quarta-feira, 13 de abril de 2011

Dinheiro sujo à procura de “lavandaria”



Teias do Quantum, o banco do filho do Presidente da República e o novo emprego de Ernst Welteke, ex-governador do Banco Central Alemão

Negócios em Angola foram sempre um assunto muito delicado, pois os parceiros internacionais do governo angolano não são isentos da corrupção que domina em todas as áreas do comércio estatal. Assim os negócios dos bancos alemães como o Commerzbank, Deutsche Bank, West LB, ou BHF são considerados em Luanda como um apoio seguro do regime de José Eduardo dos Santos e por isso usufruem de todo o tipo de direitos. Um caso especialmente explosivo da recente história bancária de Angola foi o surgimento do “Banco Quantum” uma companhia offshore, cujas finanças localizam-se no estrangeiro, neste caso concreto, na Suíça. O presidente do Conselho administrativo desse banco privado do presidente angolano, no qual o seu filho Zénu dos Santos também participa, não é outra pessoa senão Ernst Welteke, o antigo chefe do Banco Federal de Alemanha, o banco de Reserva muito conhecido como Bundesbank.

Emanuel Matondo*

Durante dezenas de anos os membros do parlamento angolano nunca perderam a oportunidade de sublinhar a falta de transparência e o desfalque dos meios financeiros, devido a fugas de capitais para o estrangeiro, quando se tratasse de discutir sobre a forma adequada de emprego das receitas das vendas de petróleo. O governo sob José Eduardo dos Santos dava ao seu primeiro-ministro, ou ao secretário-geral do MPLA, a tarefa de explicar que as receitas petrolíferas depositadas no exterior eram contas estratégicas de suporte para Angola, que tinham como objectivo serem utilizadas para o bem de todo o povo em tempos precários. A última vez que se discutiu sobre o emprego adequado das receitas das vendas de petróleo foi em 2004 por requerimento controverso duma pequena fracção da oposição, antes de ser aprovada uma nova “lei do petróleo”. Esse requerimento foi um insucesso, pois o partido governamental foi de opinião que não havia motivo algum para a alteração dos já aprovados moldes de distribuição das receitas das vendas de matérias-primas como a fundação de um “Permanent Dividend or Charitable Trust Oil Fund” a exemplo dos existentes na Escócia, Alasca ou Noruega, ou mesmo nesse contesto para ser aprovada uma lei para Angola a esse propósito.

Meses depois descobriu-se por acaso que Dos Santos e os seus conselheiros económicos elaboraram em segredo e fora dos debates parlamentares um conceito dum Sovereign Wealth Fund (SWF, Fundo de Riqueza Soberana), semelhante aos modelos da Rússia e dos reinos árabes. Pelo menos no papel foi fundado um tal tipo de reserva monetária denominado Angola Reserve Fund for Oil (Fundo Angolano de Reserva das Receitas de Petróleo). Só depois de isso vir ao de cima é que o então ministro das Finanças, José Pedro Morais, deu conhecimento à imprensa internacional a existência desse fundo monetário e os membros do parlamento do seu partido tiveram autorização para discutir sobre esse assunto. O plano do governo era o de transformar os fundos de receitas das vendas de petróleo em investimentos empresariais ou investimentos em países considerados amigos do regime actual.

No ano de 2006, o governo fundou o Banco Angolano de Desenvolvimento, sustentado por receitas petrolíferas, mas sob o controlo da empresa petrolífera estatal Sonangol e não do parlamento. Somente no ano 2007 o conselho de ministro aprovou a lei de fundação da Angola Reserve Fund for Oil, para onde são depositadas as receitas monetárias que resultam das diferenças entre os preço de venda do petróleo angolano no Mercado internacional e do preço orçamentado no ano de 2007 no valor de 45 US$ por barril. Essa “fixação de preços angolana” no orçamento do Estado foi um dos maiores problemas durante o processo de implementação da Lei Constitucional. Esse problema existe até hoje. O governo impõe um preço de venda que é extremamente inferior ao do mercado internacional. Ainda faltam explicações pela parte dos governantes angolanos até hoje em dia onde fica a diferença do valor do preço não referenciado.

