sábado, 25 de fevereiro de 2012

Mihaela Webba desabafa. “UNITA tem responsabilidades acrescidas”


A ministra da Justiça do governo Sombra da UNITA, refutou a tese, segundo a qual, o Bloco Democrático (BD) é alternativa no poder em Angola, por frequentemente tomar partido das manifestações ao lado dos jovens.

Antunes Zongo

Mihaela Webba, desabafou quando respondia as questões dos jovens presentes na primeira Conferência Provincial da Juventude, nos dias 27 e 28 de Janeiro de 2012 que decorreu no Restaurante Jacaré, no bairro Prenda, município da Maianga.
A mesma contou com vários prelectores tais como; Domingos da Cruz, Makuta N’kondo, William Tonet e Filomeno Vieira Lopes, contando ainda com a presença de vários jornalistas, estudantes, individualidades diplomáticas e líderes de vários partidos políticos, com realce para o general Kamalata Numa, membro do Comité Permanente da UNITA.
A sala do evento esteve bastante preenchida por jovens que, insistentemente teciam várias críticas contra o maior partido na oposição: “a UNITA está a perder peso e, nas nossas manifestações ela (UNITA) nunca se faz presente, o partido que sempre se faz presente é o BD. Porquê?”.
A este questionamento dos jovens estudantes universitários, a jurista Mihaela Webba, ministra da Justiça do Governo Sombra da UNITA, não se fez rogada: “o BD não é alternância no poder, aquele partido tem uma expressão diminuta na sociedade, já a UNITA tem responsabilidades acrescidas por ter uma implementação nacional” justificou Webba, lançando um abanar de cabeça e silêncio do auditório.
Mas quando foi chamada a falar sobre a actual situação do país, não se fez rogada, tecendo duras críticas contra José Eduardo dos Santos e o seu Executivo, aconselhando mesmo a oposição de não participar nas futuras eleições, caso a fraude continua, “por estar o processo antecipadamente viciado”.

Kamalata Numa da UNITA
Relativamente aos últimos posicionamentos dos “maninhos”, Kamalata Numa pediu a compreensão da juventude e ressalvou: “Devemos todos lutar no sentido de encontrar um caminho que possa dignificar o futuro deste país de forma mais inclusiva, mais de direito e democrático” salientou, continuando: “eu já fui jovem como vocês em 1974 e 1975, palmilhamos momentos dolorosos em que como colegas éramos separados, uns iam para UNITA outros para o MPLA ou a FNLA e, infelizmente o caminho que trilhamos foi tão doloroso que hoje Angola é um dos países dos mais partidarizados do mundo e não podemos continuar a permitir isto”.
De realçar que a Conferência Provincial da Juventude Revolucionária, foi organizada pelos jovens protagonistas das várias manifestações ocorridas na capital angolana.

O outro lado dos “arruaceiros”
Os jovens protagonistas das inúmeras manifestações ocorridas na cidade de Luanda, são considerados “arruaceiros” pelo regime do MPLA, mas eles fazem questão de provar o contrário, pois dizem ter ideias concretas quanto ao rumo que querem ver o país trilhar. “Desejo uma Angola com um governo que responda as necessidades básicas das populações, tais como água, energia, emprego, habitação acesso fácil ao crédito bancário, etc. Por outro lado deve um governo responsável apostar também numa educação séria, em todos os níveis e não a que opta em activistas políticos”, conclui Gaspar Luamba, estudante de Direito, “barbaramente” espancado e preso na manifestação de 3 de Setembro de 2011,
A manipulação dos órgãos de Comunicação Social Públicos pelo regime e o débil sistema de saúde existente no país, foram também alvo de duras críticas.
Já o engenheiro mecânico, Adolfo Miguel Campos André, manifestou-se pela falta de oportunidades aos jovens para o primeiro emprego. “Angola tem de ser igualitária, com todos a terem a mesma oportunidade, nos concursos públicos e na nomeação e eleição para os cargos de direcção. E reivindicar isso não é ser arruaceiro, como o MPLA quer fazer crer. É ser angolano, angolano, angolano, angolano sempre e nunca luso - tropicalista, que hipoteca o país a genros estrangeiros”.
Alexandre Dias dos Santos, Libertador deseja “somente” que se reduza os preços das propinas nas universidades privadas no país, fixando-se estas em 150 dólares/mês.
Já Tonildo Alexandre é técnico médio, mas sem pejorar aquilo que passou a ser “profissão de luxo”, trabalha como estivador (descarrega mercadorias dos contentores) e, aufere 10 mil kwanzas por mês.
O mesmo sente-se excluído das políticas traçadas pelo governo angolano que privilegiam a militância partidária no MPLA. “Nós só queremos que todos os verdadeiros angolanos, alcancem o poder e formem um governo sensível aos queixumes das populações. Quando atingirmos isso não mais haverá manifestações”, concluiu.

COMUNICADO FINAL. 1ª CONFERÊNCIA PROVINCIAL DOS JOVENS
REVOLUCIONÁRIOS DE ANGOLA
Realizado no RESTAURANTE JACARÉ no Bairro do Prenda em Luanda entre 27 e 28 de Janeiro de 2012.
Cientes de que vivemos num cenário político e social de características profundamente ditatoriais e autoritárias, nós, jovens angolanos, membros activos do movimento revolucionário e orgulhosos da terra que nos viu nascer, estabelecemos as seguintes recomendações finais.
1- Usar a constituição da República como principal instrumento de luta na busca de Angola mais livre e justa para todos.
2- Incentivar os participantes do encontro ao exercício pleno de cidadania na luta para descontrução da cultura do medo.
3- Levar as comunidades, a missão de massificar e divulgar os valores democráticos que uma sociedade deve ter.
4- Ajudar os jovens a perceber as vantagens de termos uma Angola mais democrática e mais justa para todos.
5- Incentivar o uso de ferramentas de intervenção e activismo social como: Ciberativismo, música, literatura, pintura e os debates públicos.
6- No nosso entender, as manifestações devem continuar, porque ajudam a despertar a sociedade e pressionam os detentores do poder politico para uma melhor e genuína governação para o povo.

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