Um carregamento de 30 mil sacos de açúcar chegou ao porto de São Tomé no 03.09, depois de cerca de três meses de escassez, que levou a um aumento do preço em mais de 1300 por cento.
Segundo disse fonte da empresa são-tomense de administração dos portos (ENAPORT), o navio com o carregamento de açúcar, que chegou atrasado à capital são-tomense, teve uma avaria em alto mar.
O director do Comércio são-tomense, Jorge Bonfim, havia anunciado uma semana antes “a chegada ao país no dia um de Setembro de um navio carregado com o açúcar”.
Jorge Bonfim disse ainda que este carregamento irá “abastecer o mercado durante pelo menos dois meses”, mas afirmou que outros carregamentos deverão chegar “brevemente” ao país.
A rotura no stock de açúcar no país provocou um aumento de mais 1300 por cento no preço praticado oficialmente no mercado são-tomense, passando de 15 mil dobras (cerca de 60 cêntimos do euro) o quilo para cerca 200 mil dobras (8 euros).
Nas lojas do arquipélago não existe açúcar, estando o mesmo a ser comercializado apenas no mercado informal.
Os serviços de inspeçcão da actividade económica mostram-se incapazes de controlar os preços e descobrir de onde é proveniente o açúcar que está a ser comercializado no mercado informal.
A crise do açúcar e o aumento vertiginoso no preço está a afectar o consumidor, que reclama do Governo medidas para reabastecer o mercado e evitar a especulação nos preços.
“E verdade que este Governo só entrou em funções agora, mas precisa de trabalhar rapidamente para inverter isso, porque assim não vamos aguentar”, disse Carlos Abreu, um funcionário público.
“Sou um funcionário público com um salário de um milhão de dobras. Se tiro 200 mil para comprar um quilo de açúcar fico apenas com 800 mil dobras e isso não me vai sustentar durante um mês porque vários outros preços também subiram”, acrescenta Carlos Abreu.
Também Aldemira Santos, jovem mãe de três filhos, reclama: “tudo está a ficar caro e nós os pequenos não vamos aguentar”.
Nos últimos meses os preços de alguns produtos, principalmente hortícolas, subiram drasticamente no mercado são-tomense, atingindo valores incomportáveis para o poder de compra dos trabalhadores de baixo rendimento em São Tomé e Príncipe, onde o salário mínimo é de 600 mil dobras (24 euros).
À excepção do açúcar, o mercado são-tomense está, no entanto, abastecido com todos os outros produtos de primeira necessidade e o director do Comércio garantiu que não se prevê para os próximos meses “qualquer subida de preços, pelo menos oficialmente”.
Quebra de sigilo bancário e escutas telefónicas para combater a corrupção
O Procurador Geral da República são-tomense, Roberto Raposo, quer que o Ministério Público (MP) tenha autoridade para investigar as contas bancárias e realizar escutas telefónicas aos responsáveis políticos e da administração pública como meios de combater a corrupção no arquipélago.
“A corrupção é dos aspectos mais difíceis de se provar, mas com meios, como a quebra do sigilo bancário, as escutas telefónicas, uma polícia de investigação criminal com mais meios, naturalmente seria muito mais fácil ao Ministério Público fazer o seu trabalho”, disse o Procurador Geral da República.
Roberto Raposo encontrou-se na semana passada com o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, a quem avançou estas ideias, esperando que “a vontade política de fazer tudo o que esteja ao seu alcance” para combater a criminalidade “seja concreta”.
O PGR referiu-se a vários processos que estão na alçada dos tribunais em investigação e disse esperar que os mesmos tenham andamento “mais célere”.
Entre eles, estão os mediáticos processos sobre a utilização de cinco milhões de dólares de crédito à importação feito no mercado brasileiro, conhecido como o “caso STP Trading”, envolvendo dois deputados e vários comerciantes, bem como outro caso de desvio de dois milhões de dólares postos à disposição da Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços (CCIAS) pelo Governo japonês para importação de bens e serviços.
“O que o PGR exige é a celeridade, a nível das investigações, que estão a ser feitas e aqueles processos pendentes no tribunal devem conhecer uma solução mais urgente para que a nível do julgamento tenha esclarecimento dessa questão para credibilizar o nosso estado de direito”, acrescentou Roberto Raposo.
O Procurador Geral da República defendeu que a autoridade do Estado deve ser prioridade, considerando que “a justiça tem que ser também prioridade” para se mudar “o estado da degradação completa da coisa pública”.
Roberto Raposo defende a necessidade de “reformas completas” no sector judiciário são-tomense, acreditando que, quer o Supremo Tribunal de Justiça, quer o Ministério Público e Tribunal de Contas estão de acordo de que “há necessidade de profundas reformas dentro do sistema”.
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