Na nossa última edição publicamos um artigo que, na sequência de uma informação recebida de uma fonte bem colocada do MPLA, revelava a existência de uma negociação em curso, paralelamente à que decorria por altura do pacote eleitoral.
Segundo a nossa fonte, representantes da UNITA e do MPLA tinham-se reunido em torno duma mesa, com o intuito de abordar uma questão muito delicada, muito sensível, múltiplas vezes repetida e não ouvida, mas que nestes tempos pré-eleitorais foi objecto de atenção cuidadosa por parte dos membros do nosso pseudo governo.
Questão candente, de facto, mas só em tempos que já lá vão, idos do “Falecido”, hoje retirada do baú poeirento dos casos esquecidos da história de Angola: o património perdido na guerra pela UNITA. A maioria do qual hoje foi ocupado nas calmas pelos camaradas, tínhamos nós escrito
As negociações foram conduzidas, por parte da UNITA, pelos negociadores: general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, “Kopelipa”,chefe da Casa Militar, general Leopoldino Fragoso, “Dino”, assessor do chefe da Casa Militar e Dr. Daniel Mingas, da Inteligência da Casa Militar, de um lado, e do outro, Adalberto da Costa Júnior, secretário do património, Cláudio Silva, secretário para os Assuntos Constitucionais e Demonsthenes Amós Chilingutila, membro da comissão Permanente da UNITA.
O montante do pagamento dos diferentes imóveis em causa tinha sido estabelecido em 95 milhões de dólares, com uma primeira prestação de 22 milhões de dólares por parte do MPLA.
Tudo isto se teria passado em Dezembro, quer dizer, logo após o fim das negociações, quando a UNITA, praticamente ao mesmo tempo, cedia ao seu inopinado parceiro de negócios o que ele teria pedido em troca, ou seja, a cabeça de Kamalata Numa, ex-secretário-geral, considerado um radical e pedra no sapato do regime pelas suas posições, e, como, no domínio da informação, era preciso também colocar na guilhotina a cabeça de Makuta Nkondo, com o seu programa na Rádio Despertar, acabaram com o dito programa dominical, ponto final, parágrafo e vai lá dar show no Parlamento. Ciao, Makuta. Simples e catastrófico.
Verdade ou mentira o tempo confirmará…
Foi, aproximadamente nestes termos que revelámos o caso na passada edição.
Adalberto da Costa Júnior, foi contactado pelo F8 antes da saída a público do nosso artigo sobre este caso, confirmou as negociações, mas disse não ter ainda recebido qualquer avanço monetário relacionado com a liquidação da dívida.
E foi isso que publicamos sem uma vírgula a mais. Numa só palavra, o nosso jornal cumpriu com as regras de bom jornalismo de contactar todas as fontes.
De notar que o Folhinha saiu à rua no dia no sábado, dia 28 de Janeiro com a notícia, fresquinha, e depois disso, no dia 30, esse dirigente do Galo Negro foi à Ecclésia desmentir-nos. Gesto infeliz, pois nesse mesmo dia, coincidentemente, Mihaella Webba confirmava, em Benguela, as negociações para a devolução do património, ao que se seguiu, horas depois, o porta-voz Alcides Sakala, face aos desencontros de versões lançadas ao ar sem o devido cuidado, exigido pela importância do assunto, veio confirmar que sim, que houve negociações. Em que ficamos? Quem tem interesse em esconder algo? O leitor que tire as suas ilações.
Entretanto, nestas andanças “politicosas”, Cláudio Silva, lançou para a rede um email, assegurando que toda essa treta era invenção do chefe indígena, apelido porque é conhecido o director do F8, William Tonet.
Calúnia de Cláudio Silva lançada na Internet
Thank you for the message. It does not appear to be a "noticia" but a speculation! Our brother"Chefe Indigena" is not serious!! He did not call me to confirm my participation on in this story. I understood he made the mess and then called Adalberto to excuse himself......There is no secret Agreement that UNITA has signed with MPLA or anyone from the regime. UNITA never received any money from MPLA. Did not receive money and will not receive money in exchange for sacrificing the Angolan people cause!! UNITA is not corrupt and does not make politics for money nor play political games for money. BTW Claudio Silva did not participate in any discussions with MPLA regarding any settlementthe of the UNITA assets. We are busy in developing our political agenda to defeat the regime!
Eis o que está certamente muito mais perto do que se passou do que todas essas esquivas, eivadas de mentiras, propagadas pelo arautos dos “maninhos”.
Ilações amargas.
