domingo, 13 de março de 2011

DOS SANTOS FICOU NO BUNKER E FAMÍLIA SAIU DO PAÍS.


Malembe Maquiese do EMEREM canta vitória. Manifestação Popular saiu e regime ditador violou a Lei

William Tonet & Arlindo Santana*

Folha 8 há muito vaticinou os erros e cálculos dos políticos. Dos que estão agarrados ao poder, forjando tudo para a sua continuidade, os da oposição e intelectuais da sociedade civil. Todos queriam um convite formal para uma participação como se a fome precisasse de ter rosto para se manifestar. O rosto está aí, na barriga de quem não ingere alimentos, tendo um país rico em que meia dúzia se aboleta de tudo, privatizando em seu proveito pessoal todas as riquezas existentes em território nacional. O MPLA, antecipando-se ao desenrolar dos acontecimentos, mostrou a sua fraqueza de convencimento político e organizou com o poder que têm, os meios ao dispor do Estado, uma manifestação no passado dia 5 de Março.
Mostrou então que só conseguiria mobilizar gente em força, com falsas promessas, propaganda estéril, muita ameaça e desinformação. E para consumar a sua fraude, nada mais do que oferecer bebidas à farta a quem passa um ano à espera de fubá e feijão para comer. A manifestação saiu e o esperado sucesso estrondoso ficou-se pelas meias-tintas, pois, segundo estudo sério, o partido nem sequer 100 mil pessoas conseguiu reunir em Luanda, e nas Lundas, no Dundo, não chegavam a quinhentas as almas forçadas ou não forçadas a manifestarem-se, contando mulheres e crianças. Dizer que o “governo”, para impedir a mobilização do dia 07.03, gastou mais de 10 milhões de dólares para mobilizar a polícia e os militares, para além de a Guarda Presidencial ter estado em alerta vermelho, quer dizer, prevenção activa de último grau, basta para ver o lamentável estado emocional dos nossos mais altos dirigentes, todos eles empoleirados em ramos a apodrecer. Os gastos não se ficaram por aqui, pois à pala de não ter convulsões nos quartéis e esquadras, o regime, dizem fontes internas, terá desembolsado à última da hora, mais de 40 milhões de dólares para pagar todos os atrasos de emolumentos. Por aqui vemos que os manifestantes ganharam neste primeiro turno. A oposição partidária, na sua esquisitice, bem como alguns intelectuais, foram ultrapassados pelos acontecimentos, por ficarem à espera de um convite, de um rosto, quando ela mesmo não tem rosto, não tem ousadia e só foi mais longe por os jovens desconhecidos terem começado frontalmente a apontar o dedo a José Eduardo dos Santos. Só assim vimos um comunicado seguidista e acutilante da UNITA, do PRS e outros.

