quinta-feira, 9 de junho de 2011

O real e o imaginário


Marta Fernandes de Sousa Costa*

Quando um assunto “vira moda”, de repente todos começam a falar nele. Com o interesse da mídia atiçado, coisas estranhas logo começam a acontecer, dificultando o entendimento sobre o real e o imaginário. Estranhas no sentido de nada ter a ver com o problema em questão, simples aproveitamento da exposição na mídia, quando “espertinhos” (ou “espertinhas”) aproveitam “o gancho” e resolvem tirar partido, inventando ou aumentando histórias.

Nesse tempo de “politicamente correto”, todo cuidado é pouco. Pessoas idôneas podem ser colocadas em maus lençóis, por má intenção ou má interpretação de atos antes considerados inocentes ou aceitáveis, hoje vistos com desconfiança. Porque agora se sabe que o inimigo pode estar ao lado, em casa, na praça, no local de trabalho. Conscientes dessa realidade, alguns se aproveitam das circunstâncias, inventando situações inexistentes ou explorando a fraqueza ou ingenuidade dos parceiros.

Homens bem-sucedidos, personalidades com exposição na mídia, políticos, sem falar em jogadores de futebol e esportistas de renome, de maneira geral, tornam-se alvos fáceis para mulheres determinadas a resolver definitivamente os seus problemas financeiros. Pensando usufruir de alguns momentos de prazer inconsequente, vêem-se enredados numa trama articulada para encrencá-los definitivamente. Acreditando usufruir de privacidade, arriscam-se a ter suas preferências, inclusive sexuais, transformadas em piada, quando expostas na mídia. Outros são acusados de estupro e, ainda que apelem em sua defesa, com sucesso, para o sexo “consensual” _ termo muito usado, atualmente _ conviverão com essa dúvida, sempre que seu nome for lembrado.

Da mesma forma, com a facilidade proporcionada pelos recursos do celular, hoje se tornou comum a divulgação, na internet, de filmes e fotos de momentos íntimos, alguns com a aquiescência de ambos os parceiros, em geral adolescentes, sem capacidade de avaliar os prejuízos futuros ocasionados pelo seu desejo de exposição e exibicionismo. Outros, porém, são divulgados à revelia dos interessados, geralmente do sexo feminino, após o rompimento, quando o descartado fica com o orgulho ferido e resolve usar a arma ao seu alcance. Arma que, sem matar fisicamente, causa mal irreversível, pois, ainda que a vítima consiga a proibição da divulgação, é impossível impedi-la totalmente, depois de lançada na internet.

Como, hoje, a facilidade de acesso ao noticiário mundial traz ao nosso conhecimento todo tipo de anomalias e perversões, o ouvido, já acostumado, aceita com naturalidade toda divulgação, sendo o réu condenado pela opinião pública, antes de julgado pelos tribunais. Embora se acredite que muitas histórias divulgadas sejam reais, outras tantas resultam da maldade humana, ampliadas pelo prazer da maledicência e pela inveja. Ninguém consegue vencer o poder exercido pela mídia e pela internet; notícias divulgadas fogem ao controle. Particularmente, contudo, cada um pode e deve procurar se resguardar. E esse resguardo começa pela escolha dos parceiros e das companhias. As más escolhas são as responsáveis pelas atrapalhações _ para dizer o mínimo _ em que as pessoas se metem, em geral se achando muito espertas e acreditando que com elas certas situações não acontecerão jamais.

*www.martasousacosta.com

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