quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

As manifestações de mudança e as criticas ao regime.


MPLA vai ganhar com 90%, UNITA vai minguar e FNLA desaparecer
Os Estados Unidos estão preocupados com a situação de Angola, principalmente, porque nos últimos tempos ficou claro a luz da comunidade internacional, não existir no país um órgão que seja verdadeiramente independente do excessivo poder concentrado no presidente José Eduardo dos Santos, considerado como detentor de um dos maiores exércitos privados de África (Unidade da Guarda Presidencial - UGP), integrada por cerca de 15 mil militares.
Outro elemento de preocupação na América prende-se com a alegada existência de um plano secreto, gizado e coordenado na Presidência da República de Angola, de um projecto informático que concede uma vitória esmagadora do MPLA, encabeçado por José Eduardo dos Santos, no pleito eleitoral de Setembro de 2012.
Nesse pacote informático, já comprado e cujos ensaios de simulação têm estado a decorrer, o partido no poder terá cerca de 90 % (noventa por cento) das intenções de voto, enquanto a UNITA, o PRS e a Nova Democracia (partido aliado do MPLA), partilharão os restantes 10 por cento.
A FNLA com a indicação na liderança de um delfim do presidente Eduardo dos Santos, o professor Lucas Ngonda, que na fase do conflito armado, serviu de caudilho do regime do MPLA, o Bloco Democrático, bem como as demais formações políticas não conseguirão alcançar os 5%, sendo por força da Lei Eleitoral e dos Partidos políticos, de Angola imediatamente ilegalizados, passando o espectro partidário reduzido a quatro formações.
Nestas eleições a UNITA e Isaías Samakuva, terão um papel residual, estando-lhe reservado apenas a eleição de seis deputados, o PRS, 3 e a ND 1.
Esta situação poderá causar, dizem os especialistas de inteligência americana, sérias convulsões sociais, na sequência das tímidas manifestações dos jovens, iniciadas em 2011, mas depois disso com maior vigor, já que passarão a contar com os militantes de partidos políticos.
“Não está descartado, também o surgimento de grupos armados, liderados por generais e oficiais da Polícia, que têm sido discriminados pela política de Eduardo dos Santos”, constituindo este cenário um sério risco a estabilidade regional, já que “um conflito em Angola, vai propiciar o estender do conflito no Congo Democrático, no Congo Brazzaville, no Ruanda e mesmo no Burundi, não sendo de descartar, também levantamentos militares no Zimbabwe, colocando em chamas toda a África Central e parte da África Austral”.
A guerra será mais dramática que as anteriores, porque estarão em conflitos muitos interesses: os do poder, os da maioria dos angolanos que se sentem discriminados, enquanto a família do presidente Eduardo dos Santos, enriquece ostensivamente e os da comunidade internacional.
“Ciente deste cenário o governo angolano tem estado a construir novos quartéis, a formar tropas especiais, a recrutar mais agentes policiais e a reforçar o seu arsenal de guerra, com a aquisição de armamento, preferencialmente, na Rússia, Ucrânia e China, contando com o apoio de especialistas e conselheiros, cubanos, russos, portugueses e israelitas”.
Numa só palavra o cenário pós eleitoral é dramático, porque os especialistas americanos consideram, quase como improvável, que o regime consiga conduzir o processo democrático com lisura e transparência, capaz de dar confiança a oposição e forças da sociedade civil, cada vez mais activas e inconformadas com a má governação.
Os vícios do regime de partido comunista continuam, pese haver uma democracia incipiente, tanto que o poder continua a repousar nas mãos de um homem e um partido, que acreditam bastar terem o domínio do petróleo e doutras riquezas para se eternizarem no poder.
Angola caminha sob um barril de pólvora e a cavilha é a corrupção institucional, onde os homens do presidente já não escondem o seu enriquecimento ilícito e os filhos de Eduardo dos Santos se constituíram nos mais novos milionários de África, sendo mesmo neste momento um caso único no mundo, digno de figurar no Guiness book, pois todos são sócios de bancos comerciais. O próprio Eduardo dos Santos e a sua mulher são detentores de uma riqueza incalculável, enquanto a maioria da população vive abaixo da pobreza.
O seu regime e o MPLA, face ao descaso da comunidade internacional, devido ao petróleo e outras facilidades negociais converteram-se num dos mais corruptos de África e do mundo e isso longe de constituir uma base sólida para o poder de Eduardo dos Santos, pode também ser uma faca de dois gumes, porquanto, neste momento a união nas Forças Armadas, na Polícia Nacional e na Segurança de Estado é frágil.
Muitos oficiais destes ramos são pobres, discriminados, despromovidos, exonerados e julgados de forma humilhante, situação que os colocará ao lado das forças da mudança como os braços principais da implosão do regime.

EUA vai redefinir política com Angola
Recorde-se que parte destas conclusões resultam da reunião do Conselho Nacional de Inteligência do Departamento de Estado Americano reunido no dia 17 de Janeiro, em Virgínia, onde se passou minuciosamente em revista a actual situação de Angola, Zimbabwe e Congo Democrático, tendo a figura de Eduardo dos Santos merecido particular atenção uma vez, não existir indícios do mesmo abandonar o poder, nos próximos 15 anos. “É quase uma certeza, que o sr. José Eduardo já não sabe viver sem ser presidente, logo, tudo o que se especula de abandonar o poder ou indicar um substituto não passar de manobras de diversão. Ele tornou-se num homem muito rico, que não se coíbe, com os seus homens de matar ou prender todos os que se lhe opõem”.
O encontro dirigido por Theresa Whelan, responsável pela região África do Conselho Nacional de Inteligência, contou com vários especialistas dos serviços, experts em assuntos angolanos e africanos, para além de académicos de várias áreas.
A preocupação é a de Angola não poder continuar a ser vista só a luz do petróleo, mas também das suas gentes e dos prováveis riscos, em função da falta de estratégias do MPLA, enquanto partido no poder, por estar refém do seu líder, cuja estratégia exclusiva é a sua manutenção no poder.
As novas forças políticas emergentes, a sociedade civil e os potenciais dirigentes, passaram a estar rastreadas, pois “o regime de José Eduardo dos Santos não deve continuar impune, quando assassina e prende os seus adversários internos. Os EUA poderiam mesmo a continuar essa prática comunista, proibir os seus filhos de viajar para o exterior, confiscar as suas fortunas, mesmo que estejam escondidas em sociedades no estrangeiro e levá-los a responder em Tribunal Internacional”, afirmam.
Os americanos, neste recente estudo, revelam que Angola, não obstante os números do crescimento económico propulsionado pela exuberante participação das receitas provenientes do domínio dos petróleos, está a atravessar um período preocupante da sua história, porque o partido no poder, sustenta o referido estudo, está refém do presidente da República, levando-o a não ter projecto de cariz social.

Americanos querem processo eleitoral transparente
As suspeições sobre a forma como estão a ser preparadas pelo Executivo as próximas eleições previstas para Setembro deste ano, manifestando claramente a sua intenção de querer ser parte no processo, não o credibiliza de modo algum e pode trazer convulsões.
As eleições têm de ser credíveis e os EUA não querem que o regime continue a matar opositores e que os seus órgãos de polícia prendam indiscriminadamente cidadãos pelo simples facto de serem conotados como membros de organizações políticas opostas ao regime, tal como vem acontecendo amiúde em Cabinda.
Ninguém nos EUA está a dizer para JES sair, e o estudo aqui referenciado apenas insiste na necessidade de o presidente José Eduardo dos Santos ter de mudar de atitude e liderar reformas para lá do MPLA. Essa mudança e a sua necessidade urgente surge como corolário e uma possibilidade de conflito grave vir a apresentar-se de forma já muito tardia e não ser possível nesse caso evitarum regresso do conflito armado.
As probabilidades de esta possível situação vir a ser um facto vão crescendo enquanto não se realizarem verdadeiras reformas de âmbito social, enquanto não forem dadas à juventude angolana o que ela pede, pensar por si própria e não se integrar nos modelos estereotipados da JMPLA, braço juvenil do MPLA.
Por outro lado, o estudo recusa descartar tal hipótese face às grandes discriminações e concentração de riqueza na mão de uns poucos
Derrapagem do regime por dentro
Questão de somenos importante que o regime está a descurar, na opinião dos analistas políticos dos EUA, são três:
a) Evolução do Eleitorado
b) Emergências de Novas Forças Políticas
c) Situação Humana de José Eduardo dos Santos
O eleitorado de 1991, e mesmo o de 2008, já não é o mesmo que se vai apresentar às urnas nas próximas eleições, uma nova e irresistível casta de jovens irá mostra o quanto está longe e mesmo totalmente indiferente ao passado temeroso que caracterizou e persegue ainda nos dias de hoje muitas gerações anteriores que viveram o 27 de Maio de 1977 e a crise eleitoral do conflito de 1991.
Quanto às novas forças politicas, a transformação do MPLA em um partido mais virado para os negócios do que para uma agenda social, negócios onde muitos dirigentes (quase todos) assumem descaradamente o seu comprometimento com o mundo empresarial, transformou o governo angolano, num clube de empresários, ao invés de se mostrarem dignos servidores do eleitorado como membros de uma classe política com agenda governativa e social em dia, pronta a funcionar eficazmente.
Mas, o mais grave, segundo os analistas que temos vindo a citar, é o facto inegável de o MPLA continuar a ser refém do seu líder, o qual tem estado a abrir a sua agenda e a mostrar que ela tem-se preocupado, sobretudo nos últimos tempos, com a elaboração de estratégias destinadas a ser levado a bom fim a o seu projecto de se perpetuar na liderança da Nação e assim satisfazer a sua desmedida apetência pelo poder absoluto (com a aparência de um cordeiro manso).
A verdade é que ninguém acredita, os americanos também não, que JES tem a pretensão de abandonar o poder, pelo contrário, o que se mostra credível por demais é mesmo que ele aí permanecerá até os seus últimos dias. E esse cenário futurista é assustador, porque a essência própria do seu poder tem-se deteriorado tanto que dá medo pensarmos nas consequências funestas resultantes da possibilidadede JES poder ficar no poder até aos 95 anos, caso altere a constituição, à semelhança do que fez Putin na Rússia.
Aqui chegados, entramos num cozinhado preparado desde longínqua data. Basta lembrar o que um dos cérebros da frente ideológica do MPLA disse a esse propósito. Estamos a referir-nos aRaul Araújo, ilustre jurista, que veio a público anunciar que os 33 anos de poder de JES não contam, por não ter tomado posse, vide acórdão e também art.º113.º da Constituição da República de Angola. Fomos ver, mestre. É verdade.
Ora isso quer dizer que em 2012, portanto com 70 anos de idade, JES cumprirá o seu primeiro mandato, que termina com 75 anos e o segundo de mais cinco anos, ele terá 80 anos, n.º 2 do art.º 113.º CRA.
Aí, entrará em jogo um laranja, MV, e o indestronável JES voltará ao poder em 2027, podendo então reinar até 2032, ano em que completará o seu nonagésimo aniversário. Um cenário de filme de terror, se imaginarmos o que poderá advir como consequências nefastas.

Nandó, Kopelipa & Manuel Vicente
Por outro lado, pese embora a sua apetência pelo poder, JES é humano e pode descambar e numa fatalidade vai-se acender a luta no galinheiro com duas situações distintas e polémicas que poderão levar uma caça as bruxas durante três a seis meses no interior do poder com a ala de Nandó e Kopelipa a degladiarem-se pelo controlo do país.
Nandó vai reclamar a legitimidade, pois é ele o segundo homem e substituto natural, segundo a Constituição, contando hipoteticamente com o apoio das Polícias e do SINFO, mas apenas ficará a saber o que acontece com JES quando lhe disserem.
O outro é Manuel Hélder Vieira Dias Júnior Kopelipa, que manieta o exército, conta com o apoio dos generais João de Matos, França Ndalu, Faceira e outros, podendo ainda arregimentar, jovens ambiciosos, como Carlos Feijó, Bento Bento e ainda Manuel Vicente, que se converteu, para além de outras coisas, no Berlusconi angolano, com o controlo de uma grande máquina no domínio da comunicação social, onde se destaca a Média Nova, que controla a televisão TV Zimbo, o semanário “O País”, e ainda os semanários A Capital, o Angolense, Novo Jornal, Semanário Angolense, através ainda da News Hold, é dono das revistas económicas Rumo e do Jornal Expansão, da Rádio Mais e da Gráfica Dammer, sendo hoje o dirigente que mais investiu na imprensa, visando fazer a sua imagem, como potencial homem que vai defender os interesses dos mestiços, dos negros comprometidos com a corrupção e dos respectivos estafetas bajuladores que ficarão alerta.
Isto porque, estes sabem em primeira instância que, em caso de uma fatalidade de JES, têm que tomar cautelas. Em todo caso presume-se que aqui vai haver luta entre ambos e quem for mais rápido dominará e vai impor.
Os americanos estimam que numa substituição de José Eduardo dos Santos poderá haver uma instabilidade entre três a seis meses, período para se consolidar a nova liderança.

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