quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O silêncio que valida acusação


Voltamos à “carga” porque nos parece necessário denunciar tanto silêncio cúmplice. Depois de no reino do Ngola se terem levantado vozes solidárias de denúncias feitas pelo jornalista Rafael Marques num longo trabalho de investigação relacionado com abusos de poder, peculato, tráfico de influências, má governação e corrupção generalizada praticamente instituída pelos principais dirigentes políticos do país na sua labuta quotidiana de gestão das coisas do Estado e alguns afins privados, o Procurador-Geral da República enviou uma bola à trave ao declarar que o seu gabinete não tinha qualquer informação de denúncias passíveis de aplicação da “tolerância zero” apregoadapor Ngola Dos Santos. Nisto, do outro lado da barricada, nos redutos palacianos, contam-se pelos dedos de uma mão as vozes que, muito longe de serem clamores de indignação, quase em surdina se levantaram, manifestamente com medo de levantar ondas, a contestar tais denúncias, não obstante o partido no poder, mais precisamente, as suas principais figuras, terem sido os alvos principais da virulência das mesmas. O menos que se possa dizer a este respeito é que bem curiosa é tanta parcimónia.
Quanto aos principais visados pelo bisturi do Rafael Marques, nem um suspiro se ouviu, caladinhos ficaram nos seus hiper-confortáveis redutos, à espera de alguém que viesse defender a sua honra. Apareceu, sozinho, Rui Falcão, a pedir a intervenção dos órgãos competentes, no sentido de apurar a veracidade dos factos incriminados. Mas não apareceu ninguém, pelo que se presume que em Angola, à parte o seu presidente da República (o principal visado pelas críticas em questão), não há órgãos competentes! Será isto caminhar para a democracia?

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