sexta-feira, 15 de abril de 2011

Manifestantes não param. Jovens pedem partida de Dos Santos por nunca ter sido eleito democraticamente


Os jovens angolanos, impregnados pelo espírito de mudança e de uma verdadeira democracia, realizaram nos dias 02 e 04 de Março manifestações no Largo da Independência, em Luanda, na primeira juntaram mais de 300 pessoas, exigindo mais Liberdade de Expressão, fim da corrupção, do roubo e da ditadura em Angola. Os manifestantes fizeram um cordão humano à volta de todo Largo, rodeando a estátua de Agostinho Neto, gritando “O povo unido jamais será vencido” e “Zedu fora!”.

A juventude angolana passou a ter, a partir daquele dia, "uma outra visão sobre o que é exercer a cidadania", disse, um dos organizadores da manifestação pela liberdade e democracia real.

Kady Mixinge, estudante universitário, disse que "ainda que numa percentagem muito pequena" vai haver mudanças na visão do jovem angolano. "Até há uns dias atrás, pensava-se que fazer uma manifestação é querer confusão, violência, guerra, nada disso. Este país é nosso, está no direito do angolano manifestar o que lhes vai na alma. Esperamos que o regime, o executivo angolano perceba o que foi partilhado aqui", disse Kady Mixinge.

Ao início do arranque da manifestação, compareceram "timidamente" perto de meia centena de jovens, número que foi aumentando e que passadas três horas já era de mais de uma centena. Segundo Kady Mixinge, a organização esperava uma maior adesão, mas "o medo está enraizado na sociedade angolana. Estamos há nove anos em paz e é importante que as pessoas percebam a dinâmica que o país tem agora. Não queremos que angolanos nascidos nesta terra tenham medo de outros angolanos", afirmou.

Os jovens, todos entre os 20 e os 30 anos, munidos de cartazes, com vários apelos à liberdade de expressão e por melhores condições de vida da população, pediam respeito pela democracia em Angola.

"Esta é a terra dos nossos pais, dos nossos ancestrais, por isso merecemos ser livres, respeitados, que de facto a democracia não seja apenas um texto, mas uma prática quotidiana e constante. Queremos que o bem-estar comum sirva para todos angolanos", salientou Kady Mixinge.

O grupo de jovens vão no final da manifestação emitir as conclusões do evento, que pretendem fazer chegar ao Governo angolano, e em particular ao Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.

"Vamos pedir muitas coisas, que na maior parte dos casos têm a ver com o nosso tema de hoje que é a liberdade de expressão em Angola", sublinhou.
Relativamente ao comportamento da polícia, presente no local desde o início da manifestação, Kady Mixinge considerou "perfeito", acrescentando que a polícia se manifestou "completamente disponível e acessível".
Questionado sobre se esta iniciativa, com o arranque em Luanda, irá expandir-se a outras províncias do país, Kady Mixinge referiu que "não se pensou no assunto", mas acredita que pode acontecer porque "a juventude de Angola está impregnada com o mesmo espírito desta manifestação".

Kady Mixinge disse esperar que os jovens que participaram nesta que pode ser considerada uma manifestação "inédita" contra o regime, "reflitam sobre o momento de hoje e transmitam aos seus familiares e vizinhos o que foi partilhado no Largo da Independência".

No dia 04 os cabeças do Movimento para a Mudança, juntaram-se para reflectir e preparar novas acções pacíficas de luta, para que todos possam ter um país mais democrático, menos corrupto e com um presidente eleito pelo povo. "A constituição deve ser alterada, pois ela não reflecte os anseios da maioria dos angolanos, pois dá muitos poderes a um presidente que manda tudo, com os seus filhos, familiares e bajuladores. Temos que mudar porque os filhos de Dos Santos não nasceram milionários e se o são é porque roubam dinheiro aos cofres do Estado", disse Moisés Malaquias ao F8.

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