segunda-feira, 6 de junho de 2011

Tratamento radical provoca motim em Viana. Cadeias de Sebastião Martins continuam a matar presos




Morreu estupidamente, como sói dizer-se, um cidadão conhecido pelo nome de Miro e a sua morte provocou a revolta geral dos presos, que se sublevaram, criando um grande pânico na Cadeia de Viana.

O homem estava preso na Comarca Central e foi levado no dia 16.05, para a prisão de Viana. Em que circunstâncias exactas se procederam a essa transferência ainda não estamos em condições de nos pronunciar, pois faltam-nos confirmação do que realmente se passou.

O que se sabe é que o homem chegou a Viana num estado de excitação anormal e as autoridades prisionais decidiram proceder a um ritual rotineiro para acalmar o prisioneiro.

Esse ritual, que, de facto, se resume a drogar o exaltado por via de uma injecção intramuscular inoculando-lhe um poderoso calmante, mais ou menos como se faz aos animais selvagens que só podem ser dominados por via de drogas, tem os seus quês e sabe-se de longa data que tal maneira de resolver o problema de excitação excessiva de um recluso pode acarretar o despoletar de perigosos efeitos secundários.

Isso sabe-se, mas pouco pesou para a decisão ser deferida, e o Miro foi submetido, contra a sua vontade a esse tratamento.

Infelizmente, as coisas não se passaram exactamente como os mentores desse tratamento de choque pensavam, e a resolução do problema transformou passado pouco tempo em drama: o Miro não digeriu convenientemente a droga que lhe tinham inoculado e faleceu, no dia 17 de Maio, tendo o seu corpo ficado estatelado no meio dos corredores das celas, coberto por um envergonhado e revoltado lençol branco.

O problema é que essa inopinada morte provocou um motim que se transmitiu de cela em cela e o que se passou em seguida, segundo parece, tem a ver muito mais a ver com uma revolta generalizada dos prisioneiros de Viana do que com uma manifestação de protesto.

À hora do fecho do nosso jornal não temos mais novas do sucedido no terreno, mas desde já podemos inferir que os métodos prisionais de manutenção da disciplina na prisão de Viana, e não só, estamos em crer que o caso é extensível a todo o país, têm de ser revistos com urgência, a fim de evitar que de futuro acontecimentos dramáticos deste gabarito se repitam.

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