Malam Bacai Sanhá é presidente da Guiné-Bissau há um ano. Balanço? Muitas promessas, quase todas por cumprir
O Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, disse no 08.09 o que já tem dito, repetindo palavras e ideias sem consequências práticas. Nessa data repetiu, entre outras, a promessa de que os assassínios dos antigos chefes de Estado João Bernardo Nino Vieira, e das Forças Armadas general Tagmé Na Waié, vão ser esclarecidos.
Vale, ao menos, a ideia de que enquanto o deixarem vai falando. É pouco, mas se calhar é um princípio para qualquer coisa.
“O nosso entendimento é que efectivamente não pode haver uma verdadeira reconciliação sem que haja primeiro a justiça”, afirmou Malam Bacai Sanhá numa intervenção feita à imprensa para fazer um balanço sobre um ano na presidência do país.
“Eu prometi, e isso vou fazer. Os casos que tiveram lugar em 2009, os assassínios do Presidente João Bernardo “Nino” Vieira, do chefe de Estado-Maior general Tagmé Na Waié, dos deputados Baciro Dabó e Hélder Proença, esses casos terão esclarecimento”, afirmou.
“Este povo tomará conhecimento daquilo que aconteceu e isso para mim é um elemento, um reforço para o processo de reconciliação, porque só dizendo a verdade é que vamos poder reconciliar-nos”, sublinhou o chefe de Estado guineense.
“Penso que o andamento do processo é um elemento importante no quadro de reconciliação nacional”, insistiu.
João Bernardo “Nino” Vieira foi assassinado a 2 de Março de 2009, horas depois de o chefe das Forças Armadas, general Tagmé Na Waié ter sido morto num ataque à bomba no Estado-Maior guineense.
Meses mais tarde, a 5 de Junho do mesmo ano, os deputados Baciro Dabó e Hélder Proença foram mortos por alegado envolvimento num golpe de Estado.
Quanto à suposta, eventual e quimérica força de estabilização, Malam Bacai Sanhá diz que não será uma missão de ocupação, mas de testemunho do empenho dos guineenses para construção do país.
“Está hoje em debate a possibilidade de uma vinda cá de uma missão de estabilidade. Cabe aos órgãos de soberania da Guiné-Bissau decidirem”, afirmou o Presidente guineense.
“De acordo com informação que eu tenho parece que o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), enquanto partido no poder, já se pronunciou, o Governo já se pronunciou, espero brevemente, ainda esta semana, que a Assembleia (Nacional Popular, parlamento) se pronuncie”, explicou.
“Caso isso aconteça, nós trabalharemos as nossas posições, e a convidar a comunidade internacional para que venha assistir à Guiné-Bissau, não será uma missão de ocupação, não será uma missão de paz. Será uma missão de estabilização”, disse.
“Uma missão que testemunha o nosso empenho na construção de uma Guiné para os guineenses”, sublinhou o Presidente.
“Uma Guiné para todos aqueles que amam este país. Uma missão que testemunha o nosso esforço na luta contra o narcotráfico, o nosso esforço na luta para a eliminação completa da impunidade neste país, do nosso esforço na luta para unir os guineenses”, referiu.
“Essa será, eventualmente, uma das tarefas fundamentais dessa missão se vier a acontecer”, concluiu.
A possibilidade sobre um princípio de acordo das autoridades guineenses, para o envio de uma missão de estabilização internacional, foi anunciado no início de Agosto pela presidência guineense.
Malam Bacai Sanhá lamentou também a intervenção militar de 1 de Abril e garantiu que acontecimentos daquele género não se vão repetir.
“Lamento ter havido uma situação como o 1 de Abril. Espero que efectivamente não se repita. O 1 de Abril será o último acontecimento dramático da história do nosso povo, daqui para a frente teremos dias melhores e esses dias já começaram”, afirmou o Presidentes guineense.
“Não foi o pior dos acontecimentos que tiveram lugar na Guiné. Aliás, foi o único acontecimento do género que aconteceu sem que houvesse derramamento de sangue e danos materiais”, disse, sublinhando, que as autoridades souberam agir e repor a legalidade constitucional.
“Mas, de qualquer maneira, não era o que eu tinha prometido ao povo da Guiné”, reconheceu o chefe de Estado, que continua a prometer aos guineenses paz e estabilidade.
Ao povo, o Presidente pediu paciência, esperança e participação no desenvolvimento do país.
“Paciência para efectivamente compreenderem o processo que nós temos. Temos um país que é muito pequeno em tamanho, população muito reduzida em número, mas que é um país muito importante, tendo em conta a sua natureza, a sua situação geográfica”, disse.
“A paciência de compreendermos todo o processo por que passa, mas esperar sobretudo que este país vá andar um dia e nós estamos cá, nesta cadeira, para fazer andar este país”, acrescentou.
“Esperança para este povo, esperança de tranquilidade de sossego, esperança de paz e estabilidade e esperança de desenvolvimento. Esta é a mensagem fundamental que eu tenho para este povo”, disse.
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