quinta-feira, 16 de junho de 2011

Vice-ministro de Angola. Sem melhores condições de vida, África terá "bombas a explodir"


O vice-ministro do Planeamento de Angola admitiu no que o crescimento económico sem melhoras nas condições de vida da população pode resultar em "bombas a explodir" em África, admitindo que Angola também se confronta com esse problema. “É um problema que tem estado a afetar África e não só. Está a haver crescimento económico mas sem criação de emprego e que muito vezes não é partilhado distribuido da melhor forma. E isto significa que no longo prazo podemos estar a acender bombas, que podem explodir, que podem criar situações muito perniciosas”, disse Gualberto Lima Campos.
O governante angolano, que falava em Lisboa, na reunião anual do Conselho de Governadores do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), considerou por isso “muito apropriado” o tema destas reuniões, que tratam do crescimento inclusivo.
“Essa é a questão da ordem do dia que se coloca para todos os países africanos”, afirmou o vice-ministro, que se fez acompanhar pelo vice-governador do Banco Nacional de Angola Ricardo Abreu.
Em relação a Angola, Lima Campos admitiu que o país “está também confrontado com essa situação” mas disse que estão a “ser envidados esforços” para responder aos desafios”, ou seja, para conseguir que o crescimento fulgurante “melhore as condições de vida da população, crie emprego e que seja um crescimento sustentado”.
Entre as políticas em curso para “diversificar a economia e tornar esse crescimento económico inclusivo, criador de emprego e que proporcione melhor distribuição do rendimento pelo população”, o vice-ministro referiu o programa de investimento público em curso.
Trata-se de um programa “voltado para a reparação e construção de infraestruturas que vão permitir maior desenvolvimento das regiões mais afastadas dos centros económicos, um programa com grandes investimentos também na educação e saúde e que se preocupa com a diversificação económica”, sustentou o governante angolano.
A diversificação da economia, sublinhou, é “importantíssima em Angola” já que o grande desafio é “como transformar a riqueza petrolífera em riqueza diversificada para a nossa economia”.
Questionado sobre medidas para apoiar o desenvolvimento do setor privado e as PME, outro dos temas da reunião do BAD, Lima Campos disse que os programas de formação vão também nesse sentido, porque o empresariado angolano é jovem e mal preparado ao nível de competências de gestão.
“Muitas vezes a empresa é criada e passados seis meses fecha por causa dessa falta de capacidades”, sublinhou.
O acesso ao crédito é outro fator importante neste domínio, salientou o vice-ministro, adiantando que estão a ser criadas condições de acesso, nomeadamente com um programa específico dirigido aos pequenos agricultores, através do Banco de Desenvolvimento de Angola.
Segundo as “Perspetivas económicas em África”, lançadas segunda-feira pelo BAD, a economia de Angola deverá crescer 7,5 por cento este ano e 11,1 por cento em 2012, favorecida pela recuperação dos preços do petróleo, mas continua impulsionada pelo investimento público que é marcado pelo “clientelismo político e pela corrupção”.

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