terça-feira, 19 de abril de 2011

AQUI ESCREVO EU. William Tonet. Raposas & camaleões vão institucionalizar bisbilhotice das nossas vidas


1. Não queria iniciar estas linhas sem antes manifestar o meu mais profundo sentimento de tristeza, pelo passamento físico do meu amigo padre Matumona. Vou sentir a sua falta no campo literário em que se notabilizou com as suas crónicas e dissertações. Com esta partida se abrirá um vazio, seguramente, no seio da comunidade católica difícil de preencher. Sinto porque ainda no cair da semana passada, falamos calorosamente sobre a sensível situação que atravessa o país, rasgado pelas fissuras da má governação . Neste até breve, que a força do Salmo 23, lhe cubra, tal como a nós, esta penosa, mas sublime caminhada: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque Tu estás comigo, a Tua vara e o Teu cajado me consolam. Prepara-me uma mesa perante os meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida e habitarei na casa do SENHOR por longos dias”.

2. Os ventos da MUDANÇA pairam no ar, ainda que certos algozes angolanos, tentem pela força numérica de uma representação parlamentar partidocrata, impor os seus ditames. Em pleno século XXI, a pretensão de atrelar, todo um povo a leis dantescas é sinal de ainda acreditarem ser a INQUISIÇÃO um sistema ideal, para se perpetuarem no poder.

3. Um partido que se diz sério e poderoso, como o MPLA não pode impor a CULTURA DO MEDO, a maioria dos autóctones, através da manipulação dos órgãos do Estado, mas cultivar em longas lavras a coabitação na diferença, de todas as forças vivas do território, visando a estabilidade, tão imprescindível, em momentos de tensão social. O contrário é sinal de fraqueza, blindada não pela força dos argumentos, mas pelos argumentos da força dos canhões, prisões e assassinatos. Porquanto se um partido, que se diz, maioritário, age desta forma, não restam dúvidas de estar a reconhecer de ter sido fraudulento o voto adquirido, nas eleições legislativas de 2008, pois a sua vitalidade assenta na imposição de leis de controlo, até do pensamento dos cidadãos, aprovando a institucionalização da BISBILHOTICE da vida dos cidadãos. É o apogeu da DITADURA.

4. Com esta lei de controlo da Internet, a equipa técnica que lidera, actualmente, o MPLA, acaba de demonstrar não ter pejo em ressuscitar as leis mais FASCISTAS do período colonial. Infelizmente para os angolanos que pensam diferente, não custa reconhecer que Salazar, o colonialista português, era, afinal, um FETO, diante das barbaridades e arbitrariedades, que os actuais governantes angolanos nos fazem passar.

5. Por esta razão não tenho dúvidas; a direcção deste MPLA, tem medo da soberania popular e os seus deputados partidocratas, “suspeitamente” maioritários na Assembleia actuam, por força de orientações superiores, como cobardes e, muitas vezes, traidores das mais amplas e legitimas aspirações dos angolanos. Quando assim é, mais facilmente aprovam leis que legitimam a corrupção e o roubo do património público, por parte de certos governantes do sistema, à leis que preservem a harmonia política e a VERDADEIRA DEMOCRACIA.

6. Ora quando a própria Constituição “JESIANA” é por eles violada por temerem que o povo chame nomes verdadeiros aos “boys” de um regime que definha todos os dias e só se sustenta pela FORÇA DAS ARMAS, DO CONTROLO DA JUSTIÇA, DAS PRISÕES ARBITRÁRIAS E DOS ASSASSINATOS SELECTIVOS, a comunidade internacional, representada em Angola, pelo corpo diplomático, não pode deixar de reconhecer semelhanças e proximidades, entre o actual regime de Angola e os do Egipto de Moubarak, Líbia de Kadhafi, Tunísia de Ben Ali, Cote D’Ivoir de Laurent Gbagbo e outros tantos ditadores, que ainda vegetam pelo mundo.