Entrevista exclusiva do promotor “anónimo” Dos Santos no bunker e parte da família saiu do país
Hoje, em termos de rescaldo dos acontecimentos do 07 de Março, F8 tem uma entrevista com um dos homens importantes deste movimento anónimo, que abalou a estrutura do regime. "Angola já não será a mesma", garante um dos porta-vozes do auto denominado EMERME (Estado Maior Revolucionário da Mudança), Malembe Maquiese, a partir das terras argilosas do Panguila, onde tem o seu Posto de Comando avançado. "Daqui comandamos os nossos homens, são na sua maioria jovens que perderam a esperança neste regime e o seu sonho é dar a vida por uma causa nobre". Quanto à manifestação considera ter sido uma vitória. "Nós ganhamos, porque o regime colocou toda a sua máquina de morte na rua. Sitiou a cidade, mobilizou os oficiais superiores todos e muitos até na reserva, José Eduardo dos Santos ficou no bunker e parte da sua família abandonou o país. Por tudo isso a manifestação e os manifestantes ganharam, tanto que para evitar que os 4500 que estavam para sair do Sambizanga, os 3800 do Cazenga, os 3500 do Golfo, os 4000 do Zango, os 2000 do Cacuaco, os 1800 da Petrangol, os 1200 da Mabor, os 2000 do Bairro Popular, os 3200 do Benfica, os 1800 do Morro Bento e os 3800 do Rocha Pinto, o regime policial, que patrulhou com um reforço descomunal a cidade, prendeu os 20 primeiros jovens que chegaram no Largo Primeiro de Maio. À cabeça deste grupo estava o músico revolucionário, brigadeiro Mata Frakux, era muito cedo e assim, com os demais coordenadores tivemos tempo de desmobilizar os demais, que se aprestavam para descer à cidade, tendo sido feitos esforços para convencer os do Panguila e os do Kifangondo para integrar alguns antigos militares desmobilizados, mutilados, que, a saberem da prisão dos outros, queriam agir com a cabeça quente, em socorro dos demais companheiros. Mas nós somos uma revolução de paz e não da guerra, logo devemos evitar o derramamento do sangue que é uma especialidade do MPLA que deverá ir ao Tribunal Internacional de Haia". Diante deste quadro, Malembe Massaqui, antigo militar comando das FAPLA, que desde a desmobilização o que recebeu como medalhas foi uma demolição! "Foi esse governo ingrato que partiu a minha casa na Boavista e de outros milhares e nos atirou para as tendas no Zango e as casas rachadas, tipo curral dos bois no Panguila. Eu posso dizer que matei irmãos da UNITA para defender Eduardo dos Santos, por o regime dizer que eles eram bichos maus e que se ganhassem nos matariam a todos. Agora com o tempo vejo o contrário e que lutamos para manter um homem no poder que apenas está a enriquecer os seus filhos e família, enquanto nós, o povo e militares, fomos atirados para o caixote de lixo", assegurou ao F8. Na sua opinião já é tarde tentar remendar qualquer coisa, "pois o Presidente perdeu muito tempo a humilhar-nos, assim, serão mesmo os mutambos que lhe vão tirar do poder, pois nós conhecemos todas as tácticas do regime e os esquemas de defesa, sabemos que, quando tornar a tocar o sino, tudo será diferente. Não podemos continuar a sofrer desta maneira e eles a enriquecer e o que mais me dói é que hoje, o povo chora pelo Jonas Savimbi, que dizem ser melhor que Dos Santos, que é muito mais corrupto, pois o líder da UNITA não roubou milhões ao Estado e tudo que teve meteu na revolução, não tem nenhum filho, ou filha que, como a Isabel dos Santos seja aos 36 anos a mulher mais rica de África e de Portugal. É o dinheiro do nosso sangue, logo é dinheiro que tem de ser devolvido ao povo". Questionado ainda sobre o abortar da manifestação Malembe Massaqui disse: "O regime queria legitimar a sua tese assassina com derramamento de sangue, para nos acusar de violência, por isso decidimos "in extremis" mandar os nossos jovens não avançar, adiando para nova data a grande manifestação. Nós dissemos que estávamos a trabalhar nos bairros, não nos acreditaram, mas quando o MPLA foi organizar os seus comités da DISA visaram diminuir os nossos esforços de mobilização. Para já não contávamos com milhões, somos modestos, em termos da nossa efectiva estatística de enquadramento, submetidos a rigor e bastante sigilo, contávamos com os números acima avançados: 31 mil e 800 jovens mobilizados em todos os bairros de Luanda. Este é o nosso registo actual, que acredito vai continuar a crescer...". Para o porta-voz, que falou em exclusivo ao F8, a sua organização tem consciência das suas limitações, mas garante: "nunca fizemos bluff.
Trabalhamos na clandestinidade nos bairros e se tivéssemos avisado os políticos e intelectuais que nos criticaram, talvez nos fossem dissuadir e ou denunciar, por isso actuamos com todas cautelas, pois o regime está a comprar tudo, até os padres em quem nós confiávamos, vejam o papel que tão a fazer. A igreja Católica está a perder influência em Angola devido aos seus erros de apoiar o regime e borrifar-se com o sofrimento do povo e enquanto o Papa em Roma, não vê tudo vai continuar nessa pouca vergonha". E não se contendo foi desbobinando, “repetimos, temos também revolucionários na Polícia, nas FAA, no SINFO e na UGP, que alertaram, e por isso conseguimos contornar a estratégia de Eduardo dos Santos, que deu ordens assassinas piores que Kadafhi, para atirarem a matar e depois apresentarem na TPA, RNA, LAC e ANGOP alguns infiltrados deles a dizerem que nós, os manifestantes, trouxemos armas e tínhamos objectivo de destruir as instituições e matar as pessoas. Isso levou-nos a alterar a estratégia em nome da PAZ e da VIDA, contra o SANGUE e a MORTE que o regime do ditador Eduardo dos Santos busca. Eles só querem é salvar a sua roubalheira e a corrupção". Questionado sobre onde tudo isso vai parar, Massaqui disse: "Acho que o F8 avisou que a saída do Roque Santeiro poderia alterar muitas coisas, eles não acreditaram. Tiraram-nos, como pobres que lutavam pela vida, não têm projectos, atiraram-nos para o Panguila, onde eles, que têm dinheiro, não vão, e nós ficamos mais pobres, pois partiram-nos tudo, logo, já perdemos tudo, só nos resta guardar o sonho de termos feito alguma coisa contra a ditadura e a corrupção". Para ele isso vai acontecer, mais cedo do que tarde, pois um dia os angolanos VÃO DORMIR COM O MPLA E ACORDAR SEM O MPLA, pois "quando a bola começar a rolar em todas as direcções, os medos e os receios dos demais desaparecerão, então virão outros e serão milhares e milhões, que começarão a varrer a ditadura de Dos Santos. Não contamos com partidos políticos, que têm medo de perder os privilégios e são cobardes, também não contamos com intelectuais, que querem ser os primeiros a falar bonito, mas são incapazes de tirar o rabinho do cadeirão da sala ou da cama, para se juntarem à luta e às massas. Estes, no fim, também terão o seu julgamento… Para já, esta é uma revolução dos pobres, dos despojados, dos espoliados, dos desalojados, dos desmobilizados dos três exércitos, dos desempregados, dos discriminados e dos perseguidos pelo regime. É a revolução daqueles que o regime sempre combateu e persiste em empobrecer e matar. É uma revolução do povo contra a corrupção e a ditadura. É uma revolução para mudar esta constituição em que todos os poderes estão concentrados em Eduardo dos Santos, é uma revolta para mudarmos esta bandeira nacional, para mudarmos a moeda e outros símbolos da ditadura. O novo país não terá nada deste regime, porque são petulantes, pensam nas maiorias forjadas por estarem no poder e só sabem dialogar com os mortos, por serem especialistas em assassinatos selectivos", assegurou ao F8 Malembe Massaqui. Como última questão quisemos saber se a exemplo da primeira, a segunda manifestação tem data marcada e a resposta não poderia ser mais lacónica: "Pode acontecer a qualquer momento, talvez o Bento Bento, primeiro secretário do MPLA de Luanda, vá mobilizar as pessoas para a nossa revolução, com o dinheiro e a cerveja da CUCA, em que o MPLA é sócio. Mas, para já, perguntem por que razão o ditador Eduardo dos Santos não foi ao desfile do Carnaval, na Nova Marginal… Se ele fosse, a manifestação iria ocorrer, na hora. Esperem.
Ela vai sair, em força e em grande…" Estas são pois as primeiras declarações de um dos líderes da manifestação que se encontra no interior do país, no coração de Luanda, num dos bairros considerados, como campo de concentração ou curral dos bois, para gente pobre e discriminada pelo regime, a quem acusam de ter roubado as suas terras, como durante 500 anos fez o governo português. "Eles são a continuação do colonialismo. São neocolonialistas, por isso mantém que a terra é deles, pois aqui, neste momento, o Estado é o MPLA", disse este jovem, cujo corpo está talhado com marcas de balas e estilhaços da guerra, que fez e sofreu em nome do regime que o acusa de o ter atirado para o buraco. *Com Araújo Vieira Dias, no Panguila

3 comentários:

  1. ANGOLA JA E UM BARRIL DE POLVORA QUE UM DIA VAI EXPLODIR. WWW.RADIOFAMASTAR.COM

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  2. Muito interessante este documento...
    É facto que se caminha irremediavelmente para a mudança em Angola...
    Os contínuos abusos do poder por parte de indivíduos ligados a estrutura do MPLA, são por demais evidentes e desgastantes...
    O povo, sobretudo a camada dita "vulnerável" e que coincidentemente ou não constitui a maioria, cansou-se das fintas destes cleptocratas do politburgo angolense!
    Era uma questão de tempo ate as pessoas associarem o mau desempenho dos governantes a ineficácia e inoperância administrativa do Chefe da comitiva!
    Agora, desacreditados e desgastados, não são mais aceites e cada vez menos queridos do povo que sempre desiludiram...

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  3. Adorei este documento, VIVA ANGOLA E DEUS TE ABENCOA irmao!

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