Na redacção do F8 instaurou-se a dada altura um clima de, digamos, satisfação pelo dever cumprido e respeito pela nossa linha editorial, para fazer uso de um eufemismo, perante esta postura de homens responsáveis, hoje da UNITA, amanhã quiçá de todo o país. A falta de envergadura patenteada neste entremez, causada sem dúvida pelo permanente stress, hábil e permanentemente alimentado pelos estrategos “políticos” do aparelho de Estado, nomeadamente activistas do MPLA e a própria Polícia Secreta (SINSE), devem estar na origem deste deslize.
Deslize, sim, pois ouvir um Aldalberto a dizer, tipo semáforo, amarelo, (cuidado não aceleres) e a ser desmentido no mesmo dia por Miahella Webba e Aristides Sakala, ambos a dizer verde (é verdade, deixa seguir), com um estonteante email de Cláudio a dizer vermelho (stop!), bom, façamos de conta que tudo isto não passou de uma série de manifestações mal calibradas à beira duma crise de nervos.
Mas, mesmo assim, não nos sentimos defraudados, pois o acontecido é uma repetição por demais deprimente de tomadas de posição tendentes a macular a credibilidade dos “furos” do F8, quando, em boa verdade naqueles que protagonizámos até esta data, nem 10% se revelaram ser inexactos.
Sentimo-nos regozijados por não sermos catalogados de especuladores, pelos leitores por 90% das nossas revelações baseadas em fontes de extraordinária eficiência (que também erram, está claro), serem verdadeiras, como no caso em que é verdade que a UNITA está a negociar com o Governo a devolução do seu património ou uma indemnização equivalente.
Pelos desencontros da UNITA e incoerência no seu comunicado, tentando atingir a imagem e honra do F8, vemo-nos obrigados a relembrar a nossa imparcialidade, que não temos partido, nem aderido, nem tomado, temos olhos e ouvidos, verificamos (quando podemos) a natureza e a veracidade das informações que nos são dadas, e se errarmos uma só vez, lá vem o refrão “Natasias do F8”, ou como Cláudio, “Our brother"ChefeIndigena" (WT) is not serious!!
Faça atenção ao que diz, amigo Cláudio, não ofenda à toa.
No final de contas os leitores autóctones do F8 ficaram, uma vez mais com a convicção que não mentimos pois tudo se confirmou…
NEGOCIAÇÕES, QUE A UNITA NÃO DEU A CONHECER AO PÚBLICO E AOS SEUS ÓRGÃOS INTERNOS….
Ademais o nosso bissemanário, pese todas as discriminações, retiradas de publicidade, perseguições, prisões, processos judiciais, não fechou nenhuma rubrica por pressão governamental, nem sacrificou nenhum dos seus jornalistas para satisfazer interesses e vontades de terceiros. Essa é felizmente uma prática que nos honra e que está distante de alguns dos principais partidos políticos.
Quem não foi séria, não foi a direcção de F8, mas daqueles que em comunicado nos acusam, quando têm responsabilidades acrescidas para com os eleitores e militantes.
Negociar com o governo ao abrigo dos Acordos de Paz, tendente a devolução do seu património, não é crime, pelo contrário é legítimo. Crime é manter secretismo num momento como este, permitindo todo tipo de especulações.
Ora na política os incautos pagam caro as acções mal geridas. Isso é política, senhores… E a má política provoca muitos estilhaços...
Ademais o que dizer de um partido com ambição de poder reagir só depois da notícia publicada pelo F8, no dia 28.01.12 e, só no dia 30.01.12, os membros do bureau político (Comissão Política Permanente), da UNITA foram convocados para tomar conhecimento destas negociações. Será que saberiam se não fosse publicado?
Nunca dissemos que era crime, negociar com o Governo, pois várias vezes repetimos que se tratava de obter a devolução legítima de um património confiscado ou o pagamento indemnizatório correspondente ao valor de mercado dos imóveis que o MPLA deve respeitar, por fazer parte dos Acordos, que devem ser cumpridos pelas partes.
Só gostaríamos de saber, tal como milhões de eleitores autóctones, por que outras razões, que não sejam as que avançámos (contrapartidas), foram afastadas das luzes da ribalta, talvez passageira e simbolicamente, mas mesmo assim afastadas, as proeminentes personalidades que são Makuta Nkondo e Kamalata Numa. Numa altura como esta, por mais que custasse a UNITA, junto dos eleitores esta decisão, acolada com as negociações deixa sempre um manto de suspeição sobre a direcção de Samakuva, que urge corrigir, rapidamente, sob pena de haver uma bola de algodão a descer os campos e pradarias do húmus angolanos.
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