O antigo Primeiro Ministro angolano, Marcolino José Carlos Moco revelou que sofreu ameaças de morte por parte do seu partido na altura em que foi convocado para uma reunião na sede central do MPLA em Luanda. Não cita o nome do ameaçante embora sabe-se que na altura o mesmo foi convocado pelo Secretario- Geral, do partido, Julião Paulo “Dino Matross”.
Marcolino Moco fez estas revelações a margem do debate do programa semanal “Quinta de Debate”, realizado no 15, pela organização não governamental, OMUNGA, em Benguela. Na secção de perguntas e respostas, um grupo de altos dirigentes do Comitê provincial do MPLA que assistiam a palestra pediram a palavra para rejeitar as comparações que o prelactor fez do quadro político angolano com as “ditaduras do médio oriente”.
O Secretario para os assuntos políticos do MPLA naquela província, Victor Mota disse que havia democracia em Angola e rejeitou as acusações segundo as quais tem se implementando, no país, a cultura do medo. Aquele dirigente partidário deu como exemplo o caso do próprio prelector que falava à-vontade sobre a política do país sem que nada lhe acontecesse.
Em reação, Marcolino Moco respondeu a Victor Mota, que a quando da sua convocação no ano passado, na sede principal do “partido” em Luanda, os seus colegas disseram-lhe frases como “cuidado com o que aconteceu com Savimbi” e outras como “cuidado com o que aconteceu com o Pinto João [Ex-Director do DIP do MPLA que deixou o partido no poder para criar um partido] que teve de ser o camarada presidente a ajudá-lo no fim”.
O antigo Secretario Geral do MPLA, disse que “Isso é ameaça de morte”. Acrescentou que há muita coisa que não disse na sua carta que na altura tornou público devido a pressão dos seus familiares.
Ainda do decurso das perguntas e respostas, os dirigentes do MPLA em Benguela, atacaram dizendo que “Moco esteve a mais de 20 anos no poder e agora esta a pedir que os outros também saiam” para de seguida lhe convidarem a declarar o valor da sua fortuna. Em resposta o antigo primeiro ministro angolano disse que “nunca saiu do poder e que continua no MPLA”. Adiantou ainda que não esta a pedir para que ninguém saia do poder mas sim tem alertado para que não se conduza o país para uma ditadura.
Indo directamente aos ataques dos dirigentes provinciais, Marcolino Moco disse que “Não é gabar-se” mas que já passou por quase todos cargos no MPLA, inclusive Secretario provincial, dando a entender que não tinha motivo de estar com “inveja dos cargos”, conforme os participantes ligados ao MPLA em Benguela tencionavam insinuar, durante aquele debate.
De recordar que Marcolino Moco é uma das figuras do MPLA que nos últimos anos viu o seu carisma popular a crescer devido as suas intervenções em favor das liberdades democráticas em Angola. Foi a mais de 10 anos afastado das estruturas do poder por ter defendido, na altura o dialogo como instrumento para o regime fazer a paz, com a UNITA de Jonas Savimbi, contrariando o discurso de José Eduardo dos Santos que defendia “a guerra para acabar com a guerra”. No seguimento do seu afastamento, o Movimento Nacional Espontâneo, organização de promotora de maratonas ligado ao MPLA, foi instruído a fazer uma passeata de automóveis pela cidade de Luanda para saudar a demissão de Moco com cânticos como “bailundo fora”.
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