sábado, 25 de fevereiro de 2012

O Comunicado da União da AMC


O AMC (Amplo Movimento de Cidadãos) publicou na semana passada um comunicado relacionado directamente com a actual situação político-económica e social que o país atravessa.
Nesse documento está bem expressa a sua profunda preocupação perante as incoerências manifestas em sucessivas decisões políticas, económicas, judiciais e administrativas.
Citando desventuras, gafes, erros crassos, manifestações de intolerância e petulância, assim como as inverosímeis facilidades acordadas a certos investidores estrangeiros, passando pela criação de zonas empresariais em locais sem condições de rentabilização dos investimentos (carências em fornecimento de água e energia, saneamento básico inexistente ou insuficiente), etc., o AMC infere que é de facto urgente reagir.

«Todavia, o país não tem alguém credível, capaz de emprestar lustro a um processo tão sensível.Os partidos políticos tradicionais, com assento parlamentar, têm estado a assistir, impávidos e serenos, à procissão das violações dos códigos constitucionais, que a todos vão descredibilizar no futuro. Portanto, repetimos, urge reagir», proclama o comunicado aqui referido.
Prosseguindo nesta ordem de ideias, o AMC dá a lembrar que, mesmo assim, existem no país políticos de boa-fé e incita intelectuais, partidos, organizações da sociedade civil, religiosos ao serviço dos mais carentes e outros activistas civis, a lerem com olhos de ler, «os sinais dos tempos e tudo fazer para evitar convulsões no futuro, principalmente quando no presente a bússola está desajustada».
É um apelo à paz social, comprometida pelo autismo e arrogância do regime vigente e, por tais razões, «o AMC conclama a todos os intelectuais independentes, aos nacionalistas e a todas as organizações politicas, sociais e religiosas que se juntem numa grande coligação, tendente à formação de uma Terceira Via, para credibilização do espectro politico, ao invés de continuarmos a navegar em frágeis tipóias partidocratas. O país precisa de unidade e de uma nova esperança e ela é possível ainda nos próximos tempos, com a certeza de ter um norte e acreditar que nem tudo repousa no mundo das trevas».
É um apelo à união. União de espíritos sãos, de forças, de esperanças e de projectos em torno de todos aqueles que se decidam a investir na liberdade e na democracia.
Saindo tardiamente esta notícia, pois o comunicado data de há uma semana atrás, não nos inibimos de colher as vantagens deste atraso, dando a conhecer aos nossos leitores que existem indícios claros de os apelos da AMC terem sido ouvidos. Partidos dispersos, forças da sociedade civil e organizações diversas responderam de diferentes maneiras a esta proposta. Ampla.
Verificaram-se durante a semana vários movimentos de aproximação de partidos e projectam-se coligações que só podem ir no sentido preconizado pelo AMC, de fazer frente, numa união de facto, ao gigantesco aparelho político coercivo, mas aparentemente democrático, do nosso país.
E ao que parece o apelo já terá começado a ter acolhimento a julgar pela acção conjunta de alguns dirigentes de partidos políticos no dia 01 de Fevereiro de terem actualizado o seu registo eleitoral, na tenda da Comissão Nacional Eleitoral, localizada diante da RNA.
Destacou-se a presença de Manuel Fernandes dos POC, Alexandre Sebastião André, Pinto e Muanza, todos do PADDA-AP (Aliança Patriótica) Lindo Bernardo Tito, ex-PRS, Abel Chivukuvuku e Leonel Gomes da UNITA, Filomeno Vieira Lopes do Bloco Democrático, e ainda William Tonet, na qualidade de secretário Executivo do AMC, entre outros actores da política nacional.
Todos defendem ser importante o registo eleitoral, visando credibilizar as eleições que se anseiam decorram sob o espectro da transparência e legalidade.
Quanto a possível formação de uma Terceira Via, aglutinando uma boa parte dos pequenos partidos políticos, Manuel Fernandes dos POC, afirmou ao F8, que “nós entendemos ser fundamental, numa fase de crise económica e onde escasseiam os recursos financeiros, a unidade das forças político-partidárias e da sociedade civil, comprometidas com a democracia e os angolanos”, asseverou, acrescentando, por via disso ser “importante tal cenário de unidade para que possamos alterar o quadro trágico que o pais atravessa, sendo assim, nós os partidos integrantes nos POC, estamos abertos a todas iniciativas que conclamem a nossa unidade, visando a não dispersão de votos, para que seja possível a consolidação de uma alternância credível para Angola, por esta razão, bem haja esta iniciativa do AMC”, conclui o líder político, Manuel Fernandes, que deixou para a próxima semana uma posição dos partidos da coligação, que apresentarão a forma como vão a votos e quem será o seu cabeça de lista.

COMUNICADO

O Amplo Movimento de Cidadãos (AMC), face à actual situação político-económica e social que o país atravessa, não pode deixar de manifestar a sua profunda preocupação perante as incoerências manifestas em sucessivas decisões políticas, económicas, judiciais e administrativas.
À parte as inverosímeis facilidades acordadas a certos investidores estrangeiros, passando pela criação de zonas empresariais em locais sem condições de rentabilização dos investimentos (carências em fornecimento de água e energia, saneamento básico inexistente ou insuficiente), até chegarmos ao ponto de assistir às erecções de Centralidades que vão ficando vazias, vazias mesmo, passados que já lá vão uns 7 meses após a sua inauguração, o que mais se tem visto no país relaciona-se com uma série de ilegalidades cometidas por órgãos que deveriam ser os guardiões da justiça e da democracia participativa.
O exemplo mais recente foi a violação do regulamento do concurso para a eleição do Presidente da Comissão Nacional Eleitoral, que permitiu a um dos candidatos, de facto, candidata, ser eleita sem sequer apresentar os requisitos pedidos para a sua inscrição no mesmo.
Com efeito, a jurista Suzana António Inglês, nomeada presidente da CNE, é advogada, inscrita na Ordem dos Advogados de Angola, e não Magistrada Judicial em exercício de funções em qualquer órgão Judicial, como exige a sua admissão ao referido concurso. Mas foi eleita. Inconstitucionalmente. Pelo que urge reagir.
Todavia, o país não tem alguém credível, capaz de emprestar lustro a um processo tão sensível. Os partidos políticos tradicionais, com assento parlamentar, têm estado a assistir, impávidos e serenos, à procissão das violações dos códigos constitucionais, que a todos vão descredibilizar no futuro. Portanto, repetimos, urge reagir.
Os políticos de boa-fé, os intelectuais, os partidos e organizações da sociedade civil, os religiosos ao serviço dos mais carentes e outros activistas civis, têm de saber ler os sinais dos tempos e tudo fazer para evitar convulsões no futuro, principalmente quando no presente a bússola está desajustada
Por tais razões, o AMC conclama a todos os intelectuais independentes, aos nacionalistas e a todas as organizações politicas, sociais e religiosas que se juntem numa grande coligação, tendente à formação de uma Terceira Via, para credibilização do espectro politico, ao invés de continuarmos a navegar em frágeis tipóias partidocratas.
O país precisa de unidade e de uma nova esperança e ela é possível ainda nos próximos tempos, com a certeza de ter um norte e acreditar que nem tudo repousa no mundo das trevas.
O AMC espera pois que as forças vivas se unam e possam erguer a nova bandeira da esperança, para 2012. Em torno de todos aqueles que se decidam a investir na liberdade e na democracia.

Por um País Plural.
Vamos Pensar Angola
Luanda, 26 de Janeiro de 2012
O Secretário Executivo
William Tonet

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