7. A passividade e omissão da comunidade internacional, vai torná-la cúmplice do deflagrar de uma crise de fortes consequências sociais e políticas, que poderão assemelhar-se ao que se passou no Ruanda, com a aprovação do TIC que é uma LEI DE CIRCUNSTÂNCIA, UMA LEI ASSASSINA E ABORTIVA, dos sonhos das liberdades fundamentais dos angolanos. Esta lei, visa, meus senhores da comunidade internacional, tal como em 27 de Maio de 1977, (este mesmo regime o fez, sem leis), legitimar PRISÕES, CONFISCOS E ASSASSINATOS de todos quantos pensem diferente e critiquem uma gestão fraudulenta, ruinosa e danosa que, não vê mais do que os seus caprichos umbilicais.

8. Não tenho dúvidas o TIC é mais uma peça do baú de JES, temeroso no despertar democrático de um povo, cansado de tanta humilhação, fome e miséria de uma governação, especializada na violação dos mais elementares direitos de cidadania. Quando um regime, não consegue 35 anos depois da independência dar água, pão e sal ao seu povo, este não é obrigado a continuar a aceitar fel.

9. E por falar em fel, o papel desempenhado pela diplomacia de JES, na crise da Cote D’Ivoir veio demonstrar o desconhecimento que este regime tem da realidade africana. Apoiar um candidato como Laurent Gbagbo, tornando-o presidente constitucional, uma designação apócrifa, foi uma vergonha que beirou ao ridículo, pois era evidente a sua queda, pese o apoio solitário de José Eduardo dos Santos.

Por esta razão, algumas vozes da sociedade ivoiriense, defendem, agora, que os cúmplices e encobridores das barbáries cometidas por Laurent Gbagbo, sejam com ele, responsabilizados pelos crimes cometidos contra milhares de ivoirienses, capitulados como crimes contra a humanidade a exemplo do que ocorre com Charles Taylor, a ser julgado pelo Tribunal Internacional de Haia, pelo seu apoio aos massacres realizados pelos rebeldes na Serra Leoa.

10. Finalmente temos mais um caso insólito na justiça angolana partidocrata, a Procuradoria Geral da República, continua, através de alguns dos seus altos magistrados, na lógica da musculação, numa clara demonstração de despreparo jurídico, ao postar-se em sentido contrário ao controlo da legalidade. O triste papel do procurador geral adjunto, Beato Paulo de enganar a opinião pública sobre o percurso do processo conhecido por “CASO QUIM RIBEIRO”, demonstra como se pode falsear o Direito e descredibilizar um órgão tão importante, no sistema de Justiça, como a PGR. Dentre outras gaffes, um procurador, por adjunto que seja da República, não tem competência de anunciar datas de início de julgamento (15 de Abril, disse ele, que iria começar o julgamento, mas não não vai, por continuarem com forçadas diligências), nem de apresentar versões públicas, sobre um dossier (musculado, com provas forjadas e militarizado) em fase de instrução, logo em segredo de justiça. Ademais a própria instrução, conduzida pela PGR, já violou todos os prazos da Lei da Prisão Preventiva, por os réus estarem presos a mais de 150 dias, acrescido do facto dos instrutores da PGR, numa clara demonstração de militarização do Direito, não conseguirem distinguir, até agora, o que é um CRIME MILITAR E UM CRIME COMUM. Chegados a este nível de mentira, não poderemos continuar a acreditar, por mais ingénuos que sejamos, num sistema de justiça, que actua nestes moldes e de o Dr. José Maria de Sousa, enquanto Procurador Geral da República, ter uma equipa de colaboradores que lhe seja fiel, exclusivamente, nos marcos da lei.

Um comentário:

  1. Quando se anda em contra-ciclo com os ventos da história é sinal que o fim se aproxima. No entanto o processo terá tanto de moroso quanto de doloroso. O EME vai por isso apertar o nó que estrangula a liberdade e Angola vai passar por uma fase muito complicada. O país ainda não se esqueceu da Guerra Civil e vai apanhar com outra "guerra" que será ainda mais insidiosa, pois os inimigos da liberdade vão andar escondidos ou disfarçados, sendo por isso mais difíceis de detectar.

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