O cada vez mais criticado e criticável Governo Provincial de Luanda sob tutela de um Executivo do tipo dos navegadores solitários, querem por ora extinguir o mercado do Roque santeiro e transferi-lo para o Panguila, a anos-luz dos interesses do “mexilhão” mwangolé. Dada a amplitude desta operação de transformação do Roque Santeiro em grandiosa empreitada imobiliária avaliada em dezenas de milhões de dólares, impunha-se desde o início fazer um estudo aprofundado dos possíveis cenários de avançamento dos trabalhos, com especial enfoque para os consideráveis problemas humanos causados pela movimentação forçada de uma enorme massa de cidadãos, de repente postos numa situação de muito difícil gestão. Deveriam ter sido previstas medidas paliativas e de resgate, destinadas a minimizar um provável desmoronamento social generalizado, criando centros de acolhimento, mobilizando pessoal para outras áreas, prevendo a reciclagem das casas do “processo”, enfim, distribuindo os males pelos servidores do mercado. E, sobretudo deveria ter sido acautelado o processo de pagamento dessas taxas que deviam servir, mas não serviram, para melhorias do mercado. As receitas arrecadadas nunca foram aplicadas e, se agora, que foi decidida e processada uma transferência do Roque, deve-se devolver o dinheiro ou mostrar onde e como se aplicou, sob pena de se confundir o valor das taxas recebidas durante dezenas de anos com roubo instituído. Estamos aqui a referir-nos a muitos milhões, melhor biliões, que devem ser restituídos. Mas nada disso foi feito, avançando-se o argumento de que seria um trabalho inglório com parcos resultados e muito dinheiro gasto. Talvez haja alguma parte de verdade nesse argumento, mas gerar assim a miséria de tanta gente, trás consigo dramas familiares e morte, e se for esse o preço para gerar riquezas, que os promotores dessas riquezas não venham depois tratar de terroristas os que se levantarão contra eles.
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