Companhia Offshore na Suíça
Após a decisão do Conselho de Ministros, foi concedido ao banco central, Banco Nacional de Angola (BNA), o direito de criar o chamado Angola Oil Funding. Um dos administradores do BNA Alberto Fernandes da Silva, que deveria elaborar a fundação desse organismo tendo como modelo os dos países do Golfo, incumbiu por falta de competência essa tarefa à companhia offshore suíça Quantum Global Wealth Management AG, situada no Cantão Zug, e segundo extractos dos registos comerciais, registada aos 02.12.2003 (1), com o objectivo de “contactar bancos ocidentais e peritos de finanças” (2), para a elaboração do projecto “Administração dos Fundos monetários do petróleo de Angola”.

Segundo os extractos dos registos comerciais, Quantum Global Wealth Management AG, a sucessora de uma outra companhia offshore chamada RBK Allfinanz AG, que segundo os estatutos fora fundada uma semana antes ou seja aos 28.11.2003 por Jean-Claude Bastos de Morais como presidente e por Marcel Krüse como membro. Os dois com direito de assinatura conjunta. Até princípios de Janeiro de 2007 a companhia acima citada ainda se denominava RBK Allfinanz AG. Aos 11 de Janeiro de 2007 os dois protagonistas mudaram o seu nome para Quantum Global Wealth Management AG (3).

Os objectivos dessa firma por correspondência eram segundo estratos do registo do ano de 2003, para planeamento, consultoria e servir de medianeira de prestação de serviços financeiros de todo o tipo, sobretudo relativamente não só às contratações e envolvimentos de seguros, mas também à criação de bens, possibilidades de disposições de bens e prevenções, usufruindo por isso o direito de angariar fundos e ser-lhe atribuída a possibilidade de disposições e acções de direito para o bem da sociedade”. Porém até agora, mantém-se um segredo sobre o tipo de actividades que essa firma exerceu até à data actual. Segundo informações, Bastos fundou numa dada altura do ano de 2004 a companhia Quantum Capital S.A., uma empresa autónoma de direito angolano, que dispõe de bancos e serviços de investimentos em Angola em cooperação com parceiros internacionais (4).

Com a aprovação do novo estatuto de 2007 os seus objectivos foram também alterados. Assim, esses passaram a ser: “Prestação de serviços na área de promoção de vendas, atendimento de clientes consultorias no ramo global de administração de bens; essa instituição pode criar sub-firmas, ser parceira de outras empresas, tem direito a aquisição e hipoteca venda e administração de terras, assim como o de financiamento facturações próprias de terceiros (5).

Ernst Welteke, o proeminente alemão, entra no jogo (do roubo)
Com a inscrição no registo comercial nrº77 de 23.04.2007, Ernst Welteke o antigo chefe do Banco Federal Alemão Bundesbank começou a exercer a função de vice-presidente do conselho administrativo do Quantum Global Wealth Management AG (6).

Ernst Welteke é economista e politico destacado do Partido Social Democrata alemão SPD. Ele foi de 1999 até 2004 presidente do Bundesbank e foi de 1974 até 1995 deputado do estado de Hesse. Nos anos 80 foi durante curto tempo presidente da fracção parlamentária do partido SPD no estado federal de Hesse. Em 1991 passou a ministro das Finanças de Hesse, sob Presidência do Conselho do Estado Federal de Hans Eichel. Em 1995 Welteke foi nomeado presidente e do Banco Central Estadual de Hesse, cuja proposta fora feita pelo seu companheiro politico de vários anos Eichel. Em Setembro de 1999 tornou-se presidente do famoso Bundesbank. Dentro dessa função ele defendia os interesses do Bundesbank no Conselho do Banco Central Europeu (BCE). Welteke esteve também envolvido no escândalo conhecido na Alemanha como o caso Adlon (7) e o caso de burla imobiliária Schneider (8).

Bastos de Morais, Marcel Krüse e Welteke conhecem-se a partir de um outro negócio, nomeadamente o da empresa Stampa & Partners Holding AG de Friburgo na Suíça, também com uma filial no cantão Zug (9). A Quantum Global Wealth Management AG está sob a presidência de Thomas Ladner, um representante da cultura “de companhias offshore” no paraíso fiscal, em Zug.

Mais personagens que fazem parte da direcção e do conselho administrativo da Quantum Global Wealth são entre outras Jean-Claude Bastos de Morais, um suíço de origem angolana, Marcel Krüse, também cidadão suíço, Ernst Welteke, domiciliado em Offenbach/Main (Alemanha) (como presidente do conselho administrativo), Garreth Fielding, cidadão britânico, domiciliado em Londres (Grã-Bretanha), e Zug (Suíça) como director e Morten Kleven, cidadão norueguês, domiciliado em Küsnacht/Zurique (Suíça) como membro do conselho administrativo (10).

“Lavandaria” de dinheiro: Banco Quantum
Com o surgimento da Quantum Global Wealth Management AG e graças à influência da proeminência europeia, sobretudo a alemã, os governantes angolanos estabeleceram as bases para a fundação do banco privado, Banco Quantum que exerce as suas actividades operativas desde Novembro de 2008. É de conhecimento público em Angola, que o Banco Quantum é um banco privado do presidente José Eduardo dos Santos e seus familiares, particularmente do seu filho José Filomeno dos Santos, alias Zénu dos Santos. O objectivo principal desse banco parece ser a administração intransparente, ou melhor ainda, a bifurcação e desvio das receitas de petróleo.

Oficialmente o Banco Quantum não admite a existência de uma ligação directa com a Quantum Capital S.A, mas reconhece que existem contactos com essa através de Jean-Claude Bastos de Morais. Os dados avaliados mostram entretanto uma outra imagem: aquando da fundação do Banco Quantum, Bastos e Krüse foram as figuras principais e não foi por acaso que as companhias afiliadas desse banco angolano se situam nos paraísos fiscais da Suíça, em Zurique e Zug e nas Caraíbas, neste caso British Virgin Islands, Tortola. Também muitos documentos do passado e o actual de desvio de fundos e fuga de capitais pelos dirigentes da empresa estatal angolana Sonangol indicam esse capital estar no paraíso fiscal Tortola de British Virgin Islands.

Bastos e Krüse não são pessoas desconhecidas no cantão Zug e os seus contactos chegam até aos círculos mais influentes dos partidos e dos políticos suíços. Como exemplo os dois protagonistas foram fortemente apoiados por Otto Ineichen, do Conselho Nacional do FDP da Suíça, quando eles propuseram a criação da Pro KMU Investment AG, e, juntamente com aquele político como conselheiro administrativo, levaram a mesma instituição à falência (11). Faz parte do mesmo partido FDP o actual Procurador-geral de Genebra e Chefe Acusador de Justiça Daniel Zappelli, que é uma pessoa muito controversa na Suíça e que está sob suspeita de “desleixar importantes processos criminais de lavagem de dinheiro entre eles o processo contra o presidente do Paquistão” (12) ou de pura e simplesmente cancelá-los sem a mínima justificação (como entre outros, o processo contra Pierre Falcone e o Presidente angolano Dos Santos, por desvio dos fundos de dívida angolana à Rússia). Através desse partido circulam as ligações directas entre os fundadores das companhias offsore e as personalidades mais poderosas na Suíça. Bastos e Krüse podem por assim dizer exercer os seus negócios ilegais e escuros sob contrato da elite angolana por toda a Europa a partir da Suíça, sem qualquer tipo de problemas e sem complicações e com total impunidade.

Extractos dos registos comerciais de diferentes cantões suíços mostram inúmeras fundações de empresas com vastas ramificações e interdependências efectuadas por essas duas personagens. Algumas dessas empresas foram declaradas insolventes, pouco tempo depois de terem sido criadas e por isso puderam ser irradiadas. Assim, por exemplo, o Ajuizado de Investigação (Untersuchungsrichteramt) de cantão Zug abriu um processo criminal contra eles depois de o liquidador da empresa Pro KMU Invest AG, que fora oficialmente contratado, ter feito uma denúncia contra esses dois presidentes do conselho administrativo por suspeitas de burla, falsas informações sobre actividades comerciais, infidelidades em aquisições comerciais e supressão de Certificados.

Segundo informações da imprensa angolana, Jean-Claude Bastos de Morais e José Filomeno dos Santos, aliás Zenú dos Santos, o filho do presidente angolano, frequentaram a mesma escola na Suíça. Como na altura em que eram colegas de escola, os dois continuam muito amigos. Zenú dos Santos que é tido por alguns como o possível sucessor do presidente José Eduardo dos Santos quando este deixar o poder, tem, alegadamente, fortes conexões tanto com os negócios privados e secretos do seu pai como com o círculo mais poderoso do petróleo de Angola. Depois de terminar os seus estudos de engenharia electrónica em Londres ocupou logo uma posição de destaque na companhia estatal angolana de petróleos Sonangol. O seu pai confiou-lhe também o dossier de criação do Fundo de Petróleo.

Zenú mobilizou para isso o seu antigo colega de escola Bastos de Morais para o projecto Banco Quantum. Bastos por seu lado que é considerado “porteiro” no mundo das Private Equity e companhias offshore da Suíça, utiliza os seus bons contactos com Ernst Welteke (14). De facto carregou conhecidos banqueiros alemães para o mesmo barco. Assim Welteke tornou-se presidente do banco privado Banco Quantum e ao mesmo tempo banqueiro de investimentos contratado, segundo uma fonte, pelo presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos (15).

Junto a Ernst Welteke, Jean-Claude Bastos de Morais e outras personalidades importantes da Sonangol e do seu Banco Africano de Investimentos (BAI) é também o filho do presidente, José Filomeno dos Santos, membro do Conselho de Administração do Banco Quantum. Pelo facto de, segundo o que até agora se verificou, as grandes figuras desses dois bancos serem a favor de grande corrupção, lavagem de dinheiro, fuga de capitais e saques indecentes, Ernst Welteke pôde depois da sua saída do Bundesbank ou até um pouco antes dessa data, movimentar-se nos círculos escuros do crime económico organizado internacional e dar o seu contributo ao mesmo.

Segundo publicações da embaixada da Holanda em Luanda, Jean-Claude Bastos de Morais e Marcel Krüse têm boas ligações com Nick Busink, director financeiro da Glencore Internacional AG e perito holandês, também domiciliado em Zug, e com directas ligações com os barões do petróleo de Angola. Segundo o que se pôde verificar até agora, Nick Busink é também um antigo homem de confiança e sócio de Marc Rich, o fundador da maior companhia mundial de petróleos Glencore, que a partir do cantão Zug exerce especulações de várias matérias-primas de que se ressaltou o financiamento do regime do Apartheid na África do Sul. O nome de Marc Rich está também ligado ao escândalo do programa ONU “Oil for Food” com Sadam Hussein no Iraque. Nick Busink exerce também o papel de “consultor da República de Angola” e faz parte do grupo de personalidades privadas no estrangeiro que têm direito de acesso como de movimentação de contas do governo angolano e fundos públicos de Angola no exterior.

Ambos, Marc Rich e Nick Busink jogaram um papel de destaque na compra ilegal de armas que entre 1993 e 1994, conduziu ao escândalo Angolagate na França. Foi a firma Glencore Finance AG que com a participação activa de Marc Rich e Nick Busink concedeu um cheque de um bilião de USD aos negociantes de armas Pierre Falcone e Arcadi Gaydamak para a aquisição de armamento, apesar do embargo da ONU. Segundo documentos avalizados, todos os protagonistas conhecem-se entre si e nos últimos 15 a 20 anos sempre estiveram interligados em várias especulações e negócios escuros. O número de firmas nas quais essas personagens em conjunto fazem parte dos conselhos administrativos é enorme.

Cantão Zug: Discrição para burladores de impostos e paraíso fiscal para os ditadores
Segundo o que se pôde verificar até agora, o Banco Quantum tem que admitir que o cantão Zug foi uma escolha muito importante para si. O cantão Zug não serve só como “Offshore Jurisdiction” assim como Zurique, Tessin etc., mas também serve de plataforma para negócios e contrabando de petróleos (17). A partir de Zug, uma cidade católica com apenas 100.000 habitantes, mas com mais de 27.000 bancos e empresas offshore, muitas delas só com caixas postais, são exercidos quase todos os negócios de matérias-primas, que ditam o Mercado mundial: petróleo, diamantes e outros minerais, produtos agrícolas, sementes, etc. Ali está situada a maior companhia mundial de petróleos, Glencore Internacional AG de Marc Rich e exerce a partir daí os negócios com os já citados produtos em todo o mundo. A Glencore foi por exemplo no ano de “2005” a empresa na Suíça com o maior índice de vendas no valor de 119 biliões de francos suíços, muito além da Nestlé e Novartis. Marc Rich foi procurado durante muito tempo pela justiça dos Estados Unidos, recebeu porém protecção dos governantes suíços. Mais tarde foi amnistiado pelo presidente Bill Clinton um pouco antes do fim do seu mandato, amnistia obtida contra pagamento, segundo informantes.

O cantão Zug oferece uma grande discrição a nível mundial para burladores de impostos e companhias offshore, muitas delas marcam presença naquela cidade só com uma caixa postal. A elite angolana está já lá presente desde há muitos anos, segundo um informante local. Foram identificadas as seguintes companhias offshore relacionadas com o Banco Quantum e Ernst Welteke: Quantum Global Real State e Quantum Capital International S.A., Road Town, British Virgin Islands, Zug (Suíça) Branch. Quanto à primeira empresa, Ernst Welteke é o presidente do conselho administrativo, enquanto o proprietário único da segunda é Marcel Krüse, um antigo empregado da PriceWaterhouseCoopers . Essa filial Quantum Capital International S.A., Road Town, Zug/Swiss Brach, serve de contacto directo com o paraíso fiscal nas Caraíbas, British Virgin Islands. As receitas dos negócios de petróleos são movimentadas para a Suíça, uma parte é depositada como “Global wealth” (riqueza global) outra parte segue através do cantão Zug o seu caminho para outras “Jurisdições Offshore” como a Britsh Virgin Islands (Quantum Capital S.A., Tortola/Zug), Bahamas, Bermudas, Delaware e Londres.

Todas essas empresas com capitais activos angolanos, nomeadamente a Quantum Global Management, Real Estate e Capital International AG/SA/Ltd, estão situadas na “Grafenauweg 6” uma rua muito conhecida pelas aí existentes companhias offshore, directamente atrás da estação central de Zug. Só nesse endereço estão registadas segundo contagens próprias mais de 40 empresas. A casa com o número 6 da mesma rua já serviu também segundo registos de instalação de uma filial da empresa química multinacional alemã BASF em 1983. Também a empresa Wintershall Erdgas AG, com sede social na cidade alemã Kassel e uma filial da BASF, teve aí as suas instalações antes de mudar as mesmas para o número 8 daquela rua.

A Winterschall Erdgas AG negoceia actualmente com o governo angolano sobre a participação activa no grande projecto de gás liquido (Liquified Natural Gas, LNG) com as outras empresas destacadas alemãs E.on AG, Ruhrgas e EnBW. Parte-se do princípio que o fio da meada teve início em Zug, pois todos os encarregados estrangeiros de negócios de petróleo de Angola estão domiciliados em Genebra nomeadamente Nick Busink, da Glencore, Jean-Claude Bastos e Marcel Krüse, Crossoil e Mouvoil AG.

Os registos de Crossoil SA consultados em Genebra com número Fed. Nr CH-660-0947996-5 sob Ref. Nr 05634/1996 identificam claramente as seguintes personalidades angolanas, um francês e um advogado suíço como fundadores, já em 1996: Manuel Vicente, actual Presidente da Sonangol, como co-fundador e administrador; José Carlos de Castro Paiva, naquela altura representante da Sonangol em Londres (Reino Unido) e actualmente Presidente do Conselho de Administração do Banco privado angolano BAI (Banco Africano de Investimento), com capital activo dos homens do poder como co-fundador e administrador; Desidério Costa, naquela altura vice-ministro do petróleo (entre 1984 até 2002, entre 2002-2008 ministro titular) como co-fundador e administrador geral; Jack Sigolet, antigo alto funcionário da Elf Aquitaine, envolvido no escândalo Angolagate como co-fundador e Director; e Nicolas Junod, advogado suíço mencionado pelos informantes como especialista de paraísos fiscais, ou para a criação e asseguramento de fundos desviados pelos ditadores, particularmente africanos. Fontes em Genebra confirmaram uma investigação judicial contra Sigolet e o advogado Junod por causa de contrabando no negócio internacional de petróleo angolano com implicações directas de Manuel Vicente e dos seus sócios angolanos no Conselho de Administração do Crossoil SA. Também o nome do Presidente angolano José Eduardo dos Santos foi mencionado por contrabando petrolífero, via a terra helvética.

Um contacto mais importante com a Glencore, mas na Alemanha, é a firma SET Select GmbH de Hamburgo, que já antes tivera financiado juntamente o império de Marc Rich projectos na Europa do Leste. SET Select GmbH, antigo membro do grupo lobbysta que limpa a imagem de alguns dirigentes corruptos angolanos na Alemanha a Iniciativa Económica Alemanha-Angola (DAWI e.V.), é um grande negociante e explorador de petróleo que também está interessado no projecto de gás liquido LNG. Possivelmente a firma de Hamburgo tem mais chances de uma participação comercial devido aos seus contactos com a Glencore Internacional AG em Zug, o membro de ligação com o poder central em Angola.

Através da Glencore circulam os contactos da elite de Angola para a Crans-Montana, Davos/Suíça, onde os milhões de créditos entre os representantes militares de Angola, Marc Rich e outros actores, foram fixados através de acordos informais, durante um “Forum Economic Mundial (WEF)”. Segundo documentações, a Fondation Guilé, também é uma “organizadora do diálogo entre representantes de governos e os líderes económicos mundiais durante o WEF /Davos, mantém contactos directos com a “Fundação para a Inovação Africana” em Zurique, da qual o professor Dr. Ernst Brugge é membro do conselho executivo, exercendo o cargo de conselheiro administrativo, ao lado de Walter Fust (ex-chefe do Departamento helvético para a Cooperação Internacional DEZA/Suíça e dirigente nas negociações ao lado do Presidente Dos Santos sobre a devolução do dinheiro angolano retido até 2005 em Genebra), Jean-Claude Bastos de Morais e José Filomeno de Sousa Santos (Zénu dos Santos). Marc Rich manteve não só contactos com ambos traficantes de armas (Pierre Falcone e Arcadi Gaydamak), mas também com Jean-Claude Bastos de Morais e Marcel Krüse (Rich+Co Investment). Antes da sua mudança para Zug, as filiais do Banco Quantum, entre elas a Quantum Real State e a Quantum Global Wealth Management estavam domiciliadas no mesmo endereço em que a “Fundação para a Inovação Africana” estava, nomeadamente na Limmatquai 92, no Zurique, Suíça (18).

Os conselhos de administração dessas “fundações” duvidosas fazem crer que por terem nos seus órgãos o filho do presidente de um dos países considerado dos mais corruptos, visam trabalhar nos processos e movimentos do sector público e acabar com a corrupção nos sectores público e privado, mas ….também manter a sustentabilidade dos mesmos”.

Para além disso, sublinha-se que todas as personagens com quem Ernst Welteke está relacionado têm ou tiveram um passado criminoso. Estão a ser processadas investigações contra Jean-Claude Bastos de Morais e Marcel Krüse, também contra Marcel Rohner, antigo chefe do Banco suíço UBS AG, que Ernst Welteke nomeou como presidente da Quantum Global Real Estate AG (Zug). O mesmo já foi objecto de investigações da justiça dos Estados Unidos da América (EUA). Rohner foi de facto a figura central que incitou os clientes da UBS AG à fuga de impostos ou fraude fiscal. Ele pôde livrar-se da prisão, porque o governo dos Estados Unidos negociou a sua isenção. Segundo informações, Marcel Rohner é tido como especialista das questões de Real-Estate e particularmente de negócios especulativos imobiliários. Os angolanos podem notar que o Banco UBS AG jogou no passado e ainda continua a jogar um papel importante na fuga de capitais angolanos não só de José Eduardo dos Santos, mas também de dirigentes corruptos do regime actual.

Ernst Welteke é também membro do conselho administrativo do Banco para Compensações Internacionais (BIZ), fundado em 1930 com domicilio em Basel/Suíça. Esse banco desempenhou um papel negativo na era nazista. Mais informações sobre o passado desse banco ou suas duvidosas reservas de ouro podem ser lidas na Wikipedia. Welteke é ainda por cima membro da associação doadora da Fundação Friedrich-Ebert e activo no Partido Social Democrata alemão (SPD).

Observações: Moneyhouse Registros Comerciais e coordenadas empresais: URL: "http://www.moneyhouse.ch/u/quantum_global_wealth_management_ag_CH-170.3.026.783-3.htm"http://www.moneyhouse.ch/u/quantum_global_wealth_management_ag África Energy Intelligence. Track Link: Trade & Investment Newsletter no 02, February 2008, Royal Netherlands Embassy Luanda, Angola Registo comercial de Cantão Zug com número empresarial: CH-170.3.026.783-3, data de estatuto (2) de 11.01.2007; mudança de estatuto: 11.01.2007. Nova empresa. Registo comercial, Nr. 24 Segunda-feira, 05.02.2007 - 125° ano „Quantum Bank is likely to open very soon in Angola“, Novo Journal/Royal Netherlands Embassy Luanda, Angola; Ver também: „Quantum Capital SA“, HYPERLINK "http://www.ebizguides.com/guides/sponsors/alone.php? sponsor=456&country=17"www.ebizguides.com Extracto de registo comercial/Numero empresarial: CH-170.3.026.783-3 Registo comercial Nr. 77 Segunda-feira, 23.04.2007 125° ano, Diário Nr. 5027 de 17.04.2007 (03896946 / CH-170.3.026.783-3) S. HYPERLINK "http://de.wikipedia.org/wiki/Ernst_Welteke"http://de.wikipedia.org/wiki/Ernst_Welteke RL: HYPERLINK "http://www.spiegel.de/spiegel/print/d-13684249.html"http://www.spiegel.de/spiegel/print/d-13684249.html Para Bastos e Krüse: SCC Group AG/Feranz AG/Stampa & Partners AG, registo comercial com numero empresarial: Ch-170.3.022.004-0, registado dia 27.03.1998 / Stampa & Partners Holding AG (outros nomes: Stampa & Partners Holding SA und Stampa & Partners Holding Ltd.), Registo comercial de Cantão Zug, Numero empresarial: CH-170.3.030.193-5, registado dia 14.12.2006 Antigo nome RBK Allfinanz AG, tornou-se depois „Quantum Global Wealth Management AG“ (outros nomes: „Quantum Global Wealth Management SA“ und „Quantum Global Wealth Management Ltd“) ProKMU Invest AG, Registo comercial de Cantão Zug, Numero empresarial: CH-020.3.020.380-2 HYPERLINK "http://www.beobachter.ch/justiz-behoerde/buerger-verwaltung/artikel/strafverfahren-wegen-geldwaescherei_zweifel-am-genfer-chefanklaeger/""Zweifel am Genfer Chefankläger”, www.beobachter.ch, 15/2010 (traduzir: Dúvidas sobre o Procurador Geral de Genebra) „Beteiligungen – Statt die KMU gefördert, Kleinunternehmen geprellt?“ Zuger Presse, 11.5.2004; HYPERLINK "http://www.nzz.ch/2004/02/01/wi/article9dp8v_1.208911.html"„Zürcher Beamten-PK setzt mehr als 15 Millionen in den Sand. Pleite der Beteiligungsfirma ProKMU invest. Manager haben hohe Honorare bezogen“, NZZ Online, 1.2.2004 HYPERLINK "http://www.handelszeitung.ch/artikel/Unternehmen-Ein-Finanzberater-schafft-Transparenz_421705.html"“Ein Finanzberater schafft Transparenz”; www.handelszeitung.ch, 28.10.2008 “Message From the Chairman”, HYPERLINK "http://www.bancoquantum.com/en/our-firm/message-from-the-chairman"www.bancoquantum.com Crossmedia International AG, Registro comercial de Cantão Zug com o Numero empresarial: CH-020.3.006.607-5, registrado dia 19.09.2001, Extinção: 29.06.2004 J.Aeschlimann/M. Stoll, HYPERLINK "http://www.danieleganser.ch/assets/files/Inhalte/Interviews/Zeitungsinterviews/pdf_06/FactsBigBusinessimDunkeln1.Juni2006.pdf"“Big Business im Dunkeln”, www.danieleganser.ch, Zeitungsinterviews (traduzir: „Grande Negócios em Obscuro, entrevista) CH-8001 Zürich, Registo comercial nro: CH-020.7.001.621-0 Relatório Anual de Fundação alemã FES 2008

*Jornalista e autor angolano na Alemanha, com F8/ *Este artigo foi publicado como documentação investigativa pela primeira vez na Revista Alemã “Afrika Süd”, Edição nro 1, 2011. © issa Bonn, afrika süd, zeitschrift zum südlichen Afrika.

Um comentário:

  1. Sempre lembro das palavras cheias de sabedoria e, infelizmente, sempre atuais, de Rui Barbosa, naquele célebre discurso no senado federal:
    "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".

    E o pior de tudo isso é a atualidade dessas palavras, que, se hoje fossem proferidas, fariam o mesmo sentido, teriam a mesma validade, seriam perfeitas para retratar o momento atual por que passa o nosso Congresso Nacional e o país.

    Não é isso fruto da genialidade inconteste de Rui Barbosa, mas da nossa teimosia de errar como nação, na nossa insistência em permanecer baseados em preceitos falsos, em praticar um moralismo fingido, um empreguismo deletério no governo, a um uso da máquina pública em uso próprio que envergonha a todos.

    Nosso povo segue sendo um escravo da sua própria deficiência, alimentando um esquema que o consome, num motocontínuo que vara os séculos e não se soluciona porque a sua solução implica na morte desse esquema que se mantém pela deficiência.
    washington- worodrigues@oi.com.br -http://zonalestejfsegura.blogspot.com - jfzonalestesegura -jfsegura

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