domingo, 3 de abril de 2011

O NACIONAL-SOCIALISMO ANGOLANO


Gil Gonçalves
Tudo é do ESTADO do nosso Eterno Endeusado
E o TPI, Tribunal Penal Internacional
e a outra comunidade dos direitos humanos
perdidos, esquecidos, omitidos
aprovam o nosso extermínio
sob o tal olhar do silêncio petrolífero e diamantífero
Tempos muito negros, escuros
de olhos terrivelmente molhados
cegos dos jorros dos campos
das piscinas inundadas de petróleo
cercam-nos
Independência na terra espoliada
do roubo e da corrupção
da célebre quadrilha organizada
que tem tudo e não nos deixa nada
E o rei e o seu séquito luxuosamente escondidos
protegidos no arsenal inseguro
há muito afastados da população
temerosos dos próximos dias que virão
do vulcão
Nos cemitérios nem os mortos deixam repousar
em cima das suas ossadas edificam tumbas de betão
para novos-ricos habitar
«Somos um país pobre e a luta ainda não terminou. A nossa luta ainda não chegou ao fim. Ainda temos que continuar a lutar. Ainda estamos a batalhar para criar essa riqueza, e só depois disso é que podemos falar de pensões condignas» Armando Guebuza, Presidente de Moçambique na celebração dos 46 anos das Forças Armadas, 25 de Setembro, referindo-se à questão do pagamento das pensões dos antigos combatentes.
Não sei como será mais este dia insuportável, tão miserável
Mulher angolana!
A liberdade recorda a beleza da tua paisagem
aguarda ansiosa que regresses, a despertes
libertes
Nesta miséria extrema de Luanda sem redenção, pelas horas vinte e uma. A mamã espoliada vende pão para tentar libertar-se da fome. É a única libertação que lhe resta, porque da outra os libertadores libertaram-na dos poços petrolíferos, das minas diamantíferas e dos dinheiros bancários. Mas como dinheiro atrai dinheiro e também a miséria atrai miséria, os destacados do poder petrolífero rondam na caça incessante de presas indefesas. Fiscais do GPL retornam às suas casas exaustos depois de mais um dia de pilhagens. Alguém deles se lembrou que as suas casas não têm pão. Pararam a viatura, saltaram lestos e espoliaram o pão da miserável mamã. Mas que infernal Politburo este, que não tem dó nem piedade de ninguém. Transformou-se, camuflou-se, de libertador passou a espoliador. Que Deus Nosso Senhor nos liberte de quem se escapuliu do Inferno. Mais um movimento de libertação a saquear a população.
Esta independência persegue-nos, aterroriza-nos, e nós fugimos dela, não a queremos mais. Temos que lutar por outra, abaixo esta. Os coveiros devem estar muito exaustos a abrirem nunca bastas covas. São tão demasiados os mortos que até convém mudar o nome para: Necrópole de Angola.
Que terríveis inventos nos contemplam: as ambulâncias que seguem com doentes gravemente feridos e algumas de sirenes tão estridentes vão abrindo caminho e deixando atrás delas outras vítimas, pois o som é tão sirénico, tão sobrenatural que mata. É curioso que ainda nenhuma entidade do nosso Ministério da Saúde, ou médico levantou esta questão, acho que é sobremaneira intrigante.
Se as obras clandestinas do Ordens Superiores persistem, é porque nos curvamos perante um governo clandestino. E sob o olhar impiedoso de Lenine, afundamos o nosso partido de retaguarda.
Diferente dos outros dias não será
mas vê-se que nada nos trará
piorará
E sob a capa de movimento de libertação
perpetua-se a colonização
Estamos no limite da corda, do acordar
já não dá mais para esticar
Inexoravelmente ela fracassará
partir-se-á e o lado do opressor
cederá, perecerá
E a UNITA, o nosso cavaleiro andante, muito solícita, em parceria com Bento VXI emitirá mais um comunicado. Antes esgotar-se-á em intermináveis discussões sobre o desandar, o despenhar do país. E altruisticamente resignados não convencerão, mas talvez dirão, porque não?! Se antes lutámos contra o outro colonialismo, porque é que agora não lutamos contra este? E nos tombaremos em inenarráveis alambiques novelísticos. O nosso destino alienado merece-o. E os estrangeiros contentíssimos por finalmente nos verem parqueados no jardim zoológico que subsidiaram, investiram… e a tenaz da mãe igreja a pregar: hoje assim não dá. E que no outro dia, sim, já dá.
Mais casebres desmontados
e terrenos espoliados
o habitual
E a invasão chinesa incontrolada
normal
Nos caixotes do lixo, shopping center da pobreza
é notório o PIB e o seu desenvolvimento
a miséria é negra, afogou-se no abismo petrolífero
Mas quando é que acaba isso de bater no ferro quente?! Angola é um Estado de direito imobiliário e ainda será um grandioso império imobiliário. E contudo ela, Angola, privatiza-se. Angola é a tábua de salvação, e também será a droga da desgraça de muitos aventureiros que a desejam recolonizar. E nesse enlace, abomináveis, é o que são alguns actores estrangeiros que discursam em Luanda, como se fossem governantes angolanos. Falam em nome do povo angolano sem serem por ele eleitos. Não restam mais dúvidas que estamos perante uma democracia imobiliária. Isto faz com que os circuitos desta alta voltagem vibrem, se descontrolem. O nosso imortal Politburo corta-nos a energia eléctrica. Na água continuamos excluídos das condutas, na mesma, isto é, cada vez piores. O que era o precioso líquido está agora noutra horrorosa luta de libertação muito seca. Diariamente sacrificamo-nos para conseguirmos água num país que tem, como eles dizem, os maiores índices mundiais de desenvolvimento económico e social.
A nossa GESTAPO lista o assassinato
de mais um jornalista
e outro opositor político
que o nosso Pravda manterá no eterno anonimato
As mamãs prosseguem no fardo
perseguidas pela independência
da miséria gatunada pelas nossas SS
e até abatidas sem misericórdia
Ninguém tem direitos
Este é o nosso Estado da independência total dos comungados casos de corrupção e especulação imobiliária. O nosso querido Politburo segurado nos quase cinquenta anos de poder, assegura-nos que lá para 2013, 2020… tudo estará serenado. As bazófias do iletrado costume. Com água, energia eléctrica, empregos para todos, garantida a segurança alimentar… até com excesso de produção para exportar ou para deitar para o lixo? Não sabemos, e duvido que alguém saiba. Enfim, que será o fim da miséria. E em mais um acto talvez pródigo de demência, não é a melhor altura porque a miséria policia-se nos campos de palavras semeados, mas lá, longe dos gabinetes nunca agricultados, pois, o célebre mercado Roque Santeiro com a sua extinção criará mais milhares de deslocados, ao ar livre armazenados. Olhem, não vêem mais milhares de deportados a caminho de Auschvitz?! Nesta quotidiana miséria de Angola, os especuladores imobiliários festejam-na porque criaram mais milhares de esfomeados. Mais brutal desestabilização social soma-se.
Mas que poder este que tudo amealha
tudo quer e nem aos esfomeados migalha
Este é o reino do rei da nossa miséria
É este o viver e morrer no Tarrafal do terror de Luanda

upanixade@gmail.com
















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