Arlindo Santana & Kuiba Afonso
Quando se fala dos sucessivos governos saídos da cartola de JES, estamos a falar de governos do MPLA. Lógico. E como esse partido, ou melhor e sobretudo, como os seus manda-chuvas históricos são reconhecidos por muita gente e mesmo por membros eminentes do próprio MPLA como sendo comparáveis, alegoricamente, a esses enormes animais pré-históricos do Jurássico, tentamos saber porquê.
As razões não são claras, mas, em todo o caso, o que a comparação pretende salientar é aquilo que foi lapidarmente expresso por uma tirada de Jonas Savimbi, que, a propósito dos dirigentes do MPLA disse o seguinte: «esses sujeitos não mudam».
Pois não, e todo o mal do partido do Executivo está aí, não mudam desde os tempos em que estavam no mato e continuam a raciocinar do mesmo modo que há quarenta anos atrás, como guerrilheiros eternamente inquietos, transidos e com medo da própria sombra.
Ora, no conjunto de personagens da velha guarda do partido dos camaradas, algumas delas fugiam e ainda hoje fogem a esse atavismo doentio. Estamos aqui a pensar em Uanhenga Xitu, Mendes de Carvalho…e mais quem? …João Melo?... Marcolino Moco?... Neste momento não estamos a ver quem, mas talvez haja e, aqui e agora, nos penitenciamos por não os ter referenciado.
O vice-presidente do MPLA, Roberto de Almeida (RA), embora não tenha na sua vivência referência a fazer valer de uma tradição familiar atreita ao espírito democrático, é uma pessoa que não se comporta como guerrilheiro quando raciocina. Profundamente arreigado ao partido, RA não abdica das suas convicções ainda enraizadas aos velhos princípios de esquerda do MPLA.
E é isso mesmo que nos intriga, pois recentemente ele deu indícios de querer afastar-se dos seus companheiros e ter pedido a renúncia do cargo. A ser verdade e tudo aponta que sim, será o segundo vice a fazê-lo em tão pouco tempo. Ainda que as razões apontadas sejam problemas de saúde, não deixa de ser intrigante que ainda vai o seu mandato no adro e já queira bater com a porta.
Dizíamos é o segundo. É claro, o primeiro foi Pitra Neto, um quadro jovem com créditos firmados que não terá aguentado o vazio das suas funções e a respectiva incongruência, pois era ministro do Trabalho, vice-presidente do MPLA e subordinado de Fernando Dias dos Santos, Nandó, primeiro-ministro no governo. Ora só no partido o primeiro-ministro lhe escutava, mas no governo era ralhado e subordinado. Ademais não parecia ter o poder real que o cargo comporta.
UM CARGO DECORATIVO QUE QUEM FAZ TUDO É O CHEFE
Agora acontece o mesmo com Roberto de Almeida, que deveria ser vice-presidente da República, mas aí mora Nandó que é o segundo homem do aparelho.
O grave, no entanto, quanto a Roberto de Almeida, é a sua dupla dependência, pois na verdade ele depende no governo de Nandó, quando precisa e do principal financiador o PCA da SONANGOL, Manuel Vicente, o verdadeiro segundo homem do país...
De salientar que Roberto de Almeida é um homem de cultura, recatado e parece querer distanciar-se da corrupção galopante que invade não só os bolsos como as mentes de quantos juraram servir o povo e não servir-se dos dinheiro do povo votado à miséria. Roberto parece ter consciência de que o partido só ganha com a razão da força e as armas da batota. Por certo que também está consciente de que existe uma grande insatisfação popular, e, como humanista que é, não queira assinar mais cheques em branco, o que durante toda a vida fez em nome da sua fidelidade ao partido e aos que o dirigiam.
Acontece que o país está doente, o partido está dividido entre os milionários e os generais de um lado e os pobres do outro, entre os que querem tudo e os que não têm nada. E depois, ser vice de seja que posto for, significa o quê? Significa não fazer nada enquanto o titular estiver no activo. O vice só actua em casos de excepção e passa a vida a seguir os passos do seu imediato superior hierárquico.
Cremos não estar longe da verdade quando avançamos as suas funções não ultrapassam o nível do subalterno, perfeitamente descartável a qualquer momento do seu desempenho das suas funções. E neste cenário, onde o cargo é mais decorativo que outra coisa, depois de ter visto que a longevidade e a fidelidade de pouco serviram para contrabalançar os trunfos dos mais novos, ele prefere sair. Afastar-se da linha da frente, ficar na retaguarda e esperar por outros ventos, pois prefere sair no meio da tempestade, para não ser arrastado por ela.
Mas por que fatalidade para Angola, os outros mais velhos, os “jurássicos”, são muitos e quase todos eles muito mais atávicos e incultos que Roberto de Almeida, porquê não se afastam, eles sim, definitivamente?
sinceramente vivemos num pais onde o rico é cada vez mais rico e o pobre mais pobre,não há emprego para a juventude. Realmente o pais esta a crescer mais não há desenvolvimento, eu acredito que para o desenvolvimento de uma nação tem de haver quadros com um pensamento amplo,ou seja pensar para o bem do colectivo,o bem do povo. Mas neste rico pais,se é rico mesmo não sei esta forma de pensar não existe.
ResponderExcluirVivemos numa autentica ditaduraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.
SERA QUE SE O PRESIDENTE EDUARDO DOS SANTOS PERDE AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAS. ACEITARA ELE SAIR DO PODER ?......resposta: