A reacção do Presidente José Eduardo dos Santos na última reunião do Comitê Central do MPLA, denunciando um grupo com pretensões de colocar “fantoches do poder, que obedeçam à vontade de potências estrangeiras”, é justificada como sendo um “ataque” direcionado a uma corrente de generais do seu “inner circle” que teria avaliado a sua saída do poder e aventado um delfim para substituição presidencial, segundo observou o Club-k.
José Eduardo dos Santos terá desmantelado uma rede interna, de acordo com meios com domínio da matéria, a corrente interna dominada por generais, ao qual se inclui o general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, teria aberto canais internacionais via Rússia para avaliar moldes da ablação de José Eduardo dos Santos da vida política sem causar reboliços internos.
A linha de pensamento que se atribui a JES é a de que o mesmo encarou a acção do grupo que “tem dirigido os encontros sobre a matéria” como uma “trama” razão pela qual não fez-se percebido na reunião partidária sobretudo ao fazer recurso do termo “fantoche”. A “desilusão” notada em JES foi acompanhada de um facto inédito que foi de ter escrito o discurso, sem desta vez contar com o apoio do seu assistente José Mena Abrantes.
O que se observa dentro do regime angolano é na realidade uma luta surda de imposição de candidatos a sucessão presidencial pelas diferentes correntes internas. Em meios conhecedores do assunto, notam por exemplo que a corrente de generais do circulo presidencial, tem como preferência para a sucessão presidencial, a figura de Carlos Maria Feijó, actual Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil cujo prestigio interno e externo é consensual. Foi esta “corrente de generais” que em 2009, convenceu JES a reabilitar Maria Feijó para o gabinete presidencial. Na altura o general Vieira Dias “Kopelipa”, disponibilizou se em contactar Feijó para transmitir verbalmente o convite de regresso a Presidência da Republica.
José Eduardo dos Santos nutre forte admiração por Carlos Maria Feijó mas não o tem como parte das suas escolhas. Personalidades que privam com JES, não notam nele sinais de pretensão de retirada da vida política. Certa vez, em resposta a hipótese de um pacote legal (Estatuto especial de ex-Chefe de Estado) para sustentar a sua retirada chegou a responder que “isto é papel”, como se desejasse transmitir que qualquer um que assumisse o poder poderia rasgar o “papel” (entendam-se pacote legal) e deixá-lo exposto as feras.
Quando lhe foi apresentado o “draft” da actual constituição, JES terá ficado “muito encantado” sobretudo com o capitulo da eleição presidencial que lhe da garantias de permanência do poder. Em contrapartida considera-se que JES foi internamente “tramado” pelo facto de a nova constituição ter sido aprovada sem terem dado “conta” que quanto as eleições gerais, a lei magna determina que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) deve ser dirigida por uma figura independente; ao qual JES é aparentemente contra. Na pratica o pressuposto legal continua a não ser respeitado. (O Presidente da CNE continua ser nomeada/indicada por JES). A nova lei constitucional proporciona também “excessos” de garantias de liberdades que estão agora a ser atenuadas com aprovação de novos diplomas legais de censura com realce a nova lei da internet.
A falta de confiança com que se passou a ter ao circulo que rodeia JES é seguida de fissuras que se vêem registrado no próprio regime. Em tempos, teve de ser o general António França “Ndalu” a neutralizar (por via do dialogo) um grupo de generais que em conseqüência da perda de “muito” dinheiro, durante a crise financeira mostravam-se com aptidões em “amedrontar” o regime por efeito de um sentimento de responsabilização do mesmo.
Externamente, aventa-se que JES perdeu apoio de uma boa parte dos oficias generais no exercito. Manuel Vieira Dias “Kopelipa” é ainda na visão destes meios, como o único general que ainda pode manter a sua segurança. Em outros círculos estima-se que dentro das FAA, JES pode inclinar-se aos oficias oriundos da UNITA que são os que mais sinais de patriotismo e lealdade mostram-se a ele e ao poder político.
O assunto da sucessão presidencial (tido como um tabu interno) começou a ser questionado pela geração de antigos combatentes do regime. A cerca de quatro anos atrás, numa reunião preparatória para as eleições de 2008, Ambrosio Lukoki, um respeitado veterano do MPLA, tomou a palavra em conclave para questionar se “se no partido já não havia outros candidatos”. Na mesma senda, uma corrente de antigos comandantes da guerrilha do MPLA, ameaçou, recentemente que em caso de indefinição quanto a sucessão presidencial tomariam a iniciativa de indicar um sucessor para ser apresentado no congresso de Abril. Tem dado voz por esta corrente, o Tenente general na reserva, Manuel Paulo “Paca”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário