, uma tirada de Luís Beirão: , enfim, uma declaração do o próprio Dr. David Mendes. Luís Beirão disse: “O autor moral desse crime político (a agressão à sua pessoa, à qual acrescentamos o real significado desta manifestação contra David Mendes), ainda que não tenha sido explicitamente ordenado (o que seria apurado caso a polícia fosse independente), é SEM DÚVIDA, o partido no poder, o MPLA que criou ao longo dos anos, uma estranha forma de reconhecimento à fidelidade partidária, recompensando com prémios e promoções, pessoas que, pelo partido, provassem que são capazes das mais insanas barbaridades.

O MPLA e o seu patrono José Eduardo dos Santos, são a meu ver, culpados pela agressividade dos seus militantes, tornados vigilantes e justiceiros, quando incentivam à bufaria e à violência, dissimulando mal nas suas intervenções públicas a sua verdadeira natureza autocrática. Que fique bem claro para todos, que se alguma coisa me acontecer, não procurem em mais lado nenhum, o culpado é o MPLA e não os jovens, carne para canhão, que têm de se submeter aos ritos de passagem para serem admitidos na gang», afirmou o advogado, para concluir que “Já é hora de o regime angolano compreender que não será com a minha morte que o processo de mudanças vai terminar. Mataram o Savimbi, mataram o Mfulupinga, mas a revolução não parou”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário