O antigo presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, chefe dos observadores às presidenciais de 26.02 da União Africana e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), reuniu-se no 22 com candidatos da oposição, numa tentativa de acalmar as tensões eleitorais.
Uma declaração de Obasanjo, adiantou que enquanto chefe da missão de observadores se reuniu com cinco dos 13 candidatos que disputam a primeira volta das presidenciais contra o ainda presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, de 85 anos, que concorre a um terceiro mandato.
Da lista de opositores fizeram parte Cheikh Tidiane Gadio, Moustapha Niasse, Ousmane Tanor Dieng, Idrissa Seck e Ibrahima Fall além de dirigentes do M23, uma coligação da oposição.
Desde que o Tribunal Constitucional senegalês aceitou, em Janeiro, a candidatura de Wade e rejeitou a do conhecido cantor Youssou Ndour, os protestos da oposição têm sido quase diários, sobretudo nas ruas de Dacar, a capital, resultando em confrontos com a polícia que provocaram pelo menos seis mortos e dezenas de feridos e detidos.
No dia 21.02, à chegada a Dacar, Obasanjo afirmou que não afastava a possibilidade de mediar “acontecimentos indesejáveis”, como a vaga de violência registada nesta última semana de campanha eleitoral.
“O mandato que temos é de observação eleitoral, mas por causa da situação no terreno, não deixaremos de atuar para impedir situações indesejáveis ou evitar aquilo que possa ser evitado”, esclareceu Obasanjo.
Entretanto a França condenou a violência das forças de segurança senegalesas contra manifestantes em Dacar e manifestou “solidariedade” ao cantor e opositor Youssou Ndour, ferido num confronto com a polícia. “A França lamenta profundamente que a actuação das forças de segurança tenha provocado mortos e numerosos feridos entre os manifestantes”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Romain Nadal, adiantando que o país “manifesta condolências às famílias das vítimas e solidariedade e votos de rápidas melhoras a Youssou Ndour”.
A declaração de Nadal é a primeira em que a França, antiga potência colonial do Senegal, se referiu a Ndour pelo nome, embora Paris tenha anteriormente apelado para “uma mudança geracional” no país governado desde 2000 pelo presidente Abdoulaye Wade, de 85 anos.
Wade concorre a um terceiro mandato nas presidenciais, apesar dos protestos da oposição contra o Tribunal Constitucional, que validou a candidatura do presidente cessante e, ao mesmo tempo, inviabilizou a possibilidade de Ndour ir às urnas, alegando insuficiente número de assinaturas.
Youssou Ndour, vencedor de um Grammy e muito conhecido no estrangeiro sobretudo pelo dueto com Neneh Cherry “Seven Seconds”, é um abastado proprietário de discotecas, que decidiu candidatar-se contra Wade nas presidenciais, mas cuja candidatura acabou rejeitada, provocando maior contestação nas ruas.
No 21.02, Ndour foi atingido por um projéctil quando participava num protesto de rua, tendo ficado ferido numa perna.
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