A banga angolana em todo o seus esplendor manifesta-se de muitas maneiras, comprando um Ferrari, um jornal, uma Universidade, um curso universitário mesmo não sabendo traçar objectivos e materializar projectos, muitos se quedam no simples facto de falarem, afinando e escrever em língua portuguesa e é o bastante para serem considerados uma sumidade.
Muitos, mesmo sem qualquer tipo de vocação e paixão, invadem o mundo do desporto, quais paraquedistas, para ganharem efémera vantagem visual e política, prejudiciais ao próprio desporto.
Mas temos aqueles, que mesmo sendo conotados como maus cultores da língua de Camões, são escravos do desporto, batem-se por projectos nesta área, chegando no seu sonho a arvorar pretensões de levar uma equipa de futebol ao topo de gama do futebol africano e mundial.
O sonho é legítimo.
O caminho tem sido espinhoso, mas a força de vontade e a crença, fazem de Bento Kangamba um homem ousado e visionário que, com os seus parcos recursos decidiu, num belo dia e ano, criar uma equipa de futebol, que do bairro, palmilhou até ao escalão principal e, hoje, para além de ser detentora da maior claque organizada de Angola e das mais famosas e conhecidas em África, transborda uma preocupação com as receitas financeiras.
Na sua teimosia e veia clubista Kangamba foi o primeiro dirigente desportivo angolano a ter ousado rubricar um acordo de parceria desportiva com um clube estrangeiro e do topo do futebol mundial: o Ajax da Holanda, cujo pacote de cooperação inclui a troca de jogadores, o fornecimento de material desportivo, etc.
O presidente do Kabuscorp do Palanca, caiu nos tempos mais recentes na boca do mundo devido a contratação de um antigo internacional brasileiro com mais de quarenta anos. Estamos a falar de Rivaldo.
Chamam ao antigo campeão do mundo de “kota” e acabado para o futebol, logo má e péssima aposta de um dirigente desportivo, mas esquecem-se estes arautos da desgraça antecipada, que Kangamba não foi o primeiro a ter esta visão de contratar velhas glórias, quando em causa está a massificação da modalidade, cuja etapa inicial é a de inspirar os mais novos a prática da modalidade, estando perto de ídolos, que reconheçamos, Angola deixou de os ter, logo esta pode ser uma contribuição, também, para o próprio futebol angolano no geral, porquanto a presença desta glória brasileira e mundial, vai, seguramente arrastar muitos adeptos aos estádios principalmente nas partidas da equipa popular do Palanca.
Bento Kangamba, recorde-se, não é o pai desta criança (ideia), pois quando os Estados Unidos empreendeu a campanha de contratar velhas glórias do futebol mundial como Pelé e outros, também se ouviram as vozes dos arautos da desgraça, mas a verdade é que anos depois, os americanos tomaram gosto pelo futebol e hoje têm uma liga profissional e jogadores em quase todos palcos do mundo.
Os jogadores antigos têm sempre algo a ensinar e são um autentico chamariz de público ao estádio levando, por via disso, ao aumento de receitas financeiras das respectivas equipas.
Assim Rivaldo, pode ser mais um golpe de mestre de um dirigente desportivo que, ante a crise, visualiza mais uma opção de capitalização.
É verdade que muitos dirão ser uma loucura pagar o que tem passado para o público, mas pode ser que a antiga glória, em pouco tempo, pague os custos da sua própria contratação com a venda de camisolas, bonés e outros acessórios.
A falta de um estádio ou complexo desportivo, não constitui um handicap, porquanto o presidente do Kabuscorp prevê construir o seu estádio nos próximos anos – de qualquer modo, em Angola o que mais há é clubes, nomeadamente de futebol e mais antigos, sem condições.
É verdade que, o vice - campeão dum Girabola que mesmo não sendo uma liga profissional, já o devia ter, mas como tudo sai do bolso do seu presidente, o cara quer ver se com a contratação do “kota” Rivaldo, consiga atrair mais público pagante nos seus jogos.
O tempo dirá se foi certa ou errada a sua decisão, mas é cediço o dito popular de; “Quem não arrisca não petisca”.
E BK (Bento Kangamba) que virou já uma marca não pára de surpreender e vai daí que entrou em contacto com um empresário português, o presidente do Vitória de Setúbal, Fernando Oliveira, com o qual iniciou a 7 de Fevereiro conversações para o estabelecimento de parcerias futuras e que podem passar por fortes investimentos de capitais angolanos no clube do Sado.
Quer dizer, uma visão de que o futebol também pode servir de alavanca para negócios que nada têm a ver com o desporto. Mesmo assim, vá lá, o primeiro resultado destas conversações foi um convite que Bento Kangamba endereçou ao Vitória de Setúbal para o jogo de apresentação do Kabuscorp, já com Rivaldo, no próximo dia 27 de Fevereiro, em Luanda, no Estádio 11 de Novembro, o mais moderno de Angola, construído para o CAN de 2010, com capacidade para 55 mil pessoas.
Imagem: http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=315257&rss=1
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