A PSP registou, durante o ano passado, 2.872 casos de idosos encontrados mortos em casa. Portugal soma e segue.
Orlando Castro*
Os casos dizem respeito a pessoas com 60 ou mais anos, que morreram em casa sem qualquer tipo de assistência médica e que foram descobertas pela PSP, muitas vezes em conjunto com outras autoridades.
O distrito de Lisboa é o que regista mais casos - 1.299, cerca de 45% do total. Apesar dos números registados na capital, a PSP de Lisboa tem actualmente 259 equipas de proximidade e apoio a vítimas no terreno, que têm sinalizados quase quatro mil idosos em risco.
Depois de Lisboa, segue-se o distrito do Porto, com 414 casos, a ilha da Madeira, com 232, e Setúbal, com 220 casos. Os restantes distritos não chegam a um número com três dígitos. Ainda assim, destaque para Coimbra, com 99, Aveiro, com 90, e Braga, com 76 casos.
Nas contas da PSP, as regiões com menos ocorrências deste tipo, em 2011, foram a ilha do Pico, nos Açores, com um só caso, Évora, com dois, a ilha açoriana da Graciosa, com cinco, e a Guarda e o Faial, com 13 casos cada.
Valha, contudo, a certeza de que o governo quer resolver alguns dos mais sérios problemas do reino. Pelo que está a fazer pode ter-se a certeza de que Portugal vai mesmo ser um país diferente.
A esperança média de vida vai diminuir porque os velhotes vão morrer bem mais cedo, porque os de meia idade não vão chegar a velhos e porque os mais novos não poderão ter filhos.
Além disso, a esmagadora maioria dos portugueses vai deixar de consumir definitivamente antibióticos e outros medicamentos, contribuindo assim para pôr em ordem as contas do Serviço Nacional de Saúde.
Isto porque, para além do preço (que não podem pagar), esses fármacos devem ser tomados depois de uma coisa que hoje é uma miragem: refeições.
Como é óbvio, nada disto se aplica a cidadãos de primeira do tipo Cavaco Silva que, em termos vitalícios, só tem direito nesta altura a 4.152 euros do Banco de Portugal, a 2.328 euros da Universidade Nova de Lisboa e a 2.876 euros de primeiro-ministro.
Recordo-me de o ministro da Solidariedade e Segurança Social ter considerado no passado dia 12 de Dezembro "preocupante" o número de idosos em situação de risco, afirmando que é necessário agir de forma "muito determinada" para sinalizar estes casos e garantir a protecção destas pessoas.
Quem diria? Idosos em situação preocupante? Em Portugal? É mesmo estranho, desde logo porque se sabe que só existem 800 mil desempregados, 20% de miseráveis e outros tantos cujo grande objectivo de vida é pôr alguma coisa nos pratos.
A Segurança Social estima que sejam já 25 mil os idosos em risco e sem apoio, num universo de quase 400 mil pessoas com mais de 65 anos que vivem sozinhas em Portugal. É claro que o número dispara se se considerar os que vivem sozinhos… mas acompanhados.
"São números preocupantes", disse Pedro Mota Soares, à margem do seminário "Sociedade Civil e Envelhecimento - Desafios do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações", que decorreu em Lisboa.
O ministro adiantou que, com o Censos 2011, já se conhece a dimensão do envelhecimento: "Cerca de 20% da sociedade portuguesa tem 65 anos ou mais".
"Sabemos das situações de risco e, por isso mesmo, queremos agir de uma forma muito determinada e este Ano Europeu do Envelhecimento Activo também terá de acautelar todo o fenómeno que hoje existe dos idosos que estão colocados em situações de risco", afirmou num conjunto de palavras que, logo depois, foram levadas pelos ventos agrestes de um país governado para o défice e não para as pessoas.
Nesse sentido, adiantou o ministro, tem sido feito um trabalho mais directo com as instituições sociais, com os serviços da Segurança Social para se conseguir fazer a sinalização desses casos e "garantir protecção às pessoas dentro das instituições".
Nada como ir dando o peixe (no caso para dividir por vários) sem ensinar a pescar, já não os idosos mas os filhos. Se bem que mesmo os filhos já estão também esqueléticos de tanto tentarem, como quer o Governo, viver sem comer.
No dia 20 de Fevereiro de 2010 (eu sei que se ele já nem se lembra do que disse ontem…) Pedro Miguel Passos Relvas Coelho disse no Porto, que "Portugal estava a bater no fundo". Hoje, com a sua ajuda, está a cavar mais uns metros no fundo…
Os portugueses quiseram mudar, mês escolherem farinha do mesmo saco. Esperavam que Passos Coelho e o PSD os tirassem do pântano movediço. Mas, mais uma vez, o resultado está à vista. Em poucos meses o Governo já conseguiu cavar mais uns metros, tornando ainda mais fundo e putrefacto o pântano.
Ao contrário do que prometera, Passos Coelho entende que condenar os portugueses ao insucesso é a melhor forma de recuperar o que resta. Disse aos portugueses que havia uma ponte que os levaria para a outra margem. Eles acreditaram. Hoje, chegados ao meio da travessia, concluem que afinal nem ponte existe.
Não deixa, contudo, de ser verdade que o PSD continua a ter muita gente à sua volta. Não faltam energúmenos para quem chafurdar na merda é uma questão de sobrevivência.
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