Depois de lhe terem estendido o tapete vermelho e aberto as portas do salão de audiências do Palácio Presidencial, em Luanda, no passado dia 17.05.11, o empresário francês Pierrre Falcone, notório traficante de armas, foi recebido com pompa e circunstância pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a 32 anos no poder sem nunca ter sido eleito.
Sentimentos nobres presidiram ao comovente encontro entre o guerreiro e o seu fornecedor de canhões francês, a quem outorgaram medalhas e cidadania angolana, a revelia da Assembleia Nacional.
Era visível a satisfação de ambos.
O actual presidente da República de Angola, que nunca dedicou tanta pompa e circunstância a angolanos, muitos hérois, que muito e mais se bateram em prol do país e dos angolanos, não se pronunciou, mas, o traficante de armas Pierre Falcone não perdeu a ocasião de se servir da sua escova e abundar no fraseado laudatório.
Primeiro a Angola, país cujo “Governo foi reconhecido pelo mundo inteiro desde as eleições de 1992”, realçando que “a decisão da justiça francesa é uma vitória de Angola”, e, depois não se esqueceu de dar brilho a si próprio, realçando que “foram 11 anos de uma batalha jurídica extenuante para que a verdade histórica triunfasse”, e, para rematar em apoteose, confessou, “a minha decisão foi lutar para o grande dia de vitória da República de Angola, do Presidente José Eduardo dos Santos, do Executivo, e, evidentemente da minha família e dos meus companheiros, que foram tratados injustamente como todos sabem".
Pouco faltou para que o traficante não se auto-instituísse Herói Nacional de Angola.
Como não podia deixar de ser, a TPA, a Rádio Nacional, a Angop e como não podia deixar de ser, o Jornal de Angola juntou cera a este acontecimento deu lustre e saiu-se com o seguinte título em primeira página: “Tribunal de recurso de Paris deu razão a Falcone e Pasqua..
Curiosa maneira de dar razão, pois o que aconteceu nada tem a ver com vitória de Angola, de Falcone & Cia, pois a decisão final da corte de apelação de Paris considerou que o fornecimento de armas ao Governo angolano por Falcone/Gaidamak releva apenas do direito internacional, porquanto elas não circularam por fronteiras francesas, não tendo os tribunais franceses competência para julgar um tal caso. Mas o facto relevante é que as empresas que realizaram o tráfico são francesas e, por via dessas operações, cometerem vários ilícitos, fiscais e políticos condenáveis. Ponto final parágrafo, não deu razão nenhuma ao pacote global do processo.
Pelo contrário, lavrou uma sentença incriminatória e manteve a condenação do traficante de armas Pierre Falcone, condenando-o a dois anos e meio de prisão efectiva, tendo o réu sido solto, porque já havia cumprido este tempo, na sequência do seu encarceramento.
Verdade histórica é essa!...
Falcone foi condenado a dois anos e meio de prisão efectiva.
Se isso é uma vitória para Angola, muito dificilmente o país incorrerá em derrotas futuras.
Tanta mentira junta em tão poucas frases, como dizem os franceses “Il faut le faire!”. .
Nenhum comentário:
Postar um